Espirais escrita por neko chan


Capítulo 19
19° ciclo da espiral




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Claro, muito claro, chegava a quase ser cegante de tão forte luz que via, eu não me lembro da ultima vez que vi algo tão claro, era ainda mais intenso que as luzes das salas de pesquisa do laboratório.

Eu levanto, mas onde eu estava? Uma cama, era tão quentinha e confortável, e queria poder ficar envolvida naquela macieis pra sempre, mas e escuto uma voz suave a me chamar, uma voz feminina, meu coração dispara no mesmo segundo, era familiar e estranha aos meus ouvidos ao mesmo tempo, mas decido ir de encontro a ela.

Ao me levantar e olhar em volta, o local parecia com algo que eu já havia visto, mas eu ignorei essa sensação e apenas sai do quarto descendo as escadas, uma voz mais fina, também feminina, me cumprimenta e agarra minha perna, era uma figura embaçada, mas era perceptível ser uma garotinha, enquanto eu a cumprimentava de volta e dava mais alguns passos à frente, eu escutei novamente a melodiosa voz, ela chamava meu nome, mas aquele não era meu nome.

Mesmo sem conseguir ver sua forma com precisão, eu ainda conseguia notar seus olhos gentis e cabelos longos, o lugar era tão quente e aconchegante quanto a cama em que acordei, eu sabia que ela estava sorrindo para mim e algo cheirava bem no local, alguma comida que parecia incrivelmente apetitosa, talvez essa fosse a real imagem da felicidade, era isso que significava viver, ter uma família, uma casa, dias felizes, era isso que Brook queria?....... Brook?..... quem é.....

 

Falta de ar, a primeira coisa que senti ao acordar, o que foi isso? Algum tipo de sonho estranho? Quem era aquela mulher? E por que eu me senti tão estranhamente atraída por ela?

Suspiro ainda deitada na cama, o colchão velho parecia bem mais duro que a cama com que sonhei, mas era meio que reconfortante a sua maneira, me levanto lentamente para não acordar Brook, na verdade, nem me lembro de quando fui dormir, eu me sentia dormente no corpo inteiro. Solto um pequeno grito ao me levantar e notar que estava sem roupas, "Espera, espera, o que caralhos aconteceu na noite passada?!", foi tudo que consegui pensar enquanto rapidamente saia da cama para buscar por roupas.

Depois de me vestir, eu me sentei ao lado dela por um momento, ela parecia ainda menor do que já era, talvez por parecer mais frágil agora, um pequeno corpo nu se agarrando firmemente ao lençol, não pude conter a vontade de observa-la um pouco e passar as mão no seu cabelo, ela abre os olhos preguiçosamente e me olha sorrindo.

— Bom dia. - e a única coisa que consigo pensar em dizer

— Bom dia. - diz timidamente se levantando e cobrindo seu corpo com o lençol

— Ainda pode dormir um pouco, eu dirijo de manhã

— Eu quero ir com você! - diz balançando seu rabo de forma adorável, como um filhotinho

— Então vista-se e se agasalhe bem, está bem frio do lado de fora

Ela o fez e me seguiu para fora. Brook segurou na minha mão durante todo o tempo em que eu dirigia, era quente, estava agindo como um filhotinho apaixonado, uma boa sensação e faltavam poucas fitas para ouvirmos, acho que mais 2 ou 3, não tinha certeza, mas estávamos perto do fim, eu quero me esforçar ao máximo para salvar esse planeta, um planeta com vida, uma vida para nós duas.....

— Brook?

— Hm? - ela me olha

— Se você pudesse imaginar um futuro perfeito, como ele seria?

— Eu não sei, eu nunca conheci nada perfeito

— Acho que faz sentido....

— Mas acho que.... seria um mundo sem guerras... como a garota na fita disse, no começo todos viviam em paz....... por que não manter apenas o começo? - ela olha em volta e suspira

— Sabe..... as vezes você deixa as coisas morrer para que elas possam crescer melhor, não apenas tentando esconder o que estava errado

Ela sorri, apenas sorri, e eu continuo dirigindo, quanto tempo tinha passado? Eu nem sabia mais, nem tinha mais certeza se era dia ou noite, tudo era sempre tão cinzento agora que ate os dias e as noite pareciam os mesmos, horas ou dias? A quanto tempo eu estive dirigindo assim? Havia outra cidade à frente, mas as cidades nunca eram assim tão próximas umas das outras, será que ate mesmo minha noção de tempo estava comprometida pelo ambiente?

Nada mais era diferente, eu sentia como se eu estivesse dissociando, ate mesmo quando Brook falava comigo eu ouvia sua voz de forma estranha. Estavamos fora do veiculo, quando foi que saímos? Tudo parecia estar girando, todas as imagens diante dos meus olhos eram como imagens desconexas passando frame à frame na minha frente.

— Audrey? - ela me chama e eu repentinamente "acordo" - Você está sequer ouvindo?

— Desculpe, o que? - pisco confusamente algumas vezes

— Eu disse que encontrei outro laboratório

— Você o que? - olho em volta, estávamos numa casa velha caindo aos pedaços, ou melhor, parecia apenas destroços de desabamento - Quando que nós....

— Está se sentindo bem? Parece muito distraída

— Eu não sei, acho que foi o sonho estranho que tive

— Eu ouvi dizer que os sonhos se baseiam em memorias, então eles nunca são tão estranhos quando nós pensamos no que eles significam

— Desculpa, e devo estar apenas ficando maluca

— Esta tudo bem. - ela me abraça e acaricia minhas costas - Eu vou estar aqui com você até quando você ficar completamente lunática. - sorri gentilmente para mim

— Talvez você seja ainda mais estranha que eu então. - rio

— Eu revido isso mais tarde, vamos logo ouvir essa fita, o ar aqui está me deixando tonta

Ela me leva até um alçapão e descemos até o laboratório, esse era bem menor do que os outros, não havia quase nada nele, então apenas colocamos a fita no lugar e escutamos o já conhecido som da voz da garota.

"Então, então, como vão vocês duas? Provavelmente bem mal, eu sei, o ar dessa cidade não é dos melhores, uma cidade pequena de fato, mas foi um lugar que por muito tempo eu chamei de lar.... tiramos quase tudo de importante para nós daí, então não encontrarão muita coisa em bom estado e nem se preocupem em procurar comida, um pequeno.... 'acidente' destruiu tudo por ai antes mesmo dos monstros.... de toda forma, apenas saiam da cidade o quanto antes depois disso, certo? Eu nunca imaginaria que uma pequena bomba pudesse contaminar o ar da cidade por tanto tempo, talvez um pequeno erro de calculo na hora de fabricar.... Ah, ah, mas de toda forma, sobre o que vocês devem fazer, eu preciso que vocês visitem uma velha amiga, vocês provavelmente não vão reconhece-la, ela já foi bem diferente de quando conhecia vocês, e vocês estão certamente bem diferentes de quando ela conhecia vocês, mas ela certamente as reconhecerá, assim com uma mãe nunca esquece um filho" ela ri, "Ela esteve esperando por vocês por muito tempo, então... acho que ela finalmente irá poder descansar... a ultima de nós.." ela passa mais alguns minutos quieta, "ah, sim, uma ultima coisa, Emma deixou isso comigo antes de...., bem, ela realmente gostava desse violãozinho, ele tinha um nome, mas sinceramente eu não me importei em lembrar dele, já que eu não sabia mesmo como tocar, e deixei ai na ultima viagem que fiz, eu esqueci de buscar depois de um tempo, já que ela não teve mais como me pedir de volta, então.... considere uma devolução..."

A fita para, a sensação de tontura continua, Brook me ajuda a caminhar ate o veiculo e ela dirige para o mais longe possível, parando algumas horas depois, talvez já estivesse tarde, eu não tenho certeza, mas voltamos para dentro e comemos um pouco.

— Posso ver? - pergunto apontando para o violãozinho que ela trouxe

— Claro. - ela passa pra mim, já havia visto um, um dos cientistas tinha, só que o dele parecia maior

Eu passo os dedos pelas cordas, o som parece desarmonioso, então eu tento mexer nos pinos, após algum tempo, o som parece bom e eu resolvo tocar algo aleatoriamente, Brook para pra me ouvir, nada tão bom assim sai, mas parecia estranhamente bom para uma primeira vez.

— Não sabia que você tocava. - ela sorri

— Nem eu. - viro-me de costas e deito a cabeça nos seus joelhos

— Se tornou ousada mais rápido do que imaginei

— Vou considerar um elogio

— Talvez seja mesmo um. - ela ri e me olha de cima - Posso te beijar?

— Acho que a essa altura não precisa realmente me perguntar

Ela sorri novamente e me beija gentilmente, um toque suave no lábios, tão puro e simples como o próprio vento lá fora, se afasta lentamente e eu vejo seu rosto avermelhado, esse é, com certeza, o futuro perfeito.


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