Espirais escrita por neko chan


Capítulo 18
18° ciclo da espiral


Notas iniciais do capítulo

hehe
I'm back



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"Quanto tempo será que dormi?", me pergunto assim que acordo, antes mesmo de abrir os olhos, antes mesmo de notar o ambiente em volta, algo quentinho se encostava no meu braço, Brook me abraçava dormindo tranquilamente, seu corpo parecia tão pequeno, a noite passada parecia um sonho. Me levantei cuidadosamente para que ela não acordasse, à cobri o melhor que pude para que não sentisse frio já que estava dormindo nua.

— Hora de voltar pra realidade. - suspiro desanimadamente pra mim mesma enquanto saia do veiculo e começava a dirigir sentindo o frio cortante no rosto

Brook levou algum tempo pra se levantar, consegui escutar quando ela pulou da cama e procurou desesperadamente algo para vestir. Ela abre a janela com um sorriso no rosto e me dá um caloroso "bom dia", sorrio para ela e digo:

— Você parece animada, o que foi? Teve uma noite boa?

O sorriso dela falha por um segundo, parecia um pouco mais desanimada agora, ela apenas faz que sim com a cabeça e volta para dentro. Meu coração sente um leve aperto, mas parecia o certo a se fazer, algo como apagar a ultima noite, ela mesma considerou essa ideia antes do que aconteceu, isso provavelmente seria o melhor, afinal, não é como se pudéssemos mesmo viver juntas, isso não era viver, aperto as mão no volante quando penso isso, "estamos apenas sobrevivendo, afinal".

Ela passou o dia do lado de dentro, apenas pude olha-la de novo quando entrei para almoçar, Brook apenas me passa um barra e come a sua silenciosamente a sua em seu canto, a ideia de que isso parecia o certo a se fazer parecia cada vez mais distante de alguma forma, eu queria poder apenas ignorar tudo e viver com ela em algum lugar, mas eu não posso, nós não podemos, eu sei, ela sabe, estamos constantemente lutando contra esse mundo e contra o próprio tempo que temos, não precisávamos ter mais um tipo de luta no meio disso, não deveríamos criar uma esperança que nem sabíamos se seria ou não real.

— Brook.... - olho pra ela e ela não se move de seu canto, suspiro - Como você se sente? - ainda sem resposta - Seu corpo dói em algum lugar? - suas orelhas repentinamente se movem como se levassem um pequeno susto

— Não... eu estou bem. - responde sem muita vontade

— Bom... - me sinto um pouco aliviada, mas ainda me sentia uma idiota por não ter conseguido deixar o caso morrer ali - Me diga se estiver sentindo alguma coisa

— Agora é a me turno, eu estou indo dirigir. - ela sai e eu escuto o veiculo dando partida

"Eu sou realmente uma idiota", me deito na cama de costas e encaro o teto como se fosse resolver alguma coisa se eu apenas ficasse ali esperando tudo dar certo. Abraço o travesseiro, o cheiro dela estava ali, era quase como se eu pudesse sentir seu corpo quentinho junto de mim, o sentimento excitante da noite passada não saia da minha cabeça. "Droga", digo baixinho e bato no travesseiro com raiva, enterrando minha cabeça no mesmo logo em seguida, por um segundo pensei em como deve ter sido a sensação para ela, parecia bom pelo jeito que ela agia, "Talvez se eu também tentasse um pouco", pensei, não teria problema se fosse comigo mesma, eu acho.

Sinto um onda de vergonha passando por mim, mas me enrolo no lençol deixando apenas a cabeça por fora e timidamente coloco a mão dentro da calça, era um sensação estranha, mas não ruim, definitivamente não era ruim. Em meio a esse breve momento que estava tendo, noto que o veiculo para e escuto a voz de Brook me chamando antes de abrir a porta.

— Audrey. - ela chama e eu pulo assustada, parando imediatamente o que estava fazendo

— O que houve? - digo nervosamente sentindo meu rosto queimando de vergonha

— Encontrei uma cidade

— Mesmo? - sai do veiculo e olhei para onde ela apontava, parecia um cidade mediana a uns 2 ou 3 quilômetros de onde estávamos - Vamos torcer para acharmos comida lá. - olho para ela, que ainda parecia não querer conversar comigo - Se quiser eu posso dirigir

— Não precisa. - diz friamente

— Então eu te faço companhia. - ela não responde, apenas vai se sentar no banco e eu me sento ao seu lado

O dia estava extremamente frio, parecia que minha pele inteira ia congelar e cair, estava usando o cachecol que ela fez para mim, mas ela não parecia querer dividi-lo agora. Chegamos ao local em alguns minutos, parecia exatamente como todas as outras, mas por sorte encontramos comida, então não teríamos que nos preocupar com isso por um tempo, mas havia um templo, a única construção diferente das outras, com alguma sorte nós poderíamos escutar outra fita.

Vasculhamos o local ate acharmos um sótão empoeirado, bingo, mais um laboratório estranho, me pergunto o motivo de tantos laboratórios, talvez eles estivessem fugindo de alguma coisa e precisassem de locais para se esconder. Encontro a maquina para a fita, tiro a próxima do bolso, sempre levava a próxima fita comigo quando saiamos do veiculo apenas por via das duvidas, a coloco no lugar e escuto a maquina estalar um pouco antes de começar a rodar a mensagem.

"Pelo amor dos mestres, não acredito que vocês duas realmente continuam com isso, é como se não tivessem nada melhor pra fazer mesmo" ela ri como de costume por um tempo, a risada já começara a soar familiar, então eu realmente não ligava, "pois bem, pois bem, vejamos o que podem faze agora....." ela parece parar para pensar um pouco, "Ei, ei, vocês sabiam? O poder de um deus pode mudar o esse mundo, seria como ignorar tudo que aconteceu, mas vocês provavelmente querem saber como tudo chegou nesse ponto, não é mesmo? Humanos, isso aconteceu nesse mundo, sabem, já tentamos fazer contato com eles a algum tempo atrás, mas depois percebemos que a quantidade de humanos ali saiu do controle, éramos um povo bem pacifico nos primeiros milênios do planeta, mas humanos aparentemente tem uma natureza incompatível com a nossa.... a presença deles criou uma grave quantidade de 'impureza' no nosso mundo, as uniões entre nosso povo e os humanos criava seres terríveis, deformados e, as vezes, quase imortais, os mestres tiveram que fazer uma difícil decisão, o mundo virou uma chacina nos anos seguintes, os humanos 'puros', vindos da Terra, foram erradicados, mas ainda haviam os que haviam nascido aqui, não muitos, mas o suficiente para que eles gerassem prole com alguns dos nossos e seus filhos eram como nós em todos os aspectos, ou melhor.... quase todos.... eles eram muito mais temperamentais e violentos que nós, eram perigosos, houveram muitas guerras na época e nosso contato com a Terra se cessou completamente após um temp..... bem, bem, que papo chato, não é mesmo, então, sobres os monstros, não tínhamos como controlar todos, então os mestres os esconderam em uma floresta, algo como um tipo de buraco negro num universo alternativo, ela apenas sumiu do mundo, mas voltou inesperadamente depois de mais alguns milênios." Ela suspira como se tomasse folego por um momento, "Foi ai que tudo começou a dar merda", escuto alguém batendo na cabeça dela e ela solta um "ai" de leve, "Aparentemente apenas um deus pode concertar os erros dos deuses, não é mesmo? Os mestres são como os deuses desse mundo, nós podemos ajudar vocês, mas....... sabem......."

Ela demora uns bons minutos para finalizar a frase, mas me sinto aliviada quando ela volta a falar, "Acho que vocês precisam mudar um pouco antes disso, afinal, não queremos reviver um mundo e cria-lo na base 'sobrevivencia' apenas, sabem.... vocês vão entender quando estiverem prontas, então na próxima fita eu terei que dar algumas tarefas para vocês", ela ri e alguém fala baixo no fundo, "Okay, okay, nossa mestra preferida fazendo presença, então ela pediu para finalizar aqui." Ela para e uma outra voz começa a falar, parecia uma voz estranhamente familiar, mais do que a ultima, bem mais, "Meninas.... apenas conversem... apenas isso, mestres sabem de tudo e eu sei bem que é isso que vocês precisam agora."

A fita para, eu a ponho de volta no bolso e nós duas nos entreolhamos, nenhuma palavra, não sabia se me preocupava mais com o silencio dela ou com o fato da mulher na fita saber o que dizer nessa hora especifica. Voltamos em silencio também, estava escurecendo, jantamos em silencio, isso estava me incomodando, tudo parecia errado depois do que ouvi na fita, depois de tanto tempo, eu me senti como um robô novamente. Brook se deitou de costas para mim quando fomos para cama, eu suspirei e me sentei ao seu lado tocando suavemente seu ombro.

— Podemos conversar? - falo baixo

— Achei que não havia nada pra conversar

— Sobre a noite passada...

— Concordamos em esquecer isso

— Eu sei, mas.....

— O que? - ela finalmente se vira para me olhar

— Acho que não podemos fazer mais isso... - sinto meu coração doer - Quer dizer, ontem parecia tudo bem, mas.... não parece certo

— Por que não seria? - parecia irritada

— Não existe nenhuma razão para fazer isso, agir como se pudéssemos ignorar tudo e viver, não estamos em condições de tirar o foco da nossa missão

— Mas não tem nada de errado com isso. - ela se senta de frente pra mim - Não tem nada de errado em... gostar... de... alguém. - ela segura minha mão, mas eu a puxo de volta

— Em circunstâncias normais eu poderia concordar com você, mas não temos tempo para isso, eu estava errada, ok? Eu sou a culpada disso, eu não deveria ter te beijado, não deveria ter te dado alguma esperança de uma vida comum, eu não deveria ter feito aquilo com você noite passada. - falo com a espiração pesada e me segurando para não demonstrar dor - É ilógico o que aconteceu, não é nem mesmo possível que haja chances de reprodução nesse ato, nós apenas não estávamos pensando direito, você apenas não tinha outra opção de parceiro no momento...

Ela me bate, eu não consigo nem mesmo notar o que aconteceu naquela fração de segundo, o tapa não doeu por si só, mas o rosto dela, o rosto dela coberto de lagrimas, essa imagem doeu bem mais do que qualquer tapa que ela pudesse me dar, independente de quantos fossem, ela cai nos meus joelhos e chora descontroladamente, seus gritos são altos e ecoam na minha cabeça, inconscientemente começo a chorar junto com ela.

— Eu te odeio. - ela berra entre soluços

Eu também me odiava no momento, mas não sabia o que fazer, eu apenas a abracei enquanto ela chorava.

— Não diga que vocês estava errada... - soluça - Não diga que foi errado

Meu coração doía tanto que parecia que ia parar, estava errada, eu sei que estava, mas não sabia se era por machuca-la ou tentar ignorar nosso objetivo, parecia que tudo que eu estava fazendo estava errado, e eu errava ate mesmo tentando concertar tudo. Eu respiro fundo e levando a cabeça dela, seus olhos cheios de lagrimas encontram os meus e eu não consigo pensar em outra atitude a não ser beija-la, seu choro cessa, o silencio em volta parece esmagador, mas eu me acalmo quando sinto suas pequenas mão apertando meus braços, apesar de ainda sentir as lagrimas descendo pelas suas bochechas, ela parecia quente, não importava mais, nada parecia importar, eu senti uma inocente esperança que que ficaria tudo bem, porque ela estava ali e eu ainda estava aqui, a repentina sensação da língua dela encostando na minha me fez arrepiar, então eu me afastei e olhei para ela, então varias coisas que eu poderia dizer agora passaram pela minha cabeça, eu poderia pedir desculpas, eu poderia dizer que eu estava errada sobre tudo que disse e ate mesmo dizer que poderíamos resolver isso juntas, mas apenas uma coisa parecia a coisa certa a ser dita.

— Eu te amo


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Notas finais do capítulo

mds gente, eu nem sei mais escrever eu acho, eu passei esse tempo todo so desenhando e apanhando da faculdade



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