Broken escrita por misskekebs


Capítulo 2
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Um capítulo fresquinho pra vocês.
Tô sem criatividade pra notas inicias então aproveitem o capítulo.



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Stiles Stilinski saiu do quarto e percorreu o longo corredor, com a face corada pela raiva e as mãos cerradas em punho. Os ombros largos, um pouco inclinados para a frente, lembravam um touro pronto para investir.

A jovem criada Eleni, que caminhava em sentido contrário, assustou-se e espremeu-se contra a parede a fim de lhe dar passagem. Foi o tempo suficiente para sentir apenas a respiração forte e ofegante do patrão, que passou por ela como um raio.

Chegando às escadas, venceu os lances com incrível velocidade, só dando para se ouvir o som das solas dos sapatos de couro legítimo chocando-se contra o piso de mármore italiano.

No andar térreo, cruzou o hall e, após rápida pancada numa das portas, entrou no quarto da tia, esbravejando:

— Sabe algo sobre isso? — perguntou, exibindo o pequeno pedaço de papel que até então trazia apertado entre os dedos.

A irmã de seu pai, uma idosa solteirona, ergueu uma das mãos para pegar o amarfanhado papel. Depois o colocou sobre o colo e com os longos e pálidos dedos alisou-o de forma a poder verificar seu conteúdo. E com a voz estridente procedeu à leitura:

— Nosso casamento está acabado. Meu advogado entrará em contato para requerer o divórcio.

Cada palavra pronunciada pela tia tinha o efeito de flechas disparadas bem no centro do coração de Stiles.

Apenas três meses de convivência e Lydia sentenciara à morte o relacionamento, sem nenhuma outra explicação.

Nada! A não ser o pequeno bilhete posto em cima de um dos travesseiros da cama de casal. Como ousara?

— Ela desonrou o nome dos Stilinski! — exclamou Stiles com profundo desgosto.

Com muita calma, a tia, que já passava dos 70 anos de idade, largou o papel amassado em cima da pequena cômoda mais próxima e secou o suor dos dedos num lenço de seda. Em seguida, ergueu os olhos cansados, mas ainda mordazes, e declarou:

— Foi você quem desonrou o nome da família quando se casou com ela! — Alexandra Stilinski pronunciou aquelas palavras sem o mínimo de compaixão. E para pisotear ainda mais o amor-próprio do sobrinho, acrescentou: — Não passa de uma aventureira interessada num vantajoso acordo de divórcio. Um preço alto a pagar por uma tentativa frustrada de ter um herdeiro! — exclamou, e recostou-se na poltrona outra vez.

Após ajustar os óculos, apanhou o livro que havia abandonado na mesinha-de-cabeceira quando Stiles entrara e retomou a leitura, num claro gesto de dispensa. Porém, antes que o sobrinho saísse, aproveitou para avisar:

— Respondendo ao que veio me perguntar, informo que não sei nada sobre o motivo pelo qual ela o abandonou. Nós duas nunca fomos confidentes e jamais fiz questão de me tornar sua amiga. — E deixando escapar um sorriso de malícia, disse: — Se eu fosse você, examinaria o conteúdo do cofre de jóias para conferir se está faltando alguma.

Stiles mordeu o lábio inferior e girou nos calcanhares, saindo apressadamente.

As suposições venenosas da tia o atingiram em cheio. Mas não poderia culpá-la. Qualquer um pensaria da mesma maneira diante da inusitada atitude de Lydia.

Em segundos ele estava outra vez nos aposentos que dividia com a esposa, abrindo portas e gavetas. De vez em quando, olhava pelas amplas janelas e apreciava a vista da Acrópole.

Quando terminou a busca, concluiu que Lydia não levara nada além da roupa do corpo, do passaporte e de uma bagagem de mão. As jóias continuavam, todas, no cofre. Será que só o que lhe interessava era o acordo bilionário a ser obtido com o divórcio? As palavras da tia bailavam em sua mente.

Ela realmente o fizera de tolo só para poder ficar com metade de sua fortuna?

“Só se passasse por cima de seu cadáver!”, Stiles exclamou para si próprio. Ferir o orgulho de um grego era o mesmo que provocar a ira dos deuses. E se Lydia tivesse feito isso, arcaria com as conseqüências nem que fosse a última coisa que ele pudesse fazer em vida!

Será que ele não tinha lhe proporcionado tudo que uma mulher poderia desejar? Uma residência luxuosa, cartões de crédito sem limites, empregados para atender sua mais simples vontade e, principalmente, uma assistência sexual ativa e amorosa?

E, analisando o último item, Stiles franziu o cenho.

As lembranças do paraíso vivido com a esposa em meio aos lençóis macios eram difíceis de ser avaliadas por qualquer mortal. O ardor com que o corpo dela reagia aos seus toques não poderia ser fingimento. Era impossível!

Mas será que não teria passado de pura reação física, nada mais?, ele pensou. Apenas por um tempo suficiente para mantê-lo feliz e depois escapar furtivamente e pedir o divórcio?

Ninguém faria aquilo com Stiles Stilinski! Ninguém!, exclamou em pensamento, cerrando os dentes em pura reação de fúria.

E, imediatamente, pegou o celular e ligou para a secretária, ordenando que cancelasse os compromissos agendados por dias.

Ao mesmo tempo, com a mão que estava livre, apanhava itens indispensáveis e lotava a maleta de mão. Após terminar as instruções para a auxiliar, discou para o aeroporto e obteve informações importantes. Em seguida, contatou o piloto do seu jato.

 

Natalie Martin retirou a chaleira do fogão e despejou um pouco de água quente na jarra que continha ervas a fim de obter um pouco de chá.

Esforçou-se para sufocar a mágoa que a atormentava. O médico que examinara o coração de Richard o havia advertido de que deveria repousar alguns dias a fim de recuperar-se do inesperado abalo que afetara sua região cardíaca. Porém, o teimoso marido há poucos minutos saíra de casa com os três filhos, pela mesma porta por onde, logo após, entrara Stiles Stilinski com outra notícia arrasadora: Lydia o havia abandonado e pedido o divórcio!

Aquilo não estava acontecendo de verdade!, exclamava ela em pensamento. O que teria acontecido de tão errado para a filha tomar tal decisão?

Lydia parecia radiante de felicidade quando pronunciou seus votos de união na pequena capela, apenas há três meses! Os pais também estavam felizes. Jamais imaginavam que a filha, acostumada a agir como um garoto e que nunca tivera um namorado, acabasse se casando com um homem bonito, rico e generoso.

E agora… isso! O que mais faltava acontecer?, Natalie se perguntava enquanto analisava a figura estressada do genro, que acabara de deixar na sala. E não era para menos! Qualquer homem naquela situação estaria “arrasado”. Sem mencionar o transtorno de viajar da Grécia, em um vôo demorado, e depois ter que alugar um carro para chegar até ali.

Só o que poderia fazer no momento era oferecer-lhe uma xícara de chá para relaxar.

Ela retornou à sala de jantar com a jarra e colocou-a na velha mesa de madeira rústica.

— Gostaria de poder ajudar — murmurou Natalie. — Não consigo entender. Lydia não demonstrou o mínimo aborrecimento nas vezes em que conversamos ao telefone. — E após cobrir a jarra com um pano de cozinha limpo, para evitar que o líquido esfriasse, deu um profundo suspiro e desabafou: — Ela sempre agiu com muita independência. A última vez que me ligou já faz uma semana.

Stiles forçou-se a relaxar, estirando os dedos nos braços da poltrona em que estava acomodado. A sogra estava tão perplexa quanto ele, pensou. Gostava muito dos pais de Lydia. Eram pessoas simples, acostumadas ao trabalho árduo e honesto. Não pretendia humilhá-los revelando que a adorada filha não passava de uma oportunista que se casara com ele apenas para dar um golpe e sair com um lucro fabuloso!

Ele mesmo custava a acreditar que isso fosse verdade. Por toda a vida fora assediado por tantas mulheres que aprendera a reconhecer uma golpista a quilômetros de distância!

No entanto, com Lydia tinha sido muito diferente. Ele acreditara de corpo e alma na sinceridade dela quando dizia que gostava dele apenas pelo que era e não pela sua fortuna.

E que desejava ter muitos filhos com ele. Da mesma maneira que ele também desejava. Será que o cérebro dele tinha deixado de funcionar quando a vira pela primeira vez e a desejara como nunca havia desejado antes outra mulher? Teria se enganado tanto quando afirmara para si mesmo que Lydia era a única mulher no mundo em quem poderia confiar cegamente?

Mas que outra explicação poderia haver para a atitude dela?

Antes do inesperado abandono, o casamento deles parecia fluir de maneira fantástica. O entrosamento entre eles era perfeito. A felicidade, plena. Apenas algumas vezes ele a vira silenciosa e distante. Mas quando lhe perguntava se havia algo errado, ela o tranqüilizava com um dos seus amáveis sorrisos.

Stiles, no fundo, se recusava a acreditar que Lydia seria capaz de tamanha traição. Mas na falta de qualquer outra justificativa era obrigado a encarar os fatos.

Natalie puxou uma cadeira e sentou-se perto do genro. Depois, com as mãos trêmulas, ofereceu-lhe uma xícara de chá.

Stiles compadeceu-se da mulher e procurou acalmá-la:

— Não se preocupe. Ela virá para cá. Deve ter embarcado num vôo comercial e por isso deverá demorar mais do que eu demorei para chegar a Heathrow. Depois, ainda terá que conseguir um táxi que se disponha a viajar até aqui. Além do mais, eu chequei as reservas no aeroporto e o nome dela consta na lista de espera. Para onde mais ela iria? — indagou ele, colocando a mão imensa sobre a dela, para inspirar-lhe confiança. — Tenho certeza que Lydia ligará assim que chegar ao aeroporto. E, por favor, não diga que estou aqui. Preciso falar com ela pessoalmente.

A mulher concordou com um gesto de cabeça. Não conseguia falar devido a um nó de angústia que se formava na garganta.

Porém, não conseguiu impedir as lágrimas saíssem.

Stiles apanhou a caixa de lenços que viu na beirada da janela e gentilmente ofereceu-os para a sogra.

E como homem experiente que era, percebeu que os problemas da família iam além do que acabava de acontecer com Lydia. Então, repousando uma das mãos no ombro esquerdo de Natalie, perguntou:

— O que está acontecendo? Quem sabe eu possa ajudá-la?

 

Era tarde da noite quando o táxi ziguezagueava contornando as curvas da entrada estreita, ladeada de frondosas árvores, que tornavam o caminho deserto ainda mais escuro.

Lydia inclinou-se para a frente e instruiu o motorista a entrar à direita na encruzilhada seguinte.

— Estamos a menos de um quilômetro. Eu o avisarei quando deverá parar — informou, e recostou-se outra vez no banco traseiro, tornando a concentrar-se nos próprios pensamentos.

A viagem que fizera havia sido um completo pesadelo. Evitava pensar no final do seu casamento. Doía demais. Era preferível fazer planos para o futuro.

A partida de Atenas tinha sido atrasada por horas. Quando chegara a Heathrow, precisara esperar muito para conseguir trocar os euros por libras. Dali, seguira para a estação de Euston, onde tivera tempo de tomar apenas um café, amargo e frio, enquanto aguardava o trem para Shrewsbury. E quando chegou ali, ligou para a mãe, informando que talvez chegasse por volta da meia-noite, caso encontrasse um motorista com boa vontade para dar uma esticada até os arredores da cidade.

A mãe lhe parecera um pouco estranha ao telefone. Porém, Lydia nada perguntou e evitou comentar o real motivo da sua chegada tão repentina. Preferia contar pessoalmente o rompimento do seu casamento com Stiles.

Sabia que a notícia desagradaria os pais. Eles imaginavam que o matrimônio da filha tinha feito era perfeito!

E até que parecia ter tudo para ser perfeito. Ela o amava muito! Tanto que deixara as dúvidas de lado quanto ao motivo de ele querer casar-se tão rapidamente.

Dúvidas que aos poucos a atormentaram quando retornou a Atenas como esposa de Stiles Stilinski.

Ela abafou um soluço e ergueu os ombros para recordar que não permitiria jamais ser “usada” por homem algum. E que nunca se arrependeria por tê-lo abandonado e não choraria por ele.

Será que Stiles achava que ela não tinha amor-próprio? Ou que seria tão estúpida a ponto de não descobrir a verdade? Que estaria tão fascinada com ele ou com as coisas que poderia lhe oferecer que concordaria com tudo?

Assim que os faróis do carro iluminaram a pequena casa, Lydia pediu que o motorista parasse.

Lágrimas de alívio saltaram dos olhos verdes. Até que enfim, meu lar!, exclamou em pensamento. O retorno a um novo começo de vida independente! Assim que se desvencilhasse das papeladas do divórcio não queria nem mesmo ouvir falar em Stiles Stilinski. Nunca mais!

Após pagar ao motorista pela corrida, apanhou a pequena mala e caminhou, meio insegura, por conta da fadiga, os poucos metros que faltavam para alcançar a casa. A escuridão era tamanha que acabou esbarrando na traseira de um carro, estacionado ao lado dos dois Land Rovers que pertenciam ao pai e aos irmãos.

Resmungando, inclinou-se para friccionar a canela com as mãos, a fim de reduzir a dor. Ao mesmo tempo, ouviu a batida da porta do carro e ergueu os olhos, para ver quem se aproximava. E foi com desgosto que reconheceu a figura intimidadora de Stiles Stilinski!

— Entre no carro — ordenou ele.

A voz de comando provocou um frio na espinha de Lydia, agora perfeitamente ereta.

Sua mente ficou atordoada. “O que ele pensa que está fazendo aqui? Será que não entendeu o recado?”

— Não vou a lugar algum com você! — exclamou ela, com firmeza na voz. Ele estendeu os braços e segurou-a pelos ombros, impedindo-lhe a passagem. — Estou cansada. Preciso entrar. Deixe-me passar — insistiu Lydia, contrariada consigo mesma por se emocionar com o toque daquelas mãos.

— Sua família já está dormindo. Falei com eles e todos concordaram que é melhor você ir comigo para o hotel. Temos muito o que conversar.

— Não! — protestou ela. — Não temos nada para discutir. Por experiência própria, ela sabia da capacidade dele em convencê-la do que quisesse. Sem contar com o irresistível charme que, se ele decidisse usar, a faria mudar de idéia. E, com certeza, lançaria mão disso só para satisfazer interesses desprezíveis, deduziu Lydia.

— Não pode me forçar a ir com você!

— Não? Estou esperando neste carro por quase duas horas. E paciência não é o meu ponto forte. Nunca forcei mulher alguma a fazer o que não quisesse, mas se você se recusar a me acompanhar, sua família estará na rua antes do final do mês. Você tem o poder de impedir que isso aconteça. A escolha é sua!


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, muitas coisas estão para acontecer com Lydia, não deixem de acompanhar.


Beijos keke. ♥️



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