Broken escrita por misskekebs


Capítulo 3
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Espero que estejam gostando, muita coisa vai acontecer ainda.



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Lydia se aproximou da porta do lado do passageiro que Stiles mantinha aberta. Até mesmo na escuridão da noite podia notar-lhe as feições contorcidas pela raiva.

Ela engoliu em seco várias vezes. Era a primeira vez que o via tão zangado. Talvez aquela fosse a verdadeira natureza do homem que um dia tinha julgado tão gentil e amoroso, pensou.

— Entre logo! — exigiu ele, e depois, com uma entonação mais suave, prosseguiu: — Trarei você de volta logo pela manhã. Dou-lhe minha palavra. Até lá, é melhor deixá-los acreditar que estamos resolvendo nossos problemas.

— E por quê? Não são crianças para serem tapeados com contos de fadas!

— Vou lhe dizer o motivo — ele disse com impaciência. — Mas não aqui!

Lydia fez um biquinho de teimosia. Estava acostumada a ter tudo que queria no mesmo instante em que pedia porém Stiles não estava com humor para satisfazer-lhe o desejos.

Ela considerou a hipótese de sair correndo, entrar na casa e trancar a porta. Depois, acordaria os pais e perguntaria por que Stiles estava dizendo que eles estariam ameaçados de ficarem “sem teto”?

Mas para fazer isso, primeiro precisaria passar pela barreira humana bem na sua frente. E ele não parecia nada amigável. Ela não conhecia esse lado da personalidade do marido. Mas com certeza sempre existira. Aliás, muito bem escondida na fachada de um casamento perfeito, que tinha como único objetivo gerar um herdeiro para dar continuidade à linhagem dos Stilinski…

Stiles não faria ameaças em vão, ela considerou com desgosto. Ouvira falar da forma rude com que conduzia os negócios. Agora ela comprovava isso com as atitudes grosseiras que nunca observara antes.

Não poderia expor a família à fúria daquele grego poderoso.

Por isso, optou por entrar no carro. Mal se acomodou e ele bateu a porta com força. Ela sentiu o corpo estremecer. Precisava reunir toda a coragem para enfrentá-lo. Era a única chance de ajudar a família. E pelo menos, por enquanto, tinha a promessa dele de que iria ajudá-los.

A curta viagem até o centro da cidade foi feita em total silêncio. Ao contrário do que fizera com o motorista de táxi, ela não precisava indicar as direções para Stiles.

Ele dirigia através da estreita e sinuosa estrada com grande habilidade e parecia ter decorado o caminho da casa dela até o hotel onde havia se hospedado três meses antes, época em que planejou a desprezível trama de convencê-la a casar-se com ele.

Lydia amargurou-se por não ter tido a idéia de ir para outro lugar qualquer, onde ele não a encontrasse.

E, sem querer, contraiu os dentes com tanta força que até sentiu o queixo doer.

Teria sido muito mais fácil para esquecer o quanto o amava e deixá-lo livre para encontrar outra fêmea fértil que lhe desse o filho que desejava, já que esse era o único motivo pelo qual Stiles se casara com ela, concluiu em pensamento.

Porém, nunca imaginara que ele a perseguiria até a casa onde morava a família dela. Apenas daria de ombros e se asseguraria de que ela não recebesse nem um centavo da fortuna dos Stilinski por ter abandonado o lar. Com certeza, os advogados de notável competência que assessoravam o grego se encarregariam dessa tarefa.

Depois ele encontraria outra tola qualquer para produzir um herdeiro. E quando quisesse se livrar dela, promoveria um divórcio conveniente e requereria a guarda do filho. Uma pobre coitada como ela, filha de pais humildes, jamais poderia vencer os poderosos Stilinskis num tribunal.

Ela deveria ter suspeitado dos motivos reais que ele teria para casar-se com ela. A razão estava bem embaixo do seu nariz!

Ela provinha de uma mãe que dera à luz a quatro filhos… o que provavelmente lhe dera a idéia de que era uma mulher fértil.

Até mesmo a ausência de romantismo quando ele lhe avisara de que não haveria lua-de-mel por conta do excesso de compromissos de trabalho. E ela acreditara!

Como pudera ser cega e ingênua a ponto de aceitar que um homem rico, bonito e carismático se apaixonaria por alguém tão insignificante quanto ela?

Quando Stiles estacionou o carro em frente ao único hotel da pequena cidade, Lydia tinha feito uma promessa a si mesma: se ele tentasse convencê-la a não pedir o divórcio, porque provavelmente não queria se dar ao trabalho de sair à procura de outra vítima, uma vez que ela não via outra razão para ele estar ali, e usasse todo o charme de que era capaz, ela resistiria com todas as forças!

Aparentemente contrariado, Stiles desligou a ignição do motor do carro e retirou a chave. Abriu a porta e saiu. Depois contornou o veículo para auxiliá-la a descer.

— Vamos — ordenou, com a voz fria como o gelo.

Notando que ele se comportava como um vulcão pronto para entrar em erupção, ela decidiu obedecer.

Moveu-se devagar e saiu do carro, erguendo os olhos para a fachada do hotel. A iluminação do painel de entrada revelou a figura feminina vestindo jeans e uma blusa de tecido fino, quase transparente, que a deixava tremendamente sensual. Em uma das mãos, carregava a maleta de couro.

O marido colocou uma das mãos no cotovelo esquerdo de Lydia e a conduziu através da porta principal. Se inclinasse a cabeça por um momento, não conseguiria resistir à tentação de acabar com aquela rebeldia com um beijo alucinante. A entrada para o paraíso! Sabia que ela adorava fazer sexo com ele, mas não pretendia tornar as coisas fáceis.

Isso seria parte da punição que tinha em mente. A parte física do relacionamento entre eles era a única coisa que ela não conseguira fingir. No mais, ele tinha quase certeza que se tratava de um golpe muito bem aplicado. Era a única explicação plausível para a conduta dela. Mas ele iria providenciar para que Lydia terminasse com um lucro que não fosse sequer um centavo acima de “zero”!

“Ela nunca deveria ter feito o que fez!”, Stiles lamentou com um suspiro. E num gesto automático largou o braço dela.

Lydia estremeceu ao ouvir o som da porta se fechando. Ele, finalmente, largou seu cotovelo. Ela não desejava confrontá-lo. Ele a tinha forçado!

Os nervos ficaram à flor da pele e a adrenalina percorreu-lhe as veias com incrível velocidade ao perceber que ele estava tinindo de raiva. E até era capaz de entendê-lo.

Sabia que ele era um homem muito ocupado. Allison lhe informara naquela longa conversa telefônica que tiveram logo após o retorno para a Inglaterra, depois do projeto feito na mansão da amiga. E que Stiles Stilinski a tinha entupido de perguntas sobre ela e a família. E, cinco dias depois, ele aparecera na casa de Lydia, após obter todas as informações que precisava.

Agora ele deveria estar considerando os três meses de casamento como um desperdício de tempo e esforço. E, provavelmente, deveria ter sido um enorme sacrifício precisar tratá-la como rainha para que não desconfiasse dos seus propósitos. E, quanto ao sexo, bem que ele tentara engravidá-la nos dias férteis, sem contudo alcançar sucesso. E é claro que estaria ansioso para livrar-se da mulher que apenas usava para poder se casar com a outra, a quem realmente amava. A situação deveria enfurecê-lo, sem dúvida.

E ele escondera muito bem toda a trama. Isso ela devia reconhecer.

Mas agora tudo estava se esclarecendo. O maior problema era saber se ela teria coragem suficiente para driblar a situação e descobrir o que ele pretendia por trás das ameaças.

E a única resposta que ouvia da própria mente era que precisava ser forte e encarar a situação.

Como era tarde da noite, o saguão do hotel estava deserto e apenas algumas lâmpadas eram mantidas acesas.

O vigia noturno ergueu-se de onde estava acomodado, atrás do balcão de recepção, e apanhou as chaves do quarto de Stiles.

Após uma rápida troca de palavras entre os homens, o magnata recebeu as chaves e retornou para o lado de Lydia, com a mesma expressão de desgosto que já demonstrara.

— Poderíamos conversar ali mesmo — sugeriu Lydia, apontando na direção do jogo de sofás, onde havia um ponto de iluminação na parede.

Ignorando o comentário, Stiles marchou para as escadas, sem dizer qualquer palavra.

Lydia não teve outra alternativa a não ser segui-lo. Porém, praguejou em pensamento: “Grego arrogante!”

— Entre! — ordenou Stiles, quando abriu uma das portas no primeiro andar.

Ela sentiu o estômago revirar. Não estava acostumada a ser tratada com tamanha grosseria. Mas precisava tolerar, pelo menos até que ele revelasse tudo que pretendia falar. O que, pelo que ela supunha, não passaria de infindáveis ameaças.

Confortada pelo bom senso, ela entrou no aposento. O lugar parecia não ter recebido um hóspede sequer em meses, a julgar pelo cheiro de mofo. Pelo menos os lençóis pareciam limpos e a pouca mobília bem confortável. O único incômodo era a própria situação de estar ali com o marido que tinha adorado e agora desprezava com tal intensidade que sentia até os ossos congelarem.

A valise que ela bem conhecia estava no chão, ao lado da cama. Por dedução, ela concluiu que ele se hospedara ali antes de ir para a casa dos pais dela. E ficou aguardando até que ela chegasse. De alguma forma, ele sabia que ela faria contato com a mãe e permaneceria com eles até que saísse o divórcio. Só não contava que ele chegasse tão rápido e antes dela!

Lydia já estava no aeroporto aguardando o vôo no momento em que ele costumava chegar e subir até o quarto Para um banho rápido. Só então teria condição de ler o bilhete que ela deixara sobre um dos travesseiros.

No entanto, quando ela chegou, ele já a esperava há horas. Como podia?

Foi aí que se lembrou do jato particular! Como podia ter-se esquecido? Talvez porque não se importasse com os bens do marido, por lhe provocar certo desconforto ao ficar imaginando por que ele a desposara sendo uma moça tão simples.

Preferia esquecer as diferenças sociais e curtir o amor que sentia por ele.

Naquele instante, ele apontou a mesa com duas cadeiras no canto do quarto e Lydia dirigiu-se para uma delas, acomodando-se. Stiles permaneceu em pé, na frente dela, com as mãos nos bolsos traseiros da calça cinza, confeccionada pela estilista da família num tecido encorpado. A medida que ele remexia as mãos nos bolsos, o tecido se ajustava na frente da calça, emoldurando seu sexo sobre a pélvis.

Ela deu um gemido involuntário como resposta do próprio corpo ao magnetismo sensual que ele liberava. Fechou os olhos para afastar a visão que lhe provocava os sentidos. O que menos precisava agora era de uma excitação dos próprios instintos.

Nem agora nem nunca mais!

O simples ato de cerrar as pálpebras lembrou-a de que precisava descansar. Se ele esperava as explicações dela, poderia muito bem aguardar até de manhã.

Uma discreta pancada na porta a despertou. No mesmo momento em que ele afastou-se para atender o garçom e permitir que ele entrasse e depositasse sobre a mesa uma bandeja com bebidas e alimentos. Após providenciar uma gorjeta, o homem saiu e Stiles sentou-se na cadeira do lado oposto da mesa.

Lydia não conseguiu evitar um riso nervoso ao observar os sanduíches e uma garrafa de vinho acompanhada de dois copos.

A situação parecia hilária!

Como podia o marido furioso com a esposa fugitiva, e que se comportava como se fosse explodir o mundo, pensar em comer e beber naquele momento?

Ela precisou até segurar-se na cadeira para não cair.

Stiles, porém, não se abalou com a atitude dela. Com muita calma separou dois sanduíches com queijo e presunto num prato de porcelana branca e colocou na frente dela. Depois serviu o vinho.

Ela poderia jurar que ele mantinha um leve, mas arrasador sorriso no canto dos lábios quando declarou:

— Se não comeu nada desde o café da manhã, e eu também não, vai precisar disso.

— Estou sem fome — afirmou ela, com um olhar de desprezo para o prato.

 

Lydia divagou por alguns instantes ao lembrar-se da primeira vez em que perdera o prazer com os pequenos lanches.

Como era costume, Stiles sempre acordava antes dela. Disposto e bem-humorado, vestia-se e descia para o desjejum, enquanto ela aproveitava mais um pouco para relaxar da paixão intensa desfrutada na noite anterior.

Talvez o tempo que passasse com ele na cama fosse a parte mais feliz do casamento. No restante do dia levava uma vida monótona e sem propósito. Sentia-se uma estranha naquele ambiente sofisticado.

Porém, numa daquelas manhãs, Lydia resolveu descer tomar um café com o marido antes que ele saísse para o escritório, como sempre fazia. Queria aproveitar para esclarecer alguns rumores que a estavam aborrecendo. Após vestir o robe de seda saiu do quarto e foi para a sala de almoço, onde faziam as pequenas refeições.

Stiles estava de costas, falando ao celular. Por isso não Percebeu a aproximação dela.

Ele estava esplêndido com a calça num tom de cinza muito claro e a camisa branca impecável. O paletó estava no espaldar de uma das outras cadeiras, junto à mesa de seis lugares.

Foi então que ela ouviu o conteúdo da conversa, que virou sua vida de cabeça para baixo:

— Calma, Malia! Vamos discutir o assunto. Sabe que eu preciso de tempo. Precisa ser paciente. — Após um breve silêncio, enquanto ele ouvia os comentários do outro lado da linha, tornou a falar: — Estarei com você em menos de cinco minutos. Claro que a amo! — Mais um intervalo e ele finalizou: — Fique calma, querida. Só mais cinco minutos!

Com o coração aos pulos, ela o viu apanhar o paletó e sair apressado pela porta no lado contrário de onde ela estava. Talvez para os braços da mulher que realmente amava! Então as intrigas que ouvira não eram apenas boatos…

 

Stiles observava Lydia pela borda do copo enquanto saboreava um gole do vinho. Notava-lhe a palidez, apesar das sombras provocadas pela fraca iluminação. As poucas sardas no nariz delicado se destacavam. Ele costumava achá-las charmosas, bem como os cachos da cor de louro-morango, agora perfeitamente produzidos num penteado feito por um dos melhores cabeleireiros de Atenas.

A fúria dos instintos básicos que a figura da mulher lhe produzia o deixava ainda mais nervoso. Principalmente por recordar a atitude inesperada e deplorável dela.

— Coma algo antes que acabe desmaiando de fome! — exclamou ele, com um tom mais alto do que desejava.

Lydia estreitou os lábios com teimosia. Depois cruzou os braços na frente do peito antes de responder:

— Não estou aqui para comer. Só vim porque fez ameaças contra meus pais e exijo saber o que tem em mente que possa atingi-los.

— Ah! Finalmente mostrou que sabe falar! — exclamou Stiles, inclinando as costas no espaldar da cadeira. — Só quero que saiba uma coisa: ninguém “exige” nada de mim! Nem mesmo minha esposa! Grave isso e agirá com mais sabedoria!

Ele esforçou-se por manter a calma. Na verdade, Lydia nunca exigira nada dele, antes. Também, nem era preciso. Ele proporcionava tudo que uma mulher pudesse desejar. Tudo que a alta posição na sociedade grega lhe permitia. E, no entanto, ela queria mais!

Possivelmente uma grande fortuna, que o divórcio poderia proporcionar, para viver uma vida luxuosa sem a presença de um marido a quem devesse obrigações.

Pelo menos, até que ela lhe desse um motivo mais plausível, essa era a razão que fazia mais sentido.

Lydia começava a sentir uma incômoda dor de cabeça por conta do cansaço e da vontade de despejar de uma vez toda a fúria que sentia pela humilhação da cínica traição e manipulação que ele lhe impingira. Tinha receio de começar a gritar com histeria, e isso não tardaria a acontecer se ele insistisse em pressioná-la.

Stiles colocou o copo que mantinha em uma das mãos, com uma forte pancada, na mesa. Seus olhos faiscavam. Era hora de ela aprender que não poderia fazê-lo de tolo e desonrar o seu nome. Hora de saber quem é que “dava as cartas”.

— Você é minha esposa e não haverá divórcio! Vai retornar comigo para a Grécia! E, se algum dia acontecer uma separação, — eu a pedirei. Não vai conseguir me humilhar na frente de todos!

Assim que eu lhe der um herdeiro, pensou Lydia, desgostosa.

— Não pode me impedir de pedir o divórcio nem me forçar a voltar com você! Existem leis!

Ela ficou surpresa de não assistir a uma estrondosa reação por parte dele. Stiles apenas deu de ombros e falou, com muita calma:

— Tem razão.

Em seguida ele voltou a recostar-se na cadeira. “Ele estava mais bonito do que nunca”, admirou Lydia e depois repreendeu-se mentalmente: “Não posso fraquejar!” Os dias de tortura e submissão, acreditando no amor de um homem que apenas a “usava”, estavam acabados para sempre!

— Mas… — ela iniciou, sabendo que deveria haver um “mas” por trás de uma concordância tão simples e rápida.

E havia mesmo.

— Mas, se escolher esse caminho, seus pais estarão sem teto antes do fim do mês. Posso impedir que isso aconteça, mas só o farei se você concordar com tudo o que eu lhe pedir. — E, interrompendo-se para um suspiro enfático, finalizou, com uma ameaça: — E se está contando com o divórcio para ter meios de socorrer seus pais, pode esquecer. Tenho advogados tão eficientes que se encarregarão de assegurar para que não receba um centavo!


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Notas finais do capítulo

agradeço por lerem, se gostar continue acompanhando a história, beijos keke ♥️



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