Pov’s Jin

Me levantei da cama e fui até a sala de estar, onde Hoseok e Namjoon parecia debater sobre algo “certo ou errado”.

— Nam, Hope, me desculpem. Eu não quis causar qualquer discussão. Eu só… eu só estou um pouco assustado e confuso. Tem tanta coisa acontecendo que eu acabei confundindo as coisas. Nam, por favor me desculpe, sei que poderia ter te machucado. – Ambos ficaram em silêncio por alguns instantes, enquanto intercalavam entre olhar para mim e se entre olharem.

— Não se preocupe… está tudo bem. – Namjoon se pronunciou, me trazendo certo alívio. Ele poderia estar bravo comigo agora. Sorri fechado, ele então se aproximou e me deu tapinhas nas costas. Não sei por que, mas o abracei. Quando me dei conta, percebi chorar enquanto tentava me esconder no seu peito. Namjoon me abraçou. Ele não sabe, mas me sinto bem quando estamos juntos, assim… tão próximos um do outro. Quando os seus braços me envolvem, me sinto seguro. Parece que eles são muralhas que me protegerão de qualquer mal que esteja fora delas.

— Obrigado… – Agradeci, intensificando o contato. Era estranho sentir algo tão forte por ele, que independente de qualquer coisa… é praticamente um estranho ainda. Percebi Hoseok nos observando. Ele não nos olhava com desprezo, inveja ou ciúmes, mas no seu rosto havia um semblante tristonho. – Hope… – Ele desviava seu olhar. Quando lhe chamei, só o que ele fez foi sair do cômodo. Não sei por que Hoseok tem agido assim. Já tentei conversar com ele sobre isso mas ele sempre destoa do assunto. Me separei de Namjoon e fui atrás de Hoseok. Ele saiu de casa e… estava chovendo. Quando o vi, tive que correr para alcançá-lo. – Hoseok! Hoseok, o que houve? – Eu corria atrás dele e o chamava, mas ele seguia andando para longe de mim. Quando consegui alcançá-lo, puxei-o por um dos ombros. – O que você está fazendo?! Por quê…? – Ele permaneceu mudo enquanto me olhava de forma neutra, como se nada de mais estivesse acontecendo.

— Eu amo você… pensei que isso era claro.

— Hoseok…

— Volte para casa. Você não pode ficar no frio, isso faz mal para ele. – Hoseok apenas disse isso e se afastou de mim. O vi desaparecer meio a névoa da chuva. Engoli em seco e fiquei ali, parado, com cara de tacho. Senti alguém pegar uma das minhas mãos e apenas ficar ao meu lado durante alguns instantes.

— Vamos voltar. Você realmente não pode ficar aqui, nesse frio. – Namjoon disse, pondo o seu casaco sobre meus ombros.

~*~*~

Assim que voltamos para casa, Namjoon injetou o tal medicamento em mim. Ele foi muito prestativo, me ajudou a me secar e fez um chá para mim. Eu ainda estava em choque, já que agora sabia que o amor que Hoseok sentia por mim não era fraterno. – Eu não sei se você prefere ficar sozinho agora. Caso queira que eu vá… tudo bem.

— Por favor… fique. O que eu menos quero agora é ficar sozinho. – Disse, e depois disso ficamos em silêncio por alguns instantes, até ele se sentar no sofá e pronunciar-se novamente.

— Qual… é o seu relacionamento com ele? – Perguntou, aparentemente sem jeito e um pouco desconfortado.

— Ele… é só meu amigo. Na verdade, ele é o meu amigo. Hoseok é como um irmão para mim, já que somos amigos desde muito pequenos.

— Parece que agora ele quer ser mais do que só seu melhor amigo.

— Pois é…

— Você não o ama dessa forma, não é?

— Eu não sei. – Respondi, antes de suspirar pesadamente. Namjoon me observou por alguns instantes e se aproximou um pouco mais de mim.

— Não se estresse. – Ele disse, acariciando (com a parte de trás dos dedos) o meu rosto. – Isso faz mal para o cookie. – Assim que Namjoon levantou-se do sofá, segurei-o por um dos pulsos. Não queria que ele fosse e me deixasse sozinho. Aliás, nos deixasse sozinhos.

— Por favor… fique mais um pouco. – Ele me olhou surpreso, mas se sentou novamente ao meu lado. Talvez eu tenha me aproveitado da situação quando me escorei sobre o seu peito e o abracei. Notei Namjoon surpreender-se mais uma vez, mas não demorou e ele me envolveu com seus braços fortes e aconchegantes. Ergui um pouco o meu queixo, para olhar nos seus olhos. O vi corar um pouco, se bem que eu provavelmente estava com as bochechas no mesmo estado também. Meus olhos pareciam hipnotizados pela sua boca, carnuda e, aparentemente, macia. A minha vontade era de tocar os meus lábios nos seus, então quando me dei conta… percebi que nos aproximávamos um do outro. Eu conseguia sentir o seu cheiro. Não era doce como o meu, mas era melhor. Coloquei uma de minhas mãos no seu rosto e ele uma das suas na minha cintura. Quanto mais próximos estávamos um do outro, mais rápido o meu coração batia. Quando nossos lábios se tocaram, parecia que tudo em mim estava ainda mais agitado. As borboletas no meu estômago pareciam ter enlouquecido, enquanto o meu coração parecia bater conforme cada movimento que fazíamos com nossas bocas. O seu cheiro parecia mais forte e… mais agradável a cada instante que eu o sentia. Tais sensações prosseguiram durante minutos, mas nos separamos quando ouvimos a porta abrir. Rapidamente me voltei para a porta e me deparei com Hoseok olhando para nós, boquiaberto e com os olhos arregalados.

— Hope… nós… – Tentei explicar, mas me dei conta de que não havia o que explicar, já que era evidente o que fazíamos.

— Tudo bem, Jin. Não precisa explicar nada, eu já entendi. – Ele disse, antes de subir para o quarto e me deixar mais uma vez sozinho com Namjoon. Nos entre olhamos, ambos com os olhos estalados.

— Você… deveria ir falar com ele. Eu acho que devo ir para minha casa agora. – Eu queria que ele continuasse próximo de mim, mas sabia que agora eu precisava conversar com Hoseok. Não só sobre o que ele acabou de ver, mas também sobre o que o levou a sair de casa daquele jeito.

Acompanhei Namjoon até a porta e me despedi dele, que além de me desejar boa sorte, também disse para avisá-lo quando nos resolvêssemos. Quando ele foi embora, suspirei fundo e me escorei na porta. Acho que tenho um grande e complicado problema para resolver agora. Subi as escadas e fui até o quarto onde eu e Hoseok dormimos. Ele estava molhado pela chuva e sentado no chão, abraçado as suas pernas enquanto apoiava seu queixo meio aos seus joelhos, que estavam cruzados. Mesmo quando me aproximei, ele não voltou sua atenção para mim. Hoseok apenas olhava fixamente para um dos cantos do quarto. Ele mantinha o mesmo semblante tristonho no rosto, mas, agora, além de triste, parecia pensativo. Me sentei ao seu lado e fiquei na mesma posição que ele. Por alguns instantes, apenas fiquei ao seu lado, calado.

— Por que me ama? – Perguntei, mas ele apenas deu de ombros. – Eu sempre pensei que você só me considerasse como irmão, Hope. – Ele permaneceu calado por mais alguns instantes, mas se voltou para mim e passou a observar o meu rosto. Antes de falar, ele observou cada traço meu.

— Eu sempre te considerei como um irmão. Mas depois do que fizeram contigo… eu passei a ter uma necessidade estranha de te ter sempre próximo de mim. De te proteger, dar apoio, amor… e quando me dei conta, eu queria mais. Queria te oferecer mais de mim, um outro tipo de amor que, durante esse tempo que você esteve aqui comigo, se formou dentro de mim. Eu tentei ignorar esse sentimento, Jin. Mas não dá mais… simplesmente não dá mais. – Me mantive calado e apenas observei o seu rosto, que expressava carência. Eu não sabia como agir, só o que consegui fazer foi engolir em seco. Eu não tinha certeza de qur amava o ele dessa forma. Mas eu deveria amá-lo, já que ele faz de tudo para mim.

— Talvez devêssemos tentar alguma coisa. – Disse, tão baixo que duvidava que havia escutado.

— Mas você gosta daquele médico, não é? – Por alguns instantes desviei meu olhar para o outro canto do quarto e pensei… eu gosto mesmo do Namjoon? Será que eu apenas não me sinto extremamente grato e, já que não posso pagar (agora) pelo tratamento que ele está oferecendo a mim e ao meu filho, estou tentando compensá-lo de alguma forma? Faria mais sentido amar o Hoseok, não o Namjoon que, se eu parar para pensar, conheço há pouco mais de duas semanas.

— Não tenho certeza de que eu realmente gosto dele dessa forma, Hope. Nos conhecemos há pouco tempo, chega ser estranho pensar que sinto algo tão forte por ele.

— Então por que estava beijando ele?

— Eu não sei… acho que foi só o calor do momento. Ou talvez eu estivesse sentindo sua falta e acabei fazendo com ele o que eu queria fazer contigo. – Disse, mesmo achando que isso não era o que eu realmente sentia.

— Você está me falando a verdade? – Ele perguntou, inclinando a cabeça para o lado.

— S-sim… – Na minha cabeça, isso era a coisa mais lógica a se pensar, então deveria ser verdade. Apesar de que algo dentro de mim contradizia essa lógica. Hoseok olhava no fundo dos meus olhos então, por algum motivo que eu não soube dizer qual, me senti desconfortado e abaixei um pouco a minha cabeça. Ele se aproximou de mim e deixou o seu rosto bem perto do meu, de modo que o seu nariz tocasse o meu. Ficamos deste modo por alguns instantes, até ele tomar liberdade e tocar os seus lábios nos meus. O meu coração não batia forte ou rápido, e as borboletas no meu estômago pareciam não existir mais. Com Hoseok era tudo diferente… mais calmo. Não era desagradável, mas também não era bom. Era só… um beijo. Ele se afastou de mim e me observou por alguns instantes.

— Eu quero que você vá embora.