31 de Outubro de 1977

Casa da família Potter

Sirius se olhou no espelho mais uma vez, não entendendo como conseguia ser tão bonito. Morar com os Potter definitivamente lhe fizera bem, não havia gritaria, não havia conversas longas e demoradas sobre como os "sangues-ruins" destruíam a sociedade bruxa e, principalmente, as festas de Halloween eram permitidas.

Para a felicidade de James e Sirius, os pais de James lhes deixaram organizar uma festa de Halloween na casa, o que os fez, pela primeira vez e última vez, não comemorar a festa em Hogwarts. Os Potter iriam viajar, e deixaram a casa sob total responsabilidade de seus dois filhos (o de sangue e o, agora, adotivo).

Remo entrou no quarto e olhou para Sirius com os olhos cheios de fúria. Sirius continuou admirando-se no espelho, mas um sorriso lhe surgiu nos lábios.

— Então você vai continuar aí parado, Almofadinhas?

— O que foi?

— Eu me recuso a usar essa fantasia — exclamou Remo.

Sirius virou para olhá-lo, não conseguia controlar o risinho zombeteiro nos lábios. Remo segurava em uma das mãos a fantasia que Sirius havia lhe comprado. Uma fantasia de cordeiro.

— Fala sério, Aluado, é genial! Você será literalmente um lobo na pele de cordeiro.

— Eu ainda não sei porque te deixei comprar minha fantasia — bufou — Que fantasia você comprou para usar?

Sirius riu e olhou em volta, pegando a sacola da cama. A fantasia que havia comprado era, como a de Remo, nas palavras de Sirius, genial.

— Bem, tem essa comida trouxa chamada “cachorro-quente”...

— Sirius, não me diga que…

— E como eu sou um cachorro — o garoto tirou a enorme fantasia da sacola e a mostrou para o amigo. Remo parecia chocado e ao mesmo tempo impressionado com a capacidade de Sirius ter pensando em algo tão imbecil quanto a fantasia que tinha em mãos e lhe mostrava animadamente — O que achou, eh? Eu vou ser um cachorro quente… Entendeu?

Antes que Remo pudesse dizer qualquer outra coisa, Marlene apareceu a porta do quarto. Usava uma roupa de mulher-maravilha, uma das heroínas favoritas de Sirius, e parecia tão forte e sedutora quanto, sua semelhança sendo apenas cortada pela cor dos cabelos de Marlene. Os cachos loiros lhe caíam sobre os ombros, que estavam cobertos pela capa vermelha. Olhando para as fantasias de Remo e Sirius, caiu na gargalhada.

— O que? Você não gostou? — perguntou Sirius, visivelmente abalado.

— Isso... é... ridículo — disse em meio as risadas, sentindo seu estômago doer.

— Se vocês me dão licença, vou colocar minha fantasia ridícula de bode — bradou Remo, se retirando.

— CORDEIRO! — Sirius gritou

— Você sabia que eu adoro cachorro-quente? — Riu Marlene

— Então a fantasia não foi um desperdício afinal de contas — Sirius sorriu, agarrando Marlene pela cintura e puxando-a em direção a cama.

Marlene fechou a porta e retirou a capa dos ombros.

— Nem um pouco!

*

No térreo da casa, Lily e um dos vizinhos de James discutiam sobre qual música deveria tocar. Lily defendia com unhas e dentes sua paixão pelos Beatles e o garoto gritava, defendendo David Bowie.

— Lírio que porra é essa? — gritou James, agora mudando a música do rádio e colocando Sex Pistols. Com um aceno de mão, expulsou o garoto de perto do rádio.

— James, ele disse que Beatles é uma merda! — o rosto de Lily estava corado, em suas mãos um copo de whisky de fogo, já estava alta o suficiente para se descontrolar com alguém que dissesse que Beatles não era a melhor banda do mundo.

— Ele é um babaca — riu James, o garoto pegou o copo de sua mão e o depositou no balcão da cozinha.

Lily parou de falar e observou James em completo silêncio. O garoto segurou sua cintura e a observou também, James e Lily já haviam se beijado três vezes. Na primeira, James estava bêbado, na segunda, Lily estava chorando por culpa de sua irmã e James a consolou, na terceira, os dois estavam bêbados! Se davam muito bem e James nunca lhe escondera seus sentimentos, no entanto o relacionamento de ambos era uma incógnita.

Se mostrava sempre aberta a seus flertes e suas brincadeiras, não o mandava mais calar a boca e agora ria de suas piadas. Além disso, Lily gostava de conversar com James, de ouvi-lo e de falar sobre si mesma, gostava de sua companhia, e não se importava de andar de mãos dadas com James pelos corredores. 

Mas sempre que James perguntava à Lily como se sentia em relação a ele, ela mudava de assunto, James lhe dissera que não iria pressioná-la e que esperaria o tempo que fosse, e era verdade. Da parte dele, já estavam namorando a tempos.

— Eu adorei sua fantasia, Potter — Lily encostou sua cabeça ruiva no peito de James — Você fica muito bem de vampiro.

— Então eu não te deixei com medo das minhas presas?

— Você não me deixaria com medo nem se fosse o próprio Grindelwald — riu

— Que pena — riu James, agora fazendo carinho em seu cabelo ruivo — Você também está…

— Eu amo você!

— Quê?

— Eu te amo, James Potter — Lily ergueu os olhos verdes para o garoto e respirou fundo, absorvendo a reação de James — Eu amo cada parte de você, amo como você é alto e tem os cabelos sempre bagunçados, amo o jeito que arruma os óculos e amo sua inteligência, coragem, companheirismo e carinho, amo ser seu lírio, amo cada partezinha de você, James Potter, cada gargalhada e o modo como você toca o meu corpo e… — Lily fechou os olhos e recostou a cabeça no peito de James novamente — Eu estou incrivelmente bêbada para dizer isso tão abertamente, mas eu amo tanto você que seria incapaz de viver sem a sua presença, James, eu te amo e muito.

— Você vai se lembrar que me disse isso amanhã? — perguntou James, em completo choque, não conseguia mais fazer carinho nos cabelos acaju de Lily.

— Você sabe que vou negar tudo.

James riu, abraçando Lily o mais forte que pode, sentindo-a quase dormir em seus braços.

— Também amo você, meu lírio!