31 de Outubro de 1976

Biblioteca

James Potter era, dentre muitas outras coisas, um pé no saco. Lily Evans, seu adorado lírio, bem sabia disso. Não aguentava mais ter de encontrá-lo no Salão Comunal ao fim de uma ronda como monitora, não aguentava mais ver sua implicância com Severo Snape e não aguentava mais ter de ficar a sós com ele, pois James sempre achava um modo de deixá-la insegura.

— Ei, lírio, o que acha de irmos ao três vassouras hoje antes do jantar? Vai ter uma festa à fantasia lá.

— James, estou cansada — murmurou Lily — Eu não…

— Eu fiz uma poção revigorante para você, vi como você estava cansada — sorriu James — Não é uma poção do amor, fique tranquila.

— Você é péssimo em poções — comentou, desconfiada. A julgar pela coloração do copo nas mãos de James, não parecia uma poção do amor. 

— Ok, foi Remo que fez, mas eu o ajudei — deu de ombros — Então, nós vamos juntos para a festa?

— Eu adoraria, James, mas não tenho uma fantasia.

— Bem, eu pensei nisso também — James se sentou de frente para Lily, os cabelos incrivelmente desgrenhados e os óculos tortos no rosto, o sorriso nos lábios de James não era cafajeste como costumava ser, mas genuíno — Emmeline ia conosco, mas ficou doente e não vai poder mais ir, eu sei que você e Ems usam quase o mesmo tamanho de roupa, então você poderia pedir a fantasia dela emprestada, não? Acho que você ficaria ótima de Dumbledore!

Lily observou James por alguns segundos antes de poder responder. Passou cinco anos se convencendo de que odiava James Potter a todo custo, quando na verdade tomou as dores pelas ofensas contra Severo, parada ali, diante de James Potter, o famoso Pontas, que fazia milhares de garotas suspirarem e chorarem somente em subir em sua vassoura deixou de lado toda a sua fama para lhe convidar para sair. Não parecia o James que lhe chamara de “meu lírio”, mas um James que estava disposto a deixar seu lado maroto para lhe estender a mão. O verdadeiro James Potter. Estava se dando conta agora de que, apesar de tudo, ele era alguém que pudesse valer a pena.

— Tudo bem, vou falar com ela — cedeu Lily — E obrigada pela poção, mas não espere que eu acabe dentro de suas cobertas hoje à noite — sorriu. Deliciando-se a cada segundo com o olhar incrédulo e o sorriso gigantesco no rosto do Potter.

— Eu jamais pensaria isso — James fez um ‘x’ no peito, próximo ao coração — Juro por Almofadinhas.

Lily riu e tomou um gole da poção, não era mesmo uma poção do amor, no final das contas. 

— Preciso estudar agora se não se importa.

— Er… Sim, é claro, então… Te encontro na sala comunal às seis?

— Estarei lá.

James sorriu, os lábios quase não suportando o sorriso tamanha a felicidade. Tropeçou em um livro de herbologia antes de sair da biblioteca (o que rendeu à Evans uma bronca da Srta. Pince por sua risada ser muito alta) e quando chegou à porta, seus amigos lhe esperavam.

— E então, a Yoko Ono aceitou? — resmungou Sirius, cruzando os braços sobre o peito.

Marlene, Dorcas, Remo e Peter esperavam ansiosos pela resposta, e não puderam deixar de gritar de felicidade quando James berrou a plenos pulmões:

— LILY EVANS VAI À UMA FESTA COM JAMES POTTER, PORRA!

E dentro da biblioteca, Lily riu, pensando que deveria ter aceitado o pedido muito antes.