Minhas pernas balançavam no ar, enquanto o vento bagunçava meu cabelo.

-O que foi? – perguntei, sem olhar para trás.

-Ficamos preocupados, você saiu de lá sem falar nada. – Sophia se sentou do meu lado. –Nunca vi você e Luke discutindo.

-Nós nunca havíamos discutido. E agora, foram duas discussões em três dias. – me deitei de costas na grama.

-Você ama o Luke mesmo? – me perguntou. A olhei, sua expressão séria.

-Não sei. – respondi e respirei fundo.

-E Jacob? – questionou.

-Sim, muito. – Não pude evitar um sorriso. Sophia também sorriu, e me ajudou a levantar.

-Você não pode ficar com Luke, amando Jacob.

-Sei que não. – concordei.

-Você vai ter que resolver isso, mas não agora, e não hoje. Agora você vai voltar para a casa dos Black comigo, e terminar de curtir o dia, que não começou muito bem, mas pode melhorar. – me puxou. Corri, para a acompanhar, nós duas rindo. Fui dirigindo a moto, e ela no carro.

Cheguei primeiro na casa dos Black, e Sophia logo depois.

-Não vale, você estava de moto, vai mais rápido. – ela reclamava, enquanto entravamos na casa.

-Nem vem, aquele carro corre tanto quanto a moto, admite que eu dirijo melhor. – provoquei, rindo.

-Não admito, pois você não dirige. – respondeu, me mostrando a língua.

-Sophia, querida, nessa você perdeu, a Isa dirige melhor do que qualquer um de nós. – Lucy dava tapinhas no ombro de Sophia enquanto falava. Ri com aquilo, e ouvi Billy gritando.

-Quem quiser almoçar, é bom vir logo. – Tem alguma duvida de quem chegou lá primeiro? Pietro, é claro! Mas, não é pra menos, o cheiro estava ótimo.

Fizemos nossos pratos, e fomos para a sala, alguns comendo em pé, outros no sofá, e os que sobraram no chão.

-E então Bella, o que aconteceu para você sair da cidade? – Embry perguntou.

-Estava com saudades do sol, da minha mãe, e outras coisas. – respondi, sem citar nenhum dos principais motivos.

-Sei... – concordou. Continuamos conversando, ás vezes Jacob e Luke trocavam ofenças, mas paravam logo depois.

Quando terminamos, fui ajudar Billy novamente, com a cozinha. Lavei e guardei a loça, arrumando o restante logo depois. Pela janela da cozinha, vi que Sam estava lá fora. Ele fez um aceno de cabeça, para que eu fosse até lá. Olhei para Billy, e ele assentiu para que eu fosse, mostrando que havia visto. Deixei o pano que usava em cima da mesa, e fui ver o que o Uley queria.

-O que é? – perguntei.

-Queria falar com você. – me respondeu, e voltou a andar. O acompanhei, esperando que ele falasse, mas de sua boca, não saia nem um A.

-O que quer falar? – revirei os olhos.

-Vou ser direto. – falou, e eu assenti. – Eu e Billy, estivemos conversando, sobre dois casos que aconteceram aqui, e chegamos a uma conclusão, que pode estar errada, mas as chances são poucas de haver erro. – Parou, e eu fiz um gesto para que prosseguisse. – Uma loba, branca, apareceu por aqui a pouco mais de um ano atrás, a vimos uma única vez, mas por algum motivo, você saiu da cidade, no dia seguinte. – Enquanto ele falava isso, senti que meus olhos ficavam um pouco mais abertos, e meu coração palpitava. – A alguns dias, ela voltou, quando tínhamos um confronto, com ela vieram outros cinco, não sei como, mas exatamente na hora em que precisamos de ajuda, eles apareceram. – ele fez uma pausa, e as imagens desde o dia em que me transformei pela primeira vez, surgiram em minha mente. – Somente algumas horas mais tarde, no mesmo dia, soubemos que você voltou, com mais cinco amigos. – Sam fez mais uma pausa. – Mera coincidência? – perguntou por fim.

Respirei fundo, tentando encaixar as peças. Os lobos me perseguiram no dia de minha primeira transformação, na mesma época em que Jacob entrou para a turma de Sam. Agora, no dia da guerra, alguns lobos eram os mesmos, se formos comparar, e alguns novatos, assim como há alguns novatos na turma.

-Não, não é uma coincidência. – falei, por fim. – Sai de Forks, assim que descobri ser uma transmorfa, fui falar com minha mãe. Ela me contou toda a história, e me disse que haviam outros, como eu. Fui atrás deles, primeiro em Winchester, onde encontrei Luke e Lucy; depois de algum tempo, fomos até Birmingham e achamos Sophia, para, por fim, irmos nós quatro até Paris, onde nos juntamos com Pietro e Caio. – falava. – Moramos lá, até eu ter uma visão, do que aconteceria, foi ai que decidimos vir para cá.

-Visão? – perguntou.

-Sim. – parei, na beira da praia. – Não somos exatamente transmorfos, somos Híbridos. – falei, e continuei, antes que ele falasse algo. – Meu bisavô, era um vampiro, e minha bisavó uma transmorfa. Ele acabou a engravidando, como nasceu minha avó, metade vampira e metade transmorfa. Isso passou para minha mãe, que não se transformou, e depois para mim. – comecei a explicar. – Minha bisavó, foi, assim como outras transmorfas, feiticeira, e até humanas, testada por aquele vampiro, ele a seduziu, assim como com todas as outras. Minha bisavó, das transmorfas, foi a primeira, por isso, qualquer um da minha família, será o alfa do bando. – respirei fundo, e continuei. – Temos poderes, pelos genes vampiros que herdamos. Eu, por exemplo, controlo os quatro elementos, tenho escudo mental, e ligação direta com a mente de qualquer um de minha matilha, ou seja, qualquer dor que atingir minha mente, vai atingir a deles também, seja na forma humana ou transfigurada. Com a exceção da dor de minha visões, meu outro poder. Vejo algumas coisas que acontecem no futuro, mas somente coisas ruins, e dependendo da gravidade, ou de minha proximidade com a pessoa, a dor mental que a visão causa, chega a ser insuportável.

-UAU! – falou, quando terminei. – E os outros, tem poderes?

-Sim, Luke: escudo mental, Lucy: controle da terra, Sophia: ar, Pietro: água e Caio: fogo. – respondi, ele ia falar mais alguma coisa, mas lembrei de uma pergunta. – Quem faz parte da matilha?

-Eu como alfa, Jacob, o beta, Embry, Paul, Quil, Jared, Seth e Leah. – me respondeu.

-Iremos contar para todos, agora? – questionei.

-Acho que é o melhor. – me respondeu, e eu assenti.

-Sabe outra vantagem de ter genes de vampiro? – perguntei, e ele negou com a cabeça. – se corre mais rápido. – gritei, começando a correr. Corri por todo o caminho de volta, e entrei na casa dos Black, ainda correndo, e rindo.

-Você ta louca? – Lucy perguntou.

-Na verdade, não. – respondi.

-Você, em sua forma humana, corre tanto quanto eu em minha forma de lobo. – falou um Sam, entrando na sala ofegante. Dei uma piscada, com um olho só para ele.

-Sou ainda mais rápida transfigurada. – afirmei, e ele arregalou um pouco os olhos.

-Isabella, o que você andou contando? – Sophia me perguntou, com os braços cruzados.

-Vamos lá pra fora. – chamei. – e se transformem. – eles fizeram aquelas caras de quem acha que eu sou louca, mas obedeceram. Me transformei também, quando estava fora da casa, e passei a eles toda a conversa.

“Então, são eles afinal!” Caio comentou.

“E, pelo visto, estão bem curiosos.” Sophia olhou na direção dos sete boquiabertos. Sam falou para que eles também se transformassem, e pediu para que eu e Luke liberássemos os escudos.

Fizemos o que ele pediu, assim que todos estavam transformados, corremos para dentro da floresta. Me concentrei em bloquear a maior parte dos pensamentos de minha mente, já estava ficando com dor de cabeça.

“Se eu for da matilha de vocês, também ganho um poder?” Seth, o mais novo da matilha, perguntou.

“Acho que não.” Lucy respondeu.

“Sabe, nós temos uma recepção para membros da matilha  por aqui.” Embry começou a falar/pensar.

“E qual seria?” Pietro perguntou.

“Um salto do último penhasco.” Respondeu Jacob.

“Eu topo.” Respondi rapidamente.

“Eu também.” Os outros responderam juntos.

“Mas...” Lucy começou.

“Vão ter que vencê-la em uma corrida de carro depois.” Sophia terminou, apontando para mim.

“Está bem.” Concordaram, tendo em sua mente que seria fácil.

“Nossos carros, não são muito bons.” Quil comentou.

“Não seja por isso, vocês escolhem um da nossa garagem.” Luke falou.

“Mas, primeiro, os penhascos.” Lembrei-os. Bloqueei minha mente, e fui pegar minha roupa e a dos outros. Colocamos na floresta ontem, antes de ir para a aula. Me vesti, uma blusinha vermelha e um shorts jeans clarinho. Peguei as roupas deles, e voltei para lá.

-Estou indo. – Falei, e sai correndo.