Abri meus olhos lentamente, e olhei o ambiente a minha volta. Dei um pulo, parando sentada na cama, com a figura sentada no sofá que havia no canto do quarto.

-O que você está fazendo aqui? – perguntei, para Lucy, jogando uma almofada em sua direção. Ela desviou por pouco, deixando apenas um rastro pequeno de seu cabelo ruivo.

-Vim te acordar. Afinal, se eu não faço isso, você dorme para o resto da vida. – Me respondeu, voltando a posição que estava.

-Para que me acordar agora? – reclamei, voltando a me deitar e cobrindo a cara com o travesseiro.

-Pelo simples fato de que eu e os outros estamos curiosos para conhecer a reserva.  – Ela falava, como se fosse óbvio, mas eu ainda não entendia nada, talvez fosse o sono. – Você esqueceu que fomos convidados pelo senhor Black para ir lhe fazer uma visita, não esquece? – Questionou.

-CARAMBA! – falei, me sentando rápido na cama. – eu havia me esquecido! Que horas são? – perguntei, me levantando depressa.

-Quase meio dia. – Respondeu de dentro do closet.

-MEIO DIA? – gritei. – nunca dormi tanto. – confessei. – Que horas vocês pretendem sair daqui? – lhe perguntei.

-Já estamos todos prontos, só faltava você mesmo. – Lucy falou calmamente. – Prefere vermelho ou roxo?

-Azul. – falei a primeira cor que me veio na mente, mesmo esta não sendo nenhuma das propostas. Corri para o banheiro, pegando minha toalha pelo caminho.

-Sua roupa está em cima da cama. – A ouvi pronunciar, e depois o barulho da porta se fechando.

Liguei o chuveiro, e me lavei rápido, deixando o cabelo por último. Me sequei, e fui ver a roupa que Lucy havia separado. Um shorts jeans, com uma blusinha azul soltinha. Me vesti, calçando uma sapatilha enfeitada com uma flor azul, no mesmo tom da blusinha. Desci, e avistei todos na sala.

-Prontos? – perguntei, e eles me olharam.

-Sim. – Sophia respondeu por eles. Fiquei por último, para trancar a porta. Revirei meu bolço, até encontrar a chave de minha moto, e fui para a garagem, provavelmente, deixando todos dentro do carro curiosos.

Acelerei, e sai da garagem, ouvindo somente o carro de Luke acelerando, e tentando me alcançar. Diminui um pouco a velocidade, facilitando um pouco o trabalho de Luke. Sorri pelo retrovisor quando vi o carro preto se aproximando, e voltei a velocidade anterior.

Não foi difícil achar o caminho para a reserva. A familiar casa, apareceu logo. Parei a moto, levantando um pouco de poeira junto.

-Então é aqui? – Lucy perguntou, saindo do carro, e olhando para todos os lados, assim como os outros.

-Sim, aqui é a casa dos Black. – respondi para ela, andando em direção a casa. Parei, quando vi que Sam Uley, parado perto da casa.

-O que foi? – Luke me perguntou, andando em minha direção. Sam me encarava, assim com os outros com ele. Reconheci Quil, Embri e Jared, que foi ontem lá em casa junto com Quil.

-Não esperava te ver por aqui Isabella. – Sam falou. Respirei fundo, e me esforcei para dar um soriso.

-Igualmente Uley. Achei que Jacob já tivesse melhorado suas companhias. – Respondi, andando em sua direção. Tive a impressão de ouvir um rosnado vindo deles. Talvez por mera coincidência, ou não, mas Sam pareceu advertir um deles com o olhar.

-Não se meta em confusão, por favor. – a única mulher no grupo falou baixo. Provavelmente pensaram que nós não escutaríamos.

-E então, vão ficar para o almoço? – perguntei irônica.

-Esse foi o convite de Billy. – Jared deu de ombros.

-Que ótimo. – continuei com a ironia em minha voz. – Acho que terei uma indigestão. – sussurrei para meus amigos, que tentaram segurar o riso. Acho que ele teria rosnado novamente, se não fosse uma outra voz interrompendo nossa conversa “amigável”.

-Por favor, sem brigas. – Billy falou, aparecendo na varanda.

-Claro. – Sam falou, e eu confirmei com a cabeça. Fui andando na direção de Billy, e o segui quando ele entrou.

-Não mudou nada. – constatei. Cada coisa estava sem um milímetro a mais e nem a menos para um lado sequer.

-O que vai ter de almoço? – Quil perguntou, enquanto se jogava no sofá, seguido por Embry e, o estressadinho.

-Sinceramente? Não faço a mínima idéia. – Billy confessou.

-Cadê o Jake? – perguntou Embry.

-Serve este? – ouvi sua voz. Lucy e Sophia pasmaram, olhando para o topo da escada, e comigo não foi diferente. Jacob Black estava vestindo SOMENTE UMA BERMUDA. Desviei meu olhar, com muito sacrifício confesso, mas eu não pretendia brigar novamente com Luke.

Lucy e Sophia olharam para mim, como se perguntassem o que era aquilo. Dei de ombros, tentando descobrir a mesma coisa. Aquilo não era um pedaço de mal caminho,  era o mal caminho inteiro, e mais um pouco.

Segui Billy até a cozinha, e comecei a ajudá-lo com o almoço. Não era uma boa idéia ficar no mesmo ambiente que Jacob, pelo menos, não com ele sem uma camiseta.

Ouvia as risadas vindas da sala, mas não entendia muito bem o que falavam. Em algumas vezes, vozes se sobressaltavam, deixando que eu entendesse algumas palavras.

-Por que não fica lá com eles? Eu me viro por aqui. – Billy falou.

-Não é uma boa idéia. Sabe como é... não vou muito com a cara de Sam e companhia. – dei de ombros.

-E por que não? – Billy me perguntou.

-Não sei. – tentei disfarçar. Mas, o que eu diria? Que não gosto do Sam pois ele afastou Jake de mim quando eu percebi que o amava? Não acho que seria uma boa idéia.

-Querem ajuda? – ouvi Sophia falar.

-Claro. – Billy concordou. So começou logo a picar algumas coisas. Ouvi duas vozes familiares, ficando cada vez mais altas lá na sala, e olhei para Sophia, alarmada.

-Luke? – ela perguntou, reconhecendo uma das vozes.

-E Jake. – completei. Fui para a sala, Luke estava tremendo, e eu juro que Jake também. Olhei para Lucy, com uma pergunta no olhar.

-Isa, por favor. – Lucy implorou.

-Quieto Luke. – Falei, em tom de ordem. A primeira ordem que dou á ele. Luke parou de tremer na hora, e me olhou, com descrença. Olhei para Lucy, que me agradeceu, somente mexendo a boca, mas sem emitir nenhum som.

Luke saiu, nervoso. Respirei fundo, e fui atrás dele. Paramos, na beira da floresta. O fitei por um momento, observando as emoções que passavam por seu rosto.

-O que deu em você? – perguntei. Ele não podia ter se descontrolado daquela maneira.

-O que deu em mim?– Me olhou, sua voz e seu olhar exalavam raiva.

-Sim Luke, o que deu em você. – repeti.

-Você devia me perguntar o que deu nele para começar a dizer aquilo tudo. – Ele quase gritou.

-Não me importa o que ele disse. Seja o que for, se cada vez que você ficar nervoso, eu tiver que te dar uma ordem antes que você se descontrole, o que vai acontecer se um dia, você ficar nervoso e eu não estiver tão perto assim? Você vai se transformar e destruir tudo o que vê pela frente? – perguntei.

-Eu não iria me transformar. – afirmou.

-Tem certeza? Não era o que parecia. – falei. – Afinal, sua irmã quase me implorou para te dar uma ordem não é?

-Você me conhece melhor do que ela, sabe que não precisaria me dar uma ordem. – Sua voz estava três oitavos mais alta.

-Me desculpe, mas esse Luke, com essas ações, eu não conheço. – Fui sincera. Andei, na direção contrária da casa. Subi em minha moto, e acelerei, sem saber para onde ir exatamente.