Filhos de Marttino - Doce do Amor(DEGUSTAÇÂO) escrita por moni


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Boa noite!!!!



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 Maria Clara

   ─ “Agora lascou-se” – A recepcionista do hotel me olha confusa. Respiro fundo. As vezes me esqueço que não estou em casa. – Mas eu pago direitinho, por que quer que saia do hotel?

   ─ Senhorita, vamos fechar para uma pequena reforma, dedetização e pintura. Leva três semanas. Depois é bem-vinda de volta, se quiser.

   ─ Enquanto isso, fico feito “pomba lesa” na rua?

   A mulher faz um ar confuso, eu é que estou confusa. Nervosa e com um pouco de medo. Gostava desse lugar, limpo, perto do trabalho e bem familiar.

   ─ Tem uma semana para se mudar, quando retornar vai gostar muito das novas instalações.

   Não encontro nada para dizer, só balanço a cabeça e caminho para o trabalho. O domingo foi bom, andei por Florença, liguei para casa e conversei com meus pais. Quase pude sentir o cheiro de casa.

   Atravesso a rua e caminho pensativa, olhando as placas para ver se encontro outro lugar, dá até medo de dizer a Kiara que tenho que me mudar, ela pode não gostar muito da ideia. Se não encontrar um lugar perto?

   A confeitaria está aberta quando entro, kiara já está na “lida”, me sorri tranquila e sinto que o bebê está bem.

   ─ Boa tarde, chegou cedo mais uma vez. – Ela brinca e me dou conta que realmente chego mais cedo todos os dias, no fundo fico ansiosa. Quero logo literalmente colocar a mão na massa.

   ─ Tenho gostado muito do trabalho.

   ─ Como foi o curso? – Ela me pergunta enquanto coloco o avental para começar a trabalhar.

   ─ “Esbandalhei” a maquina e o professor me “deu um farelo”. – Sua gargalhada não condiz com meu ar triste.

   ─ O que foi que você disse? – kiara pergunta no meio do seu riso.

   ─ Égua, esqueço sempre. Eu quebrei a máquina e o professor brigou comigo. – Ela controla o riso.

   ─Simplesmente estou apaixonada por você. – Kiara diz largando tudo e me sorrindo e acho gostoso ouvir isso assim, do nada. – Acontece, não foi a melhor primeira aula do mundo, mas vai melhorar. Vamos trabalhar?

   ─ Vamos. – Suspiro antes de ir a pia lavar as mãos. Sai do curso, fui em casa me vestir e ainda tive que ouvir que vou ser despejada. Esse dia precisa dar uma melhorara.

   ─ Almoçou? – Nego.

   ─ Maninha, eu nem pensei em comer.

   ─ Então come alguma coisa. Depois prepara o Tiramisú.

   ─ Certo. Uso a receita de sempre?

   ─ Isso mesmo. – Pego um pote com gelato de morango e uma colher.

   ─ Kiara, qual a diferença entre sorvete e gelato? – Ela me sorri.

   ─ Ah! Estrangeiros. – Kiara brinca. – Pelo menos cinquenta por cento menos gordura, isso já acentuaria o sabor, mas além disso, o teor do açúcar é rigorosamente balanceado com a água para atuar apenas como anti-congelante e acentuar o sabor, tem menos ar e quando tomamos ele é mais cremoso, sentimos muito menos o gelado.

   ─ Mestre em gelato. – Brinco e ela dá de ombros. – Então de modo geral é mais saudável.

   ─ Muito mais.

   ─ Você precisa é provar o Cairu, isso sim. Vai lamber os beiços. Gostar muito. – Corrijo antes que ela ria de mim. Não sei o que é pior, quando uso as expressões na minha língua ou quando invento de traduzir.

   ─ Qual seu doce preferido?

   ─ Do Brasil? Por que somos um país muito grande e temos culinárias bem distintas. Da minha terra, tem o doce de cupuaçu, é divino, acha que encontro aqui?

   ─ Como chama? Cupuaçu?

   ─ Sim. Uma fruta.

   ─ Vamos anotar. – Kiara anota. – Se encontrarmos vamos preparar aqui.

   ─ Quando eu receber meu primeiro salário, vou enviar dinheiro aos meus pais e pedir que me mandem umas coisas, acho que chega, vou ensinar muitas receitas.

   ─ Acha que eles enviariam? – Kiara pergunta interessada e afirmo. – Vou pagar, o que acha? Dou o dinheiro e eles enviam o que precisa e vamos testar umas receitas do seu país.

   ─ Kiara eu acho que seria muito bom. Tem coisas incríveis. Posso dar uma volta por aí e achar um mercado grande, tem feira aqui? Barracas de rua que vendem frutas, verduras, legumes.

   ─ Tem algo parecido com isso. Vamos combinar.

   ─ Tem um doce que consigo fazer aqui. Não é típico do meu estado, mas é famoso em todo Brasil, brigadeiro.

   ─ Brigadeiro? Do que é feito?

   ─ Chocolate e leite condensado. Já sei que não tem isso, mas faço um leite condensado caseiro especial. – Me animo, deixo o Gelato de lado. Quero logo trabalhar. – “´Égua, fica bom ”que só”.

  ─ A cozinha te espera. Tem tudo que precisa? – Afirmo. Pego leite, açúcar e coloco no fogo. Leva um tempo, mas Kiara vai usar o leite condensado para muitas receitas.

   Depois ela deve encontrar em grandes mercados ou lojas de importados, tem que ter isso por aqui.

   Enquanto vou preparando minha receita de brigadeiro, Kiara vai fazendo seus doces, consigo preparar o Tiramisú junto, já fiquei boa nisso em uma semana, os outros doces são mais delicados e não posso concorrer com ela. Kiara tem muito talento.

   Hora ou outra, um cliente entra, atendemos e o cheiro do leite condensado começa a subir. Kiara volta e meia vem aprender um pouco. Queria mesmo era preparar um Tacacá, um pato no tucupi, isso sim ia deixar esse povo apaixonado.

   ─ Posso usar o chocolate? – ele é bem caro, só pelo perfume já percebo que deve ser de alguma boa marca, talvez o melhor e mais puro.

   ─ Maria Clara, para meus doces o melhor. É claro que pode.

   Eu começo a preparar o brigadeiro, Kiara se junta a mim e quando derramo no prato ela se encanta com a textura e o perfume.

   ─ Já penso no meu irmão. – Kiara conta. – Ele é bem honesto sobre o sabor, diz a verdade. – Ela me explica. – Aquele que enviei os doces.

   ─ Entendi. Qual ele não gosta? – Pergunto e ela vasculha a mente um longo momento.

   ─ Qual? Eu acho que ele gosta de todos. Nunca o vi... agora que me dei conta, Vittorio ama doces, por que no fim, ele aprova todos.

   ─ Então vamos enviar uns brigadeiros para ele. – Digo animada. – Pode se comer assim, com colher, quando se reúne a amigos, preparamos um prato desses, cada um fica com uma colher e vamos comendo. – Explico. – Ou podemos enrolar, passar em chocolate granulado e servir em festas. As crianças amam.

   ─ Meu bebê vai gostar. – Ela diz quando pego a manteiga e passo nas mãos, Kiara me imita e enrolo uma bola, os olhos dela brilham. – Que simples.

   Passo no chocolate granulado e ajeito numa folha de papel azul, Kiara nega com um movimento de cabeça e usa sua experiência para arruma-lo em uma cestinha delicada. Admira o resultado.

   ─ Vamos provar. – Ela diz levando um a boca. – Divino. Como não temos isso aqui? Brigadeiro, não é? Vamos produzir alguns amanhã. Brigadeiro da Maria Clara.

   Me emociono, é isso que procuro, reconhecimento pelo meu talento na cozinha. Engulo a vontade de chorar enquanto Kiara leva mais um a boca.

   ─Tem muitas variações, brigadeiro branco, recheado, no meu Pará, temos uns recheios ótimos com nossas frutas típicas.

   ─ Vamos testar todos. Matteo está vindo aqui. Quando ele chegar vai ficar maluco.

   ─ Matteo?

   ─ Meu sobrinho, ele ama tanto doces. É encantado por comida de modo geral, não, ele não é nenhum gourmet desses que entendem de culinária, ele apenas não resiste, é guiado pelo estômago.

   ─ Assim que é bom, “só o creme, maninha”.

   ─ Isso mesmo, maninha! – Kiara brinca. – Estou aprendendo. Vamos enrolar metade e a outra metade comer na colher quando o Matteo chegar. Ele vai ficar doido e vou dizer, não tem coisa melhor que ver meu menino comendo.

   ─ É a melhor coisa que existe, cozinhar para quem gosta de comer.

   ─ Vou pedir a ele para andar pelos mercados e feiras com você, vamos ver o que encontra.

   Enquanto vamos conversando ela vai me ajudando a preparar os brigadeiros e quando a sineta toca avisando da chegada de um cliente eu estou me encantando com os docinhos arrumados.

   ─ Boa tarde, tia. – A voz dele, eu sei que é a voz dele e quando me volto o filho de Kiara a está chamando de tia? Ouvi bem? Aprendi errado? – Como vai, Maria Clara?

   Fico calada olhando para ele. Filho ou sobrinho? Se for filho, é um mau caráter que fica querendo outras sendo casado, se não for filho eu sou lesada e confundi tudo.

   ─ Maria Clara, esse é o meu sobrinho Matteo, mas vocês já se conhecem, não é? Ele veio buscar os doces.

   ─ “Mas quando já” é seu sobrinho? – Eu fico tonta e os dois se olham. Ele é bonito “que só”.

   ─ Sou! – Matteo me respondo rindo e fico ainda mais angustiada. Pensei mau do menino.

   ─ Kiara disse que o filho vinha buscar os doces. – Explico. Não que ele vá se tornar filho dela só por conta da minha insistência, mas não consigo acreditar.

   ─ O Leo vinha, mas ficou preocupado com o irmão. Então eu vim.

   ─ Égua! Pensei que era o filho dela.

   ─ Faz sentido, Matteo. – Ele me estende a mão e aperto.

   ─ Maria Clara. – Ele disse que meu nome era bonito como eu, meio que posso achar bom, já que ele não é casado. Procuro a mão com o olhar para ter certeza.

   ─ Solteiro! – Ele garante e meu rosto queima. “Tá ralado” penso com vergonha. Soltamos as mãos.

   ─ Matteo, vem conhecer o doce que a Maria Clara fez. – Adoro o jeito que eles pronunciam meu nome.

   ─ Temos o mesmo nome! – Digo a Kiara, ela fica surpresa. Me olha tentando entender. – Kiara é Clara em português. – Os dois se olham.

   ─ Gosto de Maria Clara. – Matteo diz enquanto dá a volta no balcão. Os olhos em mim e meu coração fica livre para se descompassar. – Sonoro, bonito.

   ─ Obrigada.

   ─ Prova! – Kiara oferece uma colher a ele e aponta o prato.

   ─ O que é? – Ele olha diretamente para mim.

   ─ Brigadeiro. – É tão engraçado não saberem o que é um brigadeiro. – Chocolate. – Matteo fica com a colher me olhando, não toca o prato, parece meio perdido e engulo em seco. – Prova! – Dou um empurrão em seu ombro. Ele pisca e me arrependo. Sou lesada mesmo. – Desculpa.

   ─ Como se chama?

   ─ Brigadeiro! – Repito para o sorriso bobo que ele tem no rosto.

   ─ E como é seu nome?

   ─ Maria Clara, “égua”!

   ─ Depois vai me explicar sobre isso. Tia, ela não tem um jeitinho engraçado de falar?

   ─ Prova, Matteo. Eu adorei, deixa de brincadeira. – Kiara insiste e ele leva a colher ao prato. Pega um pouco e leva a boca. Fecha os olhos, saboreia um longo momento e isso faz a vida se colorir, é isso que quero para a vida. Encantar com meus sabores.

    ─ Divino. Eu... espera. – Ele leva mais uma colher a boca. Saboreia mais uma vez. – Que delicia. – Matteo enche outra colher.

   ─ Chega, Matteo, quero mandar para todo mundo, depois vamos vender.

   ─ Mercenária, deixa eu ter certeza que é bom, tia. A última. Maria Clara, conta que vai fazer mais depois.

   Eu estou é completamente ferrada, ele é bonito e gosta de comer e eu de fazer e se isso não é perfeito, eu não sei o que seria.

   ─ Matteo, para! – Kiara arranca o prato quando ele enfia a colher mais uma vez.

   ─ “Maluvido”. – Digo rindo. Os dois me olham. – Teimoso. – Traduzo.

   ─ Isso mesmo, Maria Clara. Chega. Aproveita que está aqui e me faz um favor.

   ─ Provo, tia, só manda.

   ─ Não é para provar nada, é para levar a Maria a umas compras. – Parece que tomei um susto. Olho para ela sem esconder a surpresa. – Vou dar dinheiro, Maria Clara, só quero que vá escolher uns ingredientes para uns doces.

   ─ Sei de ótimos lugares. – Matteo me encara desafiador. Esperando minha coragem de negar ir com ele.

   ─ Tudo bem. Podemos ir. – Digo erguendo meu queixo. Não fujo de nada, ainda mais se não quero fugir. Ele sorri de lado. Encara a tia.

   ─ Deixo a Maria Clara em casa mais tarde. Amanhã trago as coisas. Não voltamos. – Ele avisa a tia e torço para ela dizer que não, mas Kiara apenas sorri e abre o caixa, tira uma soma em dinheiro, coloca num envelope e me entrega.

   ─ Gasto tudo?

   ─ Se for preciso. – Ela me avisa. “Égua” que vou as comprar.

   Matteo me indica a porta, antes de sair passa pelo balcão onde os brigadeiros enrolados estão prontos para ir para vitrine, ele rouba um e enfia na boca.

   Sai de boca cheia e o sigo. O dia está mais perto do fim de do começo, não sei até que horas o comércio fecha, mas é cidade grande, não é as seis como na minha terra.

   Matteo indica o carro um pouco a frente, nem fala saboreando o último brigadeiro.

   Me sento ao seu lado dentro do carro, é um carro elegante, bonito, deve custar uma fortuna. Eles são bem ricos. Nem é bom sonhar muito com um cara como esse, ainda mais quando sei que é apenas uma temporada.

   ─ Então me maltratou por que pensou que eu era um safado, casado que fica jogando charme? – “Lasquei-me” ele percebeu.

   ─ Não pensei nada, só fiz meu trabalho, ninguém me mandou ser gentil em excesso, só entregar doces. – Encaro a rua cruzando meus braços. Ele que não venha ficar de “pavulagem” comigo.

   ─ É dó Rio de Janeiro? – Matteo pergunta colocando o carro em movimento.

   ─ Não. Sou da Ilha do Marajó, Pará. Região Norte do Brasil. Floresta Amazônica, conhece? Rio Amazonas.

   ─ Tudo bem, entendi. – Ele ri. – Tem carnaval, lá? – Reviro os olhos. – O que? É antiético perguntar do carnaval?

   ─ Não, eu amo o carnaval, mas prefiro mesmo junho e julho. São festas lindas.

   ─ Ah! Quem sabe um dia vou até lá. Veio para ficar?

   ─ Não. Seis meses, depois... – Até me dá uma dorzinha, gosto daqui, gosto de sonhar com uma vida aqui.

   ─ Entendi. – Ele me olha um momento. Depois se concentra em guiar o carro. Gosto das mãos ao volante, do jeito maduro que ele tem. Não é muito mais velho que eu, mas parece bem adulto. – Agora que sabe que não sou casado, quer conhecer meus amigos? Cozinhar uma dessas comidas típicas?

   ─ Não sei se a sua tia vai achar boa ideia, não é profissional. – Ele ri, não dá a menor importância.

   ─ Esse fim de semana eles vão para Vila de Martino, vou ficar, tenho... tenho... umas coisas para resolver. Pode ir domingo lá em casa e cozinhamos. O que acha?

   ─ Vou pedir a sua tia. Se ela não achar nada demais eu penso. Não pensa que vai ficar “frescando” comigo. Não sou nenhuma idiota.

   ─ Me ensina! – Ele sorri. – Fres...

   ─ “Frescando”.

   ─ “Frecando”. Falei certo?

   ─ Sim.

   ─ Maria Clara. Maria Kiara?

   ─ Meio isso! – Ele me olha.

   ─Brigadeiro. Maria Clara, frescando! Não sei o que é, mas soa como... esquece. Aquele brigadeiro, dá para fazer mais daquilo? Deve ser a melhor coisa que já comi em toda minha vida.

   ─ Aprende! – Digo a ele que ri. – O que foi?

   ─ Não tenho jeito para cozinhar, eu acho, acabo sempre comendo antes de ficar pronto.

   ─”Égua” Assim não tem como, “maninho”.

   ─ Essa é a melhor. O jeitinho que fala isso. – Ele estaciona. – Conheci uma menina do Rio de Janeiro uma vez, ela não falava assim.

   ─ Conheceu?

   ─ Sim.

   ─ Só conheceu?

   ─ Só.

   ─ ”Mas quando já”! Beijou ela. Pode dizer, não tenho nada que ver com sua vida.

   ─ Não beijei não. O Luigi que beijou! – Dou de ombros.

   ─ Quem é?

   ─ Primo gêmeo! – Ele diz rindo. Entramos em um grande mercado e me encanto com as iguarias. Devia procurar produtos brasileiros, mas gosto do cheiro e das texturas, gosto das cores e dos sabores e me perco entre as prateleiras.

   ─ Pegue o que quiser, para usar na sua casa. – Matteo diz olhando meu encanto.

   ─ Eu moro num hotel. Num quarto, não tem cozinha. Infelizmente e isso é de longe a coisa que mais sinto falta. Depois dos meus pais.

   ─ Entendo, use a minha cozinha. – Deixo o pote de volta na prateleira e olho para ele.

   ─ Por que?

   ─ Meu convite, convites. Já fiz uma meia dúzia deles. – Ele dá de ombros. – Me intriga. Só isso.

   Fico na dúvida se é um elogio ou não, de todo modo eu prefiro sorrir para ele e quando ele sorri de volta eu sei que é melhor correr para longe. Voltar para casa é uma coisa. Não será o fim do mundo. É onde sempre vivi e onde todos que me importam estão, voltar para casa de coração partido é completamente diferente. Esse cara não é para mim. Não é mesmo.

   ─ Vamos, tem uma prateleira ali na frente de importados, talvez ache alguma coisa. – Digo desviando meus olhos do seu sorriso. Matteo toca minhas costas e um arrepio me percorre.

   Compramos alguns poucos produtos, coisas mais internacionais, substitutos de produtos que gosto. O tempo em que fico escolhendo e colocando num cesto ele mexe no celular.

   ─ Resolvido! – Matteo diz surgindo ao meu lado e a voz grossa próxima ao meu ouvido me dispara o coração. – Uma casa de produtos brasileiros. – Ele me mostra no celular. Ainda da tempo de irmos. Fecha as oitos, vamos lá e depois jantamos e te deixo em casa.

   ─ Você não tem nada para fazer?

   ─ Não. Sou oficialmente um desempregado. – Ele diz tranquilo. É rico, pode se dar ao luxo, por mim tudo bem.

   Quando caminho um pouco a sua frente em direção a saída um homem me interpela.

   ─ Belíssima! – Até me assusta, paraliso de susto quando o homem só falta me levar pela mão. Matteo me envolve o ombro e me puxa para si.

   ─ Vai com calma amigo. Esse tipo de atitude não é mais aceita! Respeito! – Matteo diz ao homem que sem graça se afasta. – Desculpe, Maria Clara.

   ─ Por que? Não foi você!

   ─ Italianos são meio invasivos na paquera, conquista, sei lá. A sociedade vem tentando mudar isso.

   ─ No Brasil não é muito diferente. Está tudo bem. – Ele ainda me envolve o ombro, nos olhamos tão perto que sinto seu hálito e isso é confuso, gosto, não me afasto e nem sei direito por quê. Ele fica a me olhar.

   Analiso estar assim em seu meio abraço e é aconchegante, ele é perfumado, forte, me aquece, protege e dá uma sensação de segurança e casa.

   ─ Matteo. – Digo seu nome e ele ainda mantem meu olhar e a proximidade. – Comprar comida! – Ele me solta. Fica meio atrapalhado e gosto de não ser a única a me sentir confusa com esse momento.

   ─ Garota, essa deve ser a coisa mais bonita que alguém já me disse. Tocou meu coração. Soa bem, não acha? Comprar comida. No seu sotaque então... cuidado! – Ele alerta. Era para ser uma brincadeira, mas soa como um aviso aos meus instintos. Sim. Eu preciso tomar cuidado.


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Notas finais do capítulo

Beijossssssssssssss
instagram Autora Mônica Cristina.
Os livros dos Stefanos estão chegando aos poucos na Amazon. De olho no presente de natal que vem por aí.



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