Luisa Parkinson: A Companheira Fantástica escrita por Gizelle PG


Capítulo 142
Sr. e Sra. Segredo Oculto


Notas iniciais do capítulo

Oieee!

Preparados? Lá vem surpresa!



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Sally Jackson estava encurralada, com as costas coladas na de Dumbledore. Ambos apontavam suas varinhas em direções opostas, e mandavam ver nos encantamentos. O diretor e a mulher eram amigos de longa data, e é óbvio que estariam dando tudo de si para defenderem juntos a escola.

—Uh! Eles são durões na queda –comentou McGonagall, após lançar um feitiço e se abaixar para escapar do contra-ataque.

—Mas nós também! Ráaaaa! –disse a professora Sprout, lançando um próximo feitiço na direção dos inimigos. –Pensamos que não ficaria conosco hoje, sr. Snape...

O professor Snape olhou para ela, com cara de estranheza.

—E onde mais eu estaria? –questionou, secamente.

A professora se calou.

—Ficamos contentes em tê-lo do nosso lado, professor –consertou McGonagall.

—É verdade. É sempre bom ter mais aliados fortes que o oponente –sustentou Flitwick.

—Bem, pode contar com isso! –disse Hagrid, arremessando uma pedra nos Comensais. –Se eles não tivessem maldições imperdoáveis na ponta da língua, facilitaria um pouco mais...

—Oh, meu deus, meu deus... Eu vejo morte em toda parte! –gemia Trelawney, injuriada, encolhida e agarrada à sua bola de cristal favorita.

—Mereço –resmungou Snape, massageando a têmpora que latejava.

—Acalme-se querida Sibila... As coisas vão melhorar, vão melhorar! –Madame Mooch a abraçou. 

—Pelo menos temos a Ordem da Fênix do nosso lado. Olho Tonto Moody, R.J. Lupin, Ninfadora Tonks... –lembrou McGonagall.

—Sem contar os estudantes. E as famílias deles.

—É. Pobrezinhos! Tem muitos que mal começaram a cursar magia e já estão tendo que lutar... –lamentou Sprout.

—Bom, se eles não lutarem, o mundo estará condenado. –disse Snape, realista.

—E não se esqueçam daqueles estranhos que a Sally Jackson disse que vieram nos ajudar. Eles podem não ser bruxos, mas reconheço valor e honestidade vinda deles... –lembrou Hagrid.

—Que decadência... A comunidade bruxa sendo amparada por trouxas. –Snape cuspiu, como se a idéia o enojasse.

—Queridos professores, creio que não estamos em posição de selecionar ou julgar aliados. –disse Dumbledore, longe dali.

—Ele tem uma audição e tanto –comentou um rapazinho com um Pelúcio no ombro, que lançava feitiços perto dali, junto de mais uma moça morena de sobretudo, outra moça loira de rosto angelical e vestimentas delicadas, e um homem gordinho de bigode. McGonagall franziu a testa para o quarteto.

—Não conheço vocês de algum lugar?

—Bom... Eu não sou professor, garanto. Mas eu e meus amigos viemos de muito longe para ajudar. –sorriu, meio encabulado. –Meu nome é Newt Scamander.

Sally estava toda concentrada, quando uma garotinha se aproximou.

—Você é Sally Jackson?

—Sim, querida. Eu sou. Mas acho melhor procurar um abrigo... Hogwarts virou um campo de batalha e não é lugar para crianças...

—Preciso que me acompanhe –insistiu a menininha.

—O que?

Martha Jones chegou correndo pouco depois.

—Ah! Olá Sally! Essa é uma unidade Teselecta. Basicamente um robô que muda de forma –explicou rapidamente. –Enfim, ele chegou com mais uma equipe e tanto para nos ajudar a combater o exército de Comensais, mas precisam que primeiro você lance seu feitiço de proteção sob eles, pois não são bruxos. Bem... exceto o Kevin que é um Animago, ou coisa parecida, mas eu não privaria ninguém de uma proteção dessas.

Sally ergueu o olhar, e localizou o grupo que Martha mencionara, encolhido num canto momentaneamente seguro.

—Tudo bem. Vão na frente... Eu alcanço vocês. –quando as outras duas se afastaram, Sally disse para Dumbledore, entusiasmada: -Escreva minhas palavras, esse jogo ainda vai virar, Alvo! Chegaram mais pessoas para nos ajudar!

Dumbledore sorriu.

—Você tem muitos contatos, Sally.

—Não senhor, minha filha é que tem.

 

   ***

Ned estava quase dormindo, apoiado na porta do guarda-roupa de Nárnia, quando um ruído ocorreu vindo de dentro pra fora –uma espécie de estalo. Num primeiro momento, apenas ignorou. Então aconteceu de novo, e mais uma vez... Minutos depois, ele sentiu alguém tentar forçar a porta às suas costas, então saiu de perto, assustado. Não sabia o que podia ser. A terra de Nárnia era lar de muitas criaturas... Algumas não muito amigáveis.

—Quem está aí? –engoliu em seco. -Tem alguém aí?

—Tem eu! Bilbo!

—Ah! O Hogt.

—O termo certo é Hobbit. –corrigiu. –Mas sim, sou eu.

—Os outros já estão vindo?

—Creio que sim. Escute só o galope!

Ned ficou em silêncio, com o ouvido encostado na madeira da porta. Era possível ouvir cascos de cavalos à distância, se aproximando.

Então de repente, o barulho dos cascos foi ficando cada segundo mais alto, e quando deu por si, Bilbo estava batendo desesperado do outro lado das portas fechadas.

Abra isso! ABRA! Eles NÃO VÃO parar os cavalos!

—Ah! –exasperado, Ned abriu o trinco do guarda-roupa e puxou o pequeno Hobbit para fora, ao que cada um correu para escancarar completamente uma das portas e depois se jogar para fora do caminho, se protegendo. Pouco depois, cinco corcéis de diferentes cores saíram do guarda-roupa, trazendo os quatro Reis Narnianos e a Princesa do Gelo. O Hobbit ia se levantar, quando supôs que o perigo já havia passado... Mas então acabou gritando quando, segundos depois, uma Fênix passou voando feito um rojão, e quase que em seguida, um majestoso Leão saltou para fora. O Poderoso Aslan.

Ned ficou paralisado diante dele. Até então, não o havia visto pessoalmente, apenas ouvido falar em seu nome. Por essas e outras, sua reação não podia ter sido diferente; Estava parado à sua frente, o maior leão que ele já vira! A Rainha Lúcia segurou o riso.

—Não se preocupe, filho –disse Aslan, também achando graça da cara de espanto do rapaz. -Não se deixe enganar pela minha aparência intimidadora... Na verdade, em pouco tempo descobrirá que eu posso ser bem dócil, quando respeitado. –disse, num tom de sabedoria.

Ned encontrou a voz.

—Luisa disse que o senhor é protetor de Nárnia. –falou, um pouco rouco.

—Sim, de fato eu sou. E como tal, vim ajudar a proteger o mundo de vocês...

 

***

Jenny –a filha do Doutor –estava chutando a cara de uns Comensais da Morte, quando parou, meio chocada. Tinha alguma coisa errada... Algo estava acontecendo com seu pai. Alguma coisa ruim. Ela podia sentir...

Quando voltou a si, ficou um pouco desnorteada a princípio, então ouviu um dos Comensais chamar sua atenção.

—Já cansou, gracinha? –provocou um cara feio que nem briga de foice. Jenny torceu o nariz pra ele.

—Não, é que eu tenho coisa melhor pra fazer. –e ameaçou ir embora, então virou subitamente e surpreendeu o homem com uma rasteira, que o derrubou na hora. Esfregou as mãos, se afastando, então teve uma segunda sensação estranha... Como se o pai estivesse se despedindo. Seus olhos marejaram e ela ficou pálida e afobada.

—Jenny? –Melissa, que estava perto dali jogando cadeiras e tudo mais que havia por perto, na cabeça dos inimigos, correu até ela. –O que foi? Te fizeram alguma coisa?

—Não. É que... –ela parecia perdida. –Meu pai... Alguma coisa aconteceu com ele.

—Ih caramba! –Melissa levou a mão à cabeça. –Você quer ir procurar por ele? Eu já joguei meia escola na cabeça daqueles manés. Estou livre pra te acompanhar, se quiser.

—Eu gostaria.

—Então tá bem! Vamos juntas! –Melissa encaixou seu braço no dela. –Mas se quer minha opinião: dá uns tapas nele se por acaso estiver mentindo sobre esse lance; Se não for o caso, fique sabendo universo: Ninguém mexe com o nosso pouca telha favorito! 

 

***

Luisa desmontou no chão, ao lado do amigo desacordado. Ela nem acreditava que conseguira impedir o plano de Darth Vader pela segunda vez no mesmo dia. Estava feliz, contudo, não tinha disposição para comemorar agora. Por isso deixou-se deitar no chão para apenas recuperar o fôlego, em silêncio.

O amigo ainda respirava. Ela podia ver seu peito subindo e descendo, mas não conseguia parar de se perguntar o que aconteceria quando ele voltasse a abrir os olhos.

—Doutor –ela disse, perto de seu ouvido. –Se pode me ouvir, por favor, diz como é que eu posso te ajudar.

Sem resposta.

—Você não consegue regenerar só a perna? Deve ter um jeito de fazer isso... Tipo quando você curou meu ombro deslocado aquela vez. –relembrou, pensativa. Mas nada do rapaz reagir.

Luisa estava distraída com o amigo, e não percebeu a aproximação de um Comensal da Morte, que se escondeu atrás de uma coluna de pedra do castelo, e calculou o melhor ângulo para antingi-la certeiro com sua varinha.

Essa aí tá no papo—falou para si mesmo, dando um sorriso maldoso. –Adeus bruxinha...

Então aconteceu um flash de luz atrás dele. O homem foi se virar para ver de que se tratava, e quase desencarnou no ato, pois a mesma garota que estivera de joelhos na mira de sua varinha ainda a pouco, estava agora atrás dele, parecendo muito mais adulta e precavida, segurando um espelho e apontando-o na sua cara.

—Últimas palavras? –um homem um pouco parecido com o que estava desmaiado no chão, se juntou a ela, ao que a mulher sorriu torto. O Comensal estava tão perplexo que nem precisou ser submetido ao zumbido ensurdecedor do espelho sônico; Ele mesmo fez o favor de desmaiar sozinho. Assim que o perigo passou, o casal fez um gesto comemorativo. –Na mosca! 

A situação toda chamou atenção da Luisa que tentava reanimar o Doutor. Ela ficou em pé, confusa. No chão havia um Comensal da Morte nocauteado. E parados próximo dele, estavam um casal bem conhecido dela...

—Família paralela! –Luisa disparou na direção de John Smith e sua esposa Luisa, que era uma versão loira, adulta e paralela dela mesma.

—Olá, olá querida! –sorriu sua versão mais velha. –Há quanto tempo que não te vejo!

—“E aqui temos um evento que não se vê todos os dias: um encontro casual de Luisas! Oh, sim, sim, elas vestem o mesmo número, criaram um novo sentido à palavra “dupla personalidade”, e ainda são capazes de sustentar uma conversa sobre Princesa Isabel, bolsas maiores por dentro, bicicletas azuis que voam e espelhos sônicos, por três horas seguidas!! Quero ver encontrarem coisa mais fenomenal que essa!”  –brincou John Smith, sempre bem humorado.

Ai John, só você mesmo... –a Luisa loira deu risada.

—Vocês dois... Que prazer enorme em revê-los! –saldou a Luisa morena, encantada ao encontrar os dois. Ela sorriu ao perceber que John Smith continuava a manter o rosto do Doutor Três em Um. –Trouxeram seus bebês pra eu ver? Hum?

—Ah, querida, não seja boba! Isso aqui é um campo de batalha, não é lugar pra criança...

Estão na bicicleta.—resumiu John, contraditoriamente, apontando numa direção. Os três ficaram em silêncio por um segundo, então caíram na gargalhada; Quase como se estivessem ouvindo atrás da porta (se é que não estavam), Melissa, Matthew, Dave e Chistoff vieram correndo e se atiraram na Luisa adolescente, que caiu e começou a rir, com a bagunça das suas crianças paralelas.

—Calma, calma vocês todos... Vão deixá-la sem ar assim! –disse a Luisa adulta, assumindo seu papel de mãe, tentando aliviar um pouco sua versão mais jovem.

—Nossa! Eles cresceram tanto desde a última vez!! –comentou a garota.

—Ah sim, estão sempre crescendo! John e eu estamos até cogitando aumentar a altura da casa pra que eles não venham a bater a cabeça no batente superior da porta, futuramente –brincou a mulher. Era óbvio que era um exagero.

Entrementes, como se ficasse indiferente a tudo aquilo, John mudou de expressão, ficando intrigado inicialmente, depois passando para assombrado.

—O que houve John, querido? –perguntou a esposa, preocupada.

—Por que aquele homem está ali, estirado no chão? –perguntou, e isso fez todos se calarem. A Luisa adolescente, que tinha Christoff no colo e Dave abraçado à sua cintura, entendeu o que ele quis dizer e se manifestou:

—Aquele é o mesmo Doutor que vocês conheceram. O que é um Senhor do Tempo nessa realidade. Vocês se lembram dele... É que o rosto está diferente desde a última vez que nos vimos. –explicou. –Agora ele e John Smith não estão mais tão parecidos, só um pouco. Só a parte 11º presente no rosto Três em Um.

John o contemplou, então assentiu, mostrando que tinha entendido. A Luisa paralela ficou quieta.

—Mas o que há com ele? Por que está desse jeito? –insistiu John.

—Ele está machucado na perna e está muito mal. Eu estava cuidando dele antes de vocês aparecerem –a voz da menina voltou a assumir um tom preocupado.

—Vamos crianças, voltem para a bicicleta. –mandou a Luisa adulta, pegando todos de surpresa.

—Mas mãe... –começou Matthew.

—Nada de “mas”. Voltem agora, vamos! –tirou Christoff do colo da outra Luisa, e entregou-o, junto de Dave, aos cuidados de Melissa e Matt. –Vocês dois, mantenham seus irmãozinhos dentro da nossa nave. Eu não quero nenhum de vocês zanzando por aí... Esse castelo é perigoso. Está ocorrendo uma guerra, e eu não quero ter que repetir essas instruções duas vezes, fui clara? –disse, mais severa que o normal.

—Tá bem mãe –a Melissa de óculos fechou a cara. –Não precisava ser grossa. –e se afastou com os irmãos.

—Até mais Luisa! -acenou Matthew.

—Tchau! Até mais! –disseram os outros dois pequenos, indo embora. A Luisa jovem acenou pra eles, sem entender o motivo de tanto alarde. John Smith estava igualmente intrigado.

—Mais o que deu em você? –questionou ele à esposa.

A mulher o contornou, seguindo para perto do Doutor estirado no chão.

—Ele está ferido. Não quero que as crianças vejam sangue. –mentiu. Mas foi uma mentira até que convincente, pois nem o marido nem a outra Luisa protestaram.

—Tudo bem, acho que você agiu certo afinal. –John Smith disse, enquanto se abaixava, observando o estado do Doutor. A esposa continuou muito quieta, refletindo. –É essa a perna que está machucada? –perguntou à Luisa jovem.

—É. Se você afastar um pouco a calça, vai ver o corte... –e se abaixou para também ajudá-lo. A Luisa adulta observava as próprias mãos com assombro, como se tivesse visto um fantasma. Alguma coisa estava a incomodá-la. Então ela sentiu algo esquentar dentro do vestido e rapidamente puxou o que quer que fosse, para fora. Escondido no canto de seu decote, ela tinha um relógio de bolso, que sempre levava consigo para todos os lados. Todo Senhor do Tempo carregava o seu; Aquele era para ser só mais um dia comum de aventuras, mas alguma coisa no modo como o objeto esquentara, quase como que num ultimato para ser aberto, deixou-a inquieta.

—Caramba! Está feio mesmo –John esfregou o queixo, refletindo. –Quer dar uma olhada, querida? Talvez possa ter alguma idéia sobre isso... Não se preocupe Luisa, nós vamos ajudar vocês! –e colocou a mão no ombro dela, para dar seu voto de confiança. Então espichou o pescoço, na direção da esposa. –Querida?

Ela estava tão fora de área com o relógio nas mãos (pressionadas contra o peito), que nem o escutou falar. Na verdade, nem poderia, pois os sussurros que saiam do relógio –da qual só ela podia ouvir, por estar segurando-o –deixaram-na numa espécie de transe inebriante:

“A hora está próxima agora, como jamais esteve... Abra-me, e revele meus segredos... Nós já esperamos demais...” —o relógio repetia para ela.

—Querida? –John precisou se levantar e caminhar até a esposa. A mulher só despertou, quando o marido a tocou, fazendo-a se assustar e esconder o relógio imediatamente. –Hey amor... Desculpe, eu te assustei?

—Bem, um pouco. Mas está tudo bem. –mentiu ela, forçando um sorriso. –Eu só estava distraída, pensando em coisas sem importância. –disfarçou.

—Ora, não desperdice seu cérebro brilhante com bobagens... Venha dar uma olhada no estado do Doutor! –e a puxou para perto do rapaz, desacordado. Ela o encarou, um pouquinho desconfortável com o tamanho da ferida na perna. –Então, o que você acha?

—Querido, preciso lembrá-lo que sou uma Senhora do Tempo e não uma médica?

—Ah Luisa, vamos! Você deve ter alguma idéia... Senhores do Tempo são uma raça mais evoluída que os humanos... E como vocês dois são da mesma espécie, creio que ninguém aqui na sala conheça a anatomia, biologia e todas essas coisas, melhor do que você! –insistiu. A mulher o encarou, então suspirou.

—Tudo bem... Eu vou dar uma olhada, mas não garanto nada –e examinou-o. –Okay... Tá. O que vocês dois esperam que eu diga? É uma ferida bem profunda, e acho que não seria demais acrescentar: que pode se tornar fatal se não for cuidada direito.

—Mas como cuidar? Como curar o Doutor?

—Bem, como não estamos em Gallifrey, nem nada do tipo, eu iria sugerir regeneração mesmo. –deu de ombros. –É o modo mais natural de fazer as coisas, e as chances de não ficarem seqüelas também são bem maiores...

—Mas esse é o problema! Eu estou preocupada porque ele ainda não deu nenhum sinal de começar a regenerar.

—Luisa, eu vou fazer uma pergunta importante: você sabe quantas vezes o Doutor já regenerou no total?

Luisa não precisou pensar muito. 

—Claro. Pelo que sei, foram 13 vezes, contando com a do Doutor da Guerra do Tempo e mais a da mistura “Três em Um”. Isso se eu não estiver esquecendo nenhuma...

A Luisa adulta ficou pálida. John franziu a testa. A Luisa adolescente já ia interrogá-la, quando alguém se aproximou, desviando sua atenção.

Eita, se não é o famoso casal dose dupla! —brincou a Melissa daquela realidade, se aproximando juntamente com Jenny. –Ah, e claro: a minha amiga sumida!

—MÉLI! –Luisa levantou e correu para dar um abraço forte na amiga. Elas não se viam desde a passagem na Estrela da Morte.

—Oi Lu! Eu to bem aqui –sorriu a loira por entre o abraço, contente por ter a amiga de volta. –E estou feliz por você também estar!

—Oi Jenny –cumprimentou Luisa, mas a garota só tinha olhos para o Doutor.

—Pai! –Jenny disparou para junto do Senhor do Tempo no chão, e logo de imediato começou a chorar, como se já o tivesse perdido. –Ah, papai... Eu avisei que não acabaria bem. Se tivesse me ouvido...

John se voltou para a esposa, ainda mais intrigado:

—Por que todos vocês estão agindo como se uma ferida fosse o fim?

Eu lamento John, realmente lamento tanto! —a Luisa adulta desabafou, ficando com os olhos marejados. John a abraçou.

—Querida, está começando a me assustar agora –ele disse.

—Sinto muito, querido.

—Não, tudo bem. É que, eu só queria poder entender melhor o que está acontecendo...  –pediu. A esposa respirou fundo, procurando se recompor.

—Eu notei assim que o vi. Com uma ferida dessas, o corpo dele já devia ter reagido... –disse, séria. –Aparentemente, a mocinha que parece ser filha dele também já sabe –e secou os olhos. –Eu receio que ele já tenha usado todas as suas vidas disponíveis. –revelou por fim.

John ficou estarrecido.

—Quer dizer que ele não vai mais...

Ela sacudiu a cabeça, confirmando.

—Meu Deus... Como ficará o universo sem o Doutor?

—Uma catástrofe –disse Jenny. –Meu pai sempre lutou em prol do bem e para proteger e ajudar as pessoas. Sem ele aqui, as coisas vão sair do controle...

—Bom, também há uma probabilidade do universo de virar bem sem ele. É como o Doutor mesmo diria: “os paradoxos se resolvem sozinhos”. O Universo já existia antes do Doutor existir. Acho que conseguirá seguir numa boa –Melissa avaliou, então percebeu que todos a estavam olhando e acrescentou rapidamente: –Mas, bem, esse é só um pensamento racional sobre as coisas. E eu sei que o foco aqui é não deixar o Doutor morrer. –ela baixou a cabeça, se ajoelhando perto dele. –Eu... eu posso ser severa com ele... Pegar no pé e tudo mais... Mas acreditem quando digo que eu sempre o quis bem. E vou sempre querer. –ela segurou uma das mãos dele, sentida.

—Nós todos sabemos, Méli. E tenho certeza de que ele também sabe. –consolou a Luisa adolescente, se aproximando de Jenny e afagando seu braço, na tentativa de confortá-la também. Do lugar onde estava, a TARDIS da Família Paralela (no formato de uma bicicleta azul), tocava baixinho a música *Sutilmente –Skank. –Tem que haver um jeito de reverter esse quadro... Um jeito que não necessite de regeneração!

—Não há –insistiu a Luisa paralela. –Essa é a natureza de um Senhor do Tempo. É a forma certa das coisas acontecerem. Se não for assim, tudo que for sair do plano natural da biologia dele, poderá e provavelmente o fará sofrer.

Jenny deitou a cabeça no ombro de Luisa, desabando em chorar. A própria Luisa adolescente estava se segurando muito para não fazer o mesmo. Até aquele momento, tentara parecer forte para ajudar Jenny a enfrentar aquilo, e também porque sabia que se desesperar nunca era o caminho. Mas, olhando pela perspectiva de Jenny, e até deles mesmos reunidos ali: fazia tanto tempo que nenhum deles estivera com o Doutor, e agora, bem no momento que iriam se reencontrar, uma desgraça dessas tinha que acontecer e atrapalhar tudo. Luisa sentiu o nó na garganta só aumentar ao pensar que Vader enfim havia conseguido destruir o Doutor de vez, mesmo que não fosse da maneira esperada.

A garota da bolsinha rosa estava com o olhar tão fixado no corpo inerte do amigo no chão, que nem percebeu quando Melissa começou a se aproximar. Só notou enfim, quando a amiga já havia encostado a cabeça na dela, passado seu braço ao redor de Luisa e Jenny, e começado a chorar em silêncio.

Diante daquele momento triste, John abraçou a esposa, procurando conforto e também confortá-la. A mulher o abraçou em retorno, então sentiu o relógio de bolso novamente esquentar dentro de seu vestido. Só que dessa vez com um acréscimo: uma luz amarela ultra forte emanou de dentro de seu bojo e os dois foram obrigados a se separar.

—Meu Deus! –John pareceu horrorizado. –O que está acontecendo com os seus...?

—Nem mais uma palavra, John! –ela tirou o relógio às pressas do bojo e o marido ficou ainda mais encafifado. –Prontinho relógio... Aí está você.

“É o momento! Chegou a hora do Senhor do Tempo me abrir! Abra-me! Abra-me!”

—Está bem, coisinha impaciente!—resmungou ela. John fez uma careta.

—Está falando com quem?

—Com o relógio, é óbvio!

—O que? O RELÓGIO? –John quase caiu para trás. –Está se sentindo bem Luisa?

—O que? CLARO que eu estou! Mas que pergunta, John...

Não leve para o lado pessoal, mas de todas as coisas malucas que você diz e faz, esta está no topo da lista!

—O que? Falar com um relógio? E você que instalou um alarme para TPM na nossa casa? Hum? Isso não é birutice da sua cabeça?

—Com licença, mas estamos falando do seu ranking de maluquices.

—É O QUE JOHN?

“ABRA-ME ABRA-ME ABRA-ME! ACABE LOGO COM ISSO!!!”

—Arrrrrr! Está bem! –e ela tentou abrir, mas não conseguiu, para sua surpresa. –Ué.

—O que foi? –perguntou John.

—Não quer abrir. Mas tem que abrir! Tem! Ele quer ser aberto por mim!

—Bom... Talvez só esteja emperrado... Deixa eu dar uma olhada –John pegou o relógio. As meninas lá no fundo de espicharam para ver o que estava acontecendo. Os filhos de Luisa e John Smith também (que nunca obedeciam a mãe ao pé da letra, e estavam sim espiando a cena). O rapaz posicionou-se para fazer força e tentar abrir a tampa do relógio, mas então houve uma nova surpresa: pois a tampa praticamente saltou para cima com o mínimo toque dele sobre o material. John ficou exposto à toda aquela luminosidade dourada que emanava do relógio. A Luisa paralela ficou boquiaberta, e o que a princípio era uma expressão de puro espanto, agora se tornara um largo sorriso:

—John! Você conseguiu abrir!

—Eu quase nem toquei nele!

—Eu acho que estou começando a entender...

—Que ótimo... Porque eu não!

—O relógio queria ser aberto por um Senhor do Tempo!

—Sim. –John confirmou, mas logo depois se perdeu no raciocínio. –Mas você é a Senhora do Tempo da casa... É você a minha esposa alienígena!

—Sim. Eu sou sua esposa, mas sou originária desse planeta. –ela disse, num tom impactante.

—Quer dizer que você não é uma Senhora do Tempo de verdade?

—Não, eu sou meio humana e Senhora do Tempo. –então sorriu para ele, taciturna. –Mas o relógio queria um Senhor do Tempo completo. –John piscou.

—Mas o que está dizendo? Eu não sou um Senhor do Tempo. –ele riu de nervoso, então ficou ainda mais aflito com a cara que ela lhe lançara. –Eu sou?

Ela assentiu.

—Mas... Mas isso é impossível! Eu sou John Smith! John Smith da Terra Paralela, casado com você, Luisa Parkinson!

—Você se lembra do bilhete que eu passei por debaixo da porta da sala da noiva, no dia do nosso casamento? –ela interrompeu, focada. –Lembra o que estava escrito nele?

—Lembro. –ele fez uma pausa, refletindo. (*esse bilhete teve só uma iniciação no capítulo “A Filha do Marajá”, de modo que o verdadeiro conteúdo será revelado agora). -Você disse que queria se abrir comigo antes de nos casarmos. Disse que tinha uma outra identidade no lugar de onde viera, uma outra aparência também... E que eu não devia me assustar caso regenerasse e as coisas mudassem de figura, pois ainda continuaria sendo a mesma mulher apaixonada por mim. 

Ela sorriu. Agora sua TARDIS tocava a música *Amor meu Grande Amor –Barão Vermelho, através dos corredores.

—Isso mesmo. Você não deve se lembrar, mas eu escrevi meu verdadeiro nome no fim daquele bilhete, pois ele não seria repetido no altar, mas fazia questão que você soubesse assim mesmo, para que nunca tivesse motivos para duvidar do nosso amor.

—Sim, é claro que eu me lembro –ele disse, olhando para ela. –Você é sempre tão desconfiada... Melody Pond Williams. –e sorriu. –Ou será que prefere River Song?

Luisa, lá atrás, junto de Jenny e Melissa, arregalou os olhos. A Luisa paralela sorriu, se aproximou dele e ambos se beijaram, enquanto o relógio emanava sua energia dourada.

Num momento, ela tinha a mesma aparência de Luisa, no outro, tinha o rosto de River Song, a prima da garota. Seus filhos repeliram uma fileira de exclamações –apesar de também terem sido preparados para a possibilidade da mãe regenerar.

John olhou para ela, dando um sorrisinho sentido; Ele sentiria falta do antigo rosto, mas era assim que tinha que ser. Ela o havia preparado para esse dia.

—River Song está perfeito –ela soprou para ele, piscando.

—Nossa... Querida! Você fica linda de todas as formas... –ele suspirou, meio bobo, igualmente encantado por sua nova postura e aparência. Então parou, se tocando de que algo não estava se encaixando como devia, naquela história... –Mas devo insistir que ainda não entendo a participação do relógio nisso tudo...

Ela se inclinou para ele. John pensou que ela fosse beijá-lo de novo e já preparou os lábios, então River, segurando o riso, disse em seu ouvido:

—Já experimentou olhar diretamente para o brilho cegante que vem de dentro do relógio? –espiculou, já imaginando qual seria a resposta. -Olhe mais a fundo, então irá entender, John. –instruiu.

—Está bem –John se concentrou e fez exatamente o que ela disse. Então, de repente aquele rapaz simples e humano –que ele era—com idéias normalmente pacatas, que gostava de ler tranqüilamente, escrever e ouvir música, chocou-se com a mente agitada e inteligentíssima do Doutor, de modo que este tomou o controle. As memórias de sua vida com a esposa no mundo paralelo foram mantidas, lógico, mas ele enfim se deu conta de quem realmente era: um Senhor do Tempo de verdade, camuflado naquele planeta, tentando levar uma vida normal...

Além de tudo o mais, no meio da mudança, seu rosto Três em Um se foi, e ele assumiu o mesmo rosto do 11º Doutor, que estava quase morto no chão. Nem é preciso dizer que tanto o trio de garotas, amontoado lá no cantinho, tanto os quatro filhos do casal, ficaram pra lá de embasbacados.

Assim que tudo acabou, a luz dourada saiu toda do relógio, tornando-o apenas um objeto comum agora. E o rapaz, inicialmente, recebeu uma enxurrada de informações no cérebro, e demorou alguns segundos assimilando tudo aquilo. Por fim, deu um espirro.

—Saúde –disse River. –Então, docinho, como se sente voltando ao normal?

O plano—disse meio distante, pensativo, sem olhar pra ela. -Formar uma família e se aposentar de salvar o universo sempre e incansavelmente, era meu principal objetivo... —disse o ex John Smith, se tornando agora e para sempre, o Doutor. Então olhou para River. –Agora eu me lembro de tudo, River... Eu tramei isso tudo!

—Ah, eu imagino... E mal posso esperar para ouvir a versão completa dos fatos... Mas não podemos esquecer de salvar seu eu jovem bem ali –ela gesticulou, mostrando o “gêmeo idêntico” desacordado.

Diante de tudo aquilo, Melissa se manifestou:

—Mas calma lá, vocês dois! –ela deu passos na direção deles, levando as mãos à cintura. –Primeira coisa: ELA não é a prima da Luisa? WTF??? Segunda coisa: Como ELE pode ser mais jovem que ELE, se ELES são a mesma regeneração? –apontou de um Doutor para o outro, confusa.

O Doutor desperto segurou as abas do casaco.

—É aí que a história fica interessante –sorriu. –Na verdade eu sou ele do futuro. Digamos que eu gostava tanto desse rosto que acabei reutilizando, muitos séculos à frente de onde estamos hoje. –esfregou as mãos, ansioso por dar suas explicações. -Tudo começou quando resolvi que era hora de me aposentar, então fui para uma versão paralela da Terra, onde “o Doutor não existia”, nem ninguém ouvira falar dele, então decidi mudar de rosto por vontade própria, me tornando o 11º de novo. Achei que viria bem a calhar... mas como nunca fui muito bom em manipular regenerações, acabei caindo no rosto Três em Um por engano, outro que não posso negar que simpatizo bastante. —sorriu para Luisa e Melissa. -Bom, mas nem tive tempo de discutir comigo mesmo sobre o erro, pois havia planejado uma segunda etapa e precisava cumpri-la! Para completar o pacote “xô confusão, olá vida normal”, resolvi esconder minha verdadeira identidade dentro do relógio, através de um filtro de percepção inofensivo. Eu costumava usar o Arco Camaleão para isso, mas resolvi mudar um pouco as coisas... Afinal, eu procurava conforto, e não tortura. Bem... Pareceu sensato na época.

—Imagino que sim –disse Melissa, cruzando os braços. –Você resolveu se aposentar, e com isso apagar sua memória e sumir com seu rastro do universo. Claro! É uma atitude muito sensata... –cutucou.

—O pano era finalmente fincar moradia e passar a ter uma vida “comum”, como todas as pessoas tem. Mas aí eu conheci ela, a mulher da minha vida, e me apaixonei, mesmo sem saber que se tratava da minha antiga amiga River Song! –e puxou ela para perto, pela cintura.

—QUE esteve muito bem conservada, salva por tanto tempo nos arquivos da Biblioteca, muito obrigada. –a esposa fingiu se ofender. O Doutor riu do jeitinho genioso dela.

—Você é maravilhosa, querida... E mesmo comigo tendo mudado algumas variantes, não havia como ser diferente: Olha só pra nós dois! Acabamos juntos até em outra realidade!—sorriu ele, largo.

—Bom... será que eu estragaria a surpresa se dissesse que sempre soube que era você escondido atrás daquele humano “John Smith”? –ela sorriu torto. O Doutor não se espantou nem um pouco.

—Vindo de você, não. –riu.

—Eu conheço todos os seus rostos... Mesmo o Três em Um. Seria impossível não reconhecê-lo...

—E claro que foi assim que o meu plano de aposentadoria foi pro espaço –brincou o Doutor. –Pois com a River no comando das aventuras, nós acabamos continuando a nos meter em encrenca e salvar o universo.

—Como se não fosse o seu hobby preferido –ela revirou os olhos, tirando sarro.

—E o seu, pelo que vejo, foi ficar imaginando como escapar do Universo Compacto, dentro do HD da grande Biblioteca.

—O que posso fazer? Nós dois somos hiperativos. –ela deu de ombros, fazendo o marido rir. –Devo admitir que essa foi uma história bem interessante... Eu planejava escapar da Biblioteca, que prometia ser o ponto final de minha jornada, um fato que eu nunca aceitei bem, por assim dizer. Demorou, mas então um dia eu finalmente escapei do banco de dados, e acabei descobrindo na prática que o computador dr. Moon e o CAL não apenas haviam me salvado, como também reparado a função de regenerar, no meu corpo. Foi ao sair do HD, que notei que minhas partículas regenerativas estiveram apenas adormecidas esse tempo todo. Era a única explicação viável, já que logicamente, se tivessem se esgotado a valer, eu teria morrido logo após termos ido à Alemanha, matar o Hitler.

—WOU! –exclamou Melissa. -Vocês foram matar o Hitler e nem me convidaram?

Você nem estava com a gente nessa época!—o Doutor disse, e Melissa acabou aceitando. –Bem, sem dúvida outra aventura e tanto! Nossas vidas sempre foram agitadas, não é? Certamente não poderíamos esperar que o universo planejasse para nós uma aposentadoria menos movimentada... –brincou com a esposa.

—Nem me fale! –ela mexeu nos cabelos cheios, jovialmente. -Não querendo me gabar, mas eu mandei bem na fuga do HD da Biblioteca. Só não contava que ao escapar, iria acabar me regenerando...

—É, ainda por cima na forma da sua própria prima.

—É o que? Prima?—River olhou na direção de Luisa.

—Você não sabia? –Luisa estranhou.

—Assim que eu regenerei, passei um tempo sem lembrar quem eu era... Havia outras memórias na minha cabeça. As memórias da Luisa. –fez uma pausa. –Com o tempo, eu fui lembrando melhor das coisas. Até o casamento com John Smith, eu já sabia que me chamava River Song, e também que aquele rosto atual era instável, o que significava que eu não iria ficar com aquela aparência para sempre... Mas acima de tudo, uma coisa havia me deixado profundamente intrigada durante anos: Eu sempre regenerei com precisão, escolhendo quem gostaria de me tornar. Nunca consegui entender como fui logo copiar o seu rosto, Luisa.

Agora a menina que estava ficando confusa:

—Como pode não saber que somos primas? Foi você mesma que me disse isso na nave do Darth Vader...

—Eu fiz isso?

—Fez.

—Mas eu não fui à nave nenhuma...

—Mas você estava lá. Com certeza era você, River! –garantiu Luisa. -E outra coisa: Como pode ter escolhido o meu rosto pra regenerar, se nem me conhecia?

—Espera! Calma! Todo mundo quieto!—o Doutor fez todas se calarem. –Eu estou entendendo o que está acontecendo aqui...

—Que bom Docinho, porque agora sou eu que não faço a menor idéia... –rebateu River. O Doutor deu risada.

Touché, querida. –então apontou para Luisa. –As coisas estão confusas porque, pelo seu ponto de vista, já aconteceram pra você, mas ainda não ocorreram pra ela. –explicou. –O que é passado pra você, Luisa, a nave de Darth Vader e tudo mais que aconteceu lá, acabou de começar bem aqui, nesse momento, quando a Luisa paralela voltou a ser a River, e a River ficou sabendo através de mim, nesse exato instante, que tem que ir nos resgatar naquela nave, com seu Manipulador de Vórtice portátil e ainda um teletransporte super potente, para deslocar muita gente ao mesmo tempo; ambos programados com as coordenadas de Hogwarts. –então virou para River. -Sim! Eu sei que é Spoiler! Mas em minha defesa, você precisa saber de tudo isso, senão nunca chegará a nos tirar da nave antes que tudo exploda, e também não salvará a Luisa de morrer sozinha nas mãos de Darth Vader!

—Eu acho que entendi agora –assentiu River. Luisa fez o mesmo.

—Agora, sobre a escolha do rosto... Não sei bem, pode ter sido aleatório, mas o mais provável é que o seletor de rostos da River escolheu seu rosto, Luisa, porque é evidente que vocês duas tem um parentesco. Isso já estava mais do que comprovado até pela história dos sonhos entre realidades que vocês trocavam: uma sonhando com a vida da outra, lembram-se? Só podia mesmo ser um sinal... Era óbvio que estavam interligadas! Havia coincidências demais nessa situação para apenas ser irrelevada... Então, a partir disso, mesmo sem que ela tivesse tomado conhecimento na época, River acabou escolhendo o rosto da prima. Talvez tenha sido até uma pista referencial, ou mesmo “pegadinha do destino”... Nunca se sabe ao certo.

Fascinante!—exclamou River, regulando o MV (sigla de Manipulador de Vórtice) com as coordenadas locais, depois fez o mesmo com o outro dispositivo, sorrindo empolgada. –Uau! Esse dia está ficando cada segundo mais excitante...

—“Pegadinha do Destino” parece nome de quadro de programa de auditório. –comentou Melissa, sendo palhaça.

—Nem me fale... –o Doutor achou graça, então voltou-se para River. -Ah! Mais uma coisa: Estipule precisamente o teletransporte, para as coordenadas da torre de Astronomia. Foi lá que nós aparecemos. Diferente da Luisa, que veio numa segunda viagem com você, só usando o MV.

—Puxa... Eu sou mesmo eficiente!—sorriu torto, ajeitando a gravata dele.

E foi muito esperta também, se me permite dizer... –elogiou ele. -Lembro que antes de trocar de identidade, larguei a TARDIS num beco qualquer, já na Terra Paralela, me esquecendo de sua existência. Mas parece que você, River Song, após se tornar a Luisa, e com isso descobrir que ainda havia traços de energia regenerativa adormecida dentro de si mesma, encontrou minha nave, consertou o Circuito Camaleão e a deixou na forma de uma bicicleta azul fenomenal!

—Ah, querido... Você sabe como bajular uma mulher –ela acariciou a bochecha dele. Então olhou além de seu topete e viu seus filhos os observando. –Opa. Parece que as crianças viram tudo.

—E quando é que elas não veem? –perguntou ele espontaneamente. Então se virou, adotando uma postura divertida. –Ei! Criançada! Venham aqui com o papai e mamãe!

Dave e Chris começaram a andar, mas Melissa os segurou.

—Tem certeza que é seguro?

—Sim querida. Pode vir. –confirmou River. E então os quatro correram até o casal e deram um abraço bem apertado, enquanto os pais diziam para eles não se preocuparem, que ambos continuavam sentindo o mesmo amor de sempre pelos filhos, e que nada mudaria. Após o Doutor se erguer (pois estivera abaixado falando com o filho menor), olhou diretamente para Jenny, e abriu os braços.

—Vem aqui meu amor. Eu to bem aqui –garantiu. A menina não hesitou, correu de uma vez para os braços do pai. O Doutor depois puxou Melissa também para um abraço, e por fim, dirigiu-se para a sua Garota Fantástica. Contudo, Luisa continuou parada, só observando, o que o fez perguntar: –Tá tudo bem? Eu sei que faz tempo que a gente não se vê... Quero dizer, não pra você. Sei que ainda é recente... Mas pra mim, faz bastante tempo. E acredite, eu senti saudades.

—Pera, desculpa, não querendo te cortar, mas você disse que é o Doutor do futuro –recapitulou a menina. –Então significa que você não morre aqui.

—É evidente que não! –ele gesticulou, animadamente.

—Extra! Extra! Vejam aqui A Descoberta do ano! –brincou Melissa.

—E como a gente te salva, pai? –pergunta Jenny, ansiosa.

—Bom, se me lembro bem... Porque isso já faz bastante tempo mesmo... Parece que a River curou meu ferimento com um pouco da energia regenerativa dela e eu voltei à vida. Claro que eu poderia salvar a mim mesmo, mas somos a mesma pessoa, e nessas circunstâncias, tocar a mim mesmo poderia gerar resultados... catastróficos. –lançou um olhar de socorro para a esposa.

—Ufa... Então está bem! Jogue tudo nas costas da esposa! –resmungou River, brincando. Colocou Dave no chão e disse pros filhos: -Tá bem, agora é sério! Vão para a bicicleta e fiquem lá. Se tudo correr como planejado, estaremos em casa antes da janta.

—Ih, mãe! Os vizinhos –lembrou a Melissa de óculos. –Eles vão perceber que estão com rostos diferentes...

—Ah, não... A gente não vai ter que se mudar, vai? –Matthew fez cara triste.

—Náá! Aquela é a nossa casa! Jamais haverá outra igual. Diremos aos vizinhos que foi uma plástica facial que nós fizemos! –resolveu o Doutor, tão animado quanto as crianças, como se aquilo resolvesse tudo.

—Obaaaaaaa! –comemorou Dave.

—Eeeeeeeh! –gritou Chris, alegre, pegando a conversa já andando. –Estamos comemorando o que?

—Deixa pra lá –riu a mãe. –Vão logo pra bicicleta!

—Tá bem, mãe! –e todos foram, super obedientes, (mas no caminho se despediram das demais e fizeram uma festa danada ao falar com Luisa, uma ultima vez). Mal as crianças saíram, o Doutor do futuro deu um beijo na bochecha de River, desejando boa sorte à ela e dizendo que tomaria conta dos filhos.

—Vamos te esperar na bicicleta, com biscoitinhos e leite.

—Sabe... Agora que você voltou a ser o Doutor, acho que podemos voltar a usar o formato clássico de cabine telefônica.

—Bem... Você consertou o Circuito Camaleão... A gente podia revezar. –lançou uma piscadela para ela, e se afastou. Por fim, se despediu rapidamente de Melissa e Jenny, deixando Luisa para o final.

—Antes que você fale qualquer coisa, eu também senti sua falta. –ela atropelou, dando um retorno ao que ele lhe dissera antes, na hora que ela precisou cortá-lo. O amigo sorriu. –E não estou falando isso da boca pra fora... Faz tempo que eu não via você. Ou ele, no caso –apontou para o Doutor no chão, da qual River começava a curar a perna. –Desde a queda no vórtice.

—Ah! É mesmo! –ele levou a mão à cabeça. –Perdoe minha confusão... É que eu não sou mais tão novo quanto antes.

Ela sorriu.

—Vai ser sempre meu Doutor pra mim.

—Vem cá –ele a puxou para um abraço; Após se afastarem, eles terminaram de se despedir, então Luisa viu que seu Doutor do presente estava começando a reagir aos estímulos da cura da perna, e saiu correndo para lhe dar um abraço, junto de Melissa e Jenny. O Doutor do futuro sorriu para a cena e se foi, atravessando a passagem de pedra; Entrementes, River se inclinou sobre o Senhor do Tempo no chão e lhe deu um abraço e um beijo, que de acordo com ela: “serviria para curá-lo ainda mais rápido”. Depois se despediu das garotas (pois ainda tinha que cumprir a missão de salvá-los á bordo da nave de Vader) e convidou Jenny para ir morar com eles, já que ela era filha do Doutor. A garota prontamente aceitou! Se despediu das demais e correu para junto de onde os irmãozinhos e o pai estavam estacionados com uma TARDIS bicicleta. No final, River também foi embora, se desmaterializando com o MV –o que deixou Luisa, Melissa e o Doutor finalmente a sós, e juntos de novo.

—Bate aqui galeraaaa! –Melissa tocou na mão dos dois amigos. –É! O nosso antigo trio parada dura está reunido de novo, firme e forte!

—Com certeza! É preciso mais do que um exército de vilões pra nos vencer!! –concordou Luisa, super animada.

—E falando em exército... –o Doutor introduziu. –Pressinto certa vantagem animadora nessa guerra sem fim.

—É mesmo é? –quis saber Melissa. –E como chegou nessa conclusão?

—Eu acabei de ver um coelho branco-perolado flutuando por ali... Coelhos dão sorte!

—Não dão não. Só o pé deles é que dá –destacou Melissa.

Luisa imediatamente arregalou os olhos.

—AI MEU DEUS! A LUNA ACHOU A NOSSA TARDIS!!!

Eu disseeee—cantarolou o Senhor do Tempo.

Tá bem, tá bem... Dessa vez vou deixar passar –riu Melissa.

***


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Notas finais do capítulo

Tcharããã!! E essa foi a REVELAÇÃO de hoje!

Não tema, com River Song, a Mulher Spoiler, não há problema!

E O TRIO DA TARDIS TÁ DE VOLTAAAAAAAA!! :3 *-* ;D

Eu sei que fui eu mesma que escrevi isso, mas tô muito animadaaaaaa!! kkk

Espero que tenham curtido a vibe Doc River ;D

Bjs!



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