Sangue, Suor, Lágrimas e Estilhaços escrita por Blue Blur


Capítulo 17
Em Obras


Notas iniciais do capítulo

As gems do Esquadrão Sigma trabalham juntas para realizar uma construção na ilha



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A nave que pousou na ilha era um cargueiro de tamanho médio pilotado por um grupo de nefritas, que simplesmente entregaram alguns diagramas técnicos e dezenas de conteinêrs com peças e equipamentos para a montagem da estação. As gems estavam observando tudo enquanto Bixbita realizava a divisão de tarefas.

(Bixbita): Muito bem, faremos o seguinte: Celestita, Esmeralda e Jet, eu preciso que vocês cuidem da infraestrutura bruta do lugar. Cornalina, Jade e Larimar, vocês cuidam do equipamento: montem os canais de transmissão, os computadores, o projetor holográfico, tudo. Ônix, fique aqui comigo, vou precisar das ferramentas das suas próteses mecânicas para montar o teletransportador.

(Ônix): Muito bem, vocês ouviram a engenheira especialista, vamos ao trabalho.

A primeira equipe carregou os conteinêrs até uma parte mais interna da floresta. Embora as três gems fossem suficientemente fortes para carregar dois conteinêrs de uma vez (sendo que Celestita estava carregando três), Esmeralda tinha um problema de condicionamento: por ser defeituosa, ela só conseguia usar sua superforça gem por alguns instantes. Passando disso, ela ficava extremamente cansada. Na segunda viagem para levar os contêiners, a pobre gem verde mal aguentava um único contêiner e começou a ficar para trás.

(Esmeralda, ofegante): Gente, *puf*, por favor esperem um pouco *puf*, vocês estão indo rápido demais!

(Jet, impaciente): Anda logo, Esmeralda, não temos o dia todo!

Apesar dos esforços, Esmeralda não conseguia apressar o passo. Porém, Celestita deu meia volta e resolveu carregar o contêiner da companheira. A gem menor ficou feliz por aquele gesto e decidiu puxar conversa... sem sucesso.

(Esmeralda): Ei, Celestita, obrigada por...

(Celestita, seca): De nada.

Era óbvio que a gem azulada ainda estava aborrecida com o incidente da fusão, e o pior é que Esmeralda sabia que a culpa era dela. Claro, ela não fazia ideia de como aquilo aconteceu, mas sabia que foi ela. Celestita era honesta, não iria dar uma palmada nas próprias nádegas e depois culpar a companheira de fusão. Enquanto Celestita pegou algumas vigas e placas de aço e um maçarico, Jet estava com uma marreta, pregos gigantes, rebites, entre outra coisa. Esmeralda estava aborrecida, estudando o diagrama da estação que ela ia ajudar a montar.

(Esmeralda, pensando): Eu sou uma idiota mesmo! Conheço a única gem que se importa com uma nanica defeituosa que nem eu, nós nos fundimos, e o que eu faço? Aquilo! Grrr, só de imaginar o que ela deve estar pensando de mim agora eu fico com vontade de pegar esse martelo esmagar minha...

AAAAARGGGGGHHHHH!!!

mão.

O grito era de Celestita, e de forma inconsciente, Esmeralda correu para ver o que havia acontecido. Aparentemente, a gigante azul não era boa com ferramentas: uma das mãos dela estava cheia de ferimentos de maçarico no braço direito.

(Esmeralda): Celestita, o que foi isso?

(Celestita): Eu... tentei usar o maçarico.

(Esmeralda): Me deixe ver isso.

(Celestita): Ei, não toque!

(Esmeralda): Não vou mexer, só quero olhar.

Esmeralda segurou o braço de Celestita, fechou os olhos e sua pedra começou a brilhar, junto com o braço da gigante azulada, que se curou totalmente dos ferimentos.

(Celestita): Puxa, obrigada.

(Esmeralda): Você não é muito boa com esse tipo de ferramentas, né?

(Celestita): ...

(Esmeralda): Olha, eu posso te ajudar, mas como você viu, eu não tenho muita força física para trabalhos pesados.

(Celestita): Se pelo menos tivesse uma forma de juntarmos nossas habilidades...

(Esmeralda, sorrindo): Ei, tem sim! A gente podia usar a Turmalina de novo.

A mera menção à fusão fez Celestita dar as costas para Esmeralda, o típico tratamento de gelo.

(Esmeralda): Celestita, por favor, aquilo que aconteceu, foi sem querer...

(Celestita): ...

(Esmeralda): Eu juro, foi um negócio de fusão, eu não queria fazer, eu só pensei em fazer... digo, digo, foi um pensamento rápido, uma daquelas coisas aleatórias que passa pelas nossas cabeças, mas não que tenhamos intenção de...

Celestita interrompeu puxando Esmeralda pelo braço até um canto mais reservado, onde pudessem ficar fora da vista de Jet.

(Celestita): Muito bem, vamos supor que eu aceite fazer isso APENAS para trabalhar nesse projeto. Como vamos nos fundir?

(Esmeralda): Bom... até onde sei as gems que eu já vi fazendo isso elas só se juntam e pronto, sai a fusão. Mas eram rubis, no máximo duas topázios.

(Celestita): Isso não está ajudando.

(Esmeralda): Tá bem, tá bem... vamos apenas tentar esvaziar as nossas mentes. Inspira, expira... inspira, expira... agora, relaxamos.

(Celestita): Relaxamos.

(Esmeralda): Agora... vamos sincronizar nossas mentes. Estávamos dormindo quando fizemos pela primeira vez... sonhando... agora vamos dar um jeito de sincronizar nossas mentes enquanto estamos acordadas.

(Celestita): Você fala, tipo numa dança?

(Esmeralda, sorrindo): Isso mesmo, uma dança!

(Celestita, embaraçada): Ah não, péssima ideia, eu não danço! Não sei dançar de jeito nenhum. O mais perto que faço disso é fazer alguns exercícios físicos. Mas isso é alongamento, aquecimento, não tem nada a ver com dança.

(Esmeralda): Tudo bem, sem problemas. Faça isso então. Lembre-se: é para relaxar, não ficar tensa.

Celestita, ainda meio embaraçada com tudo aquilo, resolveu fazer o que lhe foi pedido: alongou os braços, as pernas, a coluna. Enquanto isso, Esmeralda fechou os olhos e começou a fazer movimentos leves e delicados, como os de uma bailarina. Apesar de não ser magra nem esbelta como uma bailarina normal, Esmeralda também sabia fazer passos de dança belíssimos.

Celestita, por outro lado, tinha um estilo de dança totalmente diferente: era algo agressivo, vigoroso, mas altamente coordenado. Mais ou menos como uma dança de ginástica feita em grupos de academia. Quando Esmeralda deu um pequeno salto de bailarina, Celestita a agarrou no ar e a ergueu acima de sua cabeça com um movimento tão rápido que assustou a gem menor, depois a fez rodopiar enquanto descia para o chão. Apesar do susto inicial, Esmeralda não conseguiu deixar de sorrir com o que haviam acabado de fazer juntas.

Enquanto Celestita continuava com os passos de dança de malhação, Esmeralda novamente apareceu na sua frente, girando suavemente na pontinha dos pés, encarando a gem maior com uma expressão facial que misturava ternura com um quê de “duvido você repetir o que fez agora a pouco! ”. No meio de seu padrão vigoroso e agressivo, Celestita novamente tentou agarrar Esmeralda, mas dessa vez a gem menor majestosamente segurou a gigante pelo pulso e a fez deslizar para a frente, abrindo um espacate como uma verdadeira bailarina.

Enquanto Celestita estava com os olhos arregalados, sem entender o que acabou de acontecer, Esmeralda ofereceu sua mão para ajuda-la a se levantar. Quando Celestita a segurou, Esmeralda a fez rodopiar até parar de pé.

As duas novamente se encararam, como se conversassem telepaticamente. Era hora de desempatar aquilo no gran finale: voltando aos seus estilos originais, as duas voltaram a dançar uma de frente para a outra. Num dado momento, Celestita parou apoiando-se para a frente em apenas uma perna (https://st3.depositphotos.com/13194036/18159/i/1600/depositphotos_181596965-stock-photo-side-view-young-fit-woman.jpg), Esmeralda usou a coxa de Celestita como um degrau e apoiou sua outra perna sobre o ombro dela. Celestita agarrou Esmeralda pelos quadris e começou a girá-la com os braços em torno de seu corpo como se ela fosse um ioiô, fazendo as pedras de ambas brilharem intensamente. Logo depois, seus corpos começaram a brilhar até se juntarem numa única forma de luz. Turmalina Paraíba estava de volta.

(Turmalina): A gente conseguiu? Isso, a gente conseguiu!

Jet viu o brilho à distância e resolveu checar para ver se tudo estava bem.

(Jet): Ô Esmeralda, tá tudo bem aí?

(Turmalina, se esforçando para fazer voz fina): S-Sim, eu estou bem.

Turmalina começou a pegar os rebites, maçarico e placas e vigas de metal, se preparando para trabalhar. Ela começou pegando duas placas e a pistola rebitadora. Antes que Turmalina usasse a ferramenta, uma de suas mãos ficou gesticulando um “não” freneticamente e depois lhe tomou a ferramenta, largando-a na bancada. Turmalina então tentou pegar o maçarico. Novamente a mão começou a gesticular um “não” frenético, dessa vez dando um tapa na mão que segurava o maçarico, fazendo Turmalina acidentalmente se ferir com a ferramenta. Irritada, a fusão deu um murro na costa da mão rebelde, que revidou lhe dando um soco no estômago. Turmalina tentou brigar com o braço descontrolado, mas outro veio em auxílio e lhe deu uma bofetada na cara.

Turmalina começou a fazer um baita escândalo, chamando a atenção da Jet, que ouvia uns gemidos altos de dor seguidos de umas gargalhadas nervosas. A gem negra resolveu se aproximar para checar, encontrando Celestita e Esmeralda com sorrisos extremamente nervosos.

(Jet): Está tudo bem com vocês duas?

(Esmeralda): Ah sim, sim, estamos ótimas! Tá tudo sob controle!

(Jet): Tem certeza? Vocês parecem estar precisando de ajuda.

(Celestita): NÃO!!! Ehehehe, não, deixa que a gente se vira.

(Jet): Então tá...

Depois que Jet se afastou, Celestita agarrou a gem menor pela gola e saiu arrastando ela para trás de uma árvore, então rasgou as mangas do próprio traje, revelando vários ferimentos de maçarico e inclusive rebites perfurando a pele dela. Para enfatizar a gravidade da situação, Celestita começou a gritar feito uma fera agonizante.

(Celestita, nervosa): Isso não vai dar certo, Esmeralda! Eu vou acabar surtando se tivermos que continuar trabalhando desse jeito! A gente tem que pensar numa outra ideia! De preferência algo que não inclua murros, tapas, puxões de cabelo e nem você me segurando com essas suas mãozinhas! Bater, não! Puxar cabelo, não! Nem tapas, nem beliscões, entendeu Esmeralda?

A Celestita percebeu que tinha pegado pesado, então resolveu se ajoelhar ao nível da amiga, pôs as mãos no ombro dela e recomeçou a conversa, agora mais calma.

(Celestita): Tudo bem, você sabe usar ferramentas e eu sei... eu sei... bom, eu tenho força para segurá-las, isso. Agora nós temos que bolar um esquema para que eu faça o que você quer de um jeito que não pareça que a gente está junta numa fusão gigante de quatro braços que... MINHA DIAMANTE, EU SOU LOUCA, SOU LOUCA!!! EU ESTOU FAZENDO FUSÃO COM UMA GEM DA DIAMANTE ROSA, TÔ PEDINDO PARA SER ESTILHAÇADA!!!

Novamente, Jet parou o trabalho, distraída com a gritaria da Celestita, mas dessa vez resolveu não ver o que estava acontecendo, porque ela parecia estar bem mais esquisita que o normal. Ela resolveu que voltaria ao trabalho e deixaria as duas se entenderem.

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Posteriormente, as duas se fundiram na Turmalina novamente, agora dispostas a aprender a controlar sua nova forma e assim transformar aquilo numa experiência agradável, bem como fazer um bom trabalho na construção da pequena estação. As duas começaram carregando os contêineres para fora da área de trabalho. A fusão era incrivelmente forte, podendo carregar facilmente uns cinco ou seis, o problema é que a noção de equilíbrio dela não era uma das melhores, e acabou se estatelando no chão. A gem novamente se pôs de pé, tentando andar com jeito, mas parecendo uma bêbada. Quando novamente conseguiu se firmar bem sobre os dois pés, acabou andando sem perceber a árvore à frente e deu com a testa no galho.

Posteriormente, Turmalina pegou um saquinho cheio de mini-parafusos. Ela separou num canto, conforme a etiqueta. Enquanto separava os saquinhos de mini-parafusos pelas etiquetas, achou um que deveria usar naquele momento e o abriu... infelizmente ela rasgou o saquinho com tanta brutalidade que espalhou o conteúdo dele por um raio de meio quilômetro.

Turmalina então resolveu acender um forno para derreter metal. A fusão jogou alguns blocos lá dentro e esperou para que derretessem, batendo o pé impacientemente. Depois resolveu apressar um pouco o processo pegando um daqueles “sopradores” usados para atiçar fornos e começou a bombear, bombear, bombear... Impaciente, Turmalina bombeou tanto que nem percebeu que o forno estava ficando superaquecido. Resultado: o forno explodiu, arremessando pedaços de metal derretido para todo lado. Um foi arremessado bem longe e fez um barulho assustador na queda:

— CELESTITAAAAAAAAA!!!

Com a furadeira, a fusão se saiu melhor: era só segurar com firmeza e deixar que a máquina trabalhasse, isso até ela ficar sem energia. Turmalina pegou uma caixa de células de energia, e tentou tirar uma. A mão da fusão era grande demais para caber, então ela resolveu balançar a caixa. Tentou ser delicada, mas não deu certo, aí a gigante verde-azulada simplesmente partiu para a ignorância e balançou freneticamente a caixa, derrubando todas as células de energia no chão. Depois de bater no próprio rosto com a mão, como se condenasse a própria burrice, ela se abaixou e pegou do chão uma das células de energia para a furadeira.

Por fim, chegou a hora de mexer com o famigerado maçarico. Com uma destreza impressionante, Turmalina foi unindo placas e mais placas de metal umas nas outras. Em questão de tempo, a fusão começou a trabalhar com uma destreza imensa com as ferramentas que dispunha. Não era mais como se fossem duas mentes tentando controlar um único corpo, era uma gem totalmente nova.

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Horas a fio se passaram e as gems continuaram trabalhando até terminar tudo. Após 36hs de trabalho ininterrupto, a estação estava pronta. Lá elas deveriam se comunicar com suas comandantes superiores, elaborar relatórios, se comunicar com outros destacamentos espalhados pelo planeta e também armazenar arquivos e armamentos importantes. Ao final das 36 horas de trabalho, já era mais ou menos 19:00hs do dia seguinte, e as comandantes Ônix e Cornalina Laranja parabenizaram os esforços de suas subordinadas.

(Cornalina Laranja): Meus parabéns. Nós acabamos de construir uma estação de comunicação que não apenas vai fornecer suporte às nossas atividades nesta colônia como também vai servir como um porto seguro para todas nós.

(Ônix): Como vocês bem sabem, seremos encarregadas de fazer frente contra uma força de elite das rebeldes, por isso é importante que possamos ter uma base num lugar inacessível para elas, e agora que temos isso, tudo o que precisamos fazer é esperar.

(Larimar): Ei, já que só vamos esperar, que tal se a gente esperar nadando um pouco? A última que chegar é uma pérola sem dona!

Larimar saiu correndo em direção ao mar, esperando que as outras gems a seguissem, o que não aconteceu. A pequena gem azulada se virou para encarar as colegas.

(Larimar): Ô gente, vamos, por favor...

As colegas de Larimar ficaram se entreolhando, até que a Cornalina laranja falou:

— Querem saber de uma coisa? A gente bem que merece.

(Jet): Vamos todo mundo para a água!

As integrantes da Divisão de elite Sigma saíram correndo feito umas loucas em direção ao mar, quase chegando ao ponto de atropelar as que estavam ao seu lado. Quando a Ametista e a Celestita começaram a vir por trás, as outras tiveram que nadar rapidamente para os lados para não serem pisoteadas pelas brutamontes.

(Bixbita, rindo): Ei, vão pisotear sua morganita, manada de hipopótamos!

(Ametista, fingindo estar zangada): Como é que é? Vou mostrar para você quem é hipopo... hipoto... hipote... essa coisa aí que você falou!

(Larimar): Ei peraí, o que vocês estão fazendo? Deviam ter colocado seus trajes de banho antes de entrarem aqui!

(Ônix): Larimar, nossos trajes são apenas representações holográficas de nossa autoimagem. Pouca diferença faz a forma como estamos vestidas.

(Larimar): É claro que faz diferença! Com um bom traje de banho, uma gem pode facilmente mostrar sua presença, como se dissesse: “Olhem para mim, eu estou aqui! Eu sou bela, eu sou perfeita! ” É só lembrarem de quando a Esmeralda botou o traje dela.

Todas as gems começaram a rir ao se lembrar da situação, exceto Esmeralda, que ficou extremamente corada.

(Ametista): Bom, eu tenho que admitir que, lembrando agora, aquela situação foi bem engraçada mesmo. Agora que a Lari falou, fiquei imaginando como seria a Ônix de traje de banho.

(Ônix): Ah não, nem venham me meter nisso, é a pior ideia que alguém poderia dar!

(Jet): É pessoal, vamos ser francas, né? Porque quem faria sucesso mesmo de traje de banho seria a Cornalina.

(Jade, nervosa): Não, ela não faria sucesso! Eu garanto!

(Jet): Ué, e por acaso você já viu ela de traje de banho?

Só de ouvir a pergunta, Jade ficou extremamente corada quando sua mente começou a desenhar um esboço de sua comandante superior e amiga íntima usando um bíquini laranja provocante. Ela sacudiu a cabeça para os lados antes que seu subconsciente desenhasse algo mais nítido.

(Jade): É claro que não! Onde já se viu? Ela é uma das comandantes mais respeitadas na corte da Diamante Amarelo, além de ser uma das melhores diplomatas! É óbvio que ninguém vai ver ela andando para lá e para cá com trajes de banho! Todo mundo admira ela!

(Larimar): Bom, se ela usasse um traje de banho eu acho que iam admirar mais!

(Jade, corada e nervosa): Não, não iam!

(Cornalina): Sabe de uma coisa? Não é má ideia.

Cornalina nadou em direção a uma pedra que havia por perto e começou a subir nela, mas Jade previu o que ia acontecer e, sem cerimônia alguma, puxou Cornalina laranja para dentro da água novamente.

(Cornalina, aborrecida): Que coisa, Jade! Por que você fez isso?

(Jade): É sério que você ia colocar um traje de banho na frente de todas essas patetas?

(Cornalina): Mas qual é o problema? Você sabe que eu gosto de ficar bonita!

(Jade): Você já é bonita!

Ao perceber o que havia acabado de falar, Jade tapou a boca e ficou extremamente corada, o que só piorou quando todas as gems ao redor começaram a rir.

(Ametista): Ih alá, parece que alguém tagarelou mais do que devia.

(Jade, nervosa): Não, não é isso, o que eu quis dizer foi que... você não tem nada para provar para essas imbecis e...

(Ametista): Perdeu toda a pose de durona, Jade?

O resultado foi uma comédia: Jade tentava esbravejar com as gems rindo às custas dela, mas começava a ficar nervosa quando percebia que Cornalina também estava rindo. Posteriormente, os papeis se alternavam e outras gems do grupo passavam a ser o alívio cômico da galera. Sobrou para todo mundo: zoaram a postura perfeitinha da Cornalina e depois a carranca da Jade de sempre querer sair em defesa da comandante superior/melhor amiga, zoaram a delicadeza de elefante da Ametista e da Celestita, a falta de bom senso da Larimar e da Jet, fizeram piadas de baixinha com a Esmeralda, enfim, tudo o que podiam imaginar. Depois de algum tempo, Jet deu uma ideia:

(Jet): Ei gente, que tal se a gente tentasse dar uma volta inteira a nado ao redor dessa ilha?

(Ônix): Tá maluca? A gente não faz ideia do tamanho que essa ilha tem! Não podemos nos afastar demais da nossa estação.

(Larimar): Ah, qual é Ônix? Parece divertido, é só a gente não se afastar muito. Tipo, ao invés de dar a volta pela ilha toda, por que não nadamos só ao redor da praia?

(Ônix): É, a sugestão da Lari é bem melhor mesmo.

(Larimar): Oba!

(Jet): Então vamos lá! Vence quem nadar ao redor da praia primeiro!

(Larimar): Vocês não têm a menor chance! Eu praticamente fui criada embaixo d’água!

Aceitando o desafio, todas as gems começaram a nadar de forma bastante vigorosa. Esmeralda, por outro lado, começou a ter dificuldades para seguir o grupo. Ela nunca foi o tipo de gem atlética, como as guerreiras quartzo com quem ela trabalhava, mas já tinha se acostumado com isso, então resolveu simplesmente nadar de volta à praia e aguardar as amigas.

Entretanto, algo impedia Esmeralda de voltar à praia, era uma espécie de força que a empurrava constantemente de volta ao mar. A princípio, Esmeralda pensou que fosse a correnteza, mas depois...

(Esmeralda, gemendo): Ai, o que foi isso? Parece que alguém me beliscou!

Esmeralda sentiu uma pontada na coxa, como se alguém tivesse lhe beliscado ou lhe dado uma pontada, e logo depois vieram mais beliscões.

(Esmeralda, irritada): Ui, mas o que raios está acontecendo?

Esmeralda começou a bater na água com as mãos, com a intenção de espantar seja lá o que estivesse fazendo aquilo. Então ela sentiu uma coisa grande roçando perto dela, uma coisa bem grande mesmo, que fez Esmeralda engolir em seco.

Um monte de bolhas começou a sair na superfície, dando a entender que quem as estava criando era um bicho bem grande. A gem verde começou a ficar assustada ao imaginar que tipo de bicho poderia sair dali. Subitamente, Esmeralda levou um baita jato de água na cara, seguido por algumas risadas num vozeirão que ela reconheceu na hora.

— Hahahahaha, tinha que ter visto sua cara! Essa foi pela palmada!

(Esmeralda): Celestita? Você não estava com as outras?

(Celestita): É, eu estava nadando com elas até perceber que você parou de nos seguir. Aconteceu alguma coisa?

(Esmeralda): Bom... eu só não consegui manter o ritmo, só isso.

(Celestita): Entendo... já que é assim, não quer uma ajudinha para voltar à praia?

(Esmeralda): Mas isso não vai te...

(Celestita): Não, não, eu faço isso de boas. Só se segura aí nas minhas costas.

O resultado acabou sendo engraçado: de longe parecia que uma ursa enorme estava saindo da água carregando um filhote atracado nas costas dela. Ao chegarem à praia, Esmeralda desceu de cima da Celestita e agradeceu a “carona”.

(Esmeralda): Obrigada.

(Celestita, sorrindo): De nada. Quer que eu fique aqui com você?

(Esmeralda): Errr... seria legal.

(Celestita): Está certo, então eu fico.

Enquanto Esmeralda estava sentada na praia, Celestita foi até um coqueiro e deu uns murros até derrubar um coco, depois partiu o coco ao meio com uma cabeçada e ofereceu uma das metades para Esmeralda.

(Celestita, sorrindo): A Jet me disse que esse negócio aqui tem um líquido que é muito bom aí dentro e também uma substância branca que também é ótima.

Enquanto Celestita bebia o líquido da sua metade, Esmeralda apenas ficava encarando o líquido levemente esbranquiçado na “cuia” improvisada.

(Celestita): Você não gostou, Esmeralda?

(Esmeralda): Não, não é isso, é que... é estranho o jeito que você está me tratando, depois de tudo o que aconteceu. Depois que... você sabe, aquele incidente das mãos no seu... errr...

Celestita ficou mexendo no cabelo, evitando encarar Esmeralda. A gigante azulada não queria que sua amiga visse sua expressão facial de embaraço.

(Celestita): Esmeralda, eu...

(Esmeralda): Desculpa!

(Celestita): Hã?

(Esmeralda): Eu sei que vou me arrepender disso, mas tenho que te confessar uma coisa: eu me aproveitei da fusão para ficar te tocando daquele jeito porque eu tenho inveja da sua aparência! Você é tão alta, forte, imponente, enquanto que eu sou essa nanica fracote! Quando nós nos fundimos, eu senti como é ter o poder que você tem... *cochichando para si mesma* a beleza que você tem.

(Celestita): Bom, eu também tenho que te confessar uma coisa... eu fiquei brava com aquele incidente porque... porque... *glup* porque eu gostei daquilo.

(Esmeralda, surpresa): O quê?

(Celestita, embaraçada): Eu sou uma guerreira quartzo, fui feita para ser uma máquina de guerra e sempre fui tratada como tal. Aí apareceu você, e começou a me considerar como alguém... bonita, alguém gentil, amável... eu não soube como lidar com isso. Tá, eu confesso que você me deixou constrangida com o lance da palmada, mas eu também exagerei.

(Esmeralda): Não, você tinha toda razão em ficar zangada. Eu não devia ter te tocado daquele jeito, foi falta de respeito.

(Celestita): Esmeralda, a gente estava praticamente compartilhando o mesmo corpo! Tocar ou não tocar era o de menos.

(Esmeralda): Então... você me perdoa?

(Celestita): Perdoo sim.

(Esmeralda): Obrigada, Celestita.

Esmeralda então bebeu o líquido daquela fruta que Celestita tinha lhe oferecido, e também comeu a polpa branca que a recheava. Ela gostou bastante de ambos.

(Esmeralda): Ei, isso aqui é muito bom, Celestita.

(Celestita): Celeste.

(Esmeralda): O quê?

(Celestita, meio corada): Pode me chamar só de Celeste mesmo.

(Esmeralda, sorrindo): E como fica aquele papo de “Eu sou uma poderosa máquina de guerra! Nenhuma gem pode me chamar por nomezinhos melosos! ”?

(Celestita, meio corada): Não é um nomezinho meloso, é só uma abreviação do meu nome original! Além disso, você é minha oficial superior, pode me chamar como quiser.

(Esmeralda, abraçando Celestita): Eu gosto de Celeste.

As duas ficaram ali juntinhas, esperando enquanto as outras voltavam. Elas não trocaram muitas palavras depois daquilo, apenas continuaram admirando a paisagem e provando mais daquelas esferas que Celeste trazia, que tinham um recheio branco e uma água adocicada.

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Mais tarde, As gems do destacamento Sigma estavam reunidas de volta na praia, relaxando, já que não havia muita coisa mais a se fazer. Jade também estava com as outras gems, até se divertindo um pouco mas também intrigada porque Cornalina havia saído fazia um tempo e não havia retornado.

(Jade, pensando): Onde será que a Cornalina está? Ela geralmente gosta dessas confraternizações.

Jade saiu para procurar sua superior, começando pela Estação de Comunicação que todas as gems haviam ajudado a construir. Ao entrar lá, Jade viu Cornalina lhe encarando com uma expressão que misturava surpresa e temor. Também dava para ver que Cornalina estava operando o canal de comunicações, ou pelo menos havia acabado de operar.

(Jade): Cornalina? O que você está fazendo aqui?

Cornalina tinha uma expressão de desconforto, como se não quisesse falar sobre aquilo.

(Jade, séria): É uma coisa ruim, não é?

(Cornalina, séria): Eu estava fazendo uma chamada de controle para a Comandante Hessonita e ela me disse que teremos que nos teletransportar em breve para uma missão.

(Jade): Mas não faz nem três dias que chegamos aqui! E passamos mais tempo construindo a estação de comunicação do que treinando! Nós não estamos prontas para isso!

(Cornalina): Jade, a situação é difícil, eu sei, mas não há o que fazer. Nós vamos ter que embarcar nesta missão. Você sabe tão bem quanto eu que combater a rebelião se tornou uma questão de honra para a nossa Diamante, principalmente no que diz respeito à resistência humana.

(Jade, séria): Eu queria não ter desperdiçado tanto tempo em ócio com aquelas ideias toscas da Larimar. Eu sabia que devia ter passado mais tempo treinando.

Cornalina começou a rir suavemente enquanto abraçava a Jade e apertava as bochechas dela.

(Cornalina, rindo): Jade, deixe de ser tão séria! Você é uma soldado bastante competente, não são uns momentinhos de relaxamento que vão tirar suas habilidades de luta.

Cornalina soltou Jade e depois se apoiou de costas na parede, levantando o braço e pondo a costa da mão na testa, fazendo uma expressão facial clássica de donzela em apuros.

(Cornalina, fingindo estar angustiada): Estou perdida! Meu esquadrão se dispersou, e estou cercada por Crystal Gems e humanos violentos! Eu tento lutar, mas eles me cercam e me batem de todos os lados? O que devo fazer?

Depois de se fingir de donzela indefesa, Cornalina voltou ao seu estado normal.

(Cornalina): É aí que você entra, e eu sei que você vai fazer um bom trabalho. Lembra daquela humana que se enfeitava com estilhaços de gems? Lembra quando ela tentou me atacar com uma adaga?

(Jade): Lembro. Eu agarrei o pulso dela antes que desferisse o ataque.

(Cornalina): E eu estava acompanhada de um quartzo rosa, mas mesmo ela não foi rápida o suficiente para prever aquilo. Acho que nenhuma das diversas guerreiras que já me serviram tinham reflexos tão rápidos e habilidades singulares como você.

(Jade, nervosa): O-Obrigada....... Cornalina, sobre hoje, quando estávamos nadando, e eu disse que...

(Cornalina, rindo): Jade, Jade, Jade, você nunca foi boa com brincadeiras, é por isso que as outras gems gostam de pegar no seu pé. Você tem que ser menos séria e carrancuda e aprender a rir de vez em quando.

(Jade, nervosa): Então t-tudo bem v-você ter ouvido eu d-dizer que...

(Cornalina, rindo e apertando a bochecha da Jade): Jade, era só uma brincadeira tosca de gems terráqueas, e você caiu direitinho! Eu comecei a rir porque era engraçado, e é óbvio que eu não ia mudar minha forma física só para entrar naquela brincadeirinha boba, eu só queria ver até onde elas levariam aquilo.

(Jade, nervosa): A-Ah, é m-mesmo? Q-Que coisa, eu fiz papel de boba então.

(Cornalina): Tudo bem. Escuta, por que você não vai se reunir com as outras gems? Quando eu saí elas estavam contando umas histórias interessantes do passado delas, você podia fazer o mesmo também. Aproveite para relaxar, se enturmar.

(Jade): Está bem, eu vou fazer isso.

(Cornalina): Ah, só não vai comentar sobre a mensagem que recebi, eu mesma vou falar isso na hora certa.

(Jade): Tudo bem. Até logo, Cornalina.

(Cornalina): Até logo, Jade.

Jade saiu da Estação de Comunicação rapidamente, bastante nervosa e ofegante. Após se acalmar, deu uns petelecos na própria testa com o punho cerrado, se reprovando por sua falta de coragem. Era irritante o fato de que Jade tinha coragem para peitar Celestita, tinha coragem para parar uma humana louca tentando atacar Cornalina com uma adaga, tinha coragem para enfrentar uma horda de humanos ensandecidos numa cidadela abandonada, tinha coragem para tudo.

Menos para dizer à Cornalina o que ela sentia.

Jade ainda se lembrava de como elas se conheceram. Lembrava-se de quando estava treinando arduamente para ser uma guerreira, de quando aquela garnet verde a botou para lutar contra vários quartzos, incluindo a Celestita. Ela também se lembrou de como estava exausta após enfrentar 25 quartzos, e de como Celestita a estava massacrando no treinamento.

E foi aí que ela apareceu: a Cornalina Laranja.

Ela era uma oficial de alto nível. Uma mistura perfeita de líder militar e diplomata, além de ser perita em Inteligência e Contra-inteligência. Mesmo sendo uma Cornalina, uma gem que normalmente é apenas mais uma combatente, tais habilidades fizeram dela uma das oficiais mais destacadas da corte da Diamante Amarelo, bem como uma das favoritas da mesma, o que garantiu à Cornalina um destacamento próprio, composto por gems escolhidas a dedo, apenas a elite da elite.

Mesmo assim, Cornalina se importou com aquele saco de pancadas ambulante. Ela devia ter escolhido a Celestita, era o que qualquer outra gem faria, mas não. Ela preferiu se colocar à frente da brutamontes para defender a gem verde machucada.

Ela se importou com Jade, manteve a pedra dela segura quando ela perdeu sua forma física devido aos ferimentos; nomeou a Jade como sua guarda-costas pessoal; lhe confiou diversos afazeres importantes e, o mais importante, tratava ela como se fosse uma igual. Jade tratava Cornalina como uma comandante superior. Cornalina tratava a Jade como uma amiga.

Mesmo assim, Jade não conseguia se enxergar como estando numa relação de igualdade com Cornalina.

Dentro da estação, Cornalina também penava com seus dilemas pessoais. Ela transpareceu confiança, mas a verdade é que ela também estava temerosa. Ainda se lembrava da batalha de Zoar: os horríveis gritos dos humanos, os estampidos dos blasters, as gems sendo estilhaçadas na sua frente... mesmo assim, Cornalina não queria que suas novas amigas sentissem aquela apreensão que ela sentia, porque ela era uma líder, e o time só pode se manter firme enquanto a liderança estiver firme.

Sim, acontecesse o que acontecesse, Cornalina seria firme. Pela Jade, pela Ônix, por todas as suas amigas.


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Notas finais do capítulo

Mais ou menos depois do capítulo "Zoar", Esmeralda e Celestita começaram a cair nas graças dos leitores. É legal ver que eu estou com um estilo de escrita que faz com que o leitor se apegue facilmente às personagens que vão surgindo: primeiro foi o Amennekht, depois a Rubelita, o Thanos, a Pérola Negra, e agora a Celestita e Esmeralda.

Depois do capítulo em que ambas se fundem, pediram para que eu fizesse outro capítulo aprofundando a relação entre ambas. Bem, aqui está, e de quebra também dei uma pontinha com a Cornalina e a Jade. Como os leitores mais atentos devem ter notado, essas duas têm uma história juntas, que já foi narrada de forma indireta por outras personagens, e assim como Celestita e Esmeralda, essas duas também terão seus momentos de destaque.

O próximo capítulo (muito provavelmente) será focado no Amennekht e nas Crystal Gems. Como devem lembrar, o nosso Faraó governa a "Nova Mênfis", capital do seu império formado a partir dos territórios libertados da tirania das Diamantes. Agora ele tem que administrar um reino, desenvolver mais sua relação afetiva com outras personagens (principalmente a Rubelita), entre outras coisas.

Em questão de tempo, vão começar as batalhas para valer, e meus amigos leitores, vocês vão penar. Estão vendo todas essas personagens adoráveis que vocês estão amando? Pois é, vocês ainda vão sofrer um bocado por causa delas.

Bem, dito isso, até o próximo capítulo. Ele virá depois que eu atualizar novamente minha história original "Além de Rainhas e Generais", que por sinal está chegando num ponto também muito interessante. Aconselho meus leitores fantasminhas a irem lá e darem uma olhada para verem o que acham.



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