—O que fazem em casa tão cedo? – Alice perguntou analisando os dois.  

—Por que não sobe, toma um banho e deita um pouco? – Edward sugeriu com doçura. Eles não tinham falado nada durante a volta para casa.

—É uma boa ideia. – respondeu fungando e ele percebeu que ela parecia mais cansada do que estava de manhã. – Acho que estou gripando. Pode pedir um remédio a Carmen?

—É claro. – ele deu um beijo no rosto dela.

—Vai me explicar o que está acontecendo? – Alice perguntando vendo a cunhada subir as escadas.

—Onde está a mamãe e a Carmen?

—Acho que na cozinha. Está me assustando, Edward.

—Só me siga. – ele andou apressado até a cozinha.

—O que houve? – Esme perguntou preocupada vendo a expressão do filho.

—Sente-se que a história não é boa. – ele começou a contar tudo o que tinha acontecido naquela manhã, incluindo a revelação que Bella tinha feito. Carmen chorou muito quando ouviu aquilo. Ela nunca soube a razão para a menina ter tentado se matar, mas agora fazia sentido e ela sentia muita raiva de tudo aquilo.

—Por que ela nunca nos disse nada? – questionou sendo amparada por Edward.

—Ela sentia medo e vergonha. Não se culpe Carmen. E depois vou precisar da sua ajuda. Não vou deixar isso para lá e vou dar uma lição nesse monstro. Agora preciso cuidar da Bella. Será que pode preparar uma sopa para ela? Ela não está se sentindo bem.

—É claro. Acho que é melhor chamar um médico.

—Vou ver como ela está e qualquer coisa, aviso. Mas, por ora, acho que ela só precisa de um pouco de descanso mesmo. Passou por muita coisa e deve estar com algum tipo de estafa.

—Tem toda razão. Só cuide da minha menina.

—Eu sinto muito por tudo isso. – Alice comentou olhando para os próprios pés. – Não sabia que a Bella tinha sofrido tanto assim. Só achava que ela era uma garota rica mimada.

—Bem, todos nós estávamos enganados então. – saiu indo em direção ao quarto e quando chegou lá, a esposa estava enrolada na coberta.

—Contou para elas? – perguntou envergonhada.

—Sim. Mas não se preocupe. Se importa se me deitar com você?

—Só vai deitar comigo quando eu estiver triste? – perguntou olhando para a televisão

—Não quero que interprete as coisas de forma errada.

—Eu já entendi Edward. Nós somos apenas amigos e não estou querendo mais do que isso. Acha o quê? Que vou me apaixonar por você? – perguntou rindo, mas no fundo ela sabia que se aproximasse demais dele, acabaria se apaixonando por ele. Edward era bonito, gentil, educado e cuidava dela. E ele era uma pessoa muito fácil de apaixonar.

—É claro que não. – ele também riu. – Somos amigos. E amigos dormem juntos.

—O que quer dizer com dormir juntos? – perguntou querendo deixar as coisas bem claras entre eles.

—Eu posso me deitar com você, quer dizer, na mesma cama e podemos ver um filme juntos. – explicou corando. Aquilo não era uma reação normal para ele, mas Bella o deixava desconfortável e intimidado.

—Certo. – ela deu um tapinha ao lado dela na cama. – Eu escolho o filme.

—Vou só tomar um banho antes. – avisou correndo para o banheiro.

Bella ainda estava procurando um filme quando bateram a porta.

—Entra. – Carmen e Esme entraram no quarto.

—Oi querida. – Carmen ainda estava com os olhos inchados por causa do choro.

—Espero que isso seja resultado de estar cortando cebola e não por minha causa. – a censurou.

—Também. – ela riu um pouco. – Fizemos uma sopa de cebola para você. – Esme entregou a bandeja com cuidado para ela.

—Cuidado que está quente.

—Obrigada, mas não precisavam se incomodar. Deveria estar descansando Esme e você Carmen, deveria estar cuidando da sua mudança.

—Não posso deixar o meu bebê doente. – elas escutaram uma risada e Edward se aproximou da cama.

—Bella tem razão. Vocês têm outras coisas para fazer. Deixa que assumo daqui. – as duas entrelaçaram os braços e saíram rindo do quarto feito duas adolescentes.

—Quantos anos elas tem? – Bella perguntou provando da sopa. – Está uma delicia. Quer um pouco?

—Não. Comi muito no café. Que filme vamos ver? – pegou o controle e começou a procurar.

—Promete que não vai rir? – perguntou concentrada na sopa.

—Por que iria?

—Quero ver Frozen. – ele riu.

—Desculpa, mas se é isso que quer. Vamos ver Frozen. – respondeu segurando para não rir. – Sabe o que faria bem para você? – ela negou. – Viajar. Podemos ir nesse final de semana. Que tal uma praia? Está tão frio aqui que seria bom pegar um sol.

—Gostei da ideia. O que acha das Bahamas?

—Perfeito. Então nossa lua de mel será lá.

—Você não pode falar uma coisa dessas e achar que não vou ter ideias maliciosas.

—Você é impossível, mulher. – Bella esperou que ele desse o play no filme, mas ele estava olhando para a mesinha ao lado, onde tinha uma foto dela com os pais.

—O que foi? – perguntou colocando a bandeja na outra mesinha.

—Você estava feliz aqui. – respondeu pegando a foto. – Sente falta deles?

—Tenho poucas lembranças deles e elas não são muito claras. Tinha só três quando eles morreram, mas eu sinto falta do que não tive.

—Como assim? – ele entregou a foto para ela.

—Se meu pai estivesse vivo, queria que ele socasse a cara do Caius e do Marcus. Queria que ele me abraçasse e dissesse que tudo ficaria bem. E apesar de não ser tão romântica assim, quando era mais nova, sonhava que ele me levaria até o altar. – Bella enxugou uma lágrima. - Sinto falta de a minha mãe me explicar sobre as coisas de mulheres, de ela me dar conselhos sobre garotos e me ensinar a cuidar dos meus filhos. Sinto falta do que eu nunca vou ter. Me dói saber que essas coisas simples, eu nunca vou ter. Eu amava e ainda amo muito o meu avó e a Carmen, mas eles nunca foram capazes de suprirem essa falta que sinto. – Edward a abraçou.

—Calma Bella, você não está mais sozinha. Eu sei que não é a mesma coisa, mas pode contar com os meus pais.

—Ah, Edward. Você não sabe a sorte que tem. Você acha que eu sou rica, mas na verdade, você e seus irmãos que tem a maior riqueza desse mundo. Seus pais são ótimos e te amam tanto.

—Eu lamento tanto Bella. – ele deixou que ela chorasse e ficou o tempo toda dizendo que ela não estava sozinha e que ele ficaria ao lado dela.

[...]

—Esme? – Bella perguntou coçando os olhos. Ela tinha dormido a tarde toda e ao acordar, viu apenas a sogra no quarto. – Cadê o Edward?

—Ele deu uma saída, mas me deixou incumbida de cuidar de você. – ela entregou um bilhete para a nora.

Fui resolver uns assuntos, mas volto logo. Aproveite para falar sobre garotos e coisas de meninas com a mamãe.

Bjs

—Seu filho é um fofo. – Bella riu ao ler as palavras dele.

—Como está se sentindo? – perguntou colocando a mão na testa dela e vendo se ela estava com febre. – Sua temperatura parece estar normal agora. – sentou ao lado dela. – Quer conversar? – ela se perguntou se Esme tinha lido o bilhete.  

—Você quer? – perguntou abrindo espaço para ela se cobrir.

—Na verdade, quero sim. – Esme estava com uma expressão bem sapeca. – E como Alice não vai querer conversar comigo sobre isso e Rose não sabe guardar segredo do Emmett e não quero que meus filhos saibam disso. Você me parece ser a pessoa ideal para isso.

—Isso o que? – perguntou rindo, já imaginando o teor da conversa.

—Como você deve saber, passei muito tempo no hospital e já tem algum tempo que Carlisle e eu não temos momentos íntimos. – Bella corou e se segurou para não rir. Elas teriam mesmo aquela conversa? – Queria umas dicas para apimentar a relação. – pediu envergonhada. – Não sei se ele ainda tem atração por mim.

—Não diga isso Esme. Você é jovem e bonita e já percebi como o Carlisle te olha. – a cutucou. – Vocês só precisam reacender a chama. – moveu as sobrancelhas sugestivamente. – Vou tirar o dia de folga amanhã e vamos ao SPA. Faremos tratamento completo e depois iremos a algumas lojas comprar várias lingeries sexys.

—Bella! – Esme riu das sugestões dela. – Não tenho mais idade para isso.

—É claro que tem e para o amor não existe idade. Vai ficar toda produzida, sim senhora. E a noite. – continuou a contar o plano. – Vou reservar lugares para um jantar romântico em um restaurante que é simplesmente maravilhoso e para finalizar, reservas numa suíte. A noite vai ser quente. – Bella se abanou e Esme gargalhou. – Então você vai entrar no quarto e vai agarrar o seu homem e fazer tudo o que sempre sonhou. E se, falar que ele não vai gostar te expulso da minha cama. – a abraçou.

—Eu vim cuidar de você e você que está cuidando de mim. Edward não poderia ter encontrado uma pessoa melhor para passar o resto da vida. – Bella sentiu um nó na garganta.

—Deixa para lá. Estávamos onde mesmo nas dicas?

Talvez ela aproveitasse as próprias dicas para tentar algo na lua de mel. Edward merecia um agrado por estar sendo tão incrível com ela. Ela não precisava se envolver sentimentalmente falando, poderia fazer como com os outros e ser algo apenas carnal. Só restava saber se ela conseguiria manter os sentimentos de lado.

[...]

—Olha quem finalmente apareceu. - Emmett comentou estalando os dedos. – Achei que teríamos que te caçar.

—O que fazem aqui? – Caius gaguejou olhando para os dois homens. Eles estavam na garagem da empresa e Emmett tinha pedido ao pessoal do T.I para desligar as câmeras.

Depois de ter sido convidado a se retirar, pelos seguranças, Caius tinha sido chamado para pegar os seus pertences. E como tinha documentos importantes na antiga sala dele, ele tratou logo de ir buscar as suas coisas.

—Só viemos te escoltar. Não queremos que tropece e quebre o nariz. – Edward se aproximou dele e o loiro começou a tremer. – O que foi? Está com frio? Sabe que eu não estou? – tirou o casaco e o irmão fez o mesmo.

—O que pretendem fazer? – ele estava encurralado entre os dois.

—Acho que ele está com medo. – Emmett riu. – Será que ele está sentindo tanto medo quanto a Bella sentiu?

—Não sei o que ela disse, mas é mentira. – ele ergueu as mãos em sinal de paz.

—Então você não tentou abusar dela quando ela tinha 13 anos? Você não a aterrorizou todos esses anos? Você não foi o responsável por ela tentar se matar? Você não colocou essas mãos imundas nela sem permissão? E não foi você que entrou na sala dela hoje e gritou com ela e ameaçou bem na nossa frente? – a cada pergunta Edward dava um tapa na cara dele. – Responde seu merda. - gritou com ele.

—Além de ter amnésia ele e surdo. Responde o meu irmão. Agora! – Emmett gritou bem próximo ao ouvido dele.

—Sim. Fui eu, mas... – gaguejou.

—Mas nada, seu lixo. Presta bastante atenção no que vou dizer agora. Você vai sumir da vida da Bella. Não vai nem mencionar o nome dela ou pensar nela. E se ela tropeçar na rua considerarei isso como culpa sua e vou atrás de você. E já que você gosta tanto de tocar nas pessoas sem a permissão delas, farei o mesmo com você e vou desfrutar de cada momento. – deu um soco no nariz dele e Emmett aplaudiu quando ouviu o som do nariz quebrado.

—Belo soco mano. Minha vez agora? – ele estava louco para dar uma surra.

— La volontà (à vontade). Talvez em italiano ele entenda o nosso recado.

—Vamos brincar um pouco então.

Emmett o jogou sobre o capô do carro e desferiu vários socos no rosto dele. Depois o jogou para o irmão e Edward torceu o braço dele arrancando um urro de dor.

—Você quebrou o meu braço. – gritou chorando.

—Quebrei? – perguntou olhando para o homem que se debatia no chão. – E você quebrou o coração da Bella. A machucou e a humilhou. Mas sabe de uma coisa? – Caius não conseguia ouvir direito tamanha a dor que estava sentindo, então Emmett foi até ele e o levantou o fazendo olhar bem para Edward.

—Escuta isso, babaca.

—Eu tenho um bom coração e vou demonstrar misericórdia. Em troca, vai nos entregar tudo o que precisamos para colocar o seu pai na cadeia.

—Meu pai? – perguntou num fio de voz.

—Isso mesmo. Seu pai. Ele tem roubado a empresa e provavelmente você está no meio também, mas vamos pegar um de cada vez. – Edward deu um sorriso diabólico. Ele era uma pessoa muito calma e nunca tinha se envolvido em uma briga, mas o que Caius tinha feito, não o deixou escolhas a não ser acertar as coisas na base da violência.

—Na caixa. – apontou para a caixa que continha os pertences dele.

—Viu? Não foi tão difícil assim. Pode ir agora. – Emmett o empurrou em direção ao carro.

—Isso ainda não acabou. – Edward gritou o vendo entrar no carro.