Edward e Bella se entreolharam por uns instantes tentando descobrir o que Esme estava vendo. Será que realmente havia algo ali?

Esme passou o restante da noite tagarelando e fazendo perguntas a Bella e Edward se surpreendeu bastante com as respostas que ouviu. Ele descobriu que apesar da esposa odiar a faculdade, ela tinha sido uma excelente aluna no colegial e tinha se formado como a melhor da turma. Descobriu também que ela tocava piano e Esme a vez prometer que tocaria algo no Natal. E o que o deixou mais surpreso, foi saber que ela não só sabia aonde era a cozinha, como também cozinhava muito bem. A família tinha amado a macarronada preparada pelos três e o molho que Bella havia feito era maravilhoso.

—Isso está, simplesmente, sem palavras. – Jasper elogiou.

—Precisa me passar a receita depois. Tentei descobrir o que estava colocando, mas tem algum segredo que não consegui captar. – Esme pediu sorrindo para ela.

—Só vocês mesmo para conseguir que minha menina voltasse a cozinhar. – Carmen respondeu enquanto enchia o prato, pela segunda vez.

Edward mudou de ideia, a maior surpresa da noite tinha sido Bella convidar Carmen para jantar com eles. E ela não estava tratando a governanta como uma empregada, mas como uma pessoa que é parte da família.

—Não poderia negar um pedido da minha sogra. – piscou para ela fazendo Alice bufar.

—O que foi querida? – perguntou preocupada.

—Nada mãe. Só estou achando um pouco salgado.

—Eu achei perfeito. – Edward retrucou e depois lançou um olhar de desculpas à esposa, Bella apenas deu de ombros e continuou a comer.

Durante o restante do final de semana, Bella procurou passar a maior parte do tempo trancada no escritório e deixou que os Cullen aproveitassem um momento a sós em família. E apesar dos protestos e da insistência, por parte de Emmett e Rosalie, ela recusou educadamente, todos os pedidos para que ela se juntasse a eles.

—Vem passar um tempo conosco Belinha. A piscina está ótima. – pediu andando em volta da cadeira dela.

—Emmett. Primeiro pare de me chamar de Belinha, isso é nome de cachorro. Segundo, tenho muita coisa para fazer. 

—Se é trabalho, eu te ajudo. – ele já ia sentar quando Bella o expulsou do escritório.

—Obrigada, mas só eu posso resolver isso. – respondeu fechando a porta na cara dele.

Se alguém notou o comportamento estranho dela, ninguém ousou falar com ela, principalmente Edward que continuava a dormir na cama improvisada e a fugir dela. Na segunda-feira, ela desceu as escadas com um humor terrível. Apesar de estar acordando cedo para ir trabalhar, sem a ajuda do marido, ela ainda não tinha se acostumado com aquilo e achava que nunca se acostumaria.

—Já ia subir para te acordar. – Edward respondeu levantando da cadeira e a encarando.

—Tão atencioso esse meu marido. – forçou um sorriso. – Bom dia!

—Está tudo bem? – ele perguntou finalmente notando a expressão dela.

—Só um pouco de dor de cabeça. Estão prontos? – ajeitou a bolsa no braço e já ia saindo da sala quando Esme a chamou.

—Fiz para você. – entregou um papel pardo para ela. – Edward disse que você não toma café pela manhã. Então resolvi preparar algo para que possa comer mais tarde. Não faz bem ficar muito tempo sem comer. – Bella nem olhou para ver o que havia dentro. Ela estava muito surpresa com aquela atitude.

—Muito obrigada Esme. Não precisava se preocupar. – agradeceu sob os olhares atentos da sogra.

—Tem certeza que está bem? Você parece um pouco pálida. – segurou as mãos dela. – E está um pouco quente.

—É só o cansaço. Não se preocupe. – deu um beijo na bochecha dela. – Eu estou bem. - Esme balançou a cabeça não concordando com aquilo.

—Fique de olho nela. – sussurrou para o filho. – Ela não está bem. – Esme estava realmente preocupada com a nora.

—Pode deixar mãezinha. – deu um beijo nela e foi atrás da esposa que o esperava no carro.

—Por que está me olhando assim? – perguntou assim que ele entrou no carro.

—Está bem?

—Ótima. – praticamente rosnou para o lado dele e antes que ele pudesse perguntar mais alguma coisa, a família entrou no carro.

[...]

Bella, Edward, Emmett e Rosalie estavam no escritório analisando alguns projetos quando a porta foi violentamente aberta por um homem alto e loiro.

—Que merda é essa Isabella? – ele questionou se aproximando da mesa dela e ignorando os demais que estavam na sala. – O que fez com a minha sala? – perguntou batendo na mesa a assustando.

—Quem é você? – Edward se levantou e encarou o homem a sua frente.

—Não é da sua conta. – respondeu sem olhar para ele. – Anda Isabella, estou esperando uma resposta.

—Não fale assim com ela. - Edward exigiu e colocou a mão no ombro do homem o afastando da mesa. – Você não vai chegar aqui e começar a gritar com a minha esposa, não. Tenha mais respeito.

—Esposa? – ele começou a rir. – Então esse é o seu maridinho? - Perguntou a Bella e se virou para Edward. – Escuta aqui babaca. Essa empresa é minha e eu falo com ela como eu quiser.

—A empresa não é sua. – Bella se levantou e gritou com ele. – Não é sua e não é do seu pai. Essa empresa é minha. E você vai dar o fora daqui agora mesmo. Rose chame os seguranças.

—Vai começar a fazer jogo duro agora, priminha?— respondeu de forma maliciosa e Bella tremeu ao ouvir a palavra.

—Saí daqui, Caius. Não tenho mais medo de você. – Edward olhava de um para o outro sem entender o que estava realmente acontecendo.

—Tem certeza, priminha? E se eu contar a verdade para o seu maridinho? – debochou a encarando.

—Não vou repetir de novo Caius. Saia daqui e nunca mais ouse colocar os pés nessa empresa ou chegar perto de mim. – Bella sempre teve medo do primo, mas ela se sentia segura com Edward e Emmett por perto e talvez isso a estivesse motivando a finalmente enfrentá-lo. – Vou descobrir o que você e seu pai fizeram com a empresa e vocês vão para a cadeia e não me faça colocá-lo lá por outros motivos também.

—Ninguém vai acreditar em você. – Caius tentou se aproximar dela, mas Edward se colocou entre eles.

—Acho que a Bella foi muito clara. Você não é bem vindo aqui. Não sei o que você fez, mas vou descobrir e acertaremos as coisas.

—Você não me coloca medo. – cutucou o peito dele. – É só um caipira babaca que deve estar dando o golpe do baú nela. Não vou deixá-lo tomar o meu lugar. – avisou e Edward teve que se controlar para não partir para a agressão.

—Algum problema por aqui? – um segurança perguntou se aproximando.

—Tire o Sr. Volturi daqui, por favor. – Bella pediu.

—Queira nos acompanhar, Sr. Volturi. – o segurança pediu já o puxando pelo braço.

—Isso não vai ficar assim, priminha.— gritou enquanto tentava se soltar do segurança.

—O que foi isso? – Rose perguntou quando a porta foi fechada.

—Bella, você está tremendo. – Emmett observou e Edward a abraçou.

—Calma. Estou aqui. – a embalou em seus braços. – É melhor sentar. – a levou para o sofá e manteve os braços firmes em torno dela. – E é melhor nos contar tudo.

—Não tem nada para contar. – Bella estava fungando.

—Não queria me intrometer e por isso não perguntei antes, mas o que realmente o Marcus e o Caius fizeram para você? – Bella tremeu e se encolheu no sofá.

—Não quero falar sobre isso.

—Pode ser difícil reviver o que aconteceu, mas falar é libertador, Bella. Pode confiar em nós. – Rose ajoelhou em frente a ela. – Somos sua família e estaremos ao seu lado. – Bella olhou para cada um dos três ponderando se contava ou não.

—Eu tinha 13 anos...

—Oi priminha. – Caius entrou no quarto de Bella e a observou puxar a coberta para cobrir o corpo.

—O que faz aqui? – ela não gostava da forma que ele a olhava. Se sentia intimidada por Caius. Ele era 15 anos mais velho do que ela, mas agia como se eles fossem da mesma idade.

—Só vim conversar com a minha prima querida. – sentou na beira da cama a fitando. – Está virando um mulherão. – Bella se encolheu na cama. Ela estava de pijama e ele era um pouco curto.

—Não quero conversar. Sai daqui. – pediu gaguejando.

—Não finja de santinha, porque sei que você não é. – se aproximou dela e Bella pode sentir o cheiro de bebida. – Vamos brincar.

—Sai daqui Caius. – gritou, mas ele cobriu a boca dela.

—Shiu! Não queremos que ninguém nos interrompa. – ele lançou o corpo para cima do dela. – Vamos brincar um pouco. – começou a passar a mão pelo corpo dela e quando ele lhe tocou o seio, Bella o socou no nariz fazendo com que ele gemesse de dor e saísse de cima dela. – Sua vaca. – xingou com a mão no nariz, que já sangrava. – Olha o que você fez.

—Sai daqui agora. Vou contar tudo para o meu avô. – ameaçou se enrolando ainda mais na coberta em busca de proteção.

—O que está acontecendo aqui? – Marcus perguntou entrando no quarto.

—Ele tentou me agarrar. – Bella respondeu chorando.

—Ela deu em cima de mim. – Caius se defendeu. – Fica se insinuando, com essas roupinhas curtas. – cuspiu as palavras.

—Não é verdade. Eu estava aqui e ele chegou querendo me agarrar.

—Ora essa Isabella. – Marcus riu. – Acha mesmo que alguém vai acreditar em você? Se disser uma palavra para o Aro ou para outra pessoa, eu digo que foi você que pulou em cima do Caius.

—É mentira!

—Basta! – Marcus gritou a fazendo encolher. – Se abrir o bico, não é só o Caius que vai dar um trato em você. – ameaçou e depois se virou para o filho. – E você vai cuidar desse nariz. Francamente, apanhar de uma pirralha é demais. Parece que não aprendeu nada. – o puxou para fora do quarto. – E você está avisada. Abra o bico e sofrerá as consequências.

—Bella, ele abusou de você? – Edward perguntou cerrando os punhos e respirando com dificuldade.

—Ele só tentou.

—Isso para mim não é só tentar. Ele pode não ter consumado o ato, mas ele abusou de você e merece pagar por isso. – Emmett andava de um lado para o outro. – Vamos quebrar a cara dele, não se preocupe.

—Só vamos deixar isso para lá. A culpa foi minha. Não teria andar daquele jeito perto dele.

—Não diga isso Bella. Você foi uma vítima. Mesmo que tivesse andado pelada perto dele, ele nunca poderia ter encostado em você sem o seu consentimento. Ele tentou justificar o que fez, colocando a culpa em você, que é o que todos eles fazem, mas você não é culpada. Alguém mais sabe disso?

—Só vocês três. Nunca consegui contar isso para ninguém, tinha muito medo que ele ou o Marcus fizessem algo comigo.

—Não vou deixá-los chegar perto de você. – Edward prometeu. – Essa foi a única vez?

—Ele tentou de novo na noite seguinte. Estava dormindo quando senti ele me agarrando. Eu sai correndo, fiquei com tanto nojo e medo, que acabei tentando... – ela não conseguiu terminar a frase e se agarrou ao marido em busca de apoio.

—Calma. Estou aqui. Eu sinto muito Bella. – ele não conseguia imaginar pelo que ela tinha passado e ela ainda teve que enfrentar tudo sozinha e em silêncio.

—O que vamos fazer? – Emmett perguntou olhando para o irmão.

—Vou levar a Bella para casa. – ela não conseguia controlar o choro. Edward a ajudou a se levantar e olhando nos olhos dela, ele prometeu que cuidaria dela. -Pode confiar em mim.  Vou te defender e te proteger. Ninguém vai tocar em você ou te machucar novamente. Está segurança agora. – deu um beijo casto nos lábios dela. – Está segura.

—Obrigada e a vocês dois também. Obrigada por me ouvirem. Foi bom finalmente poder falar sobre isso. – agradeceu secando o rosto.

—Pode contar conosco Bella, sempre. Não precisa ter medo ou vergonha. – Emmett deu um abraço nela. – Não tem mais que se sentir sozinha, porque você não está.

—Vocês são a melhor família que eu poderia ter encontrado. – Rose sorriu em apoio e entregou a bolsa para ela.

—Vá para casa e descanse um pouco. – deu um beijo na bochecha dela. Edward aproveitou que as duas estavam conversando e puxou o irmão para um canto.

—Quero que converse com o Jasper e veja o que podemos fazer, legalmente falando.

—E ilegalmente falando? – Emmett perguntou com algumas ideias em mente.

—Não vamos deixar para lá. Esse cara merece uma lição. Ele e o pai dele.

—Estou de acordo. Agora vá lá e dê bastante carinho para a sua esposa.

—Pode deixar Emm. – foi até a esposa e colocou o braço em torno dela. – Vamos, amor?