Bella estava no escritório, que era do avô, analisando alguns documentos quando bateram à porta.

—Entra. – ela gritou sem olhar para ver quem era.

—Nunca te imaginei sentada aí. – Carmen comentou emocionada. – Seu avô ficaria muito orgulhoso. 

—Não é para tanto. – ela se lembrou do que havia conversado com Edward no restaurante, largou os papéis e olhou para a governanta. – Sente-se.Não te perguntei como está. Sei que está sendo difícil para você também. Você amava o meu avô.

—Não se preocupe com isso. – Carmen sentou de frente para ela. – O que tínhamos acabou há muito tempo, mas eu gostava muito do senhor Aro, assim como gosto muito de você, minha menina levada. – Bella abriu um sorriso e se apoiou na mesa.

—Me desculpe pela maneira que te trato. Sei que sou muito rude, mas não é a minha intenção. A considero como parte da família.

—Eu sei disso. Você é uma menina que tem um grande coração, só estava um pouco perdida nesse mundo, mas agora que conheceu o senhor Edward, está tão mudada. – Bella se mexeu desconfortavelmente na cadeira. Ela e Edward tinham tido uma noite muito agradável, mas desde então ele se mantinha afastado dela e até voltou a dormir no chão. Ela resolveu lhe dar espaço e fingir que nada tinha acontecido.

—Ele está sendo um grande amigo e a família dele tem me ajudado nos negócios.

—É mais do que isso. Você está mais feliz e mais humana, se me permite dizer.

—Como sempre, está vendo coisas onde não existe. – Bella voltou à atenção para os papéis e para o computador. – Quer dizer mais alguma coisa? Preciso terminar isso antes de Esme chegar. Quero recepcioná-la. E por falar nisso, já preparou o quarto?

—É claro. Não se preocupe com nada. Sua sogra terá as melhores acomodações.

—Ótimo. – Bella murmurou e Carmen estendeu a mão para segurar a dela.

—Eu te amo tanto e estou muito feliz que tenha encontrado pessoas boas para cuidarem de você.

—Está morrendo? – perguntou alarmada.

—Não. – secou uma lágrima. – Mas estou indo embora.

—Como é? Por quê? – ela não poderia acreditar naquilo. – É claro, só faltava você me abandonar para a desgraça ficar completa.

—Não fique assim Isabella. Não estou te abandonando.

—Então por que está indo embora? – choramingou.

—Katrina precisa da minha ajuda. Ela está grávida.

—E daí? Ela pode muito bem se virar sozinha. – retrucou com raiva.

—A gravidez dela é de risco. Ela não é mais nenhuma menininha. – pelo que Bella lembrava, Katrina já estava na casa dos 40.

—Ela que arrume uma enfermeira para cuidar dela.

—Menina. – a repreendeu segurando o riso. Toda vez que Bella era contrariada, ela fazia birra e dava chilique. – Ela precisa de mim.

—E eu Carmen? Vai me deixar aqui sozinha?

—Você não está sozinha. Tem o seu marido e a família dele.

—Carmen, você sabe muito bem que esse casamento é uma farsa. – ela falou baixo para não correr o risco de alguém ouvir. – Logo eles vão embora e eu vou ficar sozinha.

—Eu não iria embora sem ter a certeza que você vai ficar bem.

—Como pode ter certeza disso? – retrucou se inclinando na cadeira.

—Digamos que tenho um sexto sentido e ele está me dizendo que tudo vai ficar bem. E faremos o seguinte. – se levantou e parou ao lado dela. – Se acontecer algo, eu pego o primeiro vôo e venho para casa.

—O Alasca é muito longe. Quando você chegar, pode ser muito tarde. – avisou fazendo drama.

—Não se atreva a fazer uma coisa dessas de novo. – Bella já havia tentado suicídio uma vez, aos 13 anos. – Eu não suportaria te perder. – lágrimas começaram a rolar por sua face.

—Desculpa Carmen. Falei sem pensar. Eu vou ficar bem. Vá ficar com a Katrina e com os seus 10 netos.

—Com esse serão 5. – deu um beijo no rosto dela e Bella levantou e a abraçou.

—Vou sentir a sua falta Carmen. Eu te amo.

—Também te amo, minha menina levada. E estarei sempre com você. Bem aqui. – apontou para o coração dela.

—Pode chamar a Rose para mim? – se afastou dela secando o rosto.

—É claro. – saiu com uma reverência a fazendo rir.

—Chamou? – Rose apareceu no escritório e Bella pediu para que ela fechasse a porta.

—Sim. A Carmen está se mudando para o Alasca. – tremeu ao falar o local, ela odiava aquele lugar. – Quero que veja com ela sobre a substituta dela e a ajude com os preparativos da mudança e também. – escreveu algo num papel e entregou para Rosalie. – Certifique-se que esse valor seja depositado na conta da Carmen.

—Esse é valor da aposentadoria dela? – perguntou abismada com o valor.

—Claro que não. –respondeu como se aquilo fosse a coisa mais absurda que ela já tinha ouvido. - Isso é só uma mesada que tem que ser depositado todo mês. – o queixo de Rose quase foi ao chão.

—Todo mês? – perguntou gaguejando.

—Sim. Acha que é pouco? Pensando bem, está certa. Ela precisa de mais. Ela já está velha e o Alasca, é o Alasca, ela vai precisar de dinheiro para os remédios e para comprar presentes para os 20 netos dela. – Bella pegou outro pedaço de papel e rabiscou outro valor. – Pronto. Acho que é o suficiente. Me avise quando a Esme chegar. – a dispensou com um aceno e Rosalie saiu aos tropeços do escritório. Talvez aquele fosse o momento certo para perguntar qual seria o salário dela. Não que ela fosse interesseira, mas Bella era generosa demais quando o assunto era dinheiro e era melhor está preparada.

[...]

—Que casa enorme. – Esme comentou olhando em volta.

—Seja bem vinda. – Bella a cumprimentou e os demais deram espaço para que ela se aproximasse.

—Vem cá querida. – Esme a abraçou e Bella sentiu algo que não sentia desde os 3 anos. – Nem sei como agradecê-la por tudo que tem feito por nós.

—Não precisa agradecer. E me desculpe por não ter ido visitá-la, mas as coisas estão uma loucura.

—Eu entendo. – acariciou o rosto dela. – Sinto tanto pelo seu avô, mas saiba que não está sozinha.

—Obrigada.

—Você parece tão cansada. – ela se virou para Edward. – Não está cuidando da sua esposa não?

—Estamos trabalhando muito. – respondeu se desculpando e Emmett começou a rir.

—Mãe, não seja indiscreta. Eles são recém-casados, não estão dormindo direito. – piscou os fazendo corar.

—Emmett, não seja você o indiscreto. – Rose entrelaçou o braço no do marido. – Bem que bom que está em casa Esme.

—Senta-se a vontade. – Bella sorriu para ela. – Se precisar de algo, não hesite em falar.

—Eu gostaria de fazer algo, se não for muito incomodo. – pediu um pouco envergonhada. Bella já estava fazendo tanto por eles, que Esme não queria incomodá-la.

—Pode falar. Não é incomodo algum.

—Gostaria de cozinhar. – pediu abrindo um largo sorrido. Ela sentia muita falta disso.

—Só isso? Pode ficar a vontade. Vou pedir a Carmen para te mostrar tudo.

—Quer ajuda, mãe? – Alice perguntou ansiosa para passar um tempo com a mãe, num local que não fosse o hospital.

—Você gostaria de me ajudar, Bella? - Alice piscou várias vezes. Cozinhar era algo que ela e a mãe faziam desde que ela era criança e agora ela estava sendo trocada pela cunhada. Ela tinha prometido que seria mais educada com Bella, então respirou fundo e decidiu ignorar. Já Edward sufocou uma risada.  – O que foi? – Esme perguntou sem entender a reação dele.

—Nada mãe. Só acho que a Bella não vai querer te ajudar. Culinária não é muito o forte dela.

—É aí que se engana querido. – ela cruzou os braços se segurando para não soltar um palavrão ou algum insulto. – Eu amoooo cozinhar.

—Perfeito. Por que nós três não cozinhamos então? – perguntou se virando para o filho.

—Tudo bem. Que dia? – Edward ainda estava em dúvida se a esposa sabia ao menos, onde era a conzinha.

—Agora. Só vou tomar um banho e podemos começar. – Esme estava muito animada. – O que acham de macarronada italiana?

—Perfeito. Vou preparar as coisas. – Bella se retirou em direção à cozinha.

—Sabe mesmo cozinhar? – Edward perguntou a assustando e quase a fazendo derrubar uma panela.

—Droga Edward. Não me assuste. – se esticou para pegar a máquina de macarrão que estava na parte de cima do armário e mãos fortes a cercaram a fazendo ficar arrepiada.

—Deixa que eu pego. – como ela estava no caminho, ele teve que ficar bem próximo a ela. E aquela proximidade toda o fazia se lembrar do motivo dele estar a evitando. – Aqui está. – se afastou depois de colocar a máquina na bancada.

—Obrigada. – agradeceu olhando para o chão. – Quase não tenho te visto essa semana.

—Estive visitando algumas obras. – respondeu escolhendo com bastante atenção alguns tomates. – Vamos precisar de quantos?

—Não sei. – deu de ombros. – E como estão as obras?

—As que visitem estão em fase de conclusão, mas vi que algumas ainda nem saíram do papel e ficaremos atrasados com o prazo de entrega.

—Dê uma atenção para essas então e quero saber o motivo de não terem iniciado as obras.

—O antigo engenheiro chefe fez uma confusão danada, mas vou tentar corrigir algumas os problemas. E vou me encontrar com ele na próxima semana para discutir algumas coisas.

—Eu sei que dá conta. – os dois se olharam. – Tenha cuidado com o Caius. – alertou.

—Seu primo? – perguntou esperando que ela finalmente falasse mais sobre a família.

—Qual queijo sua mãe prefere usar? – abriu a geladeira e tirou várias opções de lá.

—Sua casa é maravilhosa, Bella. – Esme entrou na cozinha. Ela ainda estava um pouco fraca, mas se sentia bem disposta e animada para fazer o que amava.

—Obrigada. Não quer descansar um pouco?

—Não. – balançou a mão. – Já fiquei deitada por tempo demais e terei dois subchefes para me auxiliar. Filho me ajuda com a massa?

—É claro chefe. – respondeu a fazendo rir. Edward sentia falta da risada da mãe. No tempo que ela passou no hospital, ele não a tinha visto rir com vontade, como ela estava fazendo agora. Ele foi até Bella e deu um beijo na bochecha dela. – Obrigado! – sussurrou no ouvido dela a fazendo corar e Esme sorrir ainda mais.

— Bella pode cuidar do molho? Sua família deve ter algum molho especial.

—E tem mesmo. Vou fazer o famoso molho da vovó Bianca. – suspirou lembrando-se de quando o avô tinha ensinado a receita para ela.

— Sabe? Vocês formam um lindo casal. Mal posso esperar pelos bebês. – Edward começou a tossir.

—Está muito cedo ainda, mãe.

—É verdade. Tem que aproveitar a vida de casados, mas não esperem muito. – aconselhou olhando para os dois. – Um lindo casal mesmo. Foram feitos um para o outro, posso sentir.

Edward e Bella se entreolharam por uns instantes tentando descobrir o que Esme estava vendo. Será que realmente havia algo ali?