Chegamos em La Push em pouco tempo, afinal apesar do seu senso de proteção o Jack não suportava andar devagar. Na casa dele não havia mais ninguém, mas como prometido ao meu pai sobre a mesa estava um delicioso lanche repleto de coisas comíveis (eu digo comíveis pois nem tudo que é comestível é comível ) esperando por nós.

 

-Você não vai me deixar escapar dessa né Jack?- Não era uma pergunta, mas soou como uma.

 

-Você sabe que não, primeiro eu prometi ao seu pai e outra eu adoro quando você come comigo. – Que sorrisinho mais cínico em???

 

-Assim você me convence fácil fácil...

 

-Então a minha carinha de lobo sem dono te convenceu?

 

-Lobo sem dono??? – Eu queria descontrair, pois já estávamos muito perto um do outro e eu estava começando a ficar tensa.

 

-Bom, apesar de eu ser um lobo com dona, a minha carinha foi de lobo sem dona. – Dessa vez a distancia entre nós, que já era pouca acabou de vez num abraço bem apertado.

 

-Não me referi ao sem dona, mas o ditado não era cão sem dono?

 

-Até você, antes você não me chamava de cão.

 

-Jack eu não estou te chamando de cão, apenas disse que o ditado fala de cão e não de lobo, seu bobo. – eu tentei me defender, ele já sabia que eu jamais o chamaria de cão, mas como eu estava ainda presa nos seus braços, ele podia fazer a cena que quisesse.

 

-Tá bom... agora além de cão sou bobo – De repente ele me soltou  e cruzou os braços fingindo estar bravo.

 

-Jack... – coloquei a minha mão no seu rosto e passei a imagem dele todo nervosinho, e depois ele calminho sorrindo. – Não é isso que eu estou dizendo e você sabe. Agora pare de cena e vamos para a tortura.

 

-Nesse, comer não é tortura.

 

-Pra você, eu prefiro caçar.

 

Depois disso comemos, ou melhor ele comeu e eu tentei enrolar, então lavamos a louça, quando ele estava terminando de guardar os talheres é que voltamos conversar novamente.

 

-E ai Jack, que tal darmos uma volta na praia. Eu sinto falta da areia sob os meus pés.

 

-Claro minha pequena, mas então é melhor você tirar as botas – disse ele rindo de mim.

 

-É claro que eu não pretendia andar na praia de botas de salto fino, se eu quero sentir a areia sob os meus pés tem que ser descalça né???

 

-Tá bom, agora você me fez parecer um idiota.

 

-Não fique brabinho, idiota não apenas distraído. – rimos da minha tentativa de piada.

 

Saímos da casa dele em direção a praia, o dia estava lindo, e mais lindo ainda o meu Jack andando de mãos dadas comigo pela orla. Depois de um tempo andando em silencio eu sentia que precisava falar algo que me incomodava, apontei uma rocha na beira do mar para que sentássemos.

 

-Sabe Jack, eu queria conversar melhor sobre ontem...eu...

 

-Nesse, não precisa dizer nada agora, você ainda não está preparada para ficarmos juntos então vamos esperar.

 

-E é isso que eu tenho que te explicar. Jack olha nos meus olhos – Toquei de leve o seu rosto levantando em minha direção – Apenas ontem eu descobri que o que eu sinto por ti  é amor, um amor diferente do que eu pensava sentir, e ao mesmo tempo percebi que meu corpo reage a isso.

 

-Nesse eu sei meu anjo e nós...

 

-Não Jack, deixa eu falar. Percebi que quando nos beijamos algo em mim responde violentamente, e eu ainda não sei se é possível controlar as sensações. A energia que emana do meu corpo ao teu é algo inexplicável, é mais que magia. É tudo pra mim. –Claro que eu falava em desejo, mas não me sentia tão a vontade em falar nestes termos. – O que eu ainda não descobri é como vou reagir daqui em diante. Jacob Black eu te amo, não...

 

-Eu não vou desistir de você Nesse, eu já te disse que se for preciso eu espero 100 anos até você ter certeza que me quer.

 

-Essa certeza eu já tenho, o que me falta é a certeza de como meu corpo vai reagir a essa proximidade. – Agora ele começou entender o que eu falava.

 

-Você está com medo do que exatamente? – Ele estava cauteloso, escolhendo as palavras.

 

-Jack eu não tenho medo, apenas desconheço meus limites. Só de tocar assim – passe minha mão no seu braço que estava a mostra – Eu já começo a me sentir estranha, não sei até que ponto posso me deixar ir... – corei violentamente com o risinho safado que ele me deu.

 

-Eu sei bem o que está sentindo...acredite eu sinto o mesmo, e a mais tempo.

 

-Porque você nunca me contou nada disso?

 

-Porque eu não queria que você ficasse comigo por uma coisa boba de lobo, e porque você ainda é bem novinha....

 

-Eu sei que só tenho 10 anos, mas já cheguei a maturidade há 3 anos. Então não sou tão novinha assim. Mas eu entendo, acho que foi melhor eu entender os meus sentimento sem me preocupar em perder o meu amigo.

 

-Nesse, independente que rumo iremos tomar, eu sempre vou ser seu melhor amigo, você não precisa ter vergonha de me contas as coisas, assim como antes você não tinha. Espero que mesmo eu tendo escondido o impriniting de você,  você não deixe de confiar em mim.

 

-Nunca vou deixar, afinal o que seria de mim sem você meu lobo bobo.

 

-Nesse eu te amo, você sempre será a minha pequena...

 

-Isso porque qualquer um, ou quase qualquer um, perto de você é pequeno.

 

-Não é por isso, é porque eu sempre te amei, de diversas formas, mas sempre te amei desde que era bem pequena.

 

-Jack, e se .. – Ta eu tinha que tomar coragem para dizer o que estava preso na minha garganta. – se eu te dissesse que apesar de tudo queria apenas a tua amizade, que eu achava melhor que não tivéssemos nenhum envolvimento amoroso? – de repente vi o choque nos olhos dele, um misto de medo, dor, surpresa.

 

-Eu iria dizer que se você pensa assim, eu teria que continuar como apenas seu melhor amigo – ele controlava a própria voz, mas eu já sabia que ele estava escondendo seus sentimentos.

 

-Você procuraria outra garota, para ser... você sabe, sua namorada – agora quem tinha medo era eu.

 

-Nunca Nesse, não apenas pelo impriniting, mas pra mim não existe outra mulher no mundo. E se pra ficar ao seu lado eu tenha que ser apenas o seu amigo assim vai ser.

 

-Você não ficaria com mais ninguém? Não quero parecer egoísta, mas seja sincero.

 

-Eu estou sendo sincero meu anjo, se o que você precisa é apenas a minha amizade é o que você terá, mas isso não significa que eu terei outra mulher na minha vida. – Ele disse isso com um grande pesar, doeu em mim.

 

-Jack...olha pra mim – pedi me aproximando mais ainda dele, a certeza nas suas palavras foram suficientes para acabar com qualr dúvida que pudesse existir dentro de mim, , e o envolvendo nos meus braços. Falei baixinho, pausadamente ao pé do ouvido. – Eu ainda não estou pronta, mas não é só a sua amizade que eu almejo.

 

Mais que depressa seu semblante mudou, novas emoções passaram pela sua face até atingir a verdadeira felicidade, como posso não amar um homem assim, que desiste de sua própria vida por minha causa.

 

-É sério Nesse, você não precisa... – agora ele denotava dúvidas, e duvidas em relação ao meu sentimento, no começo me senti magoada, como ele podia colocar em dúvidas o meu amor, mas depois entendi, ele tinha medo de que eu fizesse isso apenas por ele. – Você não tem obrigação nenhuma em relação a isso...

 

-Shiiiii. Não é obrigação Jack, é amor o que sinto por você. Nunca duvide disso.

 

-Minha pequena, você não tem idéia de como me faz feliz... – Agora era ele quem me puxava para um abraço apertado, mas cheio de carinho e significado. – Por você eu faria qualquer coisa meu anjo.

 

-Qualquer coisa???? – Foi ai que surgiu a duvida em mim, mas não em relação ao amor, em relação ao ‘qualquer coisa’ – Vamos caçar comigo????

 

Ele definitivamente detestava me ver caçar, fazia com que eu parecesse um vampiro para ele, mas sempre ele me acompanhava, não gostava de me deixar sozinha por muito tempo.

 

-Eu sempre vou não é??? Mas acho melhor você ir para a casa agora, já está escurecendo e seu pai enfatizou o ’cedo’ hoje.

 

-Tudo bem, o que eu queria era que você ficasse mais tempo comigo, sinto sua falta quando está longe.

 

-Eu também...eu também... – eu sabia que as palavras dele eram verdadeiras, mas as minhas também eram.

 

Saímos da praia e fomos a pé até o chalé dos meus pais, chegando lá estavam apenas meu pai e minha mãe a minha espera.

 

-Missão cumprida Edward, cedo e alimentada de comida humana. – dei um sorrisinho pro meu pai, ele sabia o quanto eu detestava comida e pedir pro Jack me fazer comer era jogo sujo.

 

-Não vejo por esse lado Nesse, penso que é uma forma mais fácil de convencê-la.

 

-Então filha como foi o passeio? – Minha mãe adorava mudar de assunto, ainda mais quando o assunto era o meu pai lendo a mente dos outros para conversar em ‘’particular’’.

 

-Foi ótimo... – dei uma olhadinha bem séria para o meu pai – tirando a parte da comida, foi bom.

 

-Bom Jack a Esme trouxe uma lasanha de frango ao molho branco, e como a Nesse já comeu hoje vai ser meio difícil a fazer comer novamente o que você acha de evitar o desperdício? – ‘Obrigada pai’, pensei. Meu pai convidava o Jack para jantar, mas eu sabia que era para ele ficar mais um pouco comigo.

 

 -Claro, mas só se a Nesse comer também. – que carinha mais cínica desse lobo.

 

-Eu já disse o quanto eu te admiro Jack. – Meu pai com certeza estava tramando alguma coisa com o Jack – Não estamos tramando nada não mocinha, estou apenas admirado com o Jack, ele está cada dia mais interessado no seu bem estar, se isso fosse possível.

 

Nós quatro rimos da situação, claro que se era para passar mais tempo com o Jack eu até comeria, mas ele impor essa condição só se for para ganhar a confiança do meu pai. Era um jogo muito sujo o desses dois. Meu pai rosnou para os meus pensamentos, e nós rimos novamente.

 

Jack ficou mais algumas horas comigo, jantamos assistimos um filme, conversamos com os meus pais. Nem vimos a hora passar, mas já estava tarde e o sono me ganhava.

 

-Nesse ta na hora de você ir dormir, amanhã eu venho bem cedo para ir para a escola contigo ta bom meu anjo? – Eu não tinha a menor capacidade de discutir àquela hora, mesmo se eu fosse capaz de discutir com o Jack me pedindo aquelas coisas carinhosamente ao pé do ouvido.

 

-Então tenha uma boa noite. – dei um beijinho no seu rosto, mas na hora a vontade de beijar na boca quase falou mais alto. Sai em direção ao meu quarto pronta para tomar um banho e me deitar, quando mãos quente me seguraram num abraço todo carinhoso e o Jack começou a falar no meu ouvido.

 

-É claro que terei uma ótima noite, afinal depois de um dia desses só poderia sonhar contigo e isso é a melhor coisa para uma noite de sono. – O jeito que ele colocou as palavras e voz dele sussurrando ao meu ouvido fez com que todo o meu corpo tremesse numa expectativa de algo desconhecido. Então ele beijou meu cabelo levemente e saiu- Até amanhã minha pequena.

 

Não sei se pelos meus pensamentos ou pelos do Jack mas meu pai rosnou e dessa vez não foi de brincadeira, eu não me importei, eu estava feliz, e amanhã seria outro dia....