E Agora?

 

A conversa entre o meu pai e o Jake levou mais de uma hora, não sei de onde eles tiraram tanto assunto. No fim ele voltaram juntos para o quarto dos meus pais onde eu estava deitada no colo da minha mãe, meu pai se sentou ao lado dela e acariciou os meus cabelos.

 

-Está bem Nessie? – Meu pai me perguntou, sem parar com o carinho.

 

-Estou um pouco cansada só isso, acho melhor ir dormir. – Eu precisava descansar e pensar um pouco, minha vida sempre foi num rítimo acelerado, mas dessa vez até eu me surpreendi com os acontecimentos. Me levantei normalmente, dei um beijinho no rosto do meu pai e da minha mãe, murmurei um boa noite e sai em direção ao meu quarto, precisava urgentemente de um banho e cair na cama, depois pensaria com calma no que fazer.

 

Tomei meu banho demoradamente, me vesti e na porta do banheiro dei de frente com o Jake, na sua face uma expressão preocupada, o que já era de se esperar. Abracei o seu pescoço e depositei inúmeros selinhos em seus lábios. Ele me levou até a cama, na qual apenas nos sentamos, eu entendi perfeitamente que a conversa com meus pais iria esperar até o dia seguinte, mas a nossa conversa seria hoje mesmo.

 

 

-Amor, precisamos conversar. – Isso eu já tinha percebido, melhor ficar quietinha Nessie... eu disse pra mim mesma. – Esse bebe que está aqui dentro. – Ele fez uma pausa e colocou a mão sobre o meu ventre. – Ele já está aqui também. – Disse colocando a mão sobre o próprio coração. – Eu não te disse nada antes sobre as minhas suspeitas pois queria te dar o prazer de se descobrir, mas desde que estávamos lá na ilha percebi o que estava acontecendo contigo meu amor. Eu tenho que confessar que estou meio inseguro com essa sua gravidez.

 

-Eu te entendo Jake, também estou temerosa, sempre vivi de forma acelerada. Cheguei a maturidade com sete anos, mas não esperava engravidar tão cedo. – Eu estava realmente com muito medo de tudo o que viria pela frente, duas lágrimas rolaram pela minha face. Delicadamente ele as secou com suaves beijos.

 

 

-Meu anjo, eu tenho plena certeza que vai ficar tudo bem, independendo que você decidir fazer. – Como assim eu decidir fazer, o que eu poderia escolher? O que ele estava insinuando? Olhei seriamente para aquele projeto de defunto na minha frente.

 

-O que você quer dizer com isso Jake? – Falei pausadamente tentando manter a calma.

 

-Durante a conversa com seu pai, surgiram várias possibilidades, e só cabe a você decidir a qual vai escolher. – Ele estava sugerindo que eu interrompesse a minha gravidez???

 

-Quais possibilidades? – Encarei novamente.

 

-Nessie, é muito perigoso para você manter esse bebe, você é meia humana lembra?

 

-Minha mãe era inteiramente humana, e aqui estou eu, bem como ela está no quarto ao lado, então não me venha com esse papinho de que é perigoso. – Tá certo dessa vez eu srtei legal, mas ele não podia propor uma coisa dessas. -  E para quem acabou de dizer que assim como ele esta aqui dentro de mim. – Eu disse refazendo o seu gesto e colocando a mão no meu ventre. – Ele está dentro de você. – Coloquei a mão sobre o seu coração. – É totalmente hipócrita de sua parte sugerir isso não acha? Estamos falando do nosso filho Jake, não de um ser qualquer. Se você não quiser assumir as responsabilidades de um pai, por mim tudo bem. Eu estou disposta a ser o que o MEU filho precisa que eu seja.

 

Um dor enorme invadiu o meu peito, como quem diz amar uma criança, mesmo quando ele ainda está dentro de mim, propõe uma atrocidade dessas? Só podia supor que ele não a ama que me disse isso apenas para me agradar. Lágrimas rolaram ferozmente de meus olhos, a dor aumentava com tanta força, que eu não me segurei e cai na cama, queria gritar espernear, o mandar sumir da minha vida, mas no fundo eu não queria isso. Apesar de não poder escolher entre ele e meu filho, pois com a máxima certeza seria o bebe a ganhar, eu precisava dele ali do meu lado.

 

A única coisa que eu não poderia fazer era impedir a sua partida, não eu não me humilharia assim. Eu sei que no fundo eu tenho amor próprio e se for da vontade dele me abandonar e me deixar com o meu filho assim seria, pelo menos da minha família eu teria apoio, eu acho...

 

-Nessie, meu amor...como pode falar essas coisas. – Eu ainda não havia percebido que ele também chorava e estava deitado ao meu lado, meio desconfortável, pois tentava me olhar nos olhos. – Eu amo o NOSSO filho, desde que era apenas uma suspeita. Por vontade própria eu jamais te pediria para fazer isso, nem te aconselharia. Levando em consideração as circunstancias e depois da conversa com o seu pai, essa seria uma possibilidade. Eu disse que caberia a você escolher, pois é dentro de você que ele está, ao menos fisicamente.

 

-Jake, eu não sei o que fazer...muitas coisas se passaram pela minha cabeça durante essa sua conversa com o meu pai, a única que jamais se passou foi a de tirar esse bebe, ele já é a coisa mais importante da minha vida. – Eu consegui dizer, já mais calma e sem chorar.

 

-Me perdoe Nessie, eu não quis insinuar que eu desejo que você faça isso, alias eu... não quero que você faça isso, a não ser que não tenhamos outras opções. –Ele disse pesaroso. – Eu quero esse bebe Nessie, mais do que você possa imaginar, mas eu nunca irei contra uma decisão sua. –Ele afastou uma mecha de cabelo do meu rosto e me beijou, sua mão sobre o meu ventre acariciando levemente, como se a pressão de seus dedos pudesse me machucar ou ao bebe. Eu prontamente retribui ao beijo, com toda a vontade.

 

-Desculpe, eu acho que interpretei mal o que me disse. Eu estou nervosa Jake, mas não por pensar no perigo que ele pode representar a mim, mas em como ele será, eu sou meia vampira e você um transmorfo, o que vai sair dessa mistura? E o meu maior medo é o que os Volturi vão pensar quando descobrirem...

 

-SE descobrirem meu anjo, não vamos permitir que nada aconteça a você nem ao nosso bebe, fique tranqüila. Até porque o seu nervosismo pode prejudicar o bebe, então fique calma, que tudo irá se resolver, agora descanse. – Ele disse meio que levantando. Instantaneamente eu o impedi. – Calma eu não vou a lugar nenhum, só quero nos arrumar na cama. – Sorri aliviada, não queria ficar longe dele nem por um minuto.

 

Dormi um sono sem sonhos, ma me sentia segura nos braços do Jake, eu o amava e ele me amava assim como amava nosso filho, nada mais importava, pelo menos por enquanto. Acordei com um lindo homem sentado ao meu lado na cama com uma bandeja de café no colo, e um lindo sorriso nos lábios. Ato que fez nascer do meus lábios um outro sorriso.

 

-Bom dia meu amor. – Ele disse depositando um beijo em meus lábios logo em seguida.

 

-Bom dia. – Respondi meio sonolenta ainda. – Cuidado que eu posso me acostumar sendo acordada assim todo dia. – Acabei rindo de minhas palavras, na verdade depois de derramar todas aquelas lágrimas ontem acabei ficando mais leve, me sentindo mais leve na verdade.

 

-Pode se acostumar, você merece isso e muito mais. – Olhei para o meu esposo que estava vestido para ir na oficina, e novamente me veio a angustia de ficar só, não sei o que seria de mim se ele me abandonasse. – Meu amor eu vou ter que ir para a oficina, preciso terminar urgente um serviço, será que você não quer ir comigo?. – Ele falava calmamente, como se tudo que está acontecendo conosco fosse normal, isso me deixou muito mais feliz. Então continuou. - Mais tarde Carlisle vai te examinar e eu quero estar junto. Mas se você quiser ficar em casa eu volto antes da sua consulta.

 

Pensei por um momento e resolvi ficar, precisava me organizar emocionalmente e conversar um pouco com a minha mãe. E como ele disse que vai voltar antes da minha consulta então não tinha porque eu ficar atrás dele.

 

-Eu vou ficar, quero dormir mais um pouco e conversar com a minha mãe, mas quero muito que você volte antes da minha consulta com o vovô. – Eu disse beijando levemente seus lábios, é tão bom beijar ele.

 

-Está certo, qualquer coisa me liga tá bom. Te amo. – Ele disse antes de sair.

 

Como o sono havia passado eu resolvi levantar, me vesti casualmente e fui ao jardim para pensar um pouco, logo minha mãe chegou silenciosamente se sentando na grama, ao meu lado.

 

-Bom dia princesa. – Ela quebrou o silencio.

 

-Bom dia mãe...- Deixei que o silencio falasse por mim, e assim foi, ela me abraçou e deixou o silencio falar por nós duas, até quebrar novamente o silencio.

 

-Eu também tive medo, mas assim como você tinha a certeza que valeria a pena me arriscar. – Seus olhos me disseram que se fosse possível ela estaria chorando, mas de felicidade.

 

-Eu já o amo, como isso é possível?

 

-Não sei, mas senti o mesmo quando você estava aqui dentro. Sabe Nessie, escutei a sua discussão com o Jake ontem, não fique triste, ele quer tanto esse bebe como você, mas também tem medo. Seu pai, quando eu estava esperando você, quase enlouqueceu, ele tinha medo por mim, mas também te amava. Esse sentimento o corroia por dentro, e mesmo não querendo demonstrar, ele sofreu muito, mas no fim percebeu que valeu a pena cada momento de tortura.

 

-O papai não está nada feliz com a minha gravidez, não é? – Afinal eu ainda não o tinha visto.

 

-Ele acha, assim como eu também, que foi muito cedo. Mas ele está radiante com a possibilidade de ser avô. Você acredita que ele passou a noite inteira falando em como vai ser o bebe, levando em consideração que você é meia vampira e o Jake um lobo, quase mandei ele para bem longe, no mínimo, não agüentava mais o falatório dele. – Ela terminou de falar um sorriso nos lábios.

 

-Serio? Pensei que ele estivesse chateado.

 

-Assim como todos ele está com medo de como vai ser a gravidez, e a questão dos volturi também, mas ele não consegue esconder a felicidade de ser avô. – As palavras da minha mãe me reconfortaram, era isso que eu precisava para seguir adiante, não que eu tivesse pensado em tirar a vida do meu bebe, mas a angustia de saber que isso poderia estar fazendo a minha família sofrer era demasiadamente grande.

 

-Você também vai ser avó. –Eu disse rindo.

 

-Você sabe que eu sou muito nova pra isso, não sabe? – Agora ela falava como se tivesse sendo ofendida.

 

-Será??? – Perguntei já rindo, é claro que para os padrões normais ela era extremamente jovem para ser avó, mas considerando tudo ... tá ela era realmente jovem demais para ser avó, mesmo sendo um vampira.

 

-Ola meus amores... – Meu pai chegou enquanto ainda dávamos risada, ele não riu da minha mãe, mas poderia apostar que achou graça mesmo assim. – Como está minha pequena?

 

-Muito bem. – Respondi sorrindo para jovem vampiro de mais de 120 anos que se sentava na minha frente.

 

-E o bebe? Não está sentindo nada de diferente? Você sabe que não podemos ignorar nenhum sintoma não sabe Nessie? – Agora ele estava sério e preocupado.

 

-Eu sei pai, na verdade não estou sentindo nada de anormal. Tirando o meu humor que anda alterado, a as repentinas vontades de coisa estranhas não tenho nada. – Fui sincera, eu sei que não podemos ignorar nada, eu já sou diferente por natureza e esse bebe então nem se fale.

 

-Bella acho que é melhor você tirar o escudo da Nessie. – Realmente será melhor em quase todos os aspectos eu ficar sem o escudo da minha mãe, assim mesmo que eu não entenda o que tiver acontecendo meu pai vai estar a par da situação.

 

- Tudo bem mas cuidado com os pensamentos anjo, não quero que seu pai surte. – Ela disse rindo e dando uma piscadela para o meu pai. – Amor posso tirar do Jake também?

 

-Acho que é melhor, mesmo não gostando muito dos pensamentos dele. – Meu pai concordou a contragosto.

 

Ficamos ali sentados na grama, aproveitando a raridade de um dia de sol naquele fim de mundo por algumas horas até que o Jake chegou da oficina e se juntou a nós. Não sei o que passou pela sua linda cabecinha mas meu pai rosnou.

 

-Bella o seu escudo está com problemas. – Ele disse rindo.

 

-Não está Jake, eu tirei o escudo de você por causa do bebe, é melhor o Edward ficar de olho na Nessie, caso a gente não perceba alguma coisa, e em você também.

 

-Então por favor controle-se. – Meu pai disse entre dentes.

 

Minutos depois meu avô nos chamou para ir até a biblioteca, local onde provavelmente eu serei examinada.

 

-Exatamente. – Meu pai voltou!!!! Gritei em pensamento, meu pai se limitou a sorrir. Senti saudades disso pai. – Sério? – Claro, você respondendo os meus pensamentos me fez falta.

 

Eu respondi e ele me abraçou. Minha mãe e o Jake ficaram apenas olhando, esse era um momento pai e filha, e eles sabiam a importância de cada um na vida do outro. Seguimos em silêncio à biblioteca, meu avô estava sentado na poltrona que ficava de frete à porta, apenas nos olhou quando entramos. Meu pai foi o primeiro a falar.

 

-Carlisle, acha mesmo necessário? – Não entendi a pergunta do meu pai, mas ele deve estar comentando algo nos pensamentos do meu avô.

 

-É a melhor forma meu filho, não podemos correr risco nenhum. – Meu pai concordou com um sutil gesto. – Então Nessie, como se sente? Não pode esconder nada tá certo?

 

-Claro vô, estou bem. Não estou sentindo nada de diferente no momento. Os sintomas que eu apresentei foram: a mudança de humor, as vontades estranhas, o vomito e o desmaio.

 

-Certo, acho que precisamos tentar fazer alguns exames de sangue e urina. Mais tarde vamos tentar fazer um ultrasom, para ver como está o bebe... – Ele parou um pouco, parecia pensar em algo realmente importante, depois fechou os olhos e movimentou a cabeça negativamente. - Nem acredito que mal fui avô já vou ser bisavô. – Todos rimos da declaração dele, é claro que fisicamente ele nem parecia ter um filho adulto quem dirá estar prestes a ser bisavô. – Não se preocupe Nessie, vamos cuidar direitinho de você e do bebe.

 

Suas palavras foram musica para os meus ouvidos, eu sabia que o melhor estava por vir e que tanto o Jake quanto meus pais e o resto da família estariam apoiando essa gravidez mesmo concordando que é muito cedo para isso.

 

Com muito custo meu avô conseguiu tirar uma amostra do meu sangue, e depois eu colhi a amostra de urina que ele pediu. Meu pai explicou que meu avô decidiu largar o hospital até o nascimento do meu bebe, em um dos cômodos da casa foi construído um laboratório para as suas pesquisas a meu respeito e do bebe. Outro tinha virado um centro cirúrgico de primeira linha, caso fosse necessário uma intervenção cirúrgica antes do nascimento. Pois quase que cem por cento de certeza esse bebe viria ao mundo através de uma cesariana.

 

Toda a família seria envolvida nesse momento.Nada mais importava nem escola, nem trabalho. Eu e o meu bebe éramos o centro das atenções de toda a família. Minha avó e minhas tias teriam que providenciar um quarto adequado e o enxoval, além de ajudar a cuidar de mim. O Seth teria trabalho em dobro na oficina, pois o Jake insistia em não ficar muito tempo longe de mim. Meus pais ficariam em tempo integral ao meu lado, ou quase integral, se é que vocês me entendem, todos temos as nossas necessidades...Meu avô e meus tios ficaram com a parte prática e teórica da pesquisa. Amostras de sangue meu e do Jake foram colhidas para testes.

 

Infelizmente a maioria dos exames que meu avô me submeteu não dera resultados, meu sangue não reagia como o sangue dos humanos. Nem mesmo o ultrasom deu resultado, minha pele é espessa demais para isso, o que me deixou frustrada, só saberei o sexo do bebe quando nascer. Nem mesmo a data prevista para o parto nós conseguimos estipular, visto que não tínhamos a mínima idéia de como seria a minha gestação. A única coisa que eu poderia fazer neste momento era ficar bem calma e esperar, por quanto tempo??? Ninguém sabe...