Era o nosso ultimo dia na ilha, eu estava arrumando a minha ultima mala enquanto o Jake preparava o nosso almoço. De repente senti um aroma delicioso, algo forte, vivo, que me fez salivar, algo que nos últimos dias tem sido freqüente. Corri em direção ao cheiro, cheguei na cozinha onde o Jake preparava algo no fogão, virado de costas para o lugar onde eu me encontrava.

-Humm...Que cheiro é esse? – Perguntei andando normalmente na sua direção.

-Só estou fazendo um bife acebolado. –Disse se virando na minha direção com um suculento pedaço de carne, a cena impressionante. Daquele singelo pedaço de carne ainda pingavam gotículas de sangue com tempero. Não esperei ele me oferecer voei na sua mão e peguei o bife comendo ainda cru, nossa nunca experimentei algo tão bom na minha vida, nem mesmo quando bebe que eu tomava sangue humano na mamadeira o gosto era tão magnífico.

Meu lobinho ficou me olhando com cara de bobo...tá ele sempre me olha com cara de bobo, mas esse lobo bobo que tá me olhando está com cara de quem não está entendendo nada. Terminei de comer e ele ainda me olhava espantado, nossa parece que viu fantasma.

-O que foi amor, parece que viu fantasma. – Eu disse rindo.

-Nessie...você está bem? – Ele me olhava de forma estranha.

-Estou...por que?

-Você não gosta de carne, a única coisa de origem animal que você realmente gosta é sangue, e agora mesmo você devorou meio quilo de carne crua. Eu só não estou te entendendo. – Pensando bem ele tinha razão, muitas coisas nesses últimos dias estavam estranhas comigo e eu acabei de comer carne crua...que nojo.

 Meu estomago reclamou com vontade, nesse momento tudo o que eu tinha comido resolveu voltar por onde entrou, tentei correr para o banheiro, mas não deu tempo, ficou tudo ali mesmo no corredor.

Me sentei no chão sem ter forças para levantar, abaixei a minha cabeça. Caramba, estava tudo rodando, e rodando...até que eu não vi mais nada. Acordei na cama com um lobo apavorado me olhando. Eu já estava bem melhor, mas a cara dele era de poucos amigos.

-Nessie...Nessie, está me ouvindo? – Realmente ele estava apavorado.

-Jake eu ainda não fiquei surda, não precisa gritar. – Eu disse calmamente a ele.

-Por Deus Nessie, eu quase tive um infarto. Meu amor o que está acontecendo com você, me diga, quem sabe eu não posso te ajudar... – Ele quase chorou.

-Jake meu amor, eu estou bem. Sério, não esta acontecendo nada de errado comigo. Não fique assim, acho que o mal estar foi por causa da carne crua. – Eu tentei acalmar ele acariciando o seu rosto.

-Não Nessie, você não está bem. Esta dormindo demais, sempre com sono e cansada, come e depois vomita, desmaia. Isso não é estar bem. – Ele deu um longo suspiro. –Ainda bem que vamos embora hoje, assim Carlisle pode te examinar.

Não discuti com ele, apesar de estar me sentindo bem, haviam acontecido coisas realmente estranhas, mesmo para mim. No mesmo dia sairia o nosso avião para o Canadá, de lancha seguimos até o Rio de Janeiro, depois tomamos um táxi até o aeroporto.

O nosso avião sairia as 22 horas, fizemos o chek in, e estávamos indo em direção ao portão de embarque quando um onda de terror me domou. Não sei bem como aconteceu só sei que eu não podia entrar naquele avião. Parei de andar.

-Nessie estamos em cima da hora, vamos? – Mais uma vez ele me olhava com espanto.

-Eu não posso entrar nesse avião Jake, não eu...eu – Comecei a chorar desesperadamente. Ele me abraçou.

-Calma Nessie é só um avião, você nunca teve medo de nada. – Ele não estava compreendendo, eu não tinha medo de avião, só não podia entrar naquele avião.

-Jake eu não posso entrar nesse avião, tem como mudar as passagens pelo amor de Deus? – Eu nesse momento suplicava para que ele entendesse a minha situação.

-Vamos dar um jeito meu amor, mas fica calma. – Ficar calma? Eu estava a beira do desespero e ele pede calma. Respira Nessie, não é hora de surtar por causa de um avião.

-Eu estou calma Jake. – Mentira.... – Só quero que entenda que não podemos embarcar nesse avião que sai às 22 horas, entendeu. É só isso, o porquê eu não sei, só sei que não podemos embarcar. Por favor, muda as nossas passagens. – Falei o mais calmo que consegui.

-Tudo bem meu amor. Fica aqui, tranqüila. – Ele dizia enquanto me direcionava a um banco na lateral do saguão. – Eu vou ver o que eu posso fazer, não vamos entrar naquele avião eu prometo. – Ele falava como s tivesse medo das minhas reações, nossa eu estou tão alterada ultimamente assim? Deve ser por causa da TPM.

Cerca de meia hora depois ele voltou com uma lata de refrigerante nas mãos.

-Bebe um pouco vai te fazer bem. – Eu obedeci como uma boa menina. – Seu pai conseguiu reservar um avião particular para nós. Só que teremos que esperar até as 4 da manhã para embarcar, algo devido à burocracia. Está mais calma?

-Tô, Jake me desculpa. Eu me descontrolei. A única coisa que eu sabia era que não podíamos entrar naquele avião. – Apontei para a janela, onde do lado de fora podíamos ver o avião em que deveríamos estar decolando.

-Tudo bem Nessie, eu só fiquei preocupado. Agora a gente espera. – Ele me abraçou e ali ficamos.

Perto de onde estávamos sentados havia uma televisão ligada no noticiário, horas mais tarde uma noticia chamou a nossa atenção. O avião em que deveríamos estar explodiu em pleno vôo, não houve sobreviventes...não houve sobreviventes...essas palavras martelavam na minha cabeça...era para estarmos entre os mortos se não fosse a minha crise de choro.

-Nessie tudo bem? – Eu estava em choque, não conseguia digeri as palavras que eu acabara de ouvir...não houve sobreviventes... – Meu amor fale alguma coisa.

-Era para estamos naquele avião Jake, e não houve sobreviventes. – As lágrimas rolavam pela minha face sem que eu percebesse. Meu coração estava em pedaços. Até que o celular do Jake tocou.

-Alô...Oi Bella,... está sim... só um pouco. – Ele me entregou o telefone.

-Filha tudo bem com você? – Ela estava alterada, devia ter visto a noticia.

-Não...era para estarmos naquele avião mãe...e não houve sobreviventes...não houve sobreviventes. –Era a única coisa que eu conseguia dizer...até que tudo se apagou.

Acordei no ambulatório do aeroporto, e é claro com um Jake em pânico do meu lado.

-Amor, quando chegarmos o Carlisle estará esperando para te examinar. Tem algo acontecendo com você e nenhum médico daqui vai conseguir descobrir. – Ele tentava transparecer calma e tranqüilidade para mim, mas eu o conhecia muito para acreditar na mascara que ele vestia, tinha algo muito sério acontecendo comigo, mas eu não conseguia me sentir mal com isso.

A tarde estava nublada quando aterrissamos em solo canadense. Minha família em peso do lado de fora do avião esperava ansiosa por nós. Assim que descemos a escadinha e colocamos os pés em terra firme eles vieram nos abraçar. Não eram apenas as duas semanas longe que faziam isso com eles, some essas duas semanas com o acidente com o avião que era para estarmos, mas o meu mal estar...é o mal estar voltou e tudo a minha volta voltou a rodar...

Acordei na biblioteca do meu avô, com meus pais e o Jake iguaizinhos a estatuas me olhando enquanto meu avô me examinava.

-Não consigo ver nada de errado. – Meu avô estava alterado. Deve ser difícil ter tanta experiência e não encontrar nada de errado comigo naquele momento. Meu pai concordou com um sutil movimento da cabeça. –Tudo normal, vai ter que esperar para ver como ela vai reagir com a medicação que eu dei.

-Vô eu estou bem, não tô sentindo nada de errado.  Deve ser por causo do nervosismo. -Ele apenas concordou com a cabeça e saiu me deixando a sós com os meus pais e meu esposo.  Hiii...não gosto quando me olham assim pai. Pensei enquanto me levantava da maca.

-Filha o que exatamente você está sentindo? – Meu pai perguntou se sentando ao meu lado.

-Sinceramente nada, um pouco de fome talvez.

-Tudo bem, vou buscar algo para você comer tá bom? – Minha mãe disse indo em direção a porta, mas eu não queria ficar ali, eu poderia muito bem ir comer na cozinha e é claro que depois eu precisava de um bom banho. Levantei e fui comer alo na cozinha.

Horas mais tarde eu, relaxadamente deitada na banheira comecei a repassar os fatos na minha cabeça. Tudo não passou de uma sensação horrenda que me deixou nervosa, não tinha nada de errado comigo e ponto final.