Prenda-me se for capaz escrita por Luna Lovegood


Capítulo 6
Epílogo


Notas iniciais do capítulo

Finalmente :)

Esse é o adeus oficial à Prenda-me se for capaz.

Eu demorei um pouco mais nessa fanfic, mesmo ela sendo tão curta. O que eu posso dizer? Inspiração nem sempre aparece, nem sempre tenho tempo a disposição... E no fim, eu quero gostar do que escrevi antes de dividir com mais alguém.

Essa fanfic foi mais simples e diferente do meu habitual, e por isso, um desafio imenso para mim. Eu agradeço a todos você, que acompanharam essa história e deixaram seu favorito, recomendação e comentário para me estimular a escrever, obrigada por confiarem em mim para escrevê-la.

Acima de tudo, espero que essa fanfic tenha trazido sorrisos, risos e aquecido corações.

E espero que gostem do que reservei para o fim... Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/744839/chapter/6

Felicity Smoak

A gravata borboleta dele estava torta.

Meu toc por simetria me fazia quase querer consertá-la.

Quase. Porque havia algo de bonito naquela pequena imperfeição, mas eu não sabia bem o que era.

Enrolei meus braços um pouco mais ao redor dos seus, pressionando meu rosto contra seu ombro e ergui meus olhos para cima, analisando sua face. Comecei pelo maxilar marcado e coberto pela barba rente e bem aparada. Ele cogitou retirá-la para o dia de hoje, mas fui categórica em meu não. Eu amava demais a sensação dos pelos curtos arranhando minha pele para sacrificá-la apenas para que ele tivesse um visual mais limpo nas fotos, ainda que por um dia, por mais especial que esse dia fosse.

Após a barba, me concentrei em sua boca. Sua maldita boca esperta que tantas vezes me provocou e me tirou do sério, mas que hoje estava aberta exibindo um lindo sorriso vencedor, que geralmente me deixaria com ódio porque eu odiava perder, mas que dessa vez, apenas fez meu coração idiota e apaixonado como só, se agitar um pouco mais, sabendo que eu era a responsável por aquele sorriso. Eu havia vencido também. Oh, e claro! Aquela boca era a responsável pelos melhores beijos... Continuei minha análise, dessa vez em seu charmoso nariz, ligeiramente torto para a direita assim como a gravata. Concentrei em seus olhos que estavam focados para frente, além de mim. Sim, o tom de azul era escuro e único, e por mais que eu tentasse, eu jamais achei alguma imperfeição ali. Mas por mais belos que fossem a cor de seus olhos, eles não eram minha parte favorita do seu rosto.

Eu gostava das pequenas rugas nas extremidades, aquelas que sempre se acentuavam mais quando ele estava sorrindo.

Como agora.

Finalmente entendi porque gostava tanto da gravata torta, e não era o fato de quebrar a perfeição de Oliver. Afinal, por mais lindo que fosse, ele não era perfeito, eu poderia fazer uma lista com todos os seus irritantes defeitos. Mas ainda assim, aos meus olhos, suas imperfeições sempre seriam perfeitas.

Eu amava cada pedacinho dele.

Desde à boca esperta capaz de me deixar louca, a sua inabilidade de usar uma simples gravata borboleta.

Como se percebesse que era observado, Oliver moveu o rosto na direção do meu, em seus olhos havia aquele brilho divertido e feliz. Eu deveria imediatamente ter notado que algo não estava certo, quando percebi que na verdade ele segurava um riso.

— .... Não estou certo, Felicity? – dei um pulo em meus saltos quase me desequilibrando quando a pergunta foi feita atrás de mim e veio acompanhada de um leve cutucão nas minhas costelas. Talvez eu estivesse um pouquinho distraída, mas quem pode me culpar?

— Meu Deus, Tommy! Está querendo deixar Oliver viúvo me assustando desse jeito? – Levei a mão ao meu coração enquanto o bastardo apenas riu alto. Alto demais. Sua risada reverberou num eco amplificado, e eu pisquei, percebendo que todos ao nosso redor riam também.

Oh, claro.

Eu estava tão concentrada em Oliver, em todos seus pequenos detalhes, que havia me esquecido de um detalhe pequenino: onde estávamos.

No nosso casamento.

Na verdade, nossa festa de casamento. Para desgosto da minha mãe e meu padrasto, o casamento feito na delegacia há três meses atrás era válido e irrevogável perante a lei. E por isso, depois de uma dose nada saudável de drama, lágrimas, e muita manipulação maternal, cortesia de Donna Smoak, é claro. Aqui estava eu, em um salão de festas chique e ricamente decorado com rosas colombianas, tafetás e sabe-se lá mais o quê, parecendo a Barbie noiva, com os pés doendo em saltos finos e a cabeça latejante por causa de um coque elegante nos cabelos, preso em mais grampos do que Helena tinha de facas em sua gaveta pessoal, apenas para me casar com o homem que já era meu marido.

— Se chocou tanto assim com minha beleza? – Tommy disse ainda no microfone. Me lembrando de que tínhamos uma plateia muito atenta.

— Não. – devolvi com um humor afiado - Estou acostumada a olhar algo mais bonito todas as manhãs. – pisquei para Oliver que inflou um pouco mais o peitoral e sorriu daquele jeito convencido que me deixava louca. Eu não deveria ter alimentado ainda mais seu ego, que já era grande demais, mas ei, hoje era nosso dia, de novo. Eu poderia ser condescendente. De novo.

A plateia riu e suspirou ao mesmo tempo, apreciando minha resposta, diferente de Tommy.

— ...Eu posso não ser tão atraente quanto seu marido...  – seu cenho franziu, claramente discordando daquilo - Na verdade eu sou mais, porém você perdeu sua chance com toda essa belezura aqui. – fez um gesto indicando a si mesmo e então caminhou para o outro lado de Oliver, escorando o braço nos ombros dele. Um sorriso arrogante tomou conta do seu rosto e seus olhos se estreitaram para mim, antes de Tommy segurar o queixo de Oliver em sua mão. Claramente ele estava amando estar no centro das atenções.  - Você vai ter o resto da sua vida para olhar para este rostinho de beleza mediana.  Mas por hora, mantenha os olhos em mim Sr.ª Queen. – esticou os dedos de mim para si mesmo, e então se afastou um pouco tomando o lugar no centro do círculo e voltando a atenção para os nossos convidados como um bom mestre-sala. Eu deveria estar irritada com Tommy e toda a sua atuação ele, mas no instante que ele me chamou de Sr.ª Queen eu sorri, talvez, só talvez, mesmo depois de três meses eu ainda estivesse um pouquinho nas nuvens com essa ideia.

— Acho melhor prestar atenção em Tommy, amor... - a barba conhecida roçou a pele do meu pescoço seguindo por um caminho perigoso, fazendo-me imediatamente voltar meus olhos para o dono dela. - Ou pelo menos fingir, Tommy é como uma criança que precisa de atenção, dê o mínimo a ele e então poderemos acabar com isso mais cedo, e ir para a melhor parte.

Minha pele formigou.

Voltei meus olhos para Tommy.

Quanto mais cedo ele acabasse, mais cedo eu teria minha liberdade.

— ...Enfim, como eu dizia nesse meu épico discurso de padrinho... Se não fosse por mim para criar todo um esquema e juntar esses dois cabeças-duras, que obviamente são perfeitos um para o outro, nenhum de nós estaria aqui hoje. Então, comecem a aplaudir a minha genialidade... – Tommy falou erguendo a taça de champanhe, mas os convidados pareceram apenas confusos. - Vamos não precisam ser tímidos. – incentivou, esperando provavelmente por uma ovação de pé.

— Até parece que você, Thomas Merlyn, seria capaz de planejar tudo isso sozinho. – Helena atravessou a multidão em seu lindo vestido vermelho e caminhou diretamente para o espaço aberto na pista de dança, ficando de frente para Tommy. Minha adorável irmã sorriu diabolicamente, deu-lhe um beijo suave no rosto, deixando uma marca perfeita de batom, e antes que Tommy pudesse perceber o que acontecera ela arrancara o microfone da mão dele. - Todo mundo sabe que eu sou o cérebro por trás da operação “Olicity”.

— Você tinha que tentar roubar meus holofotes? – Tommy reclamou, tentando pegá-los de volta.

— Eu não preciso tentar roubar nada, querido, eu nasci para as luzes.

—  Eles vão brigar bem no nosso casamento? – cochichei com Oliver, ainda observando a cena.

— É provável que eles briguem até mesmo no próprio casamento. – Eu tinha certeza disso. Eu ainda me perguntava se eles chegariam vivos até esse dia, ou até já teriam matado um ao outro.

— Bem, pelo menos até lá podemos planejar nossa vingança. – É claro que eu era grata a esses dois idiotas por terem colocado Oliver de volta na minha vida, por menos ortodoxos e possivelmente ilegais que os meios que eles usaram para fazê-lo tenham sidos. Isso não me impedia de não tão secretamente desejar me meter na vida desses dois, no mesmo nível que se meteram na nossa.

— Eu gosto de como você pensa, amor. – Compartilhamos um olhar.

— ...Eu tenho algo gigantesco que merece todos os holofotes, Helena. – A voz de Tommy soou alta. Sem perceber ele tinha falado ao microfone. Afinal, os dois agora seguravam o microfone e brigavam por ele, como duas crianças no maternal querendo o mesmo brinquedo.

—... Thomas, ninguém quer saber o tamanho do seu... – algumas mães tamparam os ouvidos das crianças nessa hora.

— Eu tenho uma ideia, amor... – Oliver puxou meu corpo para trás nos escondendo atrás de um dos gigantescos arranjos florais. Até que a decoração exagerada da minha mãe tinha suas vantagens... Longe do olhar da maioria das pessoas Oliver sussurrou sua ideia em meu ouvido, fazendo arrepios de empolgação passarem por meu corpo.

—... Você não quer que ninguém saiba o tamanho, então ninguém vai querer roubar isto de você! – Tommy continuou sua briga com Helena.

— Eu estava falando do tamanho do seu discurso, não de tamanho de outra coisa. – Eu e Oliver rimos quando minha irmã lhe deu um peteleco.

— E você concorda que é grande? – revirei meus olhos, principalmente quando Oliver apenas olhou para mim movendo apenas os lábios para dizer “o meu é maior”.

— É melhor acabarmos por aqui, é hora de cortar esse discurso e irmos cortar o bolo. – Helena ergueu uma faca, fazendo Tommy dar um passo para atrás erguendo ambas as mãos.  - Ou eu posso cortar apenas essa sua língua.

— Vocês são realmente irmãs. - Olhei para Oliver e sorri para seu comentário, sentindo meu coração crescer com aquele sentimento feliz.

— Amamos da mesma maneira.

— Você ama minha língua. - Oh, Deus! Eu queria gritar para que arrumassem logo um quarto ou talvez eu apenas devesse tranca-los em uma cela e jogar a chave fora, mas neste instante eu tinha algo melhor para fazer com Oliver do que provocar minha irmã e meu futuro cunhado.

— Então vai ser um assassinato limpo. – as pessoas levaram as mãos as bocas, chocadas com a conversa. Certamente não conheciam tão bem a família Bertinelli-Smoak. - Não quero arruinar o casamento da minha amada irmã.

— Não se preocupem, ela não vai tentar me matar realmente com a faca do bolo. Minha querida namorada está apenas brincando. -  Tommy tirou a faca das mãos de Helena, e beijou seu rosto - Helena com certeza separou as facas mais afiadas para mais tarde, e é por isso que devemos acabar com esse discurso agora. – apressou-se erguendo a taça - Viva aos noivos!

— À Oliver e Felicity. – Minha irmã completou. Escutei o som de taças tilintando com o brinde, e meu coração começou a palpitar mais rápido, quando a multidão repetiu o ato.

— Onde estão os noivos?! – o burburinho começou, pessoas olhavam de um lado para o outro sem nos achar.

— Pronta? – Oliver me questionou uma última vez, seu olhar me dizendo que se eu quisesse mudar de ideia, ele aceitaria.

Mas eu tinha feito minha escolha.

Era ele.

Sempre seria.

— Eu nasci pronta para você. – Dei-lhe um beijo rápido e o puxei pela mão.

— Eles estão fugindo! – Olhei para trás apenas para vez Helena apontando na minha direção.

Dedo duro. Eu iria acrescentar isso na minha lista de motivos para me vingar.

— Alguém pare os noivos! Ainda não fizemos nem as fotos!a voz chorosa da minha mãe foi última coisa que escutei antes de entrelaçar meus dedos nos de Oliver e corrermos ao passar pela grande porta que nos levaria para longe da nossa festa de casamento.

Para o que eu esperava, fosse o nosso felizes para sempre.

Dessa vez, legalmente presos um ao outro.

Não que fizesse diferença.

Eu sabia que meu coração estava preso ao de Oliver desde a primeira vez que o vi.

***

Cruzei meus tornozelos sobre o painel do carro mais uma vez, o movimento fez meu vestido escorregar um pouco mais, parando em meus quadris, mas eu não me importava. Eu apreciava o calor ameno do sol de fim de tarde em minhas pernas, quase o mesmo tanto que apreciava o calor que vinha do par de olhos azuis ao meu lado.

— Pegue a direita. – ordenei. O carro fez uma curva suave, mas permaneci com os olhos no celular digitando freneticamente. – Minha mãe disse que está considerando nos perdoar por fugir no meio do casamento, mas ela tem algumas condições. – franzi o cenho para o que via na tela. - Ela escreveu isso em caixa alta, negrito e sublinhado.

— Por que será que eu sinto que, seja lá qual for a condição dela, eu estarei fazendo um pacto com o diabo? – perguntou, os olhos focados na estrada.

— Você está chamando minha mãe de diabo? – a mão com o celular caiu sobre meu colo, meus olhos foram para seu rosto um pouco pálido, boca entreaberta e pomo de adão que subia e descia rapidamente. Sorri. Eu tinha certeza de que estávamos com sérios problemas com Donna Smoak, e ela não era conhecida por deixar algo passar, por exemplo quando recusei o amplo vestido de noiva com corte princesa, cheio de renda e brilho, e escolhi algo mais simples e sexy, eu tive meu castigo com o par de sapatos torturantes que fui obrigada a usar apenas porque ela disse que eu “estragaria nossas fotos” com toda essa diferença de altura...

No fim nem fizemos as fotos.

Oh, merda.

Eu estava em apuros.

Talvez ela não estivesse muito distante de uma versão do diabo afinal. Provavelmente era aquele da série de tevê da Netflix.

— Sua mãe veste muito vermelho, não pode me culpar pela comparação. – Não ri, sabendo que essa era a intenção por trás da provocação de Oliver. Ao contrário disso pressionei meus lábios em uma linha rígida e ergui uma das sobrancelhas, deixando-o ainda mais nervoso. Eu estava adorando cada minuto daquela tortura, obrigada mãe! Depois de me dar uma olhada rápida, Oliver raspou a garganta e focou na estrada. – É claro que sua mãe é um anjo, ela fez você, certo? Meu anjo particular. – havia expectativa e ansiedade em seu rosto.

Não tive forças para continuar o riso que explodiu em uma gargalhada.

— Você é tão brega.

— E você me ama ainda assim. – O sorriso, antes tenso, agora se alargava livremente, fazendo-me sorrir também, apenas porque notei, que seu sorriso era torto, assim como a gravata borboleta que ele ainda usava.

— Amo, mas o fato de amar não fecha meus olhos para o que você está fazendo. – fui categórica.

— O que eu estou fazendo? – piscou os olhos várias vezes naquela falsa inocência, que poderia enganar qualquer um. Mas eu conhecia cada pedacinho daquela mente suja, inteligente e depravada.

— Contornando uma briga sendo fofo. – Repreendi.

— Você me acha fofo. – E pronto, lá estava novamente o sorriso torto que me deixava tonta.

— Sim, mesmo que chame sua sogra de diabo às vezes...

— O que posso dizer? Eu tenho uma forte desconfiança que sua mãe irá pedir nosso primogênito em troca do perdão. – fiquei muda, sem esboçar uma reação, mas mesmo dirigindo atentamente, Oliver não perdeu minha súbita mudança. – O quê? Não me diga que ela já pediu nosso hipotético futuro filho na barganha?

— Devíamos estar perto. – desconversei, movendo meus olhos para a janela e em seguida franzindo o cenho para o deserto ao nosso redor, apenas uma parca vegetação rasteira e seca, alguns cactos e uma cadeia de montanhas ao fundo. Não havia sinal de qualquer civilização por perto, exceto pela longa estrada de asfalto a frente que parecia levar a lugar nenhum. - Não há nada por aqui, Oliver, não sei onde estamos, mas estamos bem longe do hotel cinco estrelas em Las Vegas, onde era suposto que passássemos nossa Lua de Mel. – Me preocupei. Um silencioso Oliver parou o carro no acostamento, removeu o cinto de segurança, a mão esfregando a testa fortemente, enquanto parecia pensar. Sorri para imagem, apreciando a circunferência dourada adornando seu dedo esquerdo, que reluzia ainda mais forte no sol poente.

Até mesmo frustrado, Oliver Queen era lindo.

Aí ele abriu a boca.

— Eu peguei a direta, como você mandou.  – Disse, apontando com o indicador para um ponto no mapa aberto entre nós.

— Não, você pegou a sua direita, não a direita do mapa. – reclamei, ganhando um olhar estarrecido.

— É a mesma coisa! – revirei meus olhos para seu protesto infantil.

— Claro que não! – homem teimoso!

— Era suposto que você fosse minha navegadora, e não ficar no celular trocando mensagens com a sua mãe. – Sinalizou. Bem, Oliver tinha um ponto, mas eu não iria dar meu braço a torcer.

— Está mesmo reclamando da sua sogra? - Virei o jogo. Também tirei o cinto e virei meu corpo para o de Oliver, com minha melhor expressão acusatória no rosto. - A ideia de pararmos no posto de gasolina e comprar o mapa ridículo foi sua. – respondi feroz - Assim como a ideia horrível de fugir do nosso casamento! – cruzei meus braços e bufei.

Festa de casamento, você está bem presa a mim há três meses, Sr.ª Queen, sem escapatória dessa vez. ­­– a voz pesada e determinada me corrigiu, quase burlando aquela parte irracional de mim que estava irritada com ele, apenas pelo excitante prazer que era estar em uma quase-briga com Oliver, me fazendo desmanchar para a sua imagem quase sedutora demais. - Eu só comprei o mapa porque você estava usando o celular para conversar com sua mãe e acalmá-la, além disso, essas malditas pernas perfeitas foram um tormento durante toda a viagem e me distraíram. Oh, eu mencionei que amei essa fenda em seu vestido de noiva? – o olhar quente caiu direto para minhas pernas desnudas ainda esticadas sobre o painel, desde a ponta dos meus dedos, que se contorceram sob a força do seu olhar, até o alto de minhas coxas, onde a seda do vestido caia para o lado, e se emaranhava sob o banco.

— Só umas duas ou dezoito vezes. – É claro que eu contei, isso e todas as vezes que Oliver encarou minhas pernas (vinte e duas) e também quantas vezes ele furtivamente deslizou a mão por aquela fenda (três, mas isso porque tínhamos muitos olhos em nós na festa ou teriam sido mais).

Puxei meus pés para baixo, usando o tecido longo para cobrir toda a perna.

— Tarde demais para isso, querida esposa, agora estou parado, o perigo dessas lindas pernas causarem um acidente já não é tão grande...

— Bem, então... – cruzei as pernas deixando o tecido cair novamente para o lado, seu olhar queimou novamente.

— Estou errado, está vendo só? Apenas em olhar para elas e já me esqueci o que discutíamos...

— Você estava concordando comigo de que a sua ideia de fugir da festa foi horrível. – tentei manipula-lo, mas com Oliver nunca era tão simples, seus olhos vieram para minha face, arrebatadores.

— Devo lembrar que você concordou com a ideia de fugir, amor? Eu diria até que estava implorando para que eu a salvasse daquela festa... – pisquei, tornando me ofegante ao perceber que Oliver se aproximava, a fala mansa e o sorriso envolvente fazendo horrores para a minha libido - Então eu levarei apenas cinquenta por cento da culpa. – a ponta de seus dedos tocaram gentilmente a pele da coxa nua, o toque sendo o prelúdio de algo que eu conhecia bem, e que fazia todo o meu sistema nervoso entrar em pane. - Não é assim que funciona um casamento?

Eu quase caí.

Veja bem, eu gosto de manipular Oliver com discussões que na verdade são preliminares que nos levam a um sexo excepcional, ele, por sua vez, nunca foi de sutilezas. Oliver é impaciente e vai direto ao ponto, por isso era tão difícil de resistir à tentação quando ele não era nenhum pouco sutil ao oferecê-la.

Exceto que... Ele era meu marido agora, eu teria seu toque pelo resto de nossas vidas. Me forcei a ignorar seu roçar cheio de segundas e terceiras intenções, e me concentrei na nossa conversa.

— Não, não é. E eu claramente tinha tomado muito champanhe, e não estava em meu juízo perfeito quando concordei com você. – respondi afobada demais.

— Eu não te vi tomando champanhe... – Oliver franziu o cenho.

Eu não podia deixa-lo pensar demais.

— É porque já estava bêbada demais da sua presença, querido. – coloquei minha mão sobre a dele e lhe dei um sorriso doce e coquete. Dois podiam jogar este jogo. Seus olhos se estreitaram para mim, especificamente se fixando em meu nariz e a forma como ele franziu.

— Felicity? – Oliver pressionou, e eu tentei me manter o mais sem expressão possível.

Yep.

Eu ainda era incapaz de mentir para Oliver.

E as vezes uma mentirinha inocente era necessária num casamento.

— E como sabe, o amor faz as pessoas tomarem decisões ruins, como fugir da própria festa de casamento, e ir para a lua de mel de carro. – mordisquei o lábio inferior, tentando esconder meu nervosismo.

— Eu não sei, consigo ver algumas vantagens. – Vi as intenções em seu olhar e no sorriso de canto, mas não fui rápida para prever suas ações. Em um momento eu estava placidamente sentada na poltrona, e no outro eu tinha suas poderosas mãos em minha cintura, puxando meu corpo até que eu estivesse montada em seu colo. Pernas dobradas ao redor das suas, meu peso sobre suas coxas, nossos rostos quase na mesma altura.

— Oliver, o que está fazendo? – protestei fracamente. Tudo em mim estava em euforia com a nova posição. Espalmei ambas as mãos sobre o peitoral tonificado ansiosa para sentir a pele escondida por debaixo do tecido, meus dedos brincaram com o suspensório e sorri, imaginando Oliver apenas de suspensório e a gravata torta...

— Você está muito tensa. – Eu estava, mas não era pela razão que ele pensava. Mas já que ele queria me acalmar com um amasso dentro do carro, eu que não seria louca de recusar! - E já que estamos perdidos no meio do nada e sem previsão de chegar em Las Vegas... – deixou no ar.

— Não precisa ser pragmático. – abri um dos botões da camisa, feliz por ser capaz de fazer duas coisas ao mesmo tempo, despi-lo e conversar - Podemos fazer um retorno e voltar até aquela lojinha no posto...

— Sobre isso. – abri mais um botão e depois mais outro, a ansiedade em tocá-lo quase me fazendo inconsciente do seu tom de menino que apronta - Eu não parei o carro porque estávamos perdidos. Parei porque a gasolina acabou.

— Como? – parei de abrir os botões e encarei sua cara lavada.

— É o que você ouviu, estamos perdidos no meio do nada, sem ter como sair. – As mãos de Oliver vieram para as minhas colocando-as de volta a frente da sua camisa, como se dissessem para eu terminar o que comecei.  - Mas eu percebi que seria um desperdício perder a nossa lua de mel. – Eu ainda não entendia onde ele queria chegar - Então não vamos. – suas grandes mãos se colocaram cada uma em uma coxa, apertando a carne ao mesmo tempo em que puxaram meu corpo ainda mais de encontro ao seu.

Meu centro pressionado contra a sua ereção.

Um leve e inesperado gemido saiu de meus lábios, fazendo Oliver sorrir maliciosamente ao perceber que eu gostava da sua ideia. Ele não perdeu tempo, logo a boca faminta estava sobre minha pele, uma das mãos sobre o tecido fino do vestido estimulando meus seios sensíveis.

— Você sabe que já somos casados, certo?! – a pergunta ficou no ar por um tempo, e eu mesma havia esquecido dela, porque a boca de Oliver estava concentrada na junção do meu pescoço e ombro, uma das mãos puxando a alça do meu vestido para baixo liberando mais espaço para seus beijos e toques.

— Sim. -  Oliver respondeu depois de um tempo, a boca contra minha orelha, a voz baixa e seu hálito quente fazendo-me amolecer em seu colo. - Amei a nossa semana de lua de mel, trancados em seu apartamento fazendo sexo o tempo inteiro. – revirei meus olhos, embora tenha sido exatamente como Oliver descreveu. Uma vez que nos acertamos e realizamos a rápida cerimônia na delegacia, bem, nós ignoramos o resto do mundo e tentamos recuperar o tempo perdido. E havia muito dele. - Por que você acha que fiquei tão afoito quando sua mãe intimou que nos casássemos de novo? Da maneira tradicional dessa vez. – vi algo passando por seus olhos, mas logo desapareceu, deixando apenas aquele brilho maroto que eu conhecia bem, e que atiçou a minha curiosidade - Uma semana tendo você inteirinha para mim. De novo. Era tentador demais para recusar.

— Foi só essa a razão? – perguntei, afastando sua camisa e liberando o peitoral para mim, tomei o cuidado para deixar a gravata intacta e torta. Mas não o toquei. Não queria fazê-lo tão cedo, perder o controle, e esquecer o que esta conversa parecia prestes a revelar.

— Donna Smoak sabe ser bem persuasiva também, agora eu entendo de onde você tirou toda essa tenacidade.

— Eu não estou regrando sexo. – franzi o cenho, algo ali não fazia sentido.

— Não está. – concordou, mas não desenvolveu.

— Então seja honesto comigo. – pedi. – Por que quis tanto se casar de novo? E por favor não diga que foi por minha mãe. – o desejo deixou seus olhos, tornando-os mais limpos.

— Tirando o óbvio que é eu amar você? – seu toque em meu rosto veio suave e gentil e me fez sorrir, era diferente de seu toque para sexo, e eu amava ambos, mas este me preparava para o que eu sabia, seriam em breve, palavras tão doces quanto o seu olhar para mim – Os marcos da vida de alguém são aqueles momentos grandes e especiais. São eles que preenchem os porta-retratos em nossa estante, são memórias eternizadas de dias felizes. Em um dia chuvoso e triste eu poderia apenas passar por um desses porta-retratos e a lembrança desse momento aqueceria meu coração, eu queria isso, eu queria isso tanto porque... Eu perdi a chance de te ver vestida de noiva uma vez. – a batida do meu coração que seguiu sua confissão foi dolorosa, e manteve meu coração assim, preso naquele pequeno lapso de dor.  - De te ver caminhando até mim, sabendo que eu era o seu destino, sua escolha. Eu passei um ano inteiro planejando o nosso casamento junto com você, tentando não ser uma babaca e escrevendo meus votos ao invés de copiar algo da internet, eu imaginei esse dia tantas vezes, eu estava ansioso por ele, e então acabou. Nós acabamos. Mas todos aqueles planos, sonhos, permaneceram dentro de mim. E cada vez que eu liguei para cancelar seja o bufê, ou o salão... Foi um momento triste, um marco eternizado. – aquela pontada de dor em sua voz perfurou meu coração - Então, quando sua mãe exigiu que nos casássemos com toda a pompa, eu aceitei, porque vi nisso a chance de recuperar o que perdemos, de criar uma grande e feliz momento.  – E através da dor, eu sorri. - De ter você ao meu lado e olhar para esse sorriso feliz e completo, e saber que eu era a razão dele.

— Você é. – Oliver sorriu, acariciando meu rosto;

— Eu apenas queria viver um dos momentos mais felizes de nossas vidas, e gravar isso de todas as formas possíveis.

— Mas não o fizemos. Nós saímos antes de tirar as fotos. – Me senti culpada por fugir, mas então me lembrei de que foi ideia de Oliver. – Por que desistiu disso? De seus marcos felizes?

— Me chame de idiota, mas quando eu estava ali naquela festa, vendo você tão desconfortável naqueles malditos sapatos, eu percebi que não era sobre eternizar a felicidade em uma foto. Ela já está eternizada em meu coração. Podem se passar anos, e eu nunca me esquecei de nenhum detalhe sobre a mulher que eu amo, de todos os grandes e especiais momentos que vivi com ela. -  E bem ali, eu soube que estava me apaixonando por Oliver um pouco mais – Ou sobre todos os outros que ainda quero viver. Por isso te ofereci a fuga. Porque no fim, não importa se eu me casei com você em uma delegacia ou num salão todo decorado. Eu me casei com você, não dá para ser mais feliz do que isso.

Sorri para seu pequeno discurso.

— Você é um idiota, mas um idiota muito romântico. – tornei-me a brincar com seu suspensório.

— Sou seu idiota romântico, mas será que podemos manter isso entre nós? – Eu ri.

— Eu guardo o seu segredo.

— E quando vai me contar o seu? - Sorri para ele.

Não era tão fácil de enganá-lo.

Puxei a tira do suspensório para mim, ao mesmo tempo em que aproximei meus lábios dos dele vagarosamente, tomando seu sorriso para mim, num beijo pequeno e despretensioso. Talvez não tão despretensioso assim. Ok, se meu nariz pudesse franzir apenas por um pensamento mentiroso, ele estaria franzindo nesse momento.

Meu beijo começou com um leve toque de lábios, apenas compartilhando calor.

Eu sabia que um beijo pequeno não seria o suficiente.

Nunca era, mas a adrenalina de fugirmos do nosso casamento ainda estava fresca demais. Some isso as nossas pequenas e bobas discussões que sempre deixavam meu sangue fervendo, as belas palavras de Oliver que amoleceram meu coração, aos seus toques que se fingiam de inocentes, mas que tinham o poder de me destruir.

Eu já não tinha controle de mim.

Aprofundei minhas mãos em seu peitoral desnudo, afastando ainda mais o tecido da camisa enquanto deslizava meus dedos ansiosos por sentir seus músculos rígidos. Em resposta, Oliver apertou minhas coxas trazendo meu corpo para a frente e eliminando qualquer mísero espaço entre nós. O aperto cessou, mas dedos continuaram em um caminho perigoso subindo pela parte interna da coxa chegando até minha calcinha úmida. Abri a boca arfando pelo contado íntimo, e sua língua aproveitou para intensificar o beijo.

Nos tornamos uma bagunça de beijos, apertos e gemidos.

Quanto mais Oliver me tocava, mais selvagem o beijo se tornava. Mais meu corpo rebolava contra o dele, em busca de alívio. Meus dedos desceram com pressa até o cinto da sua calça desafivelando-o e descendo o zíper.

Toquei sua rigidez por cima do tecido.

Oliver gemeu e meu corpo inteiro reagiu ao conjunto de sua voz rouca, e seu pênis pulsando em minhas mãos, eu não queria perder mais tempo, eu precisava de Oliver dentro de mim.

Mas para meu desespero ele queria brincar.

Nos afastou um pouco.

A boca descendo por meu pescoço com beijos molhados e pequenos chupões, a barba arranhando e os dentes deixando pequenas mordidas de amor... Eu teria que jogar meu cabelo para o lado para disfarçar toda a vermelhidão, mas isso era um pensamento para depois. Me concentrei no tecido fino que caia, expondo o seio e o deixando livre para a boca de Oliver pegá-lo. Curvei meu corpo para trás, encostando no volante do carro assim que senti o calor úmido sobre o bico turgido... E a buzina do carro soou alta o suficiente para acordar alguém de um coma.

— Oh, merda. – Logo puxei a alça do meu vestido e me recompus, temendo que fossemos descobertos.

— Estamos no meio do nada, amor. – Oliver me lembrou com um sorriso sacana - Não precisamos nos preocupar de sermos ouvidos, ou vistos...

— Nós vamos mesmo fazer isso? – perguntei, num leve ataque de consciência. - Consumar nossa lua de mel dentro de um carro no meio do nada, como se fossemos dois adolescentes afoitos? Não é convencional.

— Nada conosco é convencional, amor. – me lembrou, seus dedos concentrados em uma carícia suave na pele do meu pescoço, pelo olhar de Oliver perdido naquele local em mim, deduzi que ele apreciava a imagem do belo estrago que havia feito, e planejava mais algum. Imediatamente mandei minha maldita consciência embora, eu queria mais do seu estrago. - Nos casamos em uma delegacia, depois de eu ser preso por sequestra-la.

— Você sabe que já naquela época eu fiquei presa a você por escolha. – afirmei, mordendo levemente os lábios e balançando meu corpo sobre o dele.

— Eu não acho que os pratos concordam com isso... – lembrou.

— Eu só queria um pouco de emoção... – com ambas as mãos segurei seu rosto e o inclinei de volta para o encosto da poltrona, movi meu corpo para o seu, querendo mais de seu viciante beijo.

— Emoção como transar dentro do carro no meio do nada? – sussurrou contra a minha boca.

— Exato. – sorri maliciosamente. Agora que não tinha a boca de Oliver em mim, eu podia retomar o controle. O beijei novamente, peguei ambas as suas mãos e as coloquei exatamente onde as queria, em minhas coxas.

Oliver foi rápido para entender o recado, e seus dedos logo afastaram a minha calcinha incitando-me o suficiente para me fazer quebrar, mas então recuando. Minha respiração se tornou mais ofegante, mas me recusei a quebrar o beijo, apenas ergui-me um pouco sobre os joelhos, esperando ansiosamente para descer sobre Oliver.

— Oh, merda. Espere! – Oliver forçou meu corpo a sentar novamente sobre suas coxas. Não exatamente sobre o que eu queria sentar.

— O que foi? – perguntei um pouco brusca, Oliver não tinha o direito de deixar meus hormônios loucos e depois recuar. Olhei com certo ódio para suas calças que ainda escondiam minha segunda parte favorita de Oliver Queen.

— Eu tenho que pegar as camisinhas no porta-malas. – Ele reclamou fazendo biquinho.

— Eu acho que é muito tarde para isso, querido. – disse, acariciando sua ereção ainda por cima do tecido, pronta para tirá-la de lá.

— C-como? – ele piscou, em seu rosto a expressão confusa era quase fofa.

— Veja bem, quando você está muito excitado, como agora, assim como eu estou, nem sempre conseguimos esperar. Então você entra em mim, e as coisas saem completamente do controle. - Ele ainda parecia tonto - Nós temos orgasmos maravilhosos, e cinco minutos depois de cairmos exaustos, nós repetimos tudo outra vez.

— Eu sei o que acontece no sexo. – respondeu ofegante.

— Não parece. – ele torceu os lábios para minha condescendência, e eu apenas continuei a brincar com seu suspensório, apreciando enlouquecê-lo um pouco – Continuando, seu esperma encontra meu óvulo e então...

— Felicity? Você está me dizendo que está...? – o restante da frase ficou presa.

— Carregando um mini Oliver Queen? Deus me ajude se for um menino! – ri um pouco histérica. Eu não tinha planejado dar a notícia assim, eu iria fazer algo suave e romântico em nossa lua de mel, mas, como Oliver disse, o momento seria especial independente de onde ou como fosse. Porque ele estaria lá.— Embora tampouco ficarei sossegada se for menina, tia Helena certamente ensinará os primeiros palavrões e a chutar no meio das pernas de um menino, o que pode ser útil, porém... – divaguei um pouco - Oliver, você está bem? – Ele parecia pálido e também prendia a respiração.

— Eu a amo tanto. – A frase saiu em uma única e exasperada lufada de ar. Eu nunca tinha visto Oliver tão sério e certo de algo, havia uma intensidade diferente em seus olhos, não era amor apenas, era adoração. E simples assim eu soube que nós dois - em breve três - ficaríamos bem – Obrigado.

— Tecnicamente, eu preciso agradecer você por esquecer as camisinhas... – Oliver fez um som estranho, uma mistura de riso e choro. Mas não pude fazer nada sobre isso, porque Oliver me puxou para um longo, absurdamente doce e apaixonado, beijo.

Senti seu amor, sua emoção.

E eu soube que este era um daqueles grandes momentos, eternizado para sempre em nossos corações.

—  Acho que terei que prender vocês dois por fornicação em local público. –  uma voz grave nos interrompeu junto com batidas na janela do carro, num primeiro instante vi apenas as luzes vermelhas e azuis piscando do carro ao lado do nosso.

— Senhor Policial, nós... – Oliver desceu o vidro, apenas para nos depararmos com alguém que definitivamente não era um policial, e ostentava um sorriso muito desavergonhado para ser. – Você de sacanagem comigo! – Oliver praguejou.

 - Não acharam mesmo que eu deixaria vocês dois irem para Vegas sem nós? – Tommy Merlyn anunciou.

—  Thomas, você e Helena não podem ir na nossa lua de mel. – Minha irmã buzinou no carro ao lado, mandando um pequeno tchau para nós.

— Não se eu e sua irmã nos casarmos lá. - Tommy explicou com um sorriso vencedor - Então será a nossa lua de mel. – Eles realmente teriam a audácia de fazer isso? - Vejo vocês no Hotel, nossos quartos são um do lado do outro e o casamento será as nove. – disse, voltando para o carro e batendo a porta.

— Não se atrasem, vocês são os padrinhos. – Helena soprou um beijo antes do carro arrancar, deixando para trás apenas o som das suas risadas.

— Eu os odeio. – Voltei para um Oliver que parecia partilhar do meu ódio.

— Eu sei exatamente como me vingar desses dois. – disse, sombrio.

— Gosto do que escuto.  – coloquei minhas mãos sobre seus ombros e o olhei, esperando - Conte-me seus planos maléficos, esses dois precisam aprender seu lugar e é bem longe da nossa lua de mel. – Oliver piscou, o olhar antes nublado voltando para mim e aos poucos clareando ao voltar para seu estado normal.

— Eles podem esperar um pouco, agora, eu tenho planos mais urgentes...

— Quais? – O que poderia ser mais urgente do que nos vingarmos? Sua mão acariciando novamente minhas coxas me deram a resposta antes das palavras de Oliver.

— Fazer a minha esposa e mãe dos meus filhos, feliz, ouvi dizer que gravidez dá muito tesão. - Sua resposta me desarmou, porque apesar da óbvia insinuação ela veio acompanhada de um olhar extremamente doce. - Nós podemos terminar o que começamos e eu te faço feliz aqui e agora, ou podemos ir direto para o hotel, onde te farei feliz em um quarto cinco estrelas com pétalas de rosas, champanhe e chocolate. – Oliver franziu o cenho, ficando mais sério – Retire o champanhe da equação.

— Pensei que estivéssemos sem gasolina. – raciocinei rapidamente, pegando algo escondido em seu meio sorriso.

— Não. Eu menti. – admitiu - Eu só queria parar para dar uns amassos na minha esposa. – confessou com o semblante sem culpa alguma. – Agora, escolha. – seu tom foi exigente, assim como seu toque e seu olhar - Quer que eu a faça feliz agora ou mais tarde?

Sorri, sabendo o que eu queria.

— Quero que me faça feliz por toda a vida, Sr. Queen. – respondi, observando o fogo em seus lindos olhos se tornar ainda mais vívido e decidido, um meio sorriso malicioso que eu conhecia bem se espalhou por seu rosto.

— Eu farei, Sr.ª Queen, mas temo que para isso terei que prendê-la a mim para sempre. –  Sorri para ele antes de respondê-lo, eu estava mais do que satisfeita com essa ideia.

— Eu gosto dessa ideia, mas não seriamos nós, se eu facilitasse as coisas para você... – Oliver ergueu uma das sobrancelhas, esperando. Mordi os lábios e ergui nossas mãos unidas, punho contra punho, entre nós.  Mantive nossos olhares um no outro e então o desafiei. – Pegue suas algemas, Oliver, e prenda-me, se for capaz.

FIM


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Finalizar uma história é sempre agridoce. Fico feliz por acabar um projeto, mas também fica um vazio dentro do peito.

Espero que a leitura tenha sido divertida, falo com vocês nos comentários.

Beijos e adeus!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Prenda-me se for capaz" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.