Prenda-me se for capaz escrita por Luna Lovegood


Capítulo 4
Capítulo 4 - Terapia de Casais


Notas iniciais do capítulo

Quem é vivo sempre aparece :)

E apareço muito feliz e agradecida graças à Mayara Queen Smoak e a Ana Queen (Karol no tt), pelas recomendações lindas! Sério meninas vocês não fazem ideia de como eu precisava de um incentivo nessa fic então muito obrigada! Não, eu ainda não me acostumei com as comédias românticas, mas se vocês gostaram o suficiente para recomendar então acho que estou fazendo certo!

Obrigada a quem comenta e deixou seu favorito também!

Espero que gostem... O capítulo está um pouquinho parado, mas já estamos caminhando para a reta final aqui!



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Felicity Smoak 

Oliver estava sentado no sofá com um pacote de ervilhas congeladas no meio das pernas. E obviamente eu estava ao seu lado, já que as algemas me impediam de ir muito mais longe, eu segurava o meu riso sempre que olhava para ele. Seu rosto era a expressão pura da dor, maxilar tensionado e um olhar duro direto, mas como todo bom homem cheio de orgulho masculino, ele tentava disfarçar bem.

Minha irmã por sua vez estava sentada a mesa de centro a nossa frente. Pernas cruzadas de um jeito beligerante e mãos cerradas em punhos, prontas para o ataque. Suas grossas e escuras sobrancelhas estavam perfeitamente arqueadas lhe dando um ar perigoso em desafio que ninguém em perfeito juízo ousaria contrariar. Olhos grandes e ferozes do tipo que poderiam matar qualquer um, fixos no seu alvo da vez, meu ex noivo Oliver Queen, completavam uma visão que deixaria qualquer pessoa normal intimidada.

Eu era sua irmã.

Eu sabia que Helena me amava e que queria meu bem, mas nesse momento, eu estava de frente à policial que conseguia arrancar a verdade de qualquer um. E até mesmo eu, estava me sentindo intimidada.

— Quem vai abrir o bico primeiro? – não era exatamente uma pergunta. Helena estava no modo de interrogatório, e pelo o que eu já tinha visto dela em ação, eu diria que ela estava prestes a torturar Oliver. E talvez a mim, apenas um pouquinho. Não a apelidaram de caçadora atoa.

— Quem fez essa omelete? - Tommy voltou a sala com um prato nas mãos, e se sentou ao lado de Helena, ignorando completamente o olhar quase assassino da minha irmã. Muito pelo contrário, o seu jeito descontraído quebrando um pouco da seriedade que emanava dela. Minha irmã direcionou lhe aquele olhar azedo dizendo “afaste-se”, mas Tommy simplesmente a ignorou novamente e lançou seu melhor sorriso de menino encrenqueiro. Eu nunca vi alguém ignorar Helena daquele e sair vivo para contar a história, talvez o sorriso de Merlyn tivesse mais poder do que eu lhe dava crédito...  - Está divino! – elogiou com a boca cheia de omelete - Alguém aceita? Oliver?

— Eu não acho que Oliver vá querer comer omeletes tão cedo... – ele franziu o cenho, olhando-me com questionamento - A ideia de ovos batidos não lhe parece muito atraente – minha risada saiu pelo nariz, e ele bufou ao meu lado, incrédulo com minha piada insensível. – Me desculpe. – Me apressei em dizer. Seus lábios, para minha surpresa, deixaram de lado a carranca e se repuxaram para cima formando um pequeno sorriso para meu pedido de desculpas fajuto.

— Não acredito em suas desculpas nenhum pouco. – Ele tocou com a ponta dos dedos meu nariz, indicando aquele franzido que sempre denunciava as minhas mentiras. – Você está amando caçoar dos meus “ovos” batidos.

— Me sinto vingada. – admiti, dessa vez lhe dando um sorriso completo de volta.

— Pelo o quê? – mordi os lábios, me recusando deixar aquela resposta a sair. Eu não iria fazer a festa do bastado outra vez, mas toda aquela história com Laurel ainda me deixava puta com ele.

— Eu deduzo que é pelo mesmo motivo que a fez quebrar todos os pratos lá na cozinha tentando acertar você! – Tommy se intrometeu, enfiando mais uma garfada da omelete na boca enquanto nos observava com interesse.

— Como você sabe disso? – Oliver franziu o cenho, olhando para Tommy.

— Rá. – ele comemorou com a boca cheia, fazendo Helena revirar os olhos para a falta de educação dele - Eu não sabia, eu vi todos os cacos na cozinha e dei um chute, mas agora eu sei! Viu como eu sou mais inteligente do que você, Helena? Eu nem precisei fazer essa adorável carinha de menina má pronta para matar que você fez, para eles me darem respostas. – ele empurrou o ombro de Helena com o próprio, no que deveria ser um gesto amigável, mas que fez minha irmã rosnar para ele. Eu nunca vira ninguém usar adorável como adjetivo para minha irmã.

— Me chame de adorável novamente, e eu vou arrancar sua língua com minhas próprias mãos.

— Você não vai querer fazer isso, Helena. Seria um sacrilégio. – Tommy revidou espirituosamente - Tenho certeza que uma vez que tenha minha língua em você, vai querê-la novamente. – Whooa, Tommy não estava pegando leve.

— Eu vou te mantar. – Helena sorriu diabolicamente ao dizer.

— É tão encantador quando você me ameaça. – minha irmã estralou os dedos, como se estivesse os preparando para cometer o assassinato da vez – Você não disse nada contra usar sinônimos. – Tommy respondeu, irritando-a ainda mais por ter encontrado uma brecha - Eu acho melhor voltarmos para vocês dois... - Tommy apontou para Oliver e eu - Então o que você aprontou para Felicity jogar pratos em você? – Oliver revirou os olhos para o amigo - E mais importante ela acertou algum? – seus olhos cintilavam eufóricos com a mera possibilidade.

— Ela estava com ciúmes. – Oliver respondeu. Dava para escutar o riso em sua voz - Da Laurel.

— Com ciúmes da Laurel? – Tommy riu abertamente jogando a cabeça para trás, como se Oliver tivesse contado a melhor piada do mundo - Felicity ainda não faz ideia? – Tommy arregalou os olhos para mim balançando a cabeça incrédulo. – Como pode? Está tudo escrito na cara estúpida dele! – apontou para o rosto de Oliver.

— Eu não estava com ciúmes! – cruzei os braços me recusando a olhar para ele e tentar ler o que estava “escrito”. Eu sabia bem o que encontraria, o sorrisinho convencido que não saía dali nunca, olhos doces que tinham o poder de... Não importa. - Oliver é apenas um idiota e eu não tinha uma arma naquele momento, então precisava acertá-lo com o que tinha a mão. Pratos. – dei de ombros.

— E acertou algum? – perguntou ansioso.

— Não. – neguei, e seus ombros caíram em decepção.

— Mas chegou perigosamente perto. – Oliver me concedeu essa pequena vitória, junto com um olhar que fez meu estômago agitar-se daquela maneira tão familiar.

— Talvez eu não quisesse te machucar de verdade. – compartilhamos um sorriso, agora meu estômago não era o único a se comportar mal. Meu coração havia se juntado, batendo tão freneticamente quanto asas de um beija-flor. Ele podia me tirar do sério na maior parte do tempo, mas eu não desejava feri-lo. Pelo menos não muito.

— Vocês dois dormiram juntos. – Helena se manifestou pela primeira vez, olhando para nós dois num misto de acusação e incredulidade. Eu pude sentir o sangue fugindo do meu rosto ao perceber que não havia sido uma pergunta, mas a constatação de um fato.

— Não. – neguei de pronto, mas Oliver...

— Sim. – Havia um sorriso tão satisfeito nos seus lábios e um brilho conhecido nos olhos, que realmente fazia parecer que passamos as últimas horas nos fartando de muito sexo e que isso colocara o maldito sorriso no rosto dele.

— Não dormimos não! – neguei novamente com mais força, dessa vez virando meu rosto para Oliver, o bastado não se atreveria a mentir olhando nos meus olhos... Ou se atreveria?

Eu sabia que Helena estava me observando, analisando meus atos, sabia que sua mente ágil estava tirando todas as conclusões erradas.

Isso não poderia ficar pior.

— Amor, nós dividimos a mesma cama e nos abraçamos a noite enquanto dormíamos de conchinha, nem vou falar dos beijos trocamos hoje de manhã... – Um pequeno sorriso cúmplice surgiu em seus lábios, fazendo-me lembrar de como tinha sido bom beijar Oliver novamente, sentir seu corpo contra o meu, seu gosto. O quão longe quase fomos... A  voz dele era mansa e aliada ao olhar doce e meigo fazia meu coração se derreter, sua mão havia se erguido e tocado a minha face, dedos deslizando suavemente pelo contorno do meu rosto e quando o polegar roçou o contorno do meu lábio inferior eu me esqueci do motivo de estar brava com ele, eu apenas queria mais de tudo o que apenas Oliver era capaz de me fazer sentir. As definições de saudade foram totalmente atualizadas. - Do que você quer chamar isso?

— Chamar o quê? – pisquei, completamente aturdida e distraída pelo toque quase erótico de seu dedo.

— Exatamente. – o sorriso dele cresceu, aquele brilho em seus olhos cheios de segundas intenções me fez perceber a encrenca em que estava me metendo.

— Eu quero dizer que você sabe perfeitamente o que aconteceu entre nós naquela cama! – puxei com brusquidão sua mão forçando-a parar de me tocar, era mais seguro ficar longe de seu toque intoxicante que me fazia perder a razão. Mas o bastardo começou a rir, feliz demais com minha fala de duplo sentido. Helena ergueu uma das sobrancelhas, inquisitivamente. - Ou melhor o que não aconteceu!  - tentei consertar. Mas não pareceu ter algum efeito. Me levantei do sofá tentando ficar longe de Oliver e de seu efeito sobre mim, mas as malditas algemas o forçaram a se levantar também, e ele se colocou bem a minha frente.  Me desafiando. Me tentando.— Nós apenas dormimos. – o lembrei, cutucando o seu peitoral com a ponta do dedo. Segurei um gemido de dor. Por que ele tinha que ser todo duro? Não havia uma parte dele que poderia ser macia ou mole? Não definitivamente não... Pensei com mais malícia do que deveria. Ah Deus... Por que minha mente seguia sempre por esse caminho? - Dividimos a cama. Mas não teve sexo algum! Alguns beijos talvez, mas não teve sexo nenhum. – ele sorria. O bastardo sorria para mim, enquanto eu lutava para provar a verdade à Tommy e Helena que seguiam nos observando como se fôssemos o casal principal de uma comédia romântica ruim. – Admita, seu idiota prepotente! – peguei o pacote de ervilhas e soquei com toda força onde eu sabia que iria doer mais.

— Aí. – ele reclamou, contraindo o pacote de ervilha ainda mais forte contra a virilha - Se bater assim nele outra vez, é provável que nunca voltaremos a fazer sexo algum dia.

Tenha santa paciência. Como ele ainda conseguia brincar comigo nessas circunstâncias?

— Eu espero que ele esteja quebrado! – mentira número um – E que não tenha conserto. – mentira número dois. - Por que eu com certeza não quero transar com você! Ele não tem utilidade nenhuma para mim! –  Grande mentira número três. Fui esperta, levando a mão rapidamente ao nariz, fingindo coçá-lo.

— Por que levou a mão ao nariz? –  Oliver investigou, seu sorriso tornando-se zombeteiro. – Está mentindo para mim, amor?

— Você é tão... é tão... Argh! – gritei, frustrada por ser incapaz de encontrar uma palavra para descrever o quanto Oliver Queen me tirava do sério.

— Tão o quê? – insistiu, se aproximando.

— Tão idiota. Arrogante. Convencido. Impossível de lidar. Argh. Eu odeio você. – bati o pé - Por que está fazendo isso comigo? Me torturando desse jeito?

— Eu não estou fazendo nada, você é quem está se torturando. – Suspirei. Eu estava mesmo, deixando que cada ação, cada palavra sua me atingisse me fazendo reagir como uma louca. Uma louca por ele. — Sua irmã só perguntou se dormimos juntos e eu respondi, não entendo porque está tão brava comigo, Felicity. – ele piscou os olhos tão inocentemente que desejei ser capaz de materializar mais pratos só para jogar nele novamente.

Dessa vez eu não iria errar.

— Você se faz de bobo, sabe como eu fico quando...

— Quando...? – forçou. Ele realmente estava tentando me tirar do sério. E estava conseguindo, só não entendi o que ele ganhava comigo assim. Instável. Louca. Sem conseguir pensar em nada a não ser ele.

— Tommy, me dê esse prato. – estiquei minha mão que não estava presa a de Oliver, para Tommy sentado ali nos observando como se fossemos a atração do dia. Ele havia levado o último pedaço da omelete a boca e o prato limpo estava agora sobre seu colo, chamando-me.

— Use com sabedoria. – colocou o prato em minha mão com uma reverência cômica.

Sorri.

Eu não estava sendo nenhum pouco sábia quando ergui o prato acima de nós, pronta para acertar Oliver com toda aquela raiva reprimida que ele tão irritantemente trouxera a tona, e pior parecia gostar de alimentar. Muito menos sábia, quando praticamente dei um grito de guerra antes mover o prato em direção a cabeça de Oliver.

Eu estava pronta para o grito de dor dele.

Estava pronta para ser a louca que o acertara e que logo em seguida procuraria o kit de primeiros socorros para colocar ataduras em sua cabeça dura.  

Mas não estava nenhum pouco pronta para sua mão em meu pulso restringindo meu movimento. Para sua voz suave e livre de raiva, mesmo que eu estivesse tentando o atacar com tamanha violência. E muito menos, pronta para ver o que se escondia por trás da fúria em meus olhos, que eu via refletida nos dele.

— Como você fica quando eu te tiro do sério, amor? – perguntou seriamente, olhos inspecionando os meus, sua mão ainda segurando meu pulso movimentando os dedos com carinho numa carícia tão lenta e envolvente, fazendo-me ceder sob seu toque, abaixando nossos braços, sem que eu sequer me desse conta.

Eu fico louca. Frustrada. Irritada.

Eu quero acertar algo em seu rosto e tirar o sorriso convencido de seus lábios. Eu quero afastá-lo para longe de mim, para que suas mãos não mais me toquem, para que seus olhos não mais despertem sentimentos que há tanto tempo eu enterrei, para que meu coração não aja como um tolo irracional apenas porque você continua a me chamar de amor. Mas ao mesmo tempo eu quero puxá-lo de volta para meus braços, eu quero suas mãos em mim. Em toda parte de mim.

Quero seus toques.

Seu olhar fazendo me sentir viva.

Sua voz dizendo meu nome entre beijos de tirar o fôlego.

Quero até mesmo o seu sorriso convencido que me tira do sério.

Eu desejo beijá-lo furiosamente, até que meu coração exploda. De raiva. De amor. De saudade. De paixão.

Por que por mais que eu tente negar. Por mais que eu fuja, não há para onde correr quando os sentimentos estão dentro de mim e exigem ser confrontados. Tudo o que eu quero de você, Oliver, se resume em uma única palavra, em uma verdade incontestável que eu já não consigo mais esconder:

Você.

Eu quero você.

Essa era a resposta que gritava dentro de mim, que se agitava por trás das grades do meu coração, mas a qual eu era covarde demais para libertar.

­— Eu odeio você. – respondi sua pergunta, e me surpreendi com o quanto de honestidade havia em minhas palavras. Oliver vacilou uma passada para trás, recebendo-as como um tapa certeiro. Eu sabia que ele havia visto o ódio verdadeiro ardendo em mim, e isso o desnorteou por um momento.

— Você tem fortes sentimentos por mim, amor. – ele se recompôs, a voz tentando soar controlada. Mas eu vi o medo estampado em seu rosto, medo de que estivesse errado quanto a mim e que eu realmente o odiasse. - Eu não tenho certeza se ódio é o maior deles. – deu um passo à frente, mandando a cautela para o inferno e exigindo ter de volta a proximidade de antes, recusando a aceitar que minhas palavras ficassem entre nós. Ele estava também testando-me. Testando, se eu o odiava tanto quanto clamara. - Talvez, o que você realmente odeia seja o quanto não tem controle sobre essa parte de você. Sobre o que eu ainda desperto em você. - prendi a respiração. Poderia Oliver me conhecer melhor do que eu mesma me conhecia? - Helena, se importa em manter os pratos longe da sua irmã? – pediu, sem desviar o olhar de mim. Me questionei porque ele estava dando-o a minha irmã, principalmente depois que ela mesma havia o acertado nas bolas.  – Eu acho que já tivemos nossa cota de agressão, Felicity. – notei com certa dor em meu coração, o uso do meu nome e não “amor” - ... E isso não nos leva a nada, apenas nos faz dar voltas e mais voltas ao redor de nossos sentimentos, ao invés de enfrenta-los. É hora de parar de mutuamente nos machucarmos, com atos ou palavras e finalmente conversarmos.

Seriamos capazes disso? Conversar?

— Mas que pena! - pisquei me afastando um passo de Oliver quando ouvi o tom de lamento vindo de Tommy.  Eu havia me esquecido que tínhamos plateia. Sabiamente, evitei o olhar de Helena. Num primeiro momento por vergonha do que meu rosto estava revelando dos meus sentimentos e num segundo por puro medo do seu julgamento. - Eu estava ansioso para ver um prato acertando sua cabeça, Ollie. –  reclamou - E você aqui querendo fazer terapia de casais!

— De que lado você está? – notei que Oliver o encarava já sem paciência. - E você estava gravando? –  Tommy sorriu, levando rapidamente o celular ao bolso. Era curioso que Oliver estivesse tão facilmente se irritando com Tommy e quanto a mim... Bem, ele apenas seguia provocando sem nenhum temor e sorrindo quando deveria estar fora do sério comigo.

— Estou do lado que me diverte mais. - sorriu sem vergonha. - E sim. Gravei para a prosperidade, talvez eu mostre isso num telão quando fizer meu brinde no casamento de vocês.

— Humpf. – a ideia de casamento finalmente me fez reagi, despertando antigos fantasmas dentro de mim - Isso nunca vai acontecer! Nem em um milhão de anos. – Dessa vez encarei Oliver ao dizer.

— Oliver não vai me deixar ser seu padrinho? – Seus olhos caíram, os lábios numa imitação perfeita de um biquinho de uma criança magoada. Seu lábio inferior até mesmo tremia. Mas um pouco e eu veria lágrimas rolando por seus olhos. Deus! Tommy Merlyn tinha uma vocação para o drama teatral, eu podia imaginar o quanto seria divertido se ele e Helena...

— Nós nunca vamos nos casar. – expliquei, mas eu mesma notei a falta de convicção na minha afirmativa, e mais surpreendente que isso, havia em minhas palavras uma tristeza que sempre mantive escondida quando a palavra casamento saía de meus lábios, mas que agora se esgueirava mostrando mais do que deveria. Oliver havia me arruinado para sempre quando o assunto era casamento?

Olhei para ele. Realmente olhei para ele. E finalmente entendi o porquê da minha aversão tão forte quanto ao matrimônio. Não era nenhum trauma porque eu havia sido largada pouco antes do casamento, era porque a mera ideia de usar um vestido de noiva, caminhar pela igreja sabendo que haveria um homem me esperando no altar, e que esse homem não seria Oliver... Fazia tudo dentro de mim protestar.

— Você não sabe o dia de amanhã, loirinha. – Tommy piscou para mim sorrindo convencidamente, como se soubesse de algo que eu não sabia. - Helena, querida. se vamos bancar os psicólogos para esses dois eu acho melhor você me dar esse prato, eu sei o quanto eu sou irritante e vai que a mania de atacar com pratos é de família...

— Eu não preciso de pratos Tommy. – ela deixou o prato de lado - Viu o que fiz com Oliver usando apenas um joelho, com você eu faria dez vezes pior. – sorriu diabolicamente.

— Adoro quando banca a passivo-agressiva comigo. – Tommy gargalhou, sem se deixar intimidar. - Eu tenho tanta certeza de que somos perfeitos um para o outro, nos divertiríamos tantos... – seu tom era sonhador - Mas hoje não é nosso dia de resolver nossas diferenças. - lamentou - Hoje vamos ajudar à esses dois, pobres coitados.

— Eu não concordei com isso. – me interpus.

— Eu sim. – Para minha surpresa Oliver se sentou parecendo sério e compenetrado, me sentei ao seu lado por falta de opção. Às vezes eu acho que Oliver discordava de mim apenas pelo simples prazer de me ver irritada.

— Helena? – implorei, minha irmã era a única com bom senso o suficiente para saber que expor nossos problemas não resolveria nada.

— Eu quero entender a história do começo – Abri a boca, ainda sem acreditar que tinha levado essa rasteira da minha própria irmã – Não faça essa cara para mim, Felicity.  Eu te conheço bem o suficiente para saber que você me daria a versão com cortes dessa história. – senti o sangue se acumulando em minhas bochechas, comprovando que eu tentaria sim esconder algumas partes de Helena. As partes mais quentes.—  Eu preciso entender o que está acontecendo entre vocês dois, e por mais que odeie concordar com Oliver, vocês precisam de um momento para conversar. Não dá para essa história continuar prendendo você desse jeito, é hora de seguir em frente. - Concordei, ainda que com reservas.  Eu sabia que Helena estava certa, mas saber e estar pronta para abrir meu coração e reconhecer que Oliver ainda mexia comigo eram duas coisas completamente diferentes. – Então vamos, ao mais importante o que diabos Felicity está fazendo aqui e algemada a você, Oliver? – Sorri com a facilidade que Helena deixou o tom doce, e mudou para o acusatório quando falava com Oliver.

— É uma história engraçada. – ele se remexeu ao meu lado, coçando o queixo. Parecendo mais um menino encrencado do que o homem cheio de atitudes que me colocaram nos ombros e me trouxera para cá.

— Faça-me rir. – minha irmã desafiou ao cruzar os braços. Temi pela vida de Oliver.

— Eu meio que a sequestrei. – Oliver disse tão baixinho que eu que estava ao seu lado mal o escutei.

— Meio?

— Você me sequestrou totalmente! – Como ele ousava minimizar a coisa?

— Não foi bem assim! – ergueu as mãos espalmadas, como se dissesse que era inocente.

— Você me algemou, me jogou sobre os ombros e me colocou dentro do carro, como um maldito homem das cavernas! Como chama isso se não sequestro?

— Eu poderia dizer que fui apenas pegar o que era meu.

— Eu não sou sua! – bati em seu ombro, respondendo a provocação.

— Estou trabalhando nisso. – algo dentro de mim se contraiu, ansioso para que Oliver “trabalhasse” nisso - Conhece aquele ditado “Os fins justificam os meios”, sequestro era o único meio de fazer alguém muito teimosa e cabeça dura me ouvir. – revidou. Eu o teria respondido se ainda não estivesse ainda surpresa com minha própria reação.

— Protesto! – Tommy se intrometeu.

— Tommy, não estamos em um tribunal. – Helena apenas revirou os olhos.

— Mas você é uma policial e Oliver é meu cliente, e ele não vai assumir que sequestrou sua irmã. Não importa se tenha algemas envolvidas e pessoas sendo jogadas por sobre o ombro, colocadas dentro de um carro e trazidas para uma casa no meio do nada. – Ele sorriu - Acabei de salvar sua bunda, Ollie. De nada.

— Por que sequestrou Felicity? – Helena retomou.

— Ele não... – Tommy começou.

— Mas que inferno, Tommy... – eu estava perdendo a conta de quantas vezes Helena já havia revirado os olhos, mas provavelmente era o mesmo número de vezes que Tommy havia aberto a boca para falar. - Por que trouxe minha irmã para cá, e ainda por cima algemada à você como se fosse uma prisioneira? – O rosto de Oliver ficou lívido. Não havia modo dele contar seus motivos sem que Helena o matasse antes de chegar ao final.

— Oliver sabe que estou investigando o caso em que ele é suspeito, e queria uma chance de provar sua inocência. – respondi por ele, deixando Helena surpresa, mas ela não comentou. Oliver não foi tão discreto com seu olhar estatelado e a boca aberta. – Pensou que eu poderia ajudá-lo, já que eu sou da polícia...

— Então você decide seques... trazê-la para um lugar inóspito, colocar algemas e impedi-la de sair, por isso?— Sarcasmo. Helena não iria se deixar convencer tão facilmente. - Não é muito inteligente praticamente cometer um crime para provar que não cometeu outro, Ollie.

 - Oliver não cometeu nenhum crime. – Tommy se intrometeu.

— Você é insuportável.

— Todo mundo é inocente até que se prove o contrário, querida.

— Ele machucou a minha irmã! Ele é culpado até que eu diga que não é! – Esbravejou furiosa. – E advinha só? A pena dele são várias joelhadas no meio das pernas. Quer ouvir o que reservei para os amiguinhos irritantes que tentam o defender?

— Eu queria apenas conversar com Felicity.  – Oliver respondeu mais alto, impedido que Tommy e Helena se perdessem em sua briguinha particular. – Sim, eu sei que parece exagero prendê-la a mim apenas para que ela me escute. Mas ela é impossível, ela nunca me escuta!  Estou vendo a hora em que ela vai simplesmente colocar às mãos sobre os ouvidos e cantarolar apenas para não ter me ouvir. – Helena assentiu, concordando.

— Eu não sou impossível! Você que é. – bufei, não gostando do rumo que a conversa tomava.

— Você é um pouquinho teimosa sim.  – Para meu descrédito, minha irmã concordou.

— Helena!

— Amor, eu tive que te algemar, colocar no carro de Tommy que nos trouxe até aqui, um lugar isolado e mesmo assim você estava se recusando a me ouvir. -  Eu não me recusei. Ou talvez tenha sim... comecei a repensar. - Do mesmo jeito que fez anos atrás, apenas me deu as costas e fugiu sem me dar uma chance de me explicar, de dizer que... – a mágoa em sua voz enquanto sua voz morria ao final sem completar a frase, fez meu coração doer. Eu era assim tão intransigente? - Eu deveria ter pensado nas algemas naquela época, aposto que muito dessa confusão teria sido evitada.

Deixei meu pensamento se perder, imaginando o que de tão importante, Oliver poderia ter me dito anos atrás que mudaria todo o nosso futuro? Eu não poderia me iludir, mas ainda assim...

— Protesto! -  Tommy se ergueu - Eu estava dirigindo o carro e trouxe os dois para a casa, fui só o motorista e não tenho qualquer envolvimento, com qualquer tipo de crime do qual Oliver possa ser indiciado.

— Tommy quantas vezes vou ter que dizer que não estamos em julgamento aqui?

— Várias vezes. - sorriu - Eu gosto de quando fala comigo.

— Pelo bem de todos, eu irei ignorar Tommy. – sorri, apenas porque apesar das palavras duras de Helena, eu vi seus lábios repuxarem num pequeno sorriso. Merlyn estava conseguindo vencer as defesas da minha irmã.

— Duvido que consiga. – A voz de Tommy exprimia desafio. Eu podia não entender a dinâmica daqueles dois, mas ali havia algum joguinho do qual eu não era consciente, disso eu tinha certeza.

— Oliver, você a forçou minha irmã a ficar aqui com você? –  minha irmã retomou, mais séria dessa vez. Eu conhecia seu olhar, ela estava disposta a cavar até compreender o que estava acontecendo.

— Não.

— Não? – devolvi. Ele estava mentindo na minha cara?

— Você não protestou muito, amor.  – o bastardo se atreveu a quase sorrir! - E eu disse que se ela quisesse pegar as chaves da algema e nos soltar, ela poderia fazer a qualquer momento. – Meu queixo caiu.

— Eu não poderia não. – Protestei sentindo o rosto se tingir de vermelho com a mera ideia de pegar as chaves.

— Claro que sim. – fez-se de desentendido, notei que sua mão havia pegado a minha e colocado ambas unidas sobre a sua coxa - Eu deixei as chaves no alcance da sua mão, eu disse que não iria impedi-la, eu teria adorado se tivesse ao menos tentado pegar as chaves para a nossa  libertação... – porque meu coração batia tão forte, teimando em entender erradamente as intenções de suas palavras? - Eu não tenho culpa se é covarde demais para pegá-las, amor.

—  Eu... Mas, eu não... Seu filho da mãe! Você as deixou dentro da sua cueca! – estourei. – Como eu deveria pegá-las?

— Com essas mãozinhas macias.

— Você colocou mesmo na sua cueca? – Tommy questionou - E não coçou?

— Incomodou para caralho. – deu de ombros. – Mas eu estava disposto a aguentar pelo prêmio maior.

— Prêmio maior? Minhas mãos na sua cueca?

— Isso mesmo, amor. – sua voz veio suave e quente contra meu ouvido, respondendo à pergunta que eu pensei ter dito apenas em minha mente. Eu sequer havia notado que a boca dele estava tão próxima, até sentir seus lábios tocando a pele e envolvendo meu corpo em uma série de deliciosos e inconvenientes arrepios.

— Vamos recapitular para ver se eu entendi direito: Oliver trouxe minha irmã para cá, algemada, mas não a sequestrou e nem a manteve presa, porque Felicity poderia simplesmente pegar as chaves dentro da sua cueca... – forcei a me afastar de Oliver. De sua boca quente, de seu corpo próximo e me concentrar em Helena. - Vocês dividiram a mesma cama, dormiram abraçados, mas não tiveram nenhuma ação sob os lençóis?

— Exato! – respondi rapidamente.

— Sim. – fiquei aliviada por ele concordar. – Mas na verdade dormimos de conchinha, sabe com é, eu abraçando o corpo de Felicity por trás mantendo-o perto do meu, um pouco ou muito de pele se esbarrando, partes se enroscando e se acomodando uma na outra aonde melhor se encaixavam... – Resisti ao impulso de me abanar. Helena e Tommy o ouvia clinicamente. Eu era a única que sentia o efeito das palavras de Oliver? - O beijo na cama foi um pouco decepcionante... Mas Felicity me compensou depois no banheiro quando ela foi tomar banho, ela praticamente me atacou e disse que queria sexo, quente, molhado e escorregadio no chuveiro...

— Oliver, cala a sua boca! – Eu precisava que ele parasse de falar sobre aqueles momentos, eu ainda tinha a memória muito fresca para ignorar a reação quase automática do meu corpo.

— Você nega que o atacou no banheiro? – Helena me perguntou, seu olhar concentrando em meu nariz.

— Eu não... – não consegui completar. Como mentir para minha irmã?

— Então você não o beijou nenhuma vez?

— Eu o beijei algumas vezes e... – comecei, sentindo o rosto quente enquanto me enrolava em minha resposta.

— Algumas vezes? – Helena captou, erguendo a sobrancelha esperando por mais explicações.

— Que inferno Helena, por que está me interrogando? -  reclamei, desejando mudar de assunto - Eu sou a vítima aqui! – apontei para mim mesma.

— Eu não estou vendo nenhuma vítima aqui. – minha irmã disse - Você não correu para mim, aliviada por eu ter te salvado do seu vilão. Na verdade, quando chutei Oliver nas bolas, você pareceu até mesmo preocupada que eu pudesse ter causado algum dano no “equipamento” dele. Para mim irmãzinha vocês estão fazendo um joguinho sexual muito divertido com essas algemas. – Senti minhas bochechas corarem. Eu sabia que a coisa toda entre Oliver e eu era complicada. Que vivíamos mandando sinais confusos, não apenas um para o outro, mas para quem nos observava.

— Não é um jogo. – Oliver defendeu.

— Não tem sexo!

— Então não tem sexo mesmo?  Ou sequer a intenção de que isso acabe entre os lençóis? – Dessa vez Oliver começou a suar, abriu a boca e a fechou logo em seguida, como se não pudesse responder àquela pergunta honestamente. Helena voltou-se para mim, disposta a arrancar a verdade. – Então por que simplesmente não pegou a chave e se soltou, Felicity? - Porque eu não tinha controle algum quando o assunto era Oliver... Porque eu não queria deixa-lo. – Por que jogar pratos em Oliver quando ele fala da ex? Por que corresponder aos seus toques? Por que usar a roupa dele? – indicou, fazendo-me olhar para mim mesma só agora me lembrando que ainda usava a camisa dele. – Por que tudo isso, se você o odeia tanto quanto clama?

— Eu... eu..  é que... – eu sabia as respostas, mas não podia dá-las. Não quando dizê-las iria contra tudo o que dizia, e revelava o que eu mais temia.

— Uau. – Tommy olhou para Helena com admiração - Você bugou sua irmã, eu quero ser você quando crescer.

— Não percebe que estou tentando entender o que está acontecendo aqui? – soltei um suspiro aliviado, deixando que aqueles dois se perdessem um no outro. Me permitindo um tempo apenas para deixar meu corpo relaxar, e minha mente confusa se estabilizar enquanto eles se enredavam em mais uma discussão.

— Eu tenho uma ideia melhor, coloque algemas em mim que eu explico a você o que esses dois estão fazendo aqui algemados até agora. – Tommy sugeriu - Vou dar uma dica, eles estão gostando de ter uma desculpa para estarem perto um do outro.

Parei de repente, assimilando algo. Então era isso? Eu estava me apegando à uma desculpa?

— Acho que devíamos tirar a criança da sala. – Helena comunicou dando de ombros e para minha tristeza voltando a atenção para mim - Estou esperando, por uma explicação sensata, e de preferência uma que me faça acertar Oliver no meio das pernas de novo. – Oliver se encolheu e só então eu percebi que havia acomodado meu corpo no dele, que sua mão brincava com a minha e sem nem perceber, eu brincava com a dele de volta. Seria por isso que eu havia relaxado tão facilmente? – Você pretende usar minha irmã para se livrar da cadeia? Porque se for isso, prepare-se para não sair inteiro dessa casa.

— Eu não acho que precisamos ser violentos. – me manifestei.

— Por que você está defendendo o bastardo? – Helena inclinou-se para frente, analisando-me - Se entendi bem ou ele te sequestrou e está brincando com você enquanto aproveita para te usar. -  balancei a cabeça, não era assim tão sórdida a coisa. - Ou vocês dois estão brincando com toda a situação. Ou você apenas está louca para colocar a mão na cueca dele e está com medo de eu danificar o brinquedinho dele.

— Helena! – ela ergueu uma das sobrancelhas em seu tão característico desafio - Eu não estou querendo colocar a mão dentro da cueca dele. – Helena sorriu. Oh merda.

Merda.

Merda.

Eu não fiz isso.

Meu nariz franziu.

E Helena viu.

Ela viu a minha mentira deslavada, e o quanto eu queria sim colocar minha mão lá.

— Eu não estou brincando com Felicity ou usando-a, eu jamais faria qualquer coisa que pudesse machucá-la novamente. – soltei o ar, ligeiramente mais tranquila por Oliver não ter me pego mentindo. Prestei atenção às suas palavras e me acalmei ainda mais. Ele falava com tanta certeza, que eu não ousaria duvidar de suas palavras. - Eu não sou esse cara que você pintou na sua cabeça. Eu posso ter usado a coisa de ser suspeito de uma investigação criminal para me aproximar de Felicity no começo, mas no instante em que estive com ela novamente, eu não pensei nisso, porque estar ao redor dela me transforma. Coloca coisas mais importantes em minha mente. – girei o rosto olhando para Oliver, só para perceber que olhava para mim de volta. Seus dedos apertaram-se ao redor dos meus, temendo que eu pudesse fugir de suas palavras, não que eu pudesse fazê-lo com aquela algema em mim, mas gostei do modo como ele preferia ter uma ligação viva e quente ao invés do frio do metal. - Eu pensei em nós dois o tempo todo em que estive com você, Felicity, em como duas pessoas que se amaram tanto chegaram ao ponto de não mais confiarem uma na outra, de brigar o tempo inteiro por coisas tolas. Quando foi que permitimos que todo o resto abafasse o que sentimos em nossos corações? Isso não deveria ser o mais importante? – Eu não sei. E sim, é o mais importante. Respondi, ainda que não por palavras. - E talvez, ingenuamente eu esteja aqui, aguentando suas ofensas, permitindo que jogue pratos em mim, vendo-a tentar fugir sempre que eu me aproximo e tento algo mais, porque estou tentando entender como um amor desses pode ter desaparecido para você, e se ainda podemos recuperar o que tínhamos...

— O que tínhamos? – Meu coração batia rápido, ele estava sugerindo...? - Quando estávamos juntos, você quer dizer? - engoli em seco.

Nossos olhares ainda estavam um no outro.

Tentando conversar, uma vez que sempre que nossas bocas tentavam fazer isso a coisa desandava.

— Não acredito em você, Oliver. – Minha irmã interrompeu nossa conversa silenciosa - Felicity, você está se divertindo com essa situação de estar presa a Oliver? – me perguntou diretamente.

— Não, eu não estou, mas...

— Se não é um joguinho sexual divertido, então eu estou deduzindo que minha irmã está presa a você contra a vontade. - concluiu, atropelando o que eu dizia - Me dê a chave agora, Oliver.

Não dê.

Uma parte pequena de mim rugia. Não dê a chave à ela. Ainda não.

Os olhos de Oliver procuraram os meus. E quando se encontraram, meu corpo inteiro reagiu, se movimentando em direção a ele, sentindo o poder de seu olhar sobre mim. Ele entendia o que eu queria?

Ele entendia.

Então, por que, estava fazendo o contrário?

— Eu queria que pudesse ser diferente, queria ter mais tempo com você, que acima de tudo, você quisesse ter esse tempo comigo sem que eu tivesse que roubá-lo. - sua outra mão procurou a minha, ambas apertando-a enquanto um pequeno sorriso triste aparecia em seu rosto. Desejei apagá-lo. Preferia aqueles sorrisos maliciosos e zombeteiros, não este, tão sincero e que não escondia seus sentimentos. - Tempo para me ouvir dessa vez, e não apenas jogar as coisas em mim. Tempo para...

—... para? – meu coração parou, ansioso por suas palavras.

— Não importa mais. – Importa sim, Oliver. Mas as palavras ficaram presas dentro de mim. – Dizem que quando amamos alguém, devemos o deixar livre... – Se voltar é porque essa pessoa realmente nos pertence. O restante da frase ficou implícito e ambas as suas mãos soltaram-se da minha. Senti saudade do seu calor. - A chave, Helena. – Oliver esticou a mão para ela. Era isso? Acabou? Ele não ia sequer lutar? Depois de tanto falatório, depois de tantas tentativas de me seduzir Oliver estava apenas desistindo de mim?

— Isso esteve na sua cueca, não vou tocar. – minha irmã negou fazendo cara de nojo - Pegue, Tommy.

— Eu não. – começou a protestar, bufando logo em seguida sob o olhar exigente da minha irmã. - O que tem nesses olhos azuis quase violetas que me obrigam a fazer o que quer que você peça? É perturbador, mas eu meio que gosto. – ele piscou para Helena graciosamente, e por um instante a inveja me atingiu. Tommy não havia desistido de Helena apesar de ter todos os motivos para fazê-lo. - Eu vou ter que lavar minhas mãos depois disso. – ele se levantou segurando a chave fazendo uma pinça com a ponta dos dedos - Com licença.

— Depois que soltarmos você, e saímos daqui vocês dois irão comigo para a delegacia apresentar uma queixa formal...

— O que disse? – eu não estava prestando atenção.

— Oliver te sequestrou, te manteve presa aqui, te algemou... - começou a elencar - Vai deixar o filho da mãe te enganar só por causa de uns poucos beijos quentes?

Ele não estava me enganando.

Se havia alguém enganando aqui era eu. Eu que mentia para mim mesma dizendo que não queria Oliver, eu que me afastava dele sempre que ele ameaçava querer apenas conversar. Oliver era a única pessoa sendo sincera entre nós desde o maldito começo.

— Eu acredito nele, Helena, em tudo o que ele me disse. – eu disse, sem sequer hesitar.

— Você acredita? –  Surpresa. Medo. Esperança. Vi tudo isso nos olhos de Oliver.

— Sim. – Consegui dizer, olhando para ele. - Acredito que não quer me magoar, nem que esteja me usando para provar sua inocência, embora queira minha ajuda, jamais mentiria para tê-la. – Seus olhos marejaram, mas ele escondeu bem. Mesmo assim isso me fez pensar por que Oliver parecia tão feliz com algo tão pequeno? - Acredito que há muita coisa entre nós. Sentimentos mal resolvidos. Coisas não ditas. E parte disso é culpa minha por nunca ter te dado a chance de se explicar, nem há três anos, nem agora. Eu quero tempo também... tempo para tentar... – mordi meus lábios, obrigando-me a manter a maior parte do que eu queria dentro de mim.

—... Tentar? – ele repetiu.

—... Tentar provar que você é inocente. – completei, antes que falasse alguma bobagem, como tentar ver se ainda havia alguma chance para nós. Eu não estava pronta para colocar meu coração na linha de frente ainda. Mas algo me dizia que mesmo escondendo, Oliver conseguia perceber isso.

— Então podemos ter tempo. - Ele sorriu, emoção transbordando em seus olhos de uma forma única, que só vi uma outra vez na vida. Quando Oliver havia me pedido em casamento. Como ele poderia parecer contente com algo tão pequeno? – Todo o tempo que você precisar. É tudo seu, amor. – Havia um desprendimento tão grande em suas palavras, que minha vontade era de abraçá-lo, mesmo sem que houvesse um motivo para isso.

— Espera, a terapia ajudou? - Um Tommy risonho se aproximou - Nós somos realmente bons juntos. Toque aqui, Lena! – ele ergueu a mão esperando.

— Você não fez nada. – minha irmã torceu o lábio para ele, compartilhei um olhar com Oliver, como se nós dois soubéssemos onde aquilo iria parar.

— Claro que fiz. – defendeu-se - Eu dei apoio moral.

— Então como ficamos, Felicity? – Helena perguntou diretamente para mim. Deixando em minhas mãos a decisão de tudo. Fiquei um pouco surpresa, não era do feitio dela não se intrometer em minhas decisões.

— Eu vou ajudar a provar que Oliver é inocente. – respondi, me sentindo bem com isso ou talvez fosse porque os dedos de Oliver brincavam com os meus. Tanto faz, parecia o certo a fazer. - Provavelmente vai ser melhor se eu tirar uma licença da polícia por um tempo para não termos nenhum conflito de interesses. Não precisa se preocupar comigo, Helena.

—  Eu não me preocupo. – franzi o cenho, em outra época Helena faria de tudo para me afastar de Oliver – Você quase sempre toma as melhores decisões.

— Quase?

— Ajudando o seu ex a se livrar da cadeia? Está tentando ganhar seu lugar no céu, irmãzinha? – eu ri, pela primeira vez me sentindo mais leve e despreocupada com a aprovação de Helena.

— De jeito nenhum, o céu vai ser um lugar muito chato sem lá você.

Touché— ela me concedeu a vitória. - Billy não gostou quando eu disse que você não voltaria, ele vai surtar quando souber dessa sua licença tão inesperada... – semicerrei meus olhos ao ver o brilho quase malévolo nos olhos da minha irmã quando ela lançou as palavras tão bem estudadas... O que ela estava aprontando trazendo Billy para a conversa?

— Então esse Billy existe mesmo? – Oliver se remexeu ao meu lado, percebi que trazia meu corpo mais para perto do seu, prendendo minha mão junto a sua de um modo mais possessivo. - Seu namorado. – quase ri do tom debochado e ligeiramente banhado a fúria ao dizer a palavra. Eu havia me esquecido dessa mentirinha.

— Ah existe... – Helena respondeu por mim. Adorando jogar lenha na fogueira. - Ele falta beijar o chão que Felicity pisa. – Helena intencionalmente começou a florear as coisas – Eu nunca vi um homem tão devotado e apaixonado em minha vida, mais algumas semanas e logo minha irmã terá um anel em sua mão.

Aquilo tinha sido um rugido vindo de Oliver?

— Felicity disse que você não gostava dele. – Oliver acusou sem esconder o mau humor. Eu não sabia como ou se deveria entrar naquela conversa, mas no fim optei por deixar Helena brincar um pouco, depois de Laurel, Oliver bem que merecia provar do próprio veneno... - Que queria que ela arrumasse outro cara. – Seu rosto e sua postura parecia dizer: advinha só, ela arrumou outro cara.

— Eu acho que minha irmã merece o melhor. – Helena começou, falsamente cordata - Obviamente não é você - escutei o ranger dos dentes de Oliver - Já Billy... – minha irmã fez uma pausa dramática e suspirou sonhadoramente - ele a trata bem, e é bem bonito também... Felicity disse que o cara sabe beijar.  – Quase ri principalmente depois de ver o olhar de Oliver para mim, mas me contive. Eu podia ser uma péssima mentirosa, mas Helena... – Eu só queria que ela fizesse um pouco de ciúmes nele para apimentar a relação.

— Eu posso fazer muito melhor que ele, e garanto que Felicity não precisaria de artifícios para apimentar a relação comigo. – Claro que não. Oliver Queen era o sinônimo de ardente.

— Bem, você vai ter que me provar isso... – Minha irmã deixou no ar. Aonde ela queria chegar com isso?

— Eu adoro um desafio. - Percebi que Oliver havia estufado o peito.

— É uma aposta então.  – Helena esticou a mão para Oliver que retribuiu o cumprimento com um sorriso vencedor e um semblante obstinado.

— Espera, o quê acabou de acontecer aqui? – Olhei para os dois. Eles estavam apostando na minha vida amorosa?

— Nada com o que se preocupar, irmãzinha.— Saltitou para longe de nós e piscou para mim - Eu vou pegar as chaves com o Tommy.

— Você e minha irmã acabaram de apostar em mim? - virei para Oliver, já que Helena havia convenientemente se afastado. – Com quem eu vou ficar?

— Você me conhece, amor. – ele segurou o sorriso, mas ele transbordava em seu olhar. - Eu não aposto para perder, ainda mais com algo tão importante em jogo. – ele elevou a mão passando meu cabelo para trás da orelha, dedos suavemente dedilhando pelo contorno do meu rosto como se quisessem decorá-lo pelo tato.

— Oliver... – balancei minha cabeça, a respiração saindo mais rápido a medida que Oliver puxava delicadamente meu rosto para mais perto do seu. O que estávamos fazendo?

— O que você tem na sua cabeça, Merlyn! – Fui salva pelo gongo. Ou melhor, pelo grito de Helena, que colocou a mim e a Oliver de pé.

— Escondam os pratos e os objetos cortantes, ela é louca! – Tommy correu e se colocou atrás de mim. Escondendo-se.

— O que diabos você fez? – sussurrei para ele, olhando-o por cima do ombro. 

— Foi um acidente. – começou - Eu juro. Palavra de escoteiro. – ergueu a mão fazendo o sinal... Eu duvidava que algum dia ele tivesse sido escoteiro, mas enfim... - Eu estava lavando as mãos e a chave simplesmente escorregou pelo ralo da pia do banheiro...

— Oh. – Aquilo mudava um pouco as coisas.

— Quer dizer que não poderemos nos soltar? – Oliver questionou, olhando para o amigo com suspeita.

— Desculpa. – Tommy sorriu amarelo.

— Thomas, pare de se esconder atrás da minha irmã como um gatinho assustado. – Segurei o riso ao ver a imagem de Helena furiosa parada a nossa frente. Estava começando a duvidar dessa história de que não dividíamos o mesmo dna, era como me olhar no espelho.

— Mulher, você tem pratos na mão. -  ele apontou - E eles estão mirando em meu rostinho lindo.

— Melhor agora? – Helena abaixou os pratos, os colocando sobre a mesa de centro. - Seu rostinho lindo está a salvo.

— Não confio em você. – Mesmo sem confiar, Tommy saiu de trás de mim e caminhou cautelosamente até Helena. – Mas obrigado por dizer que meu rostinho é lindo.

— Eu não acredito que vou voltar para Starling tendo você como companhia. – Helena resmungou, contrariada.

— Vocês estão indo embora? – perguntei - Vão nos deixar aqui? Assim? – ergui as mãos mostrando as algemas.

— Alguém precisa encontrar um jeito de soltar vocês dois. – Helena respondeu atipicamente nervosa - Vou tentar encontrar cópias dessas chaves na delegacia. Mas acho melhor vocês dois ficarem aqui, fazendo o que estavam fazendo antes, sem levantar as suspeitas... Eu quero dizer, Oliver é um suspeito de um crime, afinal e até que você possa provar o contrário, é melhor ficarem escondidos.

— E precisa levar Tommy com você? – inqueri, sentindo o cheiro de algo errado ali. Por que justo Helena estava nos ajudando?

— Quero manter os olhos em cima desse aqui...

— Como eu queria que fossem as mãos... – Tommy lamentou-se sonhadoramente.

— Só se for ao redor do seu pescoço. – sorriu de um jeito angelical.

— Vai ser ao redor de outra coisa, tenho certeza. – Helena cravou as unhas envolta do braço de Tommy começando a arrastá-lo para fora - Aí. Isso machuca, querida.

— Se eu voltar sozinha, é porque tranquei Tommy no porta malas e joguei a chave fora. – sorriu, mas seu sorriso desapareceu assim que se virou para Oliver e vi novamente, aquela mulher feroz que era a minha irmã - E se quando eu voltar, Felicity estiver menos do que feliz eu irei até o inferno caçá-lo, um chute nas bolas vai ser o menor dos seus problemas, Oliver. Estamos entendidos?

— Sim, senhora. – Ele concordou, sem sequer piscar.

E mesmo depois que minha irmã e Tommy bateram a porta ao sair, depois de estar ainda ali naquela casa, com as algemas ainda ao redor de meus pulsos prendendo-me ao meu ex noivo, eu não conseguia espantar a sensação de que algo não se encaixava nessa história maluca.

— Helena é tão protetiva com você. – A voz de Oliver me fez parar de pensar, e me mover de frente para ele. Senti meu coração se manifestar, percebendo que estávamos sozinhos.  E que as coisas tendiam a sair do controle quando ficávamos assim.

— Depois de secar minhas lágrimas ela me prometeu que se te visse novamente ela iria chutar suas bolas. – Oliver fez uma careta, já sabendo o quanto aquilo doeria. - Uma vez para cada lágrima que caiu.

— Então acho que sai no lucro. – não havia humor nas palavras dele, ele sabia que tinham sido muitas lágrimas. Inclusive viu algumas delas.

— Sim. – sorri timidamente.

— Eu sinto muito. – Deu um passo a frente. Distância não era um conceito conhecido por nós ultimamente, mas sempre dava para diminui-la.

— Pelo o quê? – perguntei, sentindo o coração acelerar.

— Por todas as suas lágrimas. – dedos tocaram meu rosto refazendo o caminho que minhas lágrimas fizeram tanto tempo atrás. Era estranho que eu já não me lembrasse da dor? Que seu toque singelo e quente tivesse o dom de me fazer esquecer todas as noites de lágrimas derramadas contra o travesseiro, e ao contrário, trouxesse um sorriso aos meus lábios e uma sensação boa ao meu coração? Eu podia quase escutar a promessa silenciosa que seu toque me fazia...  Sem mais lágrimas.

Elevei minha própria mão, deixando que ela subisse vagarosamente pelo seu braço trilhando as veias saltadas pelas quais era possível sentir o ritmo do seu coração. Acelerado. Ansioso. Apaixonado. Dedos se permitiram brincar com os pelos finos do antebraço até se acomodarem sob sua mão. O metal das algemas tilintou ao se encontrar.

Percebi que nem mesmo as algemas me colocavam tão perto de Oliver como eu realmente gostaria.

— Sinto muito por você estar presa a mim, eu não deveria ter forçado as coisas entre nós, pelo menos não até nesse ponto. -  Deveria sim! Respondi apenas mentalmente à suas desculpas. ­— Foi idiotice da minha parte acreditar que era a melhor forma de resolver nossos problemas.

— Foi idiotice mesmo. – Concordei, recebendo dele apenas um aceno de cabeça e um sorriso fraco. - Mas quer saber? Estou feliz que o fez. – Sua expressão mudou tornando-se mais aguçada, e temerosa em permitir que a esperança que ardia em seus olhos tomasse lugar em seu coração. – Você me tira do sério e eu te odeio na maior parte do tempo. Mas...

— Mas...? – estávamos tão perto agora, seus olhos tão intensos nos meus me impediam de mentir.

— Você é a única pessoa no mundo a qual eu gostaria de estar presa, Oliver. – mordi o lábio, sabendo o quanto eu revelava do meu coração.

— Mesmo? – Perguntou, ainda sem querer acreditar.

— Sim. – eu sorri para ele - Oliver?

— O que foi?

— Você tem razão. – soltei as palavras que tão orgulhosamente calei por tanto tempo - Eu deveria ter te ouvido, eu sinto muito que não o fiz naquela época. – consegui dizer com calma, embora as próximas palavras que saíram tenham vindo trêmulas e banhadas pela emoção. – Eu estava com raiva e magoada e enquanto você dizia que precisava cancelar o casamento eu só vi a minha dor.  – eu me atrevi a pensar naquele dia, e com tristeza as imagens voltaram a minha mente. - Talvez tudo pudesse ter terminado com bem menos lágrimas se apenas eu tivesse te ouvido, se tivesse percebido que você sofria também.

— Não haveria lágrimas se você tivesse me escutado. – Oliver removeu a mão do meu rosto levando a minha consigo. Eu já estava lamentando sua ausência, mas não o fiz, me deleitando na surpresa de sentir sua boca sobre o interior da minha palma, beijando-a com tanta devoção. - Não teríamos terminado, amor.

— Isso só faz eu lamentar ainda mais. – aquela verdade fez meu coração doer.

— Então, agora, três anos depois, você irá me ouvir? Vai permitir que eu me explique? – Quando ele havia se aproximado? Seu beijo estava a um suspiro de distância.

— Não.

— Não? – Senti seu corpo tenso, o rosto não escondia a decepção.

— Eu pensei muito nisso, Oliver, e percebi que não preciso que me diga porque queria cancelar o casamento naquela época. – me apressei em dizer, ansiosa para ver a decepção sumir de seu semblante, - Eu só preciso que me diga, se foi porque você não me amava mais.

— Nunca.

— Nunca? – meu coração retumbou. Esperança sendo bombeada por ele ao invés de sangue.

— Sempre foi você, Felicity. -  porque meu nome em seus lábios parecia tão doce e cheio de adoração? - Como pode sequer questionar isso? Como pode não ver o quanto doía em mim, cancelar aquele casamento? Como pode não ver em meus olhos o quanto eu amo você? O que eu faria de tudo apenas para ter você comigo? - Havia mágoa em suas palavras, mas havia algo muito maior ali. Algo que eu não me atrevia a acreditar. Algo do qual ele sempre me chamava...

— Você ainda me ama? – Oliver não me respondeu de imediato.

— Você é teimosa demais, e eu tenho meu orgulho. Você não queria me ouvir, e eu também estava magoado demais para ir atrás de você como um cachorrinho. – Oliver respondeu, elevando nossas mãos e as colocou sobre seu coração - Nada nunca mudou aqui dentro para mim, amor.  – seu coração batia forte sob minha mão – Eu ainda me sinto completa e irrevogavelmente apaixonado por você, mas preciso saber...

— O quê? – pisquei.

— O que é isso? - Mal tive tempo para entender a inflexão na sua voz, Oliver imediatamente me passou para atrás de seu corpo quando a porta da sala foi arrombada e o som de passos preenchia o lugar.

Meu coração acelerou, se negando a aceitar que isso estava acontecendo agora.

— Oliver Queen? – escutei a voz familiar dizer, mas eu não conseguia associar a voz a pessoa uma vez que os braços de Oliver ainda me seguravam atrás do seu corpo, me protegendo sem necessidade alguma, mas ainda assim não podia deixar de achar fofo - Você está cercado! Coloque as mãos para cima e solte sua prisioneira.

— Quem diabos é você? – Ele inspecionou, sem atender ao pedido expresso.

— Oh merda! – xinguei não tão baixo quanto eu gostaria, e ganhei dois olhares em minha direção. Um de Oliver, ansioso e preocupado e o outro de Billy, que com um sorriso feliz e até mesmo bobo se apresentou.

— Eu sou o namorado da Felicity, vim salvá-la.

 


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Notas finais do capítulo

Eu espero que a leitura tenha valido a pena, falo com vocês em breve! Beijos!



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