Prenda-me se for capaz escrita por Luna Lovegood


Capítulo 2
Capítulo 2 - Lua de mel


Notas iniciais do capítulo

Hey!

Obrigada pelo incentivo seja por comentário ou favoritos, eu ainda não sei, acho que comédia não é muito a minha e meio sem querer eu acabo escorregando pro drama ou suspense... enfim, vamos juntos ver aonde isso vai dar?



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Oliver Queen 

— Acho que isso é o nosso até que a morte nos separe, Felicity. – a provoquei. Eu tinha um sorriso vitorioso pendendo nos meus lábios, mas era apenas uma máscara para disfarçar o que aquela frase realmente provocava em mim.

— Se é a morte o que você deseja, eu devo dizer que você não está muito longe de conseguir! Dê-me a chave, Oliver, e por favor não antes de passar uma merecida quantidade de álcool em gel nisso. – ela torceu o nariz e esticou a mão na minha direção esperando, me dando sua melhor pose impaciente e severa.

Era adorável.

— Tão puritana. - ri com deboche quebrando a sua postura - Não preciso te lembrar que você fez mais do que tocar aqui, amor. – a provoquei novamente, satisfeito ao ver que o rosto dela assumiu os mais adoráveis tons de vermelho que já vi e que a seriedade de seus olhos havia se esvaído sendo substituído por pura raiva.

— Tenha em mente que dessa vez, não vai ser prazer o que vai sentir se minhas mãos chegassem perto do seu... – ela não terminou.

—... do meu? - insisti segurando o riso, e  semicerrando meus olhos – Não quer tocar e também não consegue dizer? O que aconteceu com você que mais parece uma garotinha de igreja? Eu sei o quanto essa boquinha pode ser devassa quando quer...

— É claro que você vai agir como um idiota! – ela revirou os olhos e me deu as costas marchando para o outro lado, eu sorri quando as algemas a impediram de ir mais longe. Eu finalmente tinha conseguido um meio efetivo de mantê-la junto a mim, eu devia ter agido assim daquela vez.

— Vai à algum lugar, amor? – a provoquei, observando-a bufar de raiva quando a algema a impediu de continuar a se afastar.

— Você está se divertindo, não está? – cruzei meus braços e me encostei à parede, meu movimento obrigando Felicity a se aproximar de mim, um palmo de distância era tudo o que havia entre nós. Ela se manteve tensa e, é claro, havia o olhar assassino na minha direção, mas eu não me importava, já fazia tempo que eu a tivera assim tão perto de mim, meu corpo reagia instantaneamente a sua proximidade e calor, e eu gostava de me sentir assim outra vez. Tudo poderia ter mudado para ela, mas nada havia mudado para mim.

Eu ainda era aquele cara que faria tudo por ela, sem sequer pensar uma segunda vez. Eu só queria que ela...

Bobagem, melhor eu focar no presente.

— Nada nessa situação é ideal para mim também. – comentei, mantendo meus pensamentos mais íntimos a uma distância segura dos meus lábios e colocando todo meu empenho em apenas provocá-la, era mais divertido e seguro, e eu me controlava melhor assim - Mas não vou fingir que não há vantagens e que não estou gostando de desfrutar delas.

— Eu não consigo enxergar a vantagem de estar preso à uma mulher que te odeia. –  me controlei fingindo que suas palavras não me magoavam e forcei um sorriso.

— Você costumava me amar... Por que me odeia tanto agora? – por mais que eu tenha tentado mascarar, ainda assim as palavras saíram com certa mágoa.

— Oh, você ainda se atreve a perguntar?! – recebi um murro em meu peito, os olhos dela flamejavam de raiva, Felicity gostava tanto desse assunto quanto eu. Ela disse a mim que me odiava, e eu o aceitava até porque eu entendia porque ela acreditava que eu merecesse todo o seu rancor. Só que mais do que isso, eu me prendia a este ódio e deixava que ele acendesse alguma esperança em mim, porque eu sabia que seu ódio tinha nascido do amor que um dia ela tivera por mim, por isso era tão forte.

Porque o amor um dia tinha sido assim tão forte também.

— Ai. – segurei a mão dela pelo pulso, a impedindo de desferir um novo golpe, meu lábio ainda doía e latejava onde ela tinha me socado antes, eu não queria mais hematomas - Você ficou mais forte, amor. – constatei, deixando um sorriso orgulhoso escapar pelo canto dos lábios enquanto seguia acariciando seu pulso com meus dedos, era um ato mais forte do que eu.

— Só porque eu sou uma policial que se esconde atrás de um computador, não significa que eu não receba o mesmo treinamento de um oficial de campo. – ergueu o queixo - Algumas aulas de defesa podem me ajudar contra ex-namorados que aparecem na sua casa e tentam te algemar – ela ergueu o braço.

— Acho que precisa de mais aulas então. – sorri, deixando-a emburrada – Mas você se saiu bem, dada as circunstâncias, e eu a peguei de surpresa. – concedi o elogio, amaciando-a um pouco. – Mas por que das aulas? Há algum outro ex querendo te algemar por aí? Alguém perigoso? – a sondei. Quando estávamos juntos era natural para mim me preocupar com Felicity, uma carreira na polícia tinha seu preço, mas eu sempre fiquei aliviado por ela ter um trabalho mais a parte de onde o perigo realmente estava.

Eu gostava que ela ficasse segura, e também amava o quanto era sexy ter uma noiva policial.

— Eu tenho pensado na possibilidade de mudar um pouco de área, tenho pensado se minha vida não precisa de um pouco de ação... – peguei algo naquela confissão.

— Parece que está buscando um pouco de excitação aqui. – comentei suave, deixando meus dedos continuarem a brincar com seu pulso, desenhando pequenos círculos este mesmo ato costumava acalmá-la antigamente. Será que ainda tinha o mesmo efeito? Algo em seu olhar brilhou, era como antigamente, quando eu conseguia lê-la tão bem, entender o que ela queria e precisava de mim. Felicity sempre estava pronta para dividir tudo comigo, desde uma pequena frustração aos seus sonhos mais íntimos.

— Eu não contei para Helena ainda ela sabe ser uma irmã mais velha protetora quando quer... – a pequena confissão veio seguida de um suspiro de frustração.

— Mas é sua escolha. – reafirmei o que eu sabia que ela pensava.

— É minha escolha. – ela concordou, deixando-me contente por ainda estarmos em sintonia – não é como se eu fosse sair por aí e perseguir um cara mau. Me colocar na linha de fogo, eu apenas quero ser útil... – eu sorri para ela. - Por que diabos estou te contando isso? – ela se repreendeu quando percebeu o que fazíamos.

— Porque você costumava me contar tudo da sua vida quando estávamos juntos, seus sonhos, seus planos... Você confiava em mim, eu era mais do que seu noivo, eu era o seu amigo também, confidente e amante. Nada mudou.

— Tudo mudou! – exclamou embravecida - Oliver, por que não acabamos logo com a brincadeira estúpida e me diz logo o que você quer de mim?

Suspirei assim que Felicity puxou sua mão da minha e impôs o máximo de distância que as algemas nos permitiam. Não sei porque eu pensei que poderia resgatar tão facilmente aquela parte de quem éramos, podíamos estar fisicamente mais perto, mas ainda assim, eu estava longe demais do seu coração.

Eu sequer sabia qual era o caminho para chegar até ele.

Eu só sabia que estaria cheio de obstáculos.

Eu teria que brigar mais, ser mais incisivo, porque Felicity sabia ser a mulher mais teimosa que eu conheci. Encarei seu rosto, as sobrancelhas ligeiramente arqueadas, o olhar esperto e desconfiado e os lábios mais malditamente doces que um dia provei, selados, impedindo-a de dizer qualquer coisa.

Desejei trazer minha menina de volta.

A mulher de riso fácil e de olhar brilhante e apaixonado. Que tornava meus dias mais leves e felizes, e fazia a vida parecer perfeita.

Voltei a me concentrar em suas palavras ao escutar o barulho insistente de seus pés impacientes batendo ritmicamente no chão.

O que eu queria dela?

Muito.

— Eu só preciso que me escute. – ela pareceu surpresa com minha resposta. Será que ela não percebia que esse tinha sido o nosso maior problema? - É pedir demais que uma vez na vida você me deixe explicar tudo? Que uma vez me deixe falar ao invés de simplesmente me dar as costas e ir embora? É só isso que estou te pedido, uma chance de me explicar, não é muito, Felicity.

— Está me pedindo? – devolveu - Então eu tenho escolha?

— Sempre. – afirmei. Eu sempre lhe dei a escolha, mesmo que ela fizesse a escolha errada eu respeitava sua decisão.

— Então eu posso te ouvir, e depois você vai tirar essa merda de nós dois? – pensei um pouco, eu deveria dizer sim, mas eu não era bobo, tão pouco Felicity era.

— Não.

— Não? – ela ergueu o queixo indignada.

— Não sou estúpido, amor, não vou te soltar até que você acredite em mim. – ela abriu a boca inconformada.

— Caralho, Queen! – Felicity praguejou - Eu não me lembro de você ter uma cabeça tão dura. – eu ri, era irônico ela dizer isso considerando que ela era a terrivelmente teimosa de nós dois, se estávamos onde estávamos era porque Felicity Smoak bateu o pé e nos obrigou a chegar a este ponto.

— Deve ser porque sua memória sobre duro, está relacionada a outras partes da minha anatomia. – meu sorriso aumentou, assim como aquela chama de fúria em seus olhos que se tornava cada vez mais letal, eu estava brincando com fogo e queria muito me queimar, qualquer reação seria melhor do que receber a frieza e distância que recebi dela nos últimos tempos. – Eu diria um pouco mais abaixo, amor, junto com a chave da sua liberdade.

— Eu cansei desse joguinho. – ela bufou.

— Cansou? – tentei segurar o sorriso que me traía, eu deveria me manter sério, mas eu olhava para seu rosto tão destemido e não conseguia não achá-la ainda mais linda e sexy. Puta merda, como ela era ainda mais sexy do que eu me lembrava.

— Como eu me livro de você? – ela soltou - Sem ter toda essa baboseira de ter que te escutar?

— Você sabe, amor. – peguei a mão dela e a coloquei sobre a parte mais baixa da barriga, ignorando  o que seu toque me causava - Apenas pegue o que você quer aqui. – provoquei, sabendo que ela iria recuar.

— Vamos acabar logo com isso, Oliver. – para a minha surpresa seus dedos roçaram o cós da calça, me deixando nervoso e ao mesmo tempo animado com a ideia de ter suas mãos em mim. Caralho, como eu queria aquelas pequenas e suaves mãos envolta de mim.

— Vai testar a sorte? Acho que o vermelho nas suas bochechas significa que não está preparada para o que vai encontrar aí embaixo. – eu estava agindo como um verdadeiro idiota, quando a verdade era que, se ela levasse sua mão para dentro da minha cueca, a pessoa envergonhada seria eu. – Eu estou surpreso, eu nunca pensei que você fosse covarde. – continuei, seus dedilhavam o elástico da cueca agora - É sério que prefere ter suas mãos em meu pênis do que simplesmente me ouvir? Ou realmente sentiu saudades de mim, e adorou a desculpa para me tocar novamente?

Para minha sorte – e azar – minhas palavras a fizeram se afastar. Mas ao menos eu tive um momento para pensar com mais clareza e me lembrar do porque eu tinha vindo até ela.

— Você é um idiota cabeça dura. – insultou.

— Eu realmente tenho algo ficando duro nesse momento, amor... – me inclinei para ela que não recuou, colocando suas garrinhas de fora e disposta a me enfrentar. Adoravelmente tentadora.— E quer saber? Eu não vou facilitar para você dessa vez, não quando você nunca facilitou as coisas para mim.

— Do que está falando? – ela estava confusa, eu via isso em seus olhos. Sim, eu sabia que havia uma bagagem pesada entre nós dois, que tivemos uma história, estávamos prontos para construir uma vida juntos e de repente todo o nosso futuro desapareceu no instante em que cancelei o casamento. Mas ela não era a única cujo coração foi ferido naquele dia, ela não era a única que sentiu raiva. Eu estava confuso também. E magoado. Com ela. Porque ela sequer me ouviu.

— Eu deveria ter agido assim desde o começo, mas eu fui estúpido demais para te dar espaço e tempo. Não vou cometer o mesmo erro duas vezes. Talvez, se eu tivesse te prendido a mim com algemas você teria me escutado no passado também.

— E o que havia para escutar? Você cancelou o maldito casamento três dias antes! – bateu o pé furiosamente, vi a raiva brilhando tão clara e viva em seus olhos. Algum dia eu a tiraria dali e a substituiria por amor novamente? Ou éramos um caso perdido. - Você disse tudo o que queria com todas as palavras. Você. Me. Abandonou. – seu dedo em riste me cutucou com força conforme as palavras que saíram enfurecidas e pausadamente.

— Você me abandonou também quando não me deixou me explicar.

— Eu não precisava de mais explicações. – deu de ombros virando as costas para mim, mesmo que isso nos deixasse mais próximos, Felicity preferia isso a me olhar nos olhos – Eu acho que “eu não posso me casar com você” simplifica muita coisa, e eu tinha amor próprio o suficiente para não me humilhar e escutar suas desculpas esfarrapadas.

— Mas eu as queria dar, Felicity! – Odiei dizer isso encarando as suas costas, odiei a frieza e a distância imposta por ela. Essa discussão precisava ser feita olhando nos olhos, onde não podíamos esconder ou controlar as emoções.

— E eu não as queria ouvir! – Notei um ligeiro tremor em seu corpo e me dei por vencido, esse era um assunto difícil para nós dois e essa não era a hora certa para ele, pelo menos não assim.

— Quem é o cabeça dura aqui?

Ela ficou calada. Felicity nunca desistia, nunca aceitava não ter a última palavra em uma discussão. Eu costumava amar isso nela, amar o quanto ela lutava pelo que queria e defendia o seu ponto, por isso me surpreendi tanto ao não receber uma ofensa de volta.

Nada.

Era apenas isso o que ela me oferecia.

— Vamos, já está na hora de irmos. – comuniquei.

— Eu não vou a lugar algum com você. – ela finalmente se virou, eu vi o brilho de lágrimas controladas em seus olhos e me senti um pedaço de merda por ter trazido o assunto do casamento. - Eu disse que não vou, Oliver. Você pode entrar na minha casa e bancar o estúpido homem das cavernas que estupidamente acha que eu vou escutá-lo, pode me prender a você com uma estúpida algema e fazer um joguinho mais estúpido ainda.

— Vocabulário abrangente o seu.

— Eu não vou a nenhum maldito lugar com você. – cruzou os braços e apertou os lábios decidida, ergueu seu queixo e mesmo que o brilho das lágrimas não derramadas lhe dessem um ar vulnerável, eu a conhecia bem para saber que ela estava puta comigo, e que não terminaríamos essa discussão de modo fácil e muito menos agora. Levaria tempo para nós dois nos acertarmos.

Mais tempo do que eu tinha.

— Antigamente eu iria querer discutir isso, tentaria te convencer do porque precisamos de um tempo para esclarecer tudo – falei calmo e sério, me aproximando, mantendo o olhar dela preso nos meus, a distraindo do caminho que minhas mãos faziam - Mas diferente do que você acredita, tempo me tornou mais esperto também, eu não sou estúpido, eu tenho um objetivo e eu aprendi que se quero algo de você, Smoak, não adianta perder tempo pedindo eu devo simplesmente pegar.

Ela não entendeu meu sorriso e eu gostei mais assim.

Felicity soltou um gritinho de surpresa quando minhas mãos a agarraram pela cintura e a suspenderam no ar, colocando-a sobre os meus ombros, como o maldito e estúpido homem das cavernas que ela tanto me acusara de ser.

***

— Oliver Jonas Queen! Isso é humilhante e desnecessário! - Felicity reclamou com mais força quando chegamos a rua e eu apenas sorri, me sentindo o homem mais afortunado do mundo porque ela usou meu nome completo. Tempo mudava muita coisa, mas eu ainda conseguia ser um idiota por causa dessa mulher.

— Eu estou achando divertido. – segurei suas pernas com mais força - Sem contar que a vista também é incrível.

— Idiota! – resmungou - Coloque-me no chão que eu vou andando, podemos ter a maldita conversa que você quer tanto. – concedeu. Mas eu estava cansado de concessões que não levavam a lugar algum, só havia um modo de fazer isso direito por mais idiota que parecesse.

— Ah, agora quer conversar? – a provoquei – Não, obrigado. Dessa vez, amor, vamos fazer as coisas do meu jeito. Já que do seu não fez bem a nenhum de nós dois – expliquei, mesmo sabendo que o plano que acabara de se formar na minha cabeça era estúpido, ele era o único que eu tinha e algo me dizia que precisávamos disso. Sem contar que eu já estava fodido mesmo, ao menos agora eu estaria fodido, mas com Felicity do meu lado. - Cuidado aí em cima. – eu disse, protegendo a sua cabeça quando a curvei para frente.

— Mas que merda! – xingou quando a coloquei no banco traseiro de um carro e me juntei ao lado dela, eu não poderia ir muito mais longe com aquelas algemas. Outro plano nenhum pouco brilhante, mas eu nunca fui muito racional quando estava com Felicity.

— Ollie, você não disse que teríamos companhia. – Felicity ergueu imediatamente a cabeça afastando os cabelos bagunçados que lhe tampavam a visão olhando para a pessoa no banco do motorista.

— Tommy Merlyn! – ela jogou as mãos para o ar (levando a minha com a dela) num gesto frustrado.

— Oi, irmãzinha! – ela revirou os olhos e bufou irritada assim que escutou o termo na voz risonha do meu amigo. Eu sorri, porque apesar do tempo ter passado ela ainda fingia que odiava quando meu melhor amigo a chamava assim. – Sentiu saudades de mim?

— Eu deveria saber que você estaria envolvido, afinal o que seria do Batman sem seu Robin? E não me chame de irmãzinha, Helena arrancaria suas bolas com os dentes se escutasse.

— Estou aqui apenas como motorista da vez, e Helena pode colocar a boca nas minhas bolas sempre que quiser. – Felicity fez sinal de nojo e revirei meus olhos, percebendo que Tommy não elevava muito a minha moral com ela.  - Passe o recado, irmãzinha.

— Apenas dirija, Tommy. – o lembrei, não querendo que ele deixasse minha garota ainda mais furiosa. Até porque seria eu quem teria que lidar com toda essa fúria mais tarde.

— Ok – ele girou a chave do carro que estremeceu, mas não saiu do lugar virando-se para nós com o semblante mais sério que Tommy Merlyn conseguia ter - Como seu advogado eu quero lembrar que sequestrar alguém é um crime grave, o qual eu não quero estar associado, então se alguém me perguntar eu irei dizer apenas que estava dando uma carona para um casal de amigos que tem fetiche por algemas.

— Não se preocupe, Tommy. - respondi - Isso não vai chegar até a polícia.

— Ei, eu sou policial. – Felicity reclamou.

— Como eu disse, ninguém vai saber. – Felicity apenas bufou, cruzando os braços e sem notar que seu ato levara minha mão com a sua e agora eu a tinha sobre a sua barriga - E realmente, eu tenho um fetiche por algemas.

Tommy dirigiu com um sorriso idiota no rosto o tempo todo.

Felicity por sua vez não falou comigo, na verdade, se negou a me olhar seguindo o caminho todo encarando a janela. Tratamento de gelo. Eu estava acostumado com isso vindo dela, mas ao menos dessa vez eu podia lidar. Afinal, eu a tinha ao meu lado e tinha a chance de derreter todo o iceberg, isso era muito mais do que eu tive dela por anos.

— Por que diabos estamos saindo da cidade, Tommy? – Felicity questionou parecendo preocupada ao olhar uma daquelas placas que diziam “Obrigado por visitarem Star City”. Notei que intencionalmente ela me ignorava, sequer me olhava, mesmo que meus olhos seguissem cada movimento dela.

— Eu aposto que você vai gostar. – respondeu com um sorriso – É um lugar bem interessante, e você o teria conhecido antes se vocês dois... Enfim, não se preocupe.

— Não me preocupar? Eu deveria estar na minha casa, assistindo séries e esperando Helena me ligar para me dar seu usual sermão, eu tenho uma vida e coisas para fazer e agora por causa de um idiota eu estou entrando nesse joguinho mais idiota ainda. -  reclamou.

— Só para esclarecer, eu não sou o idiota nessa história, certo? – fingiu-se de preocupado.

— Não, Tommy, você não é. – Ela sorriu. E eu emburrei, como no inferno Tommy arrancava fácil um sorriso dela, e eu sequer ganhava seu olhar?

— Que alívio! Eu já fui chamado de muitas coisas... Canalha prepotente, babaca sem coração, advogado do diabo, mas nada que ofendesse a minha inteligência como idiota. – a senti ficar mais leve, e até mesmo mais a vontade e me senti enciumado, por não ser eu quem a deixava assim.

 – Afinal, para que lugar estamos indo?

— Eu só sigo ordens, irmãzinha. – Tommy deu de ombros. – Se quiser mais informações vai ter que falar com o idiota emburrado que está ao seu lado. – indicou, e finalmente recebi o seu olhar, analisador e ainda furioso.

Felicity virou o rosto para a janela e seguiu encarando a escuridão.

***

Felicity Smoak

— Você ainda tem o sono pesado, amor. – escutei a voz suave ao longe e não entendi a frase inteira, apenas a voz chamando-me, mas eu não queria ir. Era familiar e estava tão confortável, quente e macio onde eu estava, que eu apenas desejava ficar ali por mais alguns minutos, ou horas. – E por mais que eu goste dessa posição, seria melhor para nós dois se saíssemos do carro, para mim principalmente ou as coisas ficarão um pouco vergonhosas aí embaixo.

Finalmente entendi.

Inferno. Eu dormi.

Eu não apenas dormi, isso seria aceitável já que eu tive um dia de merda, desde aguentar Helena e Billy, ao reaparecimento do meu ex noivo o qual há poucas horas eu  estava investigando por estelionato. Eu estava cansada, meu dia sofreu muitas reviravoltas, já era tarde e normalmente movimentos de carros tendiam a ser como uma pílula para dormir para mim. Mas eu não apenas dormi. Eu havia dormido no colo do meu ex fodido noivo, o qual estava me levando para sabe-se lá para que fodido lugar, apenas porque era um grandessíssimo idiota e gostava de foder com a minha vida.

E mais fodido ainda? Eu gostava do seu colo. Gostava demais das suas mãos acariciando os meus cabelos vagarosamente, gostava do seu cheiro familiar e da firmeza das coxas dele que me serviam de travesseiro. Se eu analisasse um pouquinho mais eu não demoraria a admitir que gostava e sentia falta do jeito que o canalha fodia comigo também.

Tentei obrigar meu corpo a acordar assim como minha mente, eu sempre fui um pouco devagar depois de dormir, mas dessa vez eu sabia que não poderia prolongar a situação. Emiti um som estranho quando comecei a me remexer, ainda sem saber identificar se era um gemido frustrado ou um resmungo. Seja lá o que fosse provocou algo em Oliver.

— Você sempre foi uma gatinha manhosa para levantar, se remexendo e fazendo esses sons terrivelmente sexys - riu ainda acariciando meus cabelos - talvez por isso eu sempre acordava duro...

Dei um pulo para trás me afastando de repente e batendo com a cabeça contra a janela do carro, quando finalmente percebi em que balaio de gato eu havia me metido. Não que tenha adiantado, Oliver ainda estava perto demais, e dessa vez eu tinha seus olhos astutos em mim, analisando minha reação. Tentei me recompor.

— Você está bem?

— Onde estamos? – ignorei a pergunta dele, eu não estaria lhe dando respostas antes que ele me desse as minhas.

— Felicity! Você bateu a cabeça com força, me diga se está bem. – pediu novamente.

— Eu não sou uma bonequinha de porcelana – resmunguei odiando o sorriso que se insinuava no rosto dele – Vai me dizer onde você me trouxe?

— Vou fazer melhor, vou te mostrar. – suas mãos se colocaram em minhas coxas, deslizando-me pelo banco até chegar ainda mais perto dele. Por um momento deixei-me prender por seus olhos, deixei-me sentir suas mãos envolvendo meu corpo enquanto saía do carro comigo em seu colo.

Eu podia fingir ser a maior cética do mundo, mas era incrivelmente fofo quando um cara carregava uma mulher assim. Mas que caralho!  Lá estava eu deixando me envolver apenas porque Oliver parecia ativar todo um furação não apenas hormonal quando me tocava, mas algo em meu coração também.

— Por que isso de novo? Me coloque no chão! – exigi mal humorada comigo mesma por sentir como eu me sentia - Eu posso andar.

— Eu sei que pode, mas tem certeza de que quer? - Apenas bufei, me negando a responder até porque eu não tinha pensado numa boa resposta para tirar o sorrisinho presunçoso do rosto dele. Foquei-me em olhar para frente e o ignorei enquanto me carregava apertando-me ainda mais contra seu corpo. Observei com certa adoração a pequena cabana de madeira pouco iluminada que se escondia no meio das árvores grandes e que parecia ter saído direto de um daqueles malditos livros de contos de fadas infantis. Passamos pela porta. O interior não era muito diferente. Tons de madeira nos móveis e uma sala pequena, com tapetes macios e felpudos, uma lareira cujo a lenha já crepitada e seria fácil me imaginar deitada em um dos sofás grandes com almofadas sobre cada superfície deles ou ainda apenas no tapete, lendo um livro e bebericando um chocolate quente. A cozinha era interligada, e apesar de ter eletrodomésticos modernos, tinha um toque rústico e agradável.

Para a minha surpresa Oliver me colocou no chão assim que passamos a porta.

— E eu meio que queria manter a tradição. – respondeu a uma pergunta não feita.

— Manter a tradição? – levantei meus olhos para Oliver esperando por uma explicação.

— Você sabe a... – ele pareceu deslocado.

— Está tudo nos conformes. – Tommy surgiu no meio da sala, parando exatamente a nossa frente. – Loirinha, quando tudo isso acabar diga a Helena que não mudei o meu número.

— Ela ainda o tem.

— Isso explica porque ela nunca atendeu minhas ligações. – coçou o queixo, pensando um pouco no assunto. – Talvez seja a hora de mudar meu número então, não conte para ela. – sussurrou a última parte em tom de quem pede segredo - De todo modo, aqui está a chave - entregou o objeto direto para Oliver que o enfiou no bolso - e boa lua de mel para os pombinhos, ou ainda estão na fase de cão e gato? Tanto faz, apenas tentem não se matar ou destruir a casa enquanto “resolvem seus problemas”. – Deu uma piscadela, saindo da casa. O observei entrar no carro e sair em disparada.

— Por que Tommy está indo embora? - perguntei. Pânico se apossando de mim - E que diabos ele quis dizer com Lua de mel?

— Esta cabana é dele, eu tinha pretendido passar uns dias aqui na nossa lua de mel já que nenhum de nós dois ia conseguir muitos dias do trabalho para uma viagem. Pensei que você fosse gostar, um lugar deserto e tranquilo, onde poderíamos ficar sozinhos e concentrarmos apenas em... – dessa vez ele desviou o olhar e se ocupou em fechar a porta, toda a sua postura, seu olhar e até mesmo sua voz parecia mais dura - Relaxe, não é como se eu fosse te atacar ou algo assim.

— Bem, você me trouxe até o meio do nada. Não pode me culpar pelos meus pensamentos. Se pelo menos Tommy ficasse...

— Eu não sei porque diabos você acharia que estaria segura se Tommy estivesse conosco.

Eu iria me controlar mais.

— Sem contar que se alguém for atacar alguém nessa história vai ser você, já que dentro da minha cueca tem algo que você quer muito. – fiz uma carranca para ele, mas o filho da mãe seguia apenas sorrindo - Eu tenho que ser cuidadoso com esse meu bem precioso.

— Tem razão, nunca se sabe o que eu posso fazer no meio da noite, você pode simplesmente acordar de manhã e ver que seu precioso não está mais aí... – deixei a ameaça no ar, mas Oliver pareceu ileso a ela. Chegava a ser engraçado como nada do que eu dizia conseguia tirar aquele sorrisinho do rosto dele ou o brilho diferente em seu olhar, era quase como se minhas ameaças de violência e morte o deixassem apenas feliz. – Por que você ainda está sorrindo? – Seu sorriso se tornou ainda maior.

— Nada. – maldito lindo sorriso - Com fome? A geladeira está abastecida, posso fazer um sanduíche ou outra coisa. – ofereceu gentilmente quando passávamos em frente entrada da cozinha em direção à um corredor com duas portas.

— Não, eu estou apenas cansada.

— Eu também, foi um dia estressante – havia um peso invisível sobre seus ombros, quando ele disse. – Mas terminou melhor do que eu esperava. – seus olhos sorriram - Acho melhor dormimos já que ambos estamos cansados, vou te levar para o quarto...

— Você me trouxe aqui para dormimos? – interroguei parando-o no meio do corredor o qual eu deduzi, nos levaria para o único quarto da cabana a outra porta devia ser a do banheiro, eu precisava atrasá-lo. Pensar em um quarto com uma cama grande e macia era tentador, mas comigo algemada a Oliver parecia uma ideia terrível.

— Se quiser a gente pode ficar acordado também, tem alguma ideia para nos entreter durante a noite? – seu sorriso se entortou, daquele jeito terrivelmente charmoso.

— Dispenso. – mantive-me séria.

— Relaxe, Felicity. – uma de suas mãos se colocou sobre meu ombro, o toque quente automaticamente tendo o poder de me acalmar, seus olhos tão transparentes levaram de volta a uma época em que esse azul era a minha cor favorita. - Não tem porque se preocupar, você me conhece por boa parte da sua vida, tente se lembrar disso, se não consegue esquecer como as coisas terminaram, tente se focar em como elas começaram, se lembrar de que eu não fui apenas seu namorado, amante ou noivo, eu também fui seu melhor amigo. – um quase sorriso veio aos meus lábios, eu conseguia me lembrar disso, eu podia até mesmo fechar meus olhos agora e sentir até mesmo aquela antiga sensação de ter alguém com você, alguém por você - Confie em mim. – pediu.

Eu confiei.

E onde isso nos levou? À um casamento cancelado.

Oliver girou a maçaneta e empurrou a porta.

O quarto era como o restante da cabana, não muito grande, com cores mornas e aconchegantes, a cama era grande e bem no centro.

Uma única cama.

— Oliver, tire as malditas algemas, não vamos dividir a cama. – me virei para ele, soando decidida.

— Não. E se está assim por dividirmos uma cama, imagine quando tivermos que tomar banho? – corei, meu pensamento indo para Oliver e eu debaixo do mesmo chuveiro – É eu sei. – ele tocou minha bochecha com as pontas dos dedos. – Pensei a mesma coisa.

— Ok, a brincadeira acabou. – me virei para Oliver – Vamos conversar, eu te ajudo com o seu probleminha legal, posso até mesmo fazer as evidências desaparecerem. – falei, sentindo raiva de mim mesma por oferecer aquilo, eu nunca fui uma policial corrupta. – Apenas tire as algemas.

Oliver estreitou os olhos para mim, seu semblante não me dizendo muito do que ele pensava. Mas sua voz soou fria quando ele me respondeu.

— Uau, descendo tão baixo apenas para não dormir ao meu lado? Do que realmente tem medo, Felicity? De mim, ou de você mesma?

— Vamos apenas conversar... – tentei.

— Não vou conversar com você enquanto estiver cansada. – devolveu, me arrastando consigo para a cama, ele se sentou e começou a tirar os sapatos e as meias. Sentei-me ao seu lado por falta de opção - Isso pode levar horas, e eu sei o quanto a falta de sono influência no seu humor. Não vou arriscar. – Ele colocou a mão no botão da calça.

— A calça fica. – alertei assim que notei sua intenção de tirá-la.

— Estou apenas facilitando o caminho para você. – Sorriu, ainda com a mão nela, babaca!

— Se vamos dormir juntos, vamos dormir vestidos. – reafirmei e Oliver riu.

— Essa é uma frase que nunca pensei que fosse ouvir de você, Felicity. Precisamente acredito que você mesma me disse exatamente o contrário em outra ocasião. – Oh sim, eu o havia feito.

— Eu acho que o tempo muda muita coisa. - emburrei, desviando o olhar e varrendo as lembranças. E nesse instante, senti sua mão delicada e ao mesmo tempo exigente sobre o meu queixo levando meu rosto de volta para a direção dos seus, seus olhos puxando os meus para si, como se eles se pertencessem.

— Não as que realmente importam. – afirmou com tanta certeza, que eu mesma quase concordei - Você ainda prefere dormir do lado esquerdo da cama? – perguntou, sua mão levando o meu rosto para mais perto ainda do seu.

— Não. – me forcei a me afastar, chutei minhas sapatilhas e afofei o travesseiro deitando-me do lado direito da cama – Boa noite, Oliver. Amanhã resolvemos toda essa merda, não se esqueça de apagar a luz. – virei-me de costas para ele e fechei meus olhos, apenas para fugir do que quer que havia nos dele que me atraía tanto, a escuridão era mais segura.

Ou não.

Senti algo se mexer atrás de mim.

Algo muito conhecido.

Seu corpo.

Ele me abraçava. Cada curva encaixando-se tão perfeitamente, me fazendo pensar que eu estava realmente errada: algumas coisas nunca mudam. Não o conforto e a familiaridade que meu corpo encontrava no dele, não a vontade de adormecer em seus braços fortes e quentes...

 E não o fato que Oliver havia me abandonado antes do casamento.

Oh, merda.

Por que tão perto?

— Acho que está invadindo espaço pessoal, Queen. – reclamei.

— Não como eu queria. – reclamou de volta - Estou apenas procurando uma posição confortável para nós dois, já que você me deu as costas  e deitar de conchinha foi a única que achei.

Merda.

Me virei de volta, ficando de frente para Oliver, mas me afastando o máximo que consegui, as nossas mãos algemadas apoiadas no centro. Havia um bom espaço entre nós dois agora, embora ficar frente a frente, com seus olhos me encarando tão intensamente, com seu sorriso o qual eu sempre amei, não era uma boa opção também. Eu poderia fechar meus olhos, mas mesmo assim eu sentiria o gosto da sua respiração vindo em minha direção, atraindo-me para si, tentando-me.

— Assim ambos ficaremos mais distantes. – Comentei e ele sorriu mais abertamente quando coloquei dois travesseiros entre nós. Oliver não fez nenhum comentário, apenas retirou um telefone do bolso e começou a mexer nele, parecendo interessado. Era melhor assim, seria mais fácil dormir sabendo que Oliver estava ocupado demais com um celular ao invés de tentar desfazer a barreira de travesseiros.

— Interessante... Você tem mensagens de voz.

— O quê?

— Eu disse que você tem mensagens de voz. – repetiu acenando o celular para mim, só estão eu percebi. Que filho da mãe!

— Você pegou meu celular? O que faz com ele? Quando você o pegou isso? – sentei-me, observando furiosa o bastardo todo feliz com o meu celular na mão.

— Sim. Procurando fotos suas nuas. E quando eu peguei a sua bolsa. – respondeu minhas perguntas em ordem. – Estou decepcionado por não ter fotos nuas, você costumava me mandar tantas delas, ainda bem que salvei algumas ou teriam sido três anos ainda mais fodidos... Será que Tommy diria que isso acrescenta furto na minha...? – fingiu-se de pensativo. – Tanto faz, vamos apenas ouvir sua mensagem.

— Você não presta! Devolva-me! – Avancei sobre ele, irritando-me com a maldita barreira de travesseiros que eu mesma coloquei ali, mas cheguei tarde demais. O desgraçado já havia colocado a mensagem no viva voz. E eu estava ali, em cima dele como uma criança idiota tentando tomá-lo da sua mão.

— Ei irmãzinha, eu não tive notícias suas desde que saiu do trabalho e você também não está em casa. – Quase sorri em escutar Helena, ela ficaria preocupada com meu sumiço e iria mexer os pauzinhos para me encontrar - eu sei que eu peguei um pouco pesado com você e essa história de celibato. – as sobrancelhas de Oliver se uniram, não sei como pude ficar um minuto feliz em ouvir Helena - mas eu apenas quero que seja feliz, então me encha de orgulho e diga que você está nesse momento na cama de um cara gostoso, sendo uma vadia completa e tendo sexo de primeira qualidade? – Oh, Deus! Eu estrangularia Helena quando tivesse chance. Oliver parecia atento e concentrado escutando minha irmã, resolvi jogar sujo, para ao menos preservar o mínimo da minha dignidade, não que fosse restar muita depois do que eu faria. Inclinei-me sobre Oliver, nossos corpos roçando mais do que deveriam, minha boca próxima demais da dele que eu podia sentir sua barba arranhando minha pele daquele jeito delicioso, o gosto mentolado da respiração dele e o calor da sua boca entreaberta, e eu queria apenas me inclinar mais na direção, como se lesse meus pensamentos, Oliver o fez, sua boca fazendo todos os meus sentidos explodirem apenas por nossos lábios estarem pressionados um no outro, novamente sentindo aquele sabor quase esquecido - Agora se estiver na cama com Billy...  Eca, apenas a visão me faz querer vomitar e me deixa muito decepcionada, eu espero que... – a voz de Helena me despertou quando tudo o que eu queria era mergulhar naquele sonho, aproveitei da distração de Oliver com o beijo, sua mão se abaixou apenas para me apertar ainda mais contra seu corpo alcancei o celular em sua mão desligando imediatamente, infelizmente não fui rápida o suficiente para pegá-lo de volta, porque Oliver logo percebera meu joguinho.

— Agora que as coisas estavam ficando interessante. – ele reclamou num suspiro amargo assim que eu me afastei, voltando para o outro lado da cama e o deixando deitado fitando o teto. Eu não sabia se ele falava do beijo ou da mensagem de Helena. – Se era a minha distração que queria, você poderia ter feito melhor do que um beijo tão simples... Se empenhe um pouco mais, e eu lhe dou qualquer coisa.

Havia um leve desafio em seu tom, o qual não comprei, mesmo que estivesse tentada a me jogar em cima dele e beijá-lo com toda a paixão que encontrei apenas em Oliver eu tinha medo de despertar o que estava adormecido.

— Sequestro. Furto. Invasão de privacidade. – elenquei, tentando me focar em qualquer coisa que não fosse o beijo - Eu estou contabilizando quanto tempo de cadeia você vai pegar. – Ele me olhou de esguelha, havia uma centelha de algo que não identifiquei em seu olhar.

— Felicity, quem é Billy? – perguntou de repente me fazendo suspirar frustrada, pensei que ele não tivesse prestado muita atenção.

— Como se você tivesse direito de perguntar. – desviei da questão.

— Felicity, quem ele é?

— O detetive Billy Malone é meu namorado. – menti desviando o rosto, e sua expressão foi de um cachorrinho perdido e sozinho na rua em uma noite fria de natal ao semblante mortal de uma esposa traída.

— Se ele é seu namorado, então por que Helena estava dizendo para você aproveitar a noite com outro cara? – Ele não perdia uma.

— Você conhece Helena, ela apenas não gosta de Billy e não perde a oportunidade de tentar me arrumar outro cara. – Dei de ombros. Ele franziu o cenho, analisando o que ouvia, não era uma mentira, Helena fazia do seu objetivo de vida empurrar alguém para mim.

— Ela tentou arrumar alguém para você enquanto estava comigo? – ele perguntou, a conversa ganhando um novo tom.

— Helena gostava de você – afirmei, era verdade. Helena nunca aprovou um namorado meu, mas Oliver? Eu me lembro de estar saindo com ele há menos de um mês quando minha irmã entrou em casa, declarando que este estava aprovado. O que basicamente era o código dela para dizer que Oliver passou em todos os testes estranhos que ela teimava em fazer com qualquer namorado meu. Eu nunca tive um aprovado, a maioria fugia de medo dela logo no começo. - Agora ela quer pagar uma macumbeira para fazer seu pênis cair. – comentei, me lembrando de nossa conversa ainda naquele dia.

— Ela vai precisar de uma macumbeira muito boa. – Oliver riu.

— Você conhece Helena, ela tem contatos da pesada.

— E eu tenho você e suas fotos nuas – ele sorriu como se aquilo simplificasse tudo. – O que me lembra... - Novamente Oliver pegou o meu celular e começou a digitar rapidamente.

— Ei, o que ainda está fazendo com o meu celular? – me aproximei tentando enxergar o que ele fazia.

— Respondendo à Helena. – disse sem parar de olhar para a tela – Estou dizendo à sua irmã para não se preocupar, que você está na cama com um cara muito gostoso e que está louca para colocar a mão dentro da cueca dele e não tem prazo para voltar para casa. – O desgraçado sorriu.

— Devolva! – avancei novamente sobre ele, tentando pegá-lo. Novamente ali estava eu em cima dele.

— Ops... Me desculpe, mas já enviei. – ele não parecia nenhum pouco culpado.

— Seu... Seu cretino! – soquei o seu peitoral, sentindo raiva.

— Não sei por que está tão furiosa, eu não disse nada que não fosse verdade! – ele seguiu rindo, suas mãos encontrando os meus pulsos e os segurando, me impedindo de continuar a bater nele  – Vai querer continuar com isso, amor? – a voz veio suave, o olhar penetrante, me tornando ciente do quão perto estávamos - Sabe que o beijo de antes não foi apenas para me distrair, havia algo...

— Não havia nada, não se iluda, Oliver. – me obriguei a me afastar e ele apenas meneou a cabeça. Não mais falamos até meu celular alertar a chegada de uma nova mensagem.

— Helena disse para aproveitar e que vai dizer no trabalho que você está doente... – Oliver comentou.

— Ela disse isso mesmo?

— Não com essas palavras. – pelo sorriso divertido e Oliver eu poderia imaginar perfeitamente o que minha irmã disse era bem menos contido – Leia você mesma. – ele se virou para o meio da cama com a tela do celular virada para mim, girei-me também lendo a mensagem.

Obrigada Deusa do sexo! Já passou da hora de acabar com esse celibato! Maninha, aproveite bastante e não ouse voltar para casa antes de descobrir se o que ele esconde na cueca vale mesmo a pena! E se valer, eu vou dizer no trabalho que está doente... Overdose de sexo parece uma boa desculpa?

Revirei meus olhos, aquilo era muito Helena.

— Felicity...? – Oliver chamou, movi meus olhos do celular, para encontrar perguntas no seus olhos - E essa história de celibato? Você e o detetive babaca não...?

— Eu não vejo como isso possa ser da sua conta!

— Eu não vejo como um cara pode namorar você e não querer fazer sexo com você o tempo todo. - retrucou - Você realmente namora com ele?

— Sim. E nós fazemos sexo também. – ergui o queixo - Muito sexo. – eu pude sentir meu nariz franzir com toda aquela mentira - Sexo o tempo todo, em todo o lugar. É tanto sexo que as vezes preciso pedir por tempo  e...  – Oliver sorria, porque caralhos ele sorria? - O que foi?

— Nada.

— Oliver? – chamei – O que há de tão engraçado no fato de eu fazer sexo com meu namorado? – seu sorriso agora estava completo, chegava aos seus olhos e ele parecia feliz.

— Esse franzido no seu nariz me diz exatamente o contrário. – ele colocou o dedo indicador sobre o meu nariz. – Não deveria contar mentiras para quem te conhece tão bem, amor.

Merda.

Oliver também sabia quando eu mentia.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Quem quiser deixe um comentário pra eu saber se estou indo pelo caminho certo!