Família por acaso escrita por Benihime


Capítulo 3
Por acaso... Mudança




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Algumas semanas depois de Naorima comunicar sua decisão à mãe, tudo estava pronto. A casa fora alugada apenas por um período de seis meses, considerado próprio para a adaptação de todas, e as malas estavam feitas. Era hora de embarcar no avião.

— Vamos mesmo andar de avião? — Aysha indagou, entusiasmada.

— Vão sim — A tia de Naorima confirmou — E vão para uma nova casa muito bonita.

A menina sorriu, entusiasmada com a novidade da situação.

— Mas que droga! — Naorima exclamou, conferindo o relógio — Onde está aquela menina? Kathleen! Kathleen, vamos, está na hora!

 — Não tem jeito, tia. — Kyara anunciou, frustrada, descendo as escadas — Ela nem me deixou entrar.

— Tudo bem. Vão indo para o carro, que eu cuido dela.

As duas mais velhas obedeceram. Naorima subiu as escadas até o quarto que passara a ser de Kathleen e bateu na porta.

— Kathleen? Kath, sou eu. Posso entrar?

Depois de um longo silêncio, Naorima ouviu a porta ser destrancada e enfim entrou no quarto. Kathleen estava péssima. Seus olhos azuis estavam avermelhados de tanto chorar, seus cabelos ruivos estavam uma bagunça e seu rosto estava inchado. Era de cortar o coração.

Kathleen ...

A pequena ruiva apenas balançou a cabeça e disparou em direção à cama, enrolando-se por cima dos cobertores, como uma bola. Naorima sentou-se ao seu lado e ficou em silêncio por vários minutos, procurando as palavras certas.

Eu sei por que você não quer ir embora Disse enfim Mas não precisa se preocupar, Kath. Nós vamos voltar sempre para visitar. Podemos escrever cartas também, e conversar pelo telefone. Não vamos estar tão longe.

A menina apenas a encarou. A expressão naqueles olhos falava por mil palavras.

Não se preocupe. Naorima asseverou, acariciando os cachos ruivos Sua mãe vai te encontrar onde quer que você esteja. Tenho certeza de que ela vai voltar logo. Até lá, eu prometo que vou cuidar de você. Sabe disso, não sabe?

Kathleen assentiu levemente, limpando as lágrimas e esboçando um sorriso mínimo.

 Isso mesmo! A morena sorriu, aprovando  Você é uma menina muito corajosa, Kath, sua mãe teria orgulho.

Kathleen sorriu ainda mais e sentou-se na cama, estufando o peito com orgulho. Naorima domou-lhe o cabelo em duas maria chiquinhas e a ajudou a trocar de roupa em menos de cinco minutos, e logo as duas estavam no carro. O pai de Naorima era o motorista.

Como você consegue? Kyara perguntou, quando a tia se acomodou no assento do passageiro Parece até magia.

Nah A morena riu, piscando para Kathleen  Só um pouquinho de paciência.

A ruivinha sorriu de volta para a tia. Naorima sentiu seu peito se aquecer ao ver aquele sorriso.

A viagem até o aeroporto foi alongada pelo trânsito ruim, mas a família chegou a tempo. Com tempo de sobra, aliás, graças a Naorima.

Viu só? Comentou, implicando com Kyara E você não queria sair mais cedo.

A adolescente apenas fechou a cara para a tia, mas o brilho em seus olhos delatava seu verdadeiro estado de espírito.

Ligue assim que chegar Seu pai disse E não deixe de mandar notícias, está bem?

Está bem, papai. Prometo.

Os dois se abraçaram e o senhor dirigiu-se ao carro, deixando Naorima com as meninas.

Muito bem A morena disse Ainda temos tempo até o avião decolar. Vamos passar no check-in de embarque e depois aproveitar um pouco.

Dito e feito. Depois que a burocracia foi posta de lado, as quatro mulheres foram para as lojinhas do aeroporto.

Cada uma escolhe um presente. Naorima anunciou Algo novo para celebrar a casa nova. Kyara e Aysha, podem passear por aí e escolherem. Fiquem juntas. Nos encontramos aqui em meia hora. Combinado?

As duas assentiram e Naorima entregou à Kyara algumas notas. Ela se afastou com Aysha, ambas conversando animadamente. A morena então se voltou para Kathleen.

E nós duas vamos escolher alguma coisa bem legal também. Certo? Aposto que vamos achar algo muito melhor do que elas.

Kathleen assentiu e pegou a mão da tia, deixando-se guiar. Naorima foi direto a uma doceria, onde comprou uma sacola enorme de seus doces favoritos. Ao saírem ela pegou duas trufas, oferecendo uma a Kathleen. A ruiva aceitou o doce e continuaram caminhando. Ao passarem por uma loja de souvenires, a pequena parou.

 O que foi, Kath?

Um dedinho se ergueu, apontando para uma bela pelúcia de urso panda na vitrine.

 Gostou daquela?   A ruiva assentiu  Tudo bem, então vamos ali ver.

Menos de cinco minutos depois a dupla saía da loja, Kathleen abraçada ao panda de pelúcia. Naorima, inclusive, comprara algo para Kyara.

— Já está na hora de irmos.  A morena disse  Vem, Kath, vamos encontrar as outras.

Kyara e Aysha já estavam esperando em frente ao ponto de encontro, uma pequena cafeteria. A mais nova tinha nos braços um grosso livro encadernado em couro. Kyara não dava sinais de ter comprado nada.

 Prontas? Naorima indagou.

As irmãs assentiram e as quatro se encaminharam para o portão de embarque. Não demorou muito a estarem no avião. Aysha e Kyara sentaram-se lado a lado, a mais nova na janela. Kathleen foi acomodada ao lado de Naorima.

 Não muito depois de o avião decolar, a pequena deslizou para o colo da tia e caiu no sono, ainda agarrada ao panda de pelúcia. Naorima ouviu Kyara resmungar baixinho.

O que foi? Inquiriu.

Meus fones estragaram.

Na minha bolsa tem um par de fones. Pode pegar.

Valeu, Naorima.

Kyara levantou-se rapidamente e pegou os fones na bolsa da tia, soltando uma exclamação de prazer ao ver o aparato roxo com estrelas brancas.

Gostou?

São maneiros.

Que bom. Comprei para você.

Para mim?

U-hum. Já notei que gosta de música, então ...

Valeu, Naorima. Valeu mesmo.

Naorima apenas sorriu, mesmo sabendo que Kyara não poderia vê-la devido a posição em que se encontrava. Seus olhos castanhos se fixaram na janela, nas nuvens que passavam velozes. Nem percebeu quando caiu no sono.

Naorima. Alguém balançou sem ombro Naorima, você tem que acordar. Estamos chegando.

Ainda grogue, Naorima abriu os olhos. Kyara a chamava do assento de trás. Kathleen já se acomodara no assento ao seu lado, e batalhava para fechar o cinto.

Eu faço isso, lindinha.

A morena fechou rapidamente o cinto da sobrinha e o seu próprio. Podia sentir o avião inclinando-se, preparado para pousar. Seria um novo recomeço assim que chegassem ao chão.


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