Família por acaso escrita por Benihime


Capítulo 4
Por acaso... Garrow




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Kyara

Ela olhou para a tia, sem acreditar.

Ah, não! Exclamou Eu não vou andando! Táxis existem, sabia?

Daymay é pequena, Kyara. Não tem táxis aqui. Vamos ter que ir a pé. A não ser que prefira alugar uma bicicleta.

Não, obrigada. Rosnou Prefiro andar.

Ótimo. Então vamos logo.

Naorima praticamente lhe obrigou a pegar sua pesada mochila militar, enquanto Aysha pegava sua mala verde de rodinhas. A tia carregava sua própria bagagem e a de Kathleen. Resignada, Kyara seguiu as outras três.

Naorima

Ela não podia negar, Daymay tinha um charme pitoresco que dificilmente se encontraria em Nova York. Era como se o tempo ali tivesse parado.

Gostei daqui Comentou É bonito.

É diferente. Aysha objetou Beleza é subjetiva, oba-san.

Naorima não conseguiu deixar de rir.

Você é uma garota bem esperta.

A menina sorriu, cheia de si, e de repente seu rosto se iluminou de deleite.

Olha, oba-san!

Naorima olhou na direção indicada e viu uma igreja de pedra cinzenta em estilo gótico, com suas torrinhas e baluartes.

Boa! Sabe de que época é essa construção?

 É uma igreja gótica da Idade Média. Provavelmente do final do século XVIII ou XIX.

 Isso mesmo.

 Podemos ir ver, oba-san?

Mais tarde. Vamos largar essas malas primeiro.

A menina pareceu desapontada, mas não protestou. Naorima ficou grata por Aysha ser tão bem comportada. Aquela ali não lhe daria trabalho nenhum. Mais algum tempo de caminhada se passou, até Naorima xingar em voz alta.

O que foi? Kyara inquiriu.

A bateria do meu telefone morreu.

Tá. E daí?

Eu baixei o mapa para a casa no meu telefone.

Ah, droga!

Pois é. Naorima mordeu o lábio, pensativa Bem ... Tem um parque ali. Vamos nos sentar e comer alguma coisa.

As quatro se dirigiram para o parque e encontraram um banco à sombra de um imenso salgueiro. Naorima tirou da bolsa quatro sanduíches naturais e quatro garrafas de água mineral. Quando terminaram de comer, Aysha e Kathleen se deitaram na grama.

Está muito quente. Aysha declarou Podemos descansar um pouco aqui, né oba-san?

Podemos, mas só por uma hora. Está bem assim?

Está bem oba-san.

As meninas fecharam os olhos, e Naorima se permitiu fechar os seus também. Foi despertada abruptamente pelas vozes das meninas e pulou de pé, envergonhada por ter cochilado.

Kyara e Aysha estavam olhando atrás das árvores, entre as moitas, chamando por Kathleen.

O que aconteceu?

Eu ... Eu não sei, oba-san! Aysha quase chorava Kath e eu estávamos brincando de esconde-esconde, mas ela sumiu.

Naorima se adiantou a abraçou a menina trêmula.

Ei, calma. Disse Ela não deve ter ido longe. Já vamos encontra-la, você vai ver. Kyara, vá pela parte leste do parque. Eu pego a oeste. Aysha, fique aqui com as malas. Se alguém aparecer, peça ajuda. E o mais importante: não saia daqui.

Está bem, oba-san.

Boa menina. Naorima sorriu e beijou os cabelos da sobrinha Não se preocupe, já voltamos.

Naorima procurou pelo que pareceram horas, mas com certeza não podem ter sido mais do que alguns minutos, até chegar ao centro do parque. Ali havia um lago, e Kathleen estava sentada à margem, brincando contente com outra garotinha que tinha aparentemente a mesma idade.

Titia!

A ruiva correu ao seu encontro quando a viu e Naorima a pegou no colo.

Kathleen, nunca mais faça isso! Ralhou Você me assustou, sabia? Nós todas estávamos loucas atrás de você, mocinha.

Desculpa, titia. A ruiva respondeu, corando Mas é que eu encontrei a Jessica, e ela me chamou pra brincar. O papai dela é muito legal! Ele 'tava de olho na gente.

Meu amor, não pode simplesmente sair com alguém que não conhece. É perigoso.

Nesse momento um homem apareceu. Ele era alto, e seus músculos revelavam trabalho pesado. Seus olhos eram estranhos, de um tom de cinza que lembrava nuvens de tempestade.

Ah, a senhorita deve ser a tia dessa pequena. Declarou Desculpe pelo susto. Eu não sabia que minha filha a tinha convidado.

Awh ... Tudo bem, eu acho. Nada de mal aconteceu. A propósito, sou Naorima.

Muito prazer. Sou Garrow.

Naorima usou a mão livre para apertar a dele e ficou surpresa ao sentir que a mão de Garrow era calejada. Não exageradamente, mas o bastante para demonstrar que trabalhava duro.

Obrigada por ficar de olho na minha sobrinha. Disse Você ... Ahn ... Por acaso conhece esse lugar?

Com a mão livre, Naorima tirou do bolso traseiro o anúncio impresso que Kyara lhe entregou e mostrou a Garrow. Ele assentiu.

É fora da cidade. Nunca vão chegar até o anoitecer. Declarou Mas posso levar vocês, se quiserem.

Sua ajuda seria muito bem vinda. Obrigada.

Garrou apenas sorriu e deixou que Naorima guiasse o caminho de volta às malas. Kyara também já havia voltado, e estava sentada na grama com Aysha. As duas ficaram animadas ao vê-la de volta com Kathleen.

Meninas, esse é Garrow. Ele nos ofereceu uma carona.

Maneiro. Kyara disse Não sei se aguentaria andar mais.

Isso é porque não me ouviu e colocou esses sapatos de salto. Se tivesse me ouvido, estaria bem.

Kyara bufou em resposta.

Também são suas sobrinhas?

São sim. Respondeu, rindo Embora eu tenha certeza de que Kyara preferiria outra pessoa.

Ah, não ligue para ela. Adolescentes são complicadas mesmo.

E eu não sei?

Os dois trocaram um breve sorriso. Garrow insistiu em ajudar com as malas, embora Naorima tenha sido inflexível em não deixa-lo fazer todo o trabalho sozinha. Kyara observava os dois com olhos de águia. Aysha parecia apenas aliviada pela ajuda e Kathleen conversava com Jessica.

Parece que as duas já fizeram amizade. Garrow comentou, enquanto colocava as malas no porta-malas de seu carro.

É, parece mesmo. Naorima concordou Talvez devêssemos reuni-las de novo um dia desses.

Seria ótimo. Isso é ... Se for mesmo ficar por aqui. Muita gente acaba não ficando em Daymay.

Por que? A cidade parece ótima.

Mas é pequena. Quase nada de novo acontece por aqui. A maioria acha entediante.

Interromperam a conversa enquanto entravam no carro. Naorima foi na frente com Garrow.

Não me parece entediante. Disse, depois de alguns segundos de silêncio Parece ... Tranquilo. Exatamente o que eu preciso.

Ah, não me diga. Tempos difíceis?

A morena assentiu sem entrar em detalhes, e ele não perguntou. O silêncio dos dois logo foi preenchido pela conversa das meninas. A viagem foi de cerca de cinco minutos, e logo estavam parados em frente à casa.

Bem vindas ao chalé Cottonwood.

Naorima teve que dar o braço a torcer, o lugar era lindo. A pedra acinzentada da construção parecia brilhar suavemente na luz dos últimos raios de sol, assim como as violetas silvestres que se entrelaçavam com elas pareciam mais vivas.

O chalé tinha dois andares, sendo que parte da parede do segundo havia sido substituída por vidro. Uma pequena sacada dominava a lateral esquerda, havia uma pequena varanda no térreo e dava para ver o começo de um pomar nos fundos.

Uau! Exclamou O que acharam, meninas?

É mais bonito do que nas fotos! Aysha declarou.

Gostei. Kyara opinou.

Então vamos entrar. Obrigada pela carona, Garrow.

Garrow deixou que ela e as meninas tirassem a bagagem sozinhas, e Naorima descobriu o motivo quando ele lhe entregou um papel com um número de telefone.

Me ligue se precisar de alguma coisa, está bem? Ele disse. E boa sorte com a mudança.

Muito obrigada por tudo, Garrow.

Ele apenas sorriu em resposta, entrou no carro e fez a volta, retornando para a cidade. Naorima também se virou, e entrou em sua nova casa.


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