All my loving escrita por MoreWine


Capítulo 5
Hogsmeade e discussões


Notas iniciais do capítulo

Olá, amoras e amores. Capítulo novo. Espero que gostem!!



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  Eu caminhava apressada, com Alice ao meu lado, rumo ao nosso primeiro passeio a Hogsmeade daquele ano letivo. Estávamos no segundo domingo de novembro. O mês anterior havia sido cansativo e eu estava ansiosa por uma cerveja amanteigada para me sentir mais relaxada. Os monitores tiveram que organizar a festa do Dia das Bruxas e eu tive várias brigas com a Parkinson no processo. Além disso, fazer todas as matérias daquele ano também era um desafio, já que tudo parecia mais difícil por conta dos N.O.M.s. Para piorar tudo, Margareth Walker pareceu perceber minha melhora em poções, por conta das aulas de Scorpius, e por isso, resolveu passar poções cada vez mais difíceis, justamente quando eu estava quase acompanhando a turma. Por sorte, Scorpius estava ao meu lado, me ajudando, tanto nas poções quanto nas questões da monitoria. Ele presenciou duas crises de choro que tive por conta da sobrecarga e me abraçou firmemente, até que eu me acalmasse, como o bom amigo que era.

Tiago vinha um pouco atrás de nós duas e correu para nos alcançar. Ele ainda estava radiante, naturalmente. No final de semana anterior, havia ocorrido o primeiro jogo de Quadribol da Grifinória, o clássico Grifinória X Sonserina, e nós havíamos vencido por pouco. Foi um jogo árduo, eu ainda estava rouca pelos gritos na torcida. Tiago passou a semana falando daquilo. Ele estava em seu último ano e era o capitão do time. Ganhar a Taça de Quadribol era o objetivo de meu primo esse ano. Seríamos bicampeões, como não acontecia há tempos.  

Quando chegamos ao Três Vassouras o lugar já estava cheio de estudantes conversando, discutindo e rindo animadamente. Eu amava aquele lugar. Me encaminhei receosa em direção a mesa que Scorpius e Alvo estavam  sentados, com Tiago e Alice atrás de mim. Receosa porque Tiago não perderia a oportunidade de tirar sarro de Alvo por ter perdido o jogo, o que me preocupava, pois eu sabia que aquilo geraria uma outra briga. Tiago e Alvo eram muito unidos, exceto quando se tratava de Quadribol. A rivalidade entre Grifinória e Sonserina só se aflorava quando se tratava do Campeonato. E não era algo pequeno! As brigas eram constantes, antes e depois dos jogos. Eu já estava acostumada com aquilo todo ano e sabia que em uma ou duas semanas tudo seria esquecido.  Só esperava que dessa vez a briga não chegasse ao ponto de Tio Harry e Tia Gina precisarem ser chamados na escola, como aconteceu no ano passado.

Como previsto, quando chegamos à mesa, Tiago foi logo provocando os sonserinos “E então, já superaram a surra do domingo?” perguntou provocativo. Scorpius não ligou muito, mas Alvo, obviamente, caiu na pilha. Eles ficaram discutindo, enquanto Scorpius, Alice e eu tomávamos nossas cervejas amanteigadas meio divertidos e meio apreensivos, com receio de que um dos dois ficasse com raiva o suficiente para começar a azarar o outro. Mesmo que tentássemos, não conseguiríamos fazer os dois paparem com as provocações, mas quando Alvo estava fazendo um comentário sobre como os grifinórios tinham um ego que os cegava, a ajuda chegou para parar a briga.

— Vocês realmente querem que eu convença a mamãe a fazer vocês dois saírem dos times de Quadribol? – disse Lily, que chegou a mesa com o meu irmão ao seu lado. – Porque não tenham dúvidas de que é isso que vou fazer se vocês continuarem com essas idiotices. Vocês sabem que ela só repensou a decisão ano passado por conta da intervenção do papai, mas nem Harry Potter vai fazê-la mudar de ideia quando eu contar que vocês continuam sendo as crianças que sempre foram. Eu devia ser a irmã mais nova aqui!

Os presentes na mesa seguraram o riso. Lily com raiva era exatamente igual à mãe, tinha o mesmo poder de calar os homens Potter. Claro que Lily não queria fazer aquilo que ameaçava, já que os Potter eram os melhores jogadores de suas respectivas casas e talvez de toda Hogwarts, mas eles pareceram acreditar. Amuado, Alvo resmungou:

— Ele começou.

— Eu não tenho culpa se vo... – começou Tiago, mas foi interrompido por Lily.

— Vocês têm sete anos? Vou mandar a carta para mamãe agora mesmo se vocês não começarem a conversar civilizadamente.

Depois da intervenção de Lily os irmãos se calaram, enquanto o resto da mesa começou a conversar. Logo, nossa mesa era a mais cheia do local, pois, como geralmente ocorria, os Weasley foram chegando, acompanhados de seus respectivos amigos, de modo que alguns ficavam até em pé do lado, mesmo com alguns lugares vagos em outras mesas. Os Weasley e os Potter eram muito populares, afinal. Estávamos todos juntos ali, naquela manhã nublada: Roxanne, Tiago, Louis, Alvo, Lily, Hugo e eu. Os últimos que restavam em Hogwarts. Sempre unidos, é claro. Era difícil pensar que no ano seguinte Roxanne e Tiago não estariam mais ali. Não seria preciso que Lily intervisse nas brigas dos irmãos, pois Alvo não teria mais com quem brigar. Além disso, sem Roxanne eu seria a Weasley responsável ali. Apesar de Louis ser o mais velho, ele não teria pulso para ser aquele que coloca limites quando os Weasleys decidem derrubar o castelo. Não sei por que eu estava nostálgica, talvez por saudade dos meus outros primos que haviam se formado nos anos anterior e não estavam mais naquela mesa. Eu sentia falta de Dominique e Lucy, que agora treinavam na Academia de Aurores.

Estava perdida em pensamentos quando senti os olhos cinzentos de Scorpius me encarando. Ele parecia curioso. Antes que eu pudesse fazer alguma pergunta a ele sobre o motivo daquele olhar, os outros pareceram perceber que eu estava distraída.

— A nossa florzinha está em outra dimensão. Pensando no McLaggen, Rose? – Tiago perguntou debochado. Todos riram, inclusive minhas amigas Sophie e Alice. Traíras. Ao menos Scorpius permaneceu sério me olhando, claramente mais legal que as duas – ele entendia, por conta da monitoria, o quanto McLaggen me irritava.

— Faça-me o favor, Tiago. Acho que é você quem está apaixonado, vive falando dele. Agora chega. Não comece antes que ele apareça por aqui. Ele tem esse poder de surgir nos lugares quando é chamado – eu disse séria.

— É verdade, deixa o McLaggen pra trás – disse Lily, mas seu olhar provocativo não me deu esperanças de que ela fosse me defender. Para confirmar minhas suspeitas, a ruiva completou: - Vocês não sabem das novidades, não é? Rose já partiu pra outra.

Todos a olharam curiosos, mas a ruiva não continuou, só abriu o sorriso ainda mais, fazendo suspense. Eu fiquei vermelha como os meus cabelos. Devia saber que Lily soltaria aquilo em algum momento. A verdade é que eu possuía uma paixão secreta por Eric Johnson, um trouxa vizinho dos meus avós maternos. No último verão, depois que terminei com McLaggen, nós nos beijamos algumas vezes. Acontece que passei a achar Eric muito convencido e superei a paixonite. Às vezes superestimamos as pessoas antes de conhecê-las, e era isso que havia acontecido. Eu sabia que Lily estava falando aquilo para vingar-se do comentário que eu havia feito na noite anterior, na Sala Comunal, sobre a queda que ela tinha por Simas Lito, apanhador da Corvinal. A ruiva sorriu cinicamente para mim, quando as indagações de meus primos começaram. Eu é que queria azarar aquela ruiva agora. Lily podia ser muito pior que Tiago quando queria.

— Lily Luna Weasley Potter – eu sibilei. – Você vai se arrepender...

— Calma, priminha – ela me interrompeu. – Não vou dizer nada – continuou. Cínica. Só o que ela havia dito já seria o suficiente para que todos me importunassem. Aquelas discussões e provocações eram comuns em nossas reuniões, mas odiava quando eu era a vítima. A ruiva continuou: – O máximo que vou dizer é que é um trouxa. Rose deu uns beijos no verão, na casa dos Granger... Ops.

Eu mataria aquela criatura. Começaram as piadas e provocações. “Quem é o trouxa?” todos perguntavam. Eu fiquei emburrada enquanto todos riam e insistiam para que eu dissesse algo. O sentimentalismo que eu sentia há pouco foi substituído pelo incomodo ao lembrar o quanto meus primos podiam ser inconvenientes. Tiago dizia que finalmente havia entendido o porquê de eu cursar Estudo dos Trouxas, enquanto todos caiam na gargalhada. Eu retrucava as provocações até que todos cansaram do assunto e começaram a discutir sobre as novas linhas de vassouras Nimbus, me fazendo ficar aliviada. Depois, malignamente comecei a falar sobre Simas Lito e a paixão de Lily por ele, fazendo com que a menor Potter me olhasse como se quisesse me estopourar. Tiago fez um pequeno discurso sobre Lily ser nova demais pra essas coisas e lembrou que o único apanhador que ela devia gostar era ele, seu irmão. Lily odiava ser tratada como criança, então foi aí que me senti vingada.

Após um tempo, Sophie chamou a mim e Alice para acompanha-la até a Dedosdemel, onde encontraria Lorcan, seu namorado. Nós caminhamos lentamente pelas ruas de Hogsmeade, enquanto conversávamos.

— O Tiago é tão engraçado, você não devia cair na pilha e também rir das piadas dele, Rose – disse Alice, quando reclamei de meu primo.

— Diz isso por que não foi com você. Lily é terrível. Ressuscitar Eric? Eu nem me lembrava mais dele.

— Mas que foi engraçado ver a sua cara mais vermelha que o seu cabelo, isso foi – afirmou a loira, rindo.

— Que grande amiga que você é, Hale – resmunguei.

— Qual é, Rose, os seus primos são hilários mesmo – disse Sophia. – Mas, o mais importante é saber se vocês notaram o que eu notei.

— Se você está falando sobre a Alice ainda ser caída pelo John Ford, isso eu notei – respondi, vingativa. Sophie riu, Alice fechou a cara, mas não negou. John era um amigo de Louis por quem Alice sempre teve uma queda.

— Ah, não estou falando de algo tão óbvio – Sophie me ajudou com a provocação. – Mas estou falando de Scorpius.

— O que tem ele? – indaguei. Alice também não parecia entender.

— Ele não parou de olhar pra você hoje – disse Sophie, com ar de certeza. Eu também havia percebido isso, mas aquilo não era nada demais. Sabia que ela iria começar aquela baboseira de casais, como estava insistindo muito ultimamente. Assim como Lily, Sophie resolveu criar que Malfoy sentia algo por mim. Mas, pior do que minha prima, Sophie ainda dizia que eu também sentia algo pelo loiro. Minha amiga não era nada coerente.

— E? Isso não quer dizer nada, somos amigos. Pare de criar coisas.

— Eu não estou criando coisas. Você que está cega. Ele estava a encarando o tempo todo, quando você estava viajando nos seus pensamentos. Mas aí, quando Lily começou a falar de Eric, Scorpius ficou imediatamente triste. Na verdade, ele ficou arrasado. Dava pra ver nos olhos dele. Não parava de te olhar, como se esperasse que você negasse o que sua prima estava dizendo. Todos ficavam fazendo piadas e você retrucava, mas não negava, e o menino parecia cada vez mais triste.

— Pelas barbas de Merlin, você está alucinando. Como você pode ser tão criativa?

— Como você pode ser tão teimosa, Weasley? Pare de negar o óbvio. Vocês estão sempre juntos agora. E não venha dizer que é por causa de Alvo, porque desde que ele vive grudado na Amanda Longbottom, quase não está com vocês. E você já viu como ele te trata? Ele não é carinhoso com ninguém desse jeito, parece que faz tudo por você. Não me diga que isso é amizade porque ele é o melhor amigo de Stella Conner e não a trata assim, nunca tratou. Vocês vivem abraçados. E você também é culpada. Você não anda abraçada por aí nem com seus primos. Além de não parar de falar de Scorpius, quando não está com ele. “Vocês nem sabem o que o Scorpius fez hoje”. “O Scorpius sempre fala disso” – ela faz uma péssima imitação de minha voz. – E agora ele mostra que claramente está com ciúmes de você. Então não me venha com essa de amigos e encare o que está acontecendo.

— Claramente? Scorpius está louco por mim só pela forma que me olhou? Para de criar coisas, Sophie – repeti.

— Rose – começou Alice, - acho que Sophie está certa.

— Até você? – me indignei.

— Só pense bem no que ela está dizendo, talvez faça sentido – disse a loira, enquanto entravamos na Dedosdemel. Alice era calma e até meio desligada, não era dada a exageros, como Sophie era. Então, não gostei de saber que até ela concordava com aquilo.

— Bom, o Lorcan já está aqui – disse a morena, despedindo-se. – Depois não diga que não avisei.

Sophie se afastou, balançando seus cabelos negros e encaracolados enquanto ia até seu namorado.

Demorei muito a me tornar amiga de Sophie. No primeiro ano, ela e eu éramos amigas de Alice, mas não nos bicávamos muito. Éramos muito diferentes e ao mesmo tempo muito parecidas. Sophie era filha dos melhores aurores do serviço de inteligência do Quartel, mas ainda assim, parecia não raciocinar a maior parte do tempo. Sophie sempre pensava em garotos, roupas, astrologia e adivinhações. Eu achava tudo isso bobeira. Foi no terceiro ano, quando tivemos que ser dupla em Adivinhações, que nos tornamos amiga. Apesar de seu jeito de menina delicada, era a melhor artilheira da Grifinória. Ela era muito sensível e compreendia muito as pessoas. Já eu, era péssima em lidar com sentimentos. Ela era emocionalmente corajosa e eu me achava muito covarde nesse aspecto. Eu nem tinha coragem de dizer para McLaggen para ele me deixar em paz! Eu a admirava muito, mas odiava a mania que ela tinha de formar casais. Especialmente quando eu era o alvo. Nós duas tínhamos a habilidade de explodir de raiva, por isso tínhamos brigas homéricas, apesar de as explosões de Sophie serem bem mais frequentes que as minhas.

Alice não era como Sophie, era bem calma, enquanto Sophie era espalhafatosa. Alice era nascida trouxa, ela morava sozinha com sua mãe. O pai de Alice havia morrido quando ela era criança e sua mãe era uma médica muito ocupada. Então, desde cedo Alice passou a ser muito independente. Era uma pessoa muito boa, não parecia ver maldade em ninguém. Ao mesmo tempo, era muito ponderada sobre as coisas que dizia, por isso era calada. Então, se Alice concordava com aquilo, eu realmente devia pensar sobre.

            Não que eu já não tivesse pensado. A ideia já tinha passado pela minha cabeça algumas vezes, mas eu tentava afastá-la. Scorpius e eu havíamos nos aproximado muito. Tínhamos a monitoria, as aulas de poções, Alvo que era o melhor amigo de nós dois... Mas não era só isso. Sempre estávamos juntos, não só na tutoria, na monitoria ou quando Alvo esteva presente. Quando tínhamos tempo livres, ficávamos andando pelo jardim de Hogwarts ou pelos corredores da escola conversando sobre amenidades.

Eu contava a ele sobre as aventuras do Trio de Ouro que não estavam nos livros e Scorpius me confidenciou que era um grande fã de Harry Potter, mas seu pai, Draco Malfoy, nunca poderia saber disso. Descobri também que Scorpius amava rock trouxa, assim como eu, e fiquei indignada ao saber que ele não conhecia os Beatles, banda favorita do meu avô Granger, que também se tornara a minha. Scorpius me contou que durante os verões, quando cansava do tédio da mansão Malfoy, ia a uma loja de discos clássicos na Londres trouxa e ficava lá por horas ouvindo aquelas músicas. Scorpius não sabia, assim como eu, o que queria fazer quando saísse de Hogwarts. Só o que sabia era que não queria ser um auror, como seu pai sonhava que ele fosse um dia. Ele nunca me disse isso claramente, mas era nítido que a relação dele com o pai era conturbada. Sempre que falava do pai demonstrava certa frustação, diferentemente de quando falava da mãe, o que fazia com certa devoção. Ele continuava confiante demais, assim como quando eu o conhecera, com onze anos. Mas, agora, eu olhava essa confiança com admiração, não com a irritação que eu sentia antes. Ele não se importava muito com o que as pessoas falavam dele e isso era ótimo, já que até hoje ele ainda era julgado por ser um Malfoy.

Sophie estava certa quando dizia que eu sentia algo por ele, afinal, éramos bons amigos. Adorava quando ele estava por perto. Que mal havia nisso? Poderia dizer o mesmo de Alice ou Sophie. Não que elas costumassem afagar meu cabelo para me manter calma ou que meu coração acelerasse um pouco quando as via sorrir de canto, como vinha acontecendo com Scorpius. Elas também não me olhavam com a intensidade que o sonserino me olhava. É claro que eu percebia essas pequenas coisas, mas sempre tentava ignorar e não pensar nisso. Somos só amigos, Rose, eu dizia para mim mesma.

Passei o resto do domingo tentando não pensar no assunto, assim como todo o dia naquela segunda-feira. Não vi Scorpius ou Alvo aquele dia, pois eu tinha todos os meus horários preenchidos. Na aula de Adivinhações, Sophie não me importunou com o assunto novamente, passou os dois horários falando sobre Lorcan e sobre o convite que ele lhe havia feito para que ela passasse o Natal com a família dele, já que os Forbes estariam em missão na Alemanha durante o feriado naquele ano. Estava decidida a continuar ignorando aquelas dúvidas que Sophie ascendeu na minha cabeça no dia anterior, enquanto me dirigia para a ronda dos corredores na segunda-feira a noite. Então, quando encontrei Scorpius já no corredor do sexto andar para a ronda nos corredores, tentei agir normalmente.

Notei que o loiro estava sério, com um olhar sombrio, mas decidi que minha cabeça estava criando coisas, por conta da conversa com as meninas do dia anterior. Comecei a tagarelar sobre a aula de Adivinhações, enquanto rondávamos os corredores de perto da torre da Corvinal, mas vi que Scorpius continuava sério.

— O que você tem, Scorpius? – resolvi perguntar. – Parece distante.

— Eu? Não é nada, não se preocupe – disse-me rapidamente, forçando um sorriso que não chegou aos seus olhos.

— Você sabe que pode falar, né? Somos amigos – eu disse a última parte como uma afirmação pra mim também.

— Não é nada, só o treino de Quadribol de hoje que foi um pouco estressante. O time ainda não aceitou a derrota da semana passada e estão todos nervosos. Seu primo não para de falar disso um segundo sequer.

— Não se preocupe com isso – eu disse sorrindo, feliz por as inquietações dele não terem nada a ver com as coisas que minhas amigas cogitavam. – Sempre que quiser estarei aqui para falar de qualquer coisa que não seja Quadribol.

— Bom, então me diga por que não me disse que tinha um namorado – ele perguntou, num tom que quase me pareceu casual, mas havia um quê de provocação ali. Aquele tom que ele costumava usar antes de sermos amigos, quando ele só me matava de irritação.

— Porque eu não tenho um namorado, ué – respondi automaticamente, tentando parecer indiferente, mas muito preocupada com rumo que aquela conversa poderia tomar. – Você não devia dar ouvidos as coisas que meus primos dizem. Lily é meio perversa.

— Eu fiquei curioso. Quero dizer, você ficou mais vermelha que o seu cabelo – Scorpius tentava colocar um tom casual em suas palavras, mas eu sentia-me irritada. – Você não ficaria assim se Lily tivesse inventado.

— Eu não quero falar disso – disse um pouco alto demais, sentido minha pele ficar vermelha.

— Está aí você ficando vermelha como um tomate novamente. Quem é esse seu namorado trouxa pra você querer escondê-lo de todos? – seu tom era claramente acusatório agora.

— Eu não tenho namorado, Malfoy. Não seja tão irritante quanto Tiago. Por Merlin!

— Só achei que fôssemos amigos o suficiente pra você não precisar escondê-lo de mim - disse irritantemente, como se não tivesse me ouvido. Parecia aquele Malfoy que eu detestava e isso me dava nos nervos.

— Por que você quer tanto saber? – perguntei raivosa.

— Por que você quer tanto esconder? – retrucou num tom debochado que eu odiava.

— Ah... – me rendi porque minha paciência já estava no limite. – Foi só o que a peste da Lily disse. É um trouxa, vizinho dos meus avós, por quem eu sempre tive uma paixonite. Ficamos juntos esse verão, mas não estou mais interessada nele. Fim do romance. Feliz? – eu disse, com o tom ainda raivoso.

— Na verdade, não - respondeu sério. Por que raios ele não estava feliz? - Se não está mais interessada, por que está tão brava? – Eu revirei os olhos para a pergunta.

— Porque você me irrita, Malfoy! Você pode respeitar meu espaço? Vou fazer a ronda em outros corredores – terminei quase gritando, me afastando batendo os pés. Eu estava bufando de raiva e os olhos de Malfoy pareciam queimar minhas costas. Eu sabia que ele também estava com raiva e me irritava ainda mais ver o quanto ele conseguia ser frio e sério, era muito bom em esconder o que sentia. Como ele ousava ficar com raiva só por eu não querer contar algo a ele? Estava sendo absurdo.

No outro dia, minha irritação havia sido superada. Eu era explosiva, e como boa explosiva minha raiva passava tão rápido quanto chegava. Mas, quando cheguei para cumprimentar Alvo e Scorpius no almoço, só Alvo falou comigo. Scorpius não me respondeu, só me olhou com desdém e se afastou, deixando-me sozinha com meu primo. Eu odiava aquele olhar tipicamente sonserino e odiava mais ainda ficar confusa por causa de um sonserino. Em um momento, Scorpius era gentil e atencioso. Depois, volta a ser o sonserino antipático que sempre foi. Eu não estava entendendo nada e odiava isso. Uma parte de mim insistia em pensar no que Sophie havia dito, mas meu lado racional achava aquilo absurdo. Eu estava confusa.

Scorpius Malfoy era uma incógnita pra mim.


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Notas finais do capítulo

Parece que a Rose está começando a entender as coisas, não? Então, o que acharam da pequena discussão? Comentem!



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