All my loving escrita por MoreWine


Capítulo 6
Duelos e desculpas


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora. Espero que gostem. O capítulo saiu curtinho, mas tá aí pra vocês.



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Aquela semana estava sendo horrível. Primeiro, porque Margareth Walker havia decidido passar um teste surpresa no meio da aula. Mesmo que o meu caldeirão não tenha explodido, a poção saiu horrível e a professora não perdeu a chance de me constranger diante de toda a turma. Como ela elegeu a minha poção a pior da aula, ordenou que eu a refizesse e a entregasse na próxima aula. Era um antídoto de veneno de Asco, uma espécie de mosquito com um ferrão que deixava suas extremidades inchadas. Estava com medo de que ela me injetasse o veneno e me desse como antídoto minha própria poção mal feita. Para piorar, estava sem a minha tutoria, já que Scorpius e eu mal estávamos nos falando depois da briga que tivemos há quase três semanas. Esse era o segundo motivo de eu estar odiando aquela semana. Depois que Malfoy me ignorou na manhã seguinte a briga, só senti raiva. Pensei no quão absurda era a ideia de Sophie de que ele sentia algo por mim. Se ele sentisse, não seria tão estúpido me ignorando pelos corredores, como o fez. Entretanto, passando uns dias após a briga, comecei a sentir falta de conversar com ele. Ainda assim, meu orgulho não me permitia deixar de trata-lo friamente, especialmente quando ele vivia ao lado de Stella Conner.

            Stella Conner era a pessoa que eu menos gostava em Hogwarts. Ela era tão boa quanto eu na maioria das disciplinas, mas não era tão querida pelos professores. Era antipática. Sempre fazia questão de tratar mal as pessoas, como se fosse superior a todos. Seria muito bonita se não vivesse com a cara emburrada. Seus cabelos loiros acinzentados não tinham muita vida e seus olhos escuros como a noite eram sempre ferozes. Stella sempre me tratava muito mal, olhando-me como se eu fosse o ser mais desprezível do mundo bruxo. No segundo ano, ela e eu duelamos. Alvo havia sido o motivo. Ela tentara afastar meu primo de mim, dizendo que ele não deveria andar com grifinórios, usando um tom extremamente ofensivo. Então, lancei um feitiço que fez o cabelo da Conner começar a cair. Ela me fez cair no chão com um aceno de varinha. Fomos parar na enfermaria, eu com o tornozelo torcido e Conner quase careca. Desde aí, todos sabiam que nos odiávamos de forma veemente e eu não fazia questão nenhuma de mudar isso. Assim, ver Scorpius grudado com aquela garota, conversando animadamente, quando eu é que queria conversar várias coisas com ele, era extremamente desconfortante.

            Como se tudo isso não bastasse, agora eu estava andando em direção à sala de McGonagall com ninguém menos que Harry Potter ao meu lado, tentando convencê-lo a não arrancar a cabeça de seus filhos. Meu tio estava sério, mas seus olhos brilhavam de raiva quando me pediu que eu relatasse exatamente o que havia acontecido. Eu tentava tranquiliza-lo, mas era uma missão difícil fazer isso enquanto relatava o duelo de poucas horas mais cedo. Alvo e Tiago haviam duelado no meio do Salão Principal durante o jantar, ainda por conta do Quadribol. Como aqueles dois podiam ser tão irresponsáveis e imbecis? Lily estava certa quando dizia que eles pareciam ter sete anos. Quando vi a briga, conjurei imediatamente o escudo mais forte que consegui para se interpor entre os dois, o que fez com que eles caíssem no chão, para que eu os desarmasse antes que eles voltassem a brigar. Mas, a essa altura, já havia comida espalhada por todo salão e Pirraça berrava animado... O caos estava instaurado. McGonagall chegou perto da briga logo após a minha intervenção, silenciando o salão com um feitiço e ordenando que fossemos para sua sala. Eu estava morrendo de medo de também estar encrencada, mas quando chegamos à sala de Minerva, ela me parabenizou pela intervenção e ordenou que eu fosse até o salão comunal da Grifinória chamar Harry e Gina Potter pela lareira, enquanto ela conversava com Tiago e Alvo.

Toda Hogwarts só falava disso. O boato era que os dois sairiam dos seus times de Quadribol, por isso não estranhei quando vi todo o time da Grifinória e da Sonserina aos pés da gárgula que dava entrada a sala de McGonagall. Todos falavam ao mesmo tempo, mas o silêncio tomou conta do grupo quando avistaram Harry Potter se aproximando. Meu tio deu um simples ‘boa noite’ a todos, enquanto dizia a senha para a gárgula que se abria para subirmos as escadas que levavam a sala da diretora. Não era o famoso Harry Potter ali, apenas um pai muito bravo com seus filhos. Minha tentativa de tranquiliza-lo não parecia ter surtido muito efeito, já que ele fuzilou os filhos com os olhos assim que os encontrou. Falou diretamente com a diretora, não se dirigindo aos garotos.

— Professora Minerva – ele a cumprimentou com um abraço. – É uma pena que essas coisas tenham que acontecer para que eu a veja.

— É realmente uma pena, Harry. Parece que os Potter nunca perdem o hábito de se meter em problemas. Felizmente, a srta. Weasley possui a mesma habilidade da mãe de tirá-los das encrencas e fez que o problema fosse minimizado. Ficaria admirado se visse o escudo que ela conjurou. Ainda mais para tão pouca idade. Dará uma ótima auror, tenho certeza.

Fiquei um pouco vermelha com o comentário da diretora. Achava um tremendo exagero quando me comparavam com minha mãe. Eu estava muito longe de ser Hermione Granger Weasley, a maior bruxa desse mundo. E eu nem havia me decidido sobre ser auror.

— Só fiz o que estava ao meu alcance, professora – eu disse, tentando ficar menos vermelha.

— Você é brilhante, querida – disse o tio Harry, olhando-me. – Uma pena que não posso dizer o mesmo de seus primos.

Tiago e Alvo olharam apreensivos para o pai. Sabia que estavam morrendo de medo de quando tio Harry deixasse de ignorá-los e passasse a gritar com eles. Mas, eles deviam agradecer a sorte que tiveram por tia Gina estar viajando durante a confusão. A fúria de Gina Potter não se comparava a do marido. Eu via que tio Harry estava tentando se controlar para não explodir, mas titia jamais faria tal esforço. Talvez os dois merecessem os berros de tia Gina. Até eu estava com raiva deles. Mas eu sabia que não seria justo que os times das casas perdessem seus melhores jogadores, por isso, criei coragem e resolvi falar, antes que Minerva me mandasse sair dali:

— Diretora, só lhe peço que não faça com que as casas paguem pelo erro desses dois. Quero dizer, o campeonato está acabado sem esses dois jogadores. Os times estão aí em baixo muito preocupados que isso aconteça. Além disso, há muitas formas de castiga-los. Ele poderiam pegar uma detenção infinita, ou passarem um tempo juntos em casa para lembrarem do quanto se amam... Estou dizendo que toda a Hogwarts ficará muito triste se não tiver esses dois jogando Quadribol.

Aquilo era uma grande verdade, afinal os Potter eram muito famosos. Todos queriam vê-los. Eram astros naquela escola, ainda mais quando estavam em cima de uma vassoura. Mas, eu não tinha muita esperança de McGonagall ouvir meu pedido, então já estava meio conformada que meus primos tivessem estragado o campeonato daquele ano por pensarem como crianças de sete anos de idade.

Quando saí da sala da direção, para que tio Harry conversasse com os filhos, fui bombardeada de perguntas. Os times ainda estavam na gárgula esperando notícias, e pedi que todos saíssem dali, pois a diretora havia ordenado. Contei a eles que nada havia sido definido, mas que as chances de os dois serem impedidos de jogar Quadribol eram grandes. Pelo menos não serão expulsos, pensei. Para que o dia ficasse ainda mais animado, ouvi uma voz conhecida me chamando enquanto eu caminhava com Sophie rumo ao Salão Comunal da Grifinória.

— Rose, Rose, espera, Rose – Malfoy gritava a alguns passos atrás de mim, enquanto eu continuava a caminhar. Não queria fechar o dia com uma briga com ele. Mas é claro que eu seria traída por minha amiga, que segurou minha mão fazendo com que parássemos para espera-lo. Pra quê inimigos quando você tem uma amiga como Sophie Forbes?

— Já disse que não sei qual punição eles terão, Malfoy – disse assim que ele nos alcançou.

— Não é isso, Rose. Podemos conversar? Queria falar uma coisa com você. É importante.

— Estou com a Sophie e nós vamos...– mas fui interrompida pela traíra antes que eu pudesse inventar uma mentira para despistá-lo.

— Nada disso. Claro que ela pode. Você não viu que o Malfoy estava se esgoelando atrás de você? Deve ser importante, amiga. Não seja indelicada. Além disso, preciso encontrar o time de Quadribol agora que provavelmente não temos mais capitão. Até mais, Rose, Malfoy.

— Obrigada, Forbes. Até mais – ele disse agradecido. Eu só fuzilei as costas dela com os olhos enquanto ela se afastava. – Sua amiga é bem legal.

— Nem sempre. O que você quer, Malfoy? - Aquele dia já havia sido muito estressante para eu me esforçar para ser educada.

— Falar com você algumas coisas. Que tal sairmos do meio desse corredor para conversamos sem ninguém nos interrompendo?

— Por que não podemos conversar aqui? – eu ainda estava na defensiva. – Não é possível que o assunto seja tão grande.

— Na verdade, é sim. Por favor, Rose, juro que não quero brigar com você. É só uma conversa.

— Ok, Malfoy. Vamos procurar uma sala.

Ele parecia apreensivo enquanto caminhávamos até o corredor seguinte, em direção às salas de aula. Já se passava das nove da noite e o castelo estava escuro e silencioso. Entrei na primeira sala e sentei-me sobre a mesa do professor, enquanto o sonserino ligava a luz da sala com um aceno de varinha. Scorpius parou em pé na minha frente me encarando por alguns segundos de forma intensa, antes de começar a falar rapidamente. Era estranho porque era eu quem costumava a fazer aqueles longos discursos.

— Queria logo te parabenizar porque, uau, você foi incrível hoje. Sabe-se lá o que teria acontecido se você não tivesse impedido aquele duelo de continuar.            O modo como você conseguiu desarmá-los logo após conjurar aquele escudo superpoderoso foi impressionante. Não que eu não soubesse que você é surpreendente, mas ver tudo aquilo de perto foi estarrecedor. Mas não vou ficar puxando seu saco para que você aceite minhas desculpas, só estou dizendo isso porque todo o castelo está falando de como Rose Weasley venceu os dois Potter sem nenhuma ajuda. Enfim, não é sobre isso que quero falar. Quero me desculpar. Fui um babaca. Desculpe-me. Não devia ter lhe pressionado a contar uma história que você não queria contar. E nem parado de falar com você, sei que tenho sido grosseiro nas rondas. Fiquei chateado por você não querer compartilhar as coisas comigo, como se você tivesse alguma obrigação... Sei que fui infantil. Quero mesmo que você me desculpe. Você é muito importante pra mim, Rose. Senti falta de conversar com você, de ficar perto de você... Você é umas das melhores pessoas que eu conheço e eu não queria estragar tudo por ser um babaca. Eu sei que agi como criança. Acontece que desde que percebi que você é a mulher mais forte e incrível desse castelo, eu quis ficar perto de você. Quis que você parasse de me achar um imbecil e me visse como alguém legal, digno de ficar perto de você. Mas eu consegui estragar tudo por uma besteira e agora entendo que você não queira mais falar comigo. Eu estava sentindo algo novo, por isso te tratei daquele jeito. Disseram-me que eu estava meio enciumado e talvez seja verdade. Mas juro que não vou ser desse jeito de novo. Será que você pode me desculpar?

O que ele pensava que estava fazendo? Ele estava dizendo que gostava de mim? Que sentiu ciúmes? Que Sophie estava certa? Meus olhos encheram-se de lágrimas de raiva e confusão, mas eu não podia chorar na frente dele. Eu odiava não compreender as coisas, por que no geral eu tinha facilidade para entender tudo. Mas Malfoy acabava com minha lógica.

— Ok – respondi, tentando parecer seca. Levantei-me da mesa e me dirigi à porta da sala. Eu não queria tentar entender o que ele queria dizer agora. Minha cabeça doía.

— Ok? – questionou. – É tudo que vai dizer?

— É.

— Não me deixe confuso, Rose. Você me desculpou ou não? Pode gritar dizendo que não desculpou, só não me deixe aqui sem entender nada.

— Confuso? Sem entender nada? – eu disse, irônica, enquanto virava pra ele deixando que as lágrimas corressem por meu rosto. Não eram de tristeza, mas de raiva. Eu estava morrendo de raiva de Scorpius Malfoy. – Você não está entendendo? Não me venha com essa, Scorpius. Sou eu quem não estou entendendo nada. Primeiro você me odeia e não perde a chance de me irritar. De repente, você passa a ser o cara mais legal de todos, tão legal que eu deixo até minhas desconfianças da sua mudança de comportamento repentina de lado. Aí você fica com raiva por eu não lhe contar algo totalmente descabido e ainda diz que não está satisfeito depois que eu contei. Isso tudo depois de Sophie ter enchido minha cabeça de minhocas absurdas que quase me fizeram pirar. Então você decide me ignorar completamente como se eu fosse um mosquito zunindo em seu ouvido. Sabia que eu ia tentar lhe pedir desculpas na ronda dessa semana? Comecei a me sentir mal e me sentir culpada por tudo. Mas quando lhe dei ‘boa noite’ você me olhou com tanta desdém que eu quis me auto azarar por pensar em ser sua amiga de novo. Agora você vem com todas essas palavras bonitas, como se fosse um cara decente e não estivesse grudado em Stella Connor todos esses dias. Eu odeio estar confusa. Odeio isso que você está fazendo – proferi as palavras pra ele, que me olhava em choque, provavelmente assustado por me ver chorando daquele jeito.

— Calma, Rose – ele disse, se aproximando. – Não chore assim.

— Não ouse me abraçar! Eu chorando de raiva, Malfoy, de raiva – disse, me afastando da aproximação dele.

— Rose, eu posso responder tudo o que você quiser. Mas se acalme. Não gosto de vê-la assim por minha caus...

— Sua causa? – o interrompi. – Você tem ideia do que está acontecendo? Meus primos quase foram expulsos hoje e quase se feriram gravemente. Não seja prepotente de achar que é o centro de tudo.

Eu não estava sendo completamente mentirosa. Scorpius era sim uma parte significativa da razão das minhas lágrimas, mas não era toda ela. Era um acúmulo daquela semana horrível. Scorpius então se aproximou de mim e me abraçou, afagando meu cabelo, mas dessa vez não me afastei. Como ele fazia isso? Como conseguia ser tão frio? Eu acabara de chama-lo de prepotente e ele estava ali me abraçando para me acalmar. E eu fiquei mais calma. As lágrimas silenciosas ainda escorriam, mas eu não sentia mais vontade de azarar o loiro que me abraçava.

Depois de alguns instantes abraçados, quando minha respiração se tornou regular novamente, Scorpius fez algo que respondeu muitas de minhas perguntas, mas criou centenas de outros questionamentos na minha mente que sempre parecia trabalhar muito rapidamente. O sonserino tirou a mão de meus cabelos, colocando-a em meu queixo. Assim, virou meu rosto para a direção do seu, olhando em meus olhos. Eu esperava que ele fosse me dizer alguma coisa, mas ele foi se aproximando até que a distância entre nossos rostos fosse mínima.

Então, Scorpius Malfoy me beijou. Seus lábios massageavam os meus suavemente, como se ele quisesse aproveitar cada segundo. Eu também me entreguei aquele beijo sem pensar em nenhuma consequência, sem tentar entender nada. Só pensava em como era boa a sensação de ter os lábios de Scorpius junto aos meus, nos arrepios que aquilo causava em meu corpo, enquanto uma de suas mãos segurava a minha nuca e a outra segurava minha cintura. Quando nos separamos, Scorpius aproximou seus lábios de minha orelha, para sussurrar as palavras que fizeram minha pele enrubescer ainda mais, se é que aquilo era possível depois daquele beijo:

— Eu estou apaixonado por você, Rose Weasley.


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Notas finais do capítulo

Queridos, venho encarecidamente pedir que vocês comentem. A falta de comentários me deixa sem muita motivação para escrever, principalmente considerando que tenho mil coisas pra fazer e tirar um tempinho pra essa fanfic não é fácil. Tem mais de 40 pessoas lendo, mas o capítulo anterior não teve quase nenhum comentário... Então, se puderem, façam a autora feliz e me deem motivo para escrever mais. Comentem!



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