Estado de amor e de sonhos escrita por Camila Maciel


Capítulo 97
Capítulo97




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CAPÍTULO97

— Oi, Blumenau, estou te ligando pra você ficar tranquila; já estou
aqui na frente da escola! - Palhoça falava com a irmã de dentro do carro
naquele fim de tarde:
— Ótimo, maninha; e está tudo bem por aí?
— Se melhorar vira festa; trabalhei o dia todo, Santo Amaro ficou
fechando o estúdio pra gente poder curtir a nossa sobrinha! Você já sabe
a que horas vai sair da empresa?
— Não, menina, não faço a menor ideia! Pintou um problemão por aqui!
— O que aconteceu?
— Números, minha irmã, números, contas!
— Içara pode dormir lá em casa se for o caso!
— Vou ficar te devendo essa pro resto da vida, maninha! Mas olha, a
gente vai conversando, se eu não sair daqui muito tarde eu pego ela na
sua casa!
— Pode ficar tranquila, doutora!
— E pelo amor de Deus, juizo, Palhoça; não deixa ela se intupir de doce
não, titia maluca!
— Tá bom, a gente vai se comportar direitinho! Tem uma muda de roupa
dela lá em casa que ficou da semana passada, assim que a gente chegar em
casa ela toma banho, tira a roupa da escola e a gente fica por lá!
Palhoça desembarcou levando apenas a chave do carro e entrou na escola; foi em direção à
sala onde sua sobrinha estudava, as crianças já estavam saindo:
— Tia! - Içara veio correndo, com o maior sorriso do mundo, a mochila
toda aberta e se atirou no abraço dela:
— Oi, meu amor, tudo bem?
— Tudo bem! Você veio me buscar?
— Vim, ué! A gente não tinha combinado?
— Eba! - a pequena comemorou:
— Mas antes vamos fechar essa mochila, sua maloqueira!
— Maloqueira! - Içara repetiu caindo na gargalhada, enquanto a tia se
ocupou em fechar a mochila:
— Tia, meu tio está em casa?
— Está, te esperando!
— É que eu fiz um desenho pra ele!
— Então vamos lá pra você entregar o desenho pra ele!
— Vamos!
Durante o trajeto até a casa da tia, Içara foi conversando com ela o
tempo todo, promovendo uma verdadeira festa no banco de trás.
— Oi, tio! - Santo Amaro da Imperatriz já estava em casa quando
Içara chegou com sua mulher; a garotinha entrou correndo, com um sorriso
lindo e aquilo significava muito para aquele rapaz, que estava
preocupado com a sobrinha:
— Oi, minha pequena - ele pegou-a no colo, abraçando-a forte -, que
saudade de você; como é que você está, hein?
— Estou legal, tio; eu tenho uma surpresa pra você!
— Não acredito; pra mim? O que é?
— Eu vou pegar!
A garotinha desceu do colo de seu tio e foi até a mochila, que Palhoça
deixou no sofá; voltou segurando uma folha dobrada, desdobrou-a com
cuidado e mostrou pra ele:
— Esse é você, tio!
Içara desenhou uma linda paisagem e um homem com um violão na mão; Santo
Amaro olhou para sua mulher, parada ao lado da mesa ainda segurando a
chave do carro, depois tornou a olhar a menina:
— É o desenho mais bonito que eu já ganhei, sabia?
— É que eu contei pra minha professora que eu ia ficar aqui hoje, daí
ela deixou eu fazer o desenho e trazer pra você!
— Vou guardar junto com aquele outro desenho que você fez de mim e da
sua tia, lembra?
— Lembro, tio!
Palhoça entrou na conversa:
— Está com fome?
— Um pouquinho, tia!
— Então vamos tomar aquele banho, depois a gente come alguma coisa, que
tal? Amor, você coloca a mesa pra gente?
— Pode deixar; coloca ela no banho que eu cuido de tudo aqui! Já pro
banho, mocinha!
Sozinho na sala, Santo Amaro da Imperatriz ficou olhando o desenho que
ganhou, enquanto ouvia sua esposa e sua sobrinha cantando, promovendo uma
verdadeira festa no banheiro.
Joaçaba passou pela casa do filho logo depois e acabou ficando pra
jantar também; ainda não tinha netos e acabou se apegando aos dois netos
daquela que se tornou sua melhor amiga, Florianópolis.
Blumenau saiu da empresa de seu pai por volta de nove horas daquela
linda noite e foi buscar a filha na casa da irmã. Encontrou sua Içara
alegre, contando mil coisas, eufórica.

Elas eram felizes em todos os sentidos, as duas jovens recém
formadas que começaram uma vida juntas a anos atrás, hoje criavam o
filho com amor, trabalhavam para que o pequeno tivesse tudo e se
tornasse um homem de bem.
São Lourenço do Oeste, com sua pouca idade, entendia que sua família era
um pouco diferente, tinha duas mães, tinha avós, três tias e um tio
quase da sua idade, e tinha amor de sobra:
— Mãe - perguntou o menino, deitado ao lado de Joinville no quarto delas
—, o que é que o bebê da Cami vai ser meu?
Joinville pensou por alguns instantes e percorreu calmamente o rosto do
filho com a mão esquerda:
— Ele vai ser seu tio, filho, filho do vovô assim como eu!
— Eu vou ter um tio mais novo do que eu, mãe?
— Vai, meu amor; e pode ser uma tia também!
O pequeno ficou pensativo, era tanta informação para seus seis anos de
idade, mas a ideia parecia legal.
Chapecó saiu do banheiro do quarto e encontrou sua mulher e seu
filho ali, deitados, conversando; ficou observando os dois por um
instante e juntou-se a eles na cama:
— Olha só a vida boa desses dois!
São Lourenço já tinha a resposta na ponta da língua:
— A gente tava aqui levando um papo, mãe! Você sabia que eu vou ter um
tio ou uma tia mais novo do que eu?
— Sabia, meu príncepe! Só que eu acho que já é hora do senhor ir pra
cama, seu sapeca!
— Ah, mãe!
— Já está ficando tarde, meu amor!
— Você conta uma história pra mim?
— Conto! A gente vai lá pro seu quarto, a mamãe senta lá do seu lado e
te conta uma história até o sono chegar! Que ttal?
São Lourenço acabou concordando; e quando se preparava pra levantar da
cama com Chapecó, voltou seu olhar para Joinville:
— Vem com a gente, mãe!
Os olhos do garoto brilhavam feito duas pedras preciosas e Joinville não
podia dizer não; se levantou e acompanhou a mulher e o filho até o
quarto ao lado.
Antes de ir pra cama, o pequeno escolheu um livrinho e o entregou à
sua mãe; Chapecó observou seu filho se deitar e fez questão de
cobrí-lo com uma manta azul; o pequeno estava ali, deitado, com suas
duas mães sentadas ao lado da cama, Chapecó à sua esquerda, Joinville à
sua direita.
Enquanto segurava o livrinho com a mão direita, Chapecó estendeu o outro
braço e Joinville fez o mesmo, procurando a mão da companheira. O
garotinho dormiu antes mesmo da história terminar.


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