Estado de amor e de sonhos escrita por Camila Maciel


Capítulo 33
CAPÍTULO33




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CAPÍTULO33

    - Oi, amor! - São Miguel do Oeste atendeu a ligação, que vinha do
celular da namorada:
— Oi - murmurou a garota -, tudo bem?
— Tudo bem, e aí? Sua mãe, melhorou?
— Acho que sim; ela vai passar essa noite no hospital mas Chapecó disse
que é só pra garantir mesmo!
— Sua cunhada está aí?
— Está! Hoje eu cozinhei junto com ela, foi um barato; você precisa
conhecer ela!
— Não vai faltar oportunidade!
— Eu tentei te ligar antes, pra te convidar pra vir aqui jantar com a gente mas você não atendeu!
— Desculpa, amor; minha mãe foi em uma reunião de professores lá na
escola, eu acabei indo na casa da minha tia aqui do lado e deixei o celular em casa!
— E sua tia?
— Está ótima; alegre como sempre, perguntou por você; ela pediu o número
do seu celular e eu passei!
— Legal; diz pra ela que pode me ligar ou mandar mensagem quando ela
quiser! A mamãe encontrou com ela outro dia no shopping, tomaram um
café, conversaram!
— Minha tia é uma diva, eu sempre falo isso pra ela! Está fazendo o quê?
— Sentada na minha cama, conversando contigo; e você?
— Cheguei agora a pouco da casa da minha tia; quando você ligou eu
estava pegando um livro pra ler! Vai na escola amanhã?
— Não sei; eu queria ficar em casa pra esperar a mamãe voltar do
hospital!
— Se você resolver ir me avisa; eu passo aí pra gente ir junto!
— Combinado; eu te ligo amanhã quando acordar!
    O casal conversou por mais de meia hora; falaram sobre tudo. Jaraguá
estava cansada, ouvir a voz do namorado lhe deixou muito tranquila e ela
logo pegou no sono.
Blumenau entrou no quarto da irmã caçula minutos depois; nunca teve esse
hábito, mas naquela noite, sentiu que precisava fazer isso. Agachou-se
junto à cama, aproximou o rosto do rosto de Jaraguá e ficou ouvindo a
respiração tranquila da irmã; tocou na mão dela, afagou-lhe os cabelos,
cobriu-a e saiu do quarto.
    Já passava de meia noite; a casa toda estava em silêncio quando
Joinville, ao passar pelo corredor com uma camisola cor de rosa, entrou no quarto dos pais. Encontrou
tudo exatamente como sua mãe deixou quando saiu; a cama desarrumada, os
lençóis brancos, alguns travesseiros espalhados e roupinhas de bebê
dobradas cuidadosamente no pé da cama. Florianópolis havia comprado as peças no dia
anterior, e Joinville começou a olhar uma a uma das roupinhas do irmão.
    A jovem não soube dizer por quanto tempo ficou ali; estava
totalmente envolvida imaginando como seria seu irmãozinho, com quem ele
iria se parecer mais, já conseguia imaginá-lo usando cada uma daquelas
roupinhas. Até que uma mão suave em sua cintura e um beijo calmo em seu cabelo tirou-a de seu devaneio:
— Você estava aqui, é? - perguntou Chapecó em tom de brincadeira,
abraçando-a por trás:
— É; pra falar a verdade eu nem sei por que exatamente eu entrei aqui no
quarto dos meus pais! Comecei a olhar as roupinhas, fiquei aqui sonhando
acordada não sei por quanto tempo! Será que já foi todo mundo dormir?
— Palhoça e Jaraguá já estão no sétimo sono; Blumenau trancou a porta do
quarto por dentro, não sei se já se deitou!
— Você está me saindo uma perfeita mãe de família!
— E um dia eu vou ser, a gente vai ser; a gente vai ter um lar com duas
mães, uma família feliz com duas mães!
    O silêncio tomou conta daquele quarto por alguns instantes; o mundo
lá fora parecia não existir, eram apenas duas jovens unidas por um amor
incondicional, que não tinham medo de enfrentar o que viesse pela
frente.
Joinville soltou-se dos braços da namorada e sentou na cama de casal;
olhou para Chapecó que continuava em pé à sua frente e foi se deitando
lentamente até estar com a cabeça em uma das almofadas:
— Vem - sussurrou a jovem -, deita aqui do meu lado!
Joinville era intensa, parecia ter mil formas de sorrir, uma para cada
situação; e Chapecó conhecia como ninguém o sorriso que enfeitava o rosto
dela naquele momento:
— Joinville! - ela sorriu de volta, seu olhar era fulminante, um olharde quem sensura :
— Vem; fecha aquela porta e deita aqui comigo! - Chapecó compreendeu que
estava recebendo uma ordem, uma ordem que veio da forma mais suave que
poderia existir, não poderia dizer não. Voltou-se para a porta do
quarto, fechou-a e caminhou lentamente até a cama, deitando-se em
seguida; e por mais preça que seu corpo tivesse, ela queria, a cima de
tudo, que Joinville se sentisse protegida, se sentisse amada.
    No hospital, São José estava sentado em uma cadeira, ao lado do
leito de sua esposa, que dormia tranquila. Ainda não conseguia acreditar
que teve coragem de traí-la, até algumas horas atrás, ele ainda podia
dizer que sempre foi fiel a ela. Mas estava decidido, aquela seria a
primeira e última vez.
    O pai de família ficou ali por longos minutos, pensando, mil pensamentos
circulavam por sua mente, alguns lhe faziam sorrir, outros lhe causavam
uma sensação de choro:
— São José! - Florianópolis tirou-o de seus pensamentos; estava sonolenta e
um pouco confusa:
— Estou aqui! - sussurrou ele inclinando-se para beijar a testa dela:
— E Lages?
— Ela foi pra casa; volta amanhã de manhã! Você está bem?
Florianópolis respondeu com outra pergunta:
— O que é que você tem?
— Como assim, meu amor?
— Você não está legal!
— Estou, minha querida; não se preocupe, está tudo bem! Procura dormir,
você precisa se manter calma pro nosso filho ficar tranquilo aí dentro!
— Eu estou bem, fica tranquilo você também! Vai pra casa, meu marido,
você vai passar a noite aqui do meu lado, sem dormir...
— Eu vou ficar aqui, eu vou cuidar de você!
— Se você quiser pode ir descansar em casa, na nossa cama; eu estou
cercada de enfermeiras, amanhã de manhã você volta!
— Não; eu vou ficar, só saio daqui amanhã de manhã, com você andando do
meu lado!
Aquele homem não sabia ao certo porque queria ficar ali, a noite toda,
sentado ao lado da esposa; ela não demorou a pegar no sono novamente, e
ele passaria aquela noite ali, velando o sono dela, vendo sua vida
passar como um filme em sua cabeça.
    Joinville não sabia dizer ao certo quanto tempo havia se passado
desde a hora em que se deitou na cama dos pais; mas estava ali, deitada
sobre o braço direito da namorada, que com a outra mão lhe acariciava os
cabelos; as duas estavam cobertas por uma manta cor de rosa, ambas
sorriam sem que seus olhares se desviassem:
— Nunca pensei que um dia eu fosse... - Joinville riu do pensamento que
teve, não terminou o que estava dizendo:
— Vir pra cama dos seus pais com alguém?
— É, é isso!
— E aí?
— É diferente; não sei porque mas é diferente! Eu tinha a sensação de que
a qualquer momento, meu pai ia entrar ali por aquela porta e dar o
flagrante do céculo na gente!
— Também pensei nisso! Por isso que eu acho melhor a gente ir lá pro seu
quarto; vai que a gente acaba pegando no sono aqui e não vai ser uma boa
ideia!
— É, você tem razão! Vamos lá pra minha cama!
    Chapecó e Joinville saíram da suite e atravessaram o corredor
descalças até o outro quarto; todas as outras portas estavam fechadas.
Chapecó se deitou do lado esquerdo da cama de casal; Joinville fez
questão de cobri-la, depois agachou-se ao lado dela:
— Eu vou ver se Jaraguá e Palhoça estão bem; daqui a pouco eu venho aqui
e deito do seu lado!
— Tudo bem! - concordou Chapecó sorrindo de leve:
— Não dorme não!
— Pode deixar!
E assim terminava aquele dia; um dia de fortes emoções para todos
naquela casa.


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