Estado de amor e de sonhos escrita por Camila Maciel


Capítulo 32
CAPÍTULO32




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CAPÍTULO32

Chapecó chegou no prédio minutos depois; e com o carinho e a compreenção
de uma irmã mais velha, sentou-se na sala com Jaraguá e Palhoça, sem
preça; ficaria com elas o tempo que fosse necessário.
    - Dessa vez eu estou preocupada, Chapecó - desabafou Jaraguá,
minutos depois, na cozinha com a cunhada -, da outra vez eu não estava
em casa quando a mamãe teve sangramento! Só que hoje eu estava aqui, eu
vi como ela ficou, ela ficou muito pálida, muito nervosa; aquele livrinho de orações que você deu pra ela, ela
não largou dele um segundo se quer!
— E pode ter certeza que ele vai ajudar muito ela, princesa! Eu falei
com Joinville um pouquinho antes de vir pra cá; ela nesse momento está
fazendo uma prova mas disse que assim que terminar vem pra casa! Tenta
ficar calma; se depender da força de vontade da sua mãe, nada e nem
ninguém tira o seu irmãozinho de dentro dela enquanto não chegar a hora
certa dele nascer! Eu vou fazer um jantarzinho gostoso pra gente,
Joinville daqui a pouco está aí, vai dar tudo certo!
— Ela disse que você cozinha muito bem!
— Eu moro sozinha desde os meus dezoito anos, minha querida; tive que
aprender a me virar!
— Eu quero muito ser uma boa dona de casa, sabe! Claro que eu quero
trabalhar também, mas não quero ser daquele tipo que depende de
empregada pra tudo!
Jaraguá estava sorrindo, gostava de pensar no futuro, na família que
sonhava em formar, nos filhos que queria ter um dia, gostava de fazer
planos de cuidar da sua própria casa:
— Então vamos começar a praticar agora mesmo - decidiu Chapecó, animada
—, a senhorita vai me ajudar, topa?
— Topo! - a menina respondeu de imediato, com o mais belo sorriso:
— Então mãos a obra; me ajuda porque eu nunca cozinhei aqui na sua casa
e vou ficar meio perdida na cozinha de vocês!
    As duas decidiram cozinhar uma maça; que não daria tanto trabalho e
todo mundo gostava. Orientada por Chapecó, Jaraguá fez questão de cuidar
de cada detalhe; preparou os ingredientes, colocou a mesa da sala para o
jantar, sempre com um sorriso no rosto.
    - Oi, gente! - Joinville entrava pela porta da cozinha; Chapecó,
empenhada na mição de preparar a salada, olhou pra trás para vê-la:
— Oi - respondeu a engenheira sorrindo de leve -, tudo bem?
— Tudo bem! Alguma notícia da minha mãe?
— Seu pai ligou tem uns dez minutos; ela vai passar a noite no hospital,
o bebê está bem mas a doutora Ana Luísa acha melhor!
Chapecó lavou e enxugou as mãos, depois, andou até Joinville e puxou-a
para si, abraçando-a com calma:
— E minhas irmãs?
— Palhoça está lá na sala do jeito que ela mais gosta; sentada no tapete
vendo um filme toda despojada; Jaraguá está colocando a mesa pra gente! Você precisava
ver a alegria dela aqui na cozinha comigo, fez praticamente tudo, cortou
os ingredientes, eu só fiquei orientando...
— Eu te amo! - Joinville interrompeu; não sabia porque, mas precisava
dizer aquilo, e tinha que ser agora:
— Eu também! - Chapecó sorriu e ajeitou uma mexa do cabelo da namorada:
— Também o quê?
— Também te amo!
Lentamente, as duas foram aproximando os rostos, sem perder o contato
visual uma com a outra:
— To com fome! - anunciou Palhoça, que vinha correndo no corredor em
direção à cozinha; Joinville afastou o rosto de Chapecó e procurou a
irmã com os olhos. Ao entrar na cozinha correndo, Palhoça acabou
tropeçando em um tapete que sempre ficava ali e caiu sentada no
chão:
— Tapete maldito! - gritou a garota, furiosa:
— Mana - Joinville foi amparar a irmã -, está tudo bem?
— Podia estar melhor se esse tapete não estivesse aqui!
Palhoça se levantou do chão e olhou para Chapecó com a cara mais
feliz que conseguiu:
— Já estou levando pra mesa, cunhadinha! Muita calma nessa hora, tá!
— Melhor tirar meu time de campo - Palhoça deu meia volta -, pelas caras
de vocês duas acho que interrompi alguma coisa aqui! Fui!
E saiu correndo de volta pra sala.
    Minutos depois, Joinville, Jaraguá, Chapecó e Palhoça sentaram-se
para jantar na mesa da sala; Chapecó fez questão de servir todo mundo,
estava se sentindo responsável pelo bem estar daquela família, tinha que
garantir que tudo sairia bem:
— E Blumenau, mana? - perguntou a mais nova, olhando para Joinville
sentada à sua frente:
— Ela ficou na faculdade, mana; eu acabei vindo com o carro, ela vem de
táxi depois!
— Blumenau mudou muito - comentou Palhoça -, parece que os parafusos
estão voltando pro lugar na cabeça dela!
— Ela passou por um choque muito grande! - ponderou Joinville:
— Por isso mesmo; o choque foi tão grande que os parafusos voltaram pro
lugar certo!
    Minutos depois, Blumenau chegou em casa de surpresa; o plano era
ficar na faculdade até o final da aula, mas a jovem futura advogada
estava realmente preocupada com sua mãe e não tinha cabeça para direito
penal e coisas do tipo.
Sentou-se com as irmãs e a cunhada para jantar, e naquela noite, ela
participou da conversa normalmente, sem dar aquela indireta em Chapecó,
sem perder a paciência com as irmãs mais novas, sem jogar aquela
crítica em cima de Joinville.
    Depois do jantar, Chapecó tirou a mesa e levou tudo pra cozinha;
Blumenau estava em pé, junto à bancada com um cálice de vinho branco na
mão direita:
— Chapecó! - começou ela, corajosamente:
— Oi!
Blumenau encontrou os olhos da cunhada, que agora estava parada à sua
frente:
— Eu queria te agradecer por tudo! Você veio aqui pra casa, cuidou de
tudo, eu não sei se eu saberia...
— Blumenau, por mais que você não acredite, eu digo e repito; eu amo a
sua irmã, acabei adotando a família de vocês pra mim, tudo o que eu fiz
hoje foi por amor! Agora eu vou colocar a cozinha da sua mãe em ordem,
acabamos fazendo uma bagunça por aqui!
— Fica a vontade! Eu vou lá pro meu quarto, tomar uma chuveirada e
depois vou estudar; tenho prova amanhã!
— Tudo bem; não se preocupe com nada, eu cuido de tudo aqui!
Blumenau deixou a cozinha com passos leves e um olhar sereno que lhe
acompanhou por poucas vezes; Chapecó a seguiu com os olhos até onde
pôde.
    Joinville entrou na cozinha, também trazendo um cálice de vinho
branco:
— O que foi que deu na sua irmã? - a engenheira parecia feliz, como se
tivesse ganhado um presente valioso, o que de fato aconteceu:
— Ela está mais calma, meu amor; está assim desde o dia em que descobriu
que... em fim, que o nosso pai não é o pai biológico dela!
— Lembra que eu te falei sobre isso no flat aquele dia?
— Se lembro; você disse que ela ia se acalmar, que ela ia mudar; é por
isso que eu fico tão tranquila quando você me fala alguma coisa, quando
vem de você eu acredito, é como se fosse uma afirmação!
— Eu vou dar uma arrumada na cozinha...
— Vem comigo pra sala, depois a gente cuida disso!
— Não, amor, bagunça na cozinha da sua mãe não; se eu deixo tudo aqui,
pobre da Márcia quando chegar pra trabalhar amanhã, vai cair dura de
susto!
— Tudo bem; a gente coloca ordem em tudo isso aqui e depois vamos lá pra
sala; Palhoça foi fazer lição de casa no quarto dela, Jaraguá foi
conversar com o namorado!


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