Estado de amor e de sonhos escrita por Camila Maciel


Capítulo 24
CAPÍTULO24




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    - Pai! Pai! - era a única coisa que Blumenau conseguia dizer em meio
a os soluços de um choro de medo, aninhada no colo de seu pai; ele por
sua vez, não sabia se deveria dizer alguma coisa naquele momento, ou se
deveria simplesmente mantê-la protegida em seus braços; escolheu a
segunda opção, as palavras não saíam:
— Eu sonhei com ele, pai - relatou Blumenau depois de alguns minutos,
agora mais calma -, com o meu pai biológico!
Florianópolis, a essa altura, já estava sentada na cama ao lado do
marido, segurando a mão esquerda da filha:
— Ele era violento, pai - continuou a moça chorando novamente -, você
nunca levantou a mão pra mim, eu sei que eu mereci isso muitas vezes mas
você nunca levantou a mão pra mim! Ele invadiu os meus sonhos pra me
agredir, pai, pra me machucar, pra me dizer que eu fui a pior coisa que aconteceu na vida
dele!
Blumenau voltou a deitar a cabeça no ombro do pai como se quisesse se
esconder:
— Calma, meu amor - disse ele -, calma; você teve um pesadelo, foi só
um pesadelo!
— Era muito real, pai; eu vi o ódio nos olhos dele!
— Eu te amo muito, princesa, esse amor é maior do que qualquer outro
sentimento ruim, maior e mais forte do que qualquer sentimento ruim! Eu
te amo desde o dia em que eu descobri que você ia chegar, você já era
minha filha e ninguém podia me tirar esse direito! E quer saber de uma coisa?
Se um dia eu topar com aquele cara na minha frente de novo, eu sou capaz
de olhar pra ele e agradecer, porque ele gerou você pra ser minha filha!
    A essa altura, a cama de São José e Florianópolis já estava rodeada
pelas outras filhas do casal; Jaraguá, Palhoça, Joinville e Chapecó, sim,
Chapecó, que nos últimos meses, tornou-se uma filha para eles:
    Jaraguá se aproximou de vagar, sentou na cama e abraçou o pai e a
irmã:
— Mana - quis saber a caçula -, quer alguma coisa? Uma água, um chá?
— Não - sussurrou a mais velha -, obrigada, mana!
— Mana - agora era Palhoça, que se aproximou de vagar, com um sorriso
lindo, o sorriso que ela tinha sempre enfeitando seu rosto -, eu estou
aqui; com esse meu jeito meio atrapalhado mas eu estou aqui com você!
Joinville e Chapecó se mantiveram caladas, tanto uma quanto a outra não
sabiam se era o momento de dizer alguma coisa.
    Quando as meninas saíram do quarto, restaram apenas Blumenau e os
pais; ela ainda estava aninhada junto a o corpo de seu pai, a mãe estava
sentada na cama ainda segurando a sua mão; a moça começava a sentir o
sono chegando novamente:
— Vamos lá pra sua cama, meu amor? - sussurrou São José;
Blumenau fez que sim com a cabeça, mas na verdade, daria tudo para
poder dormir ali mesmo, como fez por tantas vezes quando era criança:
— Você vai lá comigo, pai?
— Vou, minha querida; eu vou lá com você, fico lá do seu lado até você
dormir, como eu fazia quando você era criança e tinha medo de ficar
sozinha no seu quarto!
São José saiu do quarto levando a filha mais velha, enquanto era
observado pela esposa; levou-a até o quarto, colocou-a na cama como fez
por tantas vezes quando ela era pequena e acabou se deitando ao lado
dela:
— Pai! - sussurrou Blumenau antes de fechar os olhos:
— Oi, filha!
— Eu te amo!
— Eu também te amo muito - concluiu ele voltando a abraçar a filha -,
agora descanse; eu vou ficar aqui até você dormir!
    Embora não quisesse admitir isso, Blumenau sentia que sua forma de
pensar estava mudando; nunca foi de demonstrar amor, chegava a
mostrar-se fria em certos momentos, mas saber que São José a assumiu,
lhe deu o nome por amor a fazia refletir.
Pensava nas inúmeras vezes em que foi impaciente em casa, pensava na
forma preconceituosa como agiu com Chapecó e Joinville desde que elas
assumiram o relacionamento; Joinville, foi a primeira a dizer à irmã
mais velha que a amava apesar de tudo. Blumenau jamais pôde imaginar que
era tão amada.
    Os dias passaram voando; Florianópolis já estava bem, recuperada do
problema que teve; estava grávida aos quarenta e dois anos de idade, sabia que
teria que tomar alguns cuidados, e cada dia para ela era uma vitória. A
mãe de família recebeu algumas visitas durante aquela semana, entre
elas, Criciúma. A jovem executiva esteve na casa do homem que amava,
tomou um chá com a esposa dele, conversou com as quatro filhas do casal.
Florianópolis estava chegando a o terceiro mês, e sentia que os enjoos começavam a dar
uma trégua.
    O dia das mães estava chegando, e eram muitos os motivos a serem
comemorados; Florianópolis carregava no ventre o quinto filho, que já
estava sendo a alegria daquela casa, e estava se mostrando muito forte,
muito guerreira para que seu filho viesse a o mundo com saúde, perfeito.
    Blumenau, Joinville, Palhoça e Jaraguá tinham planos para aquele fim
de semana; o dia das mães seria no próximo domingo e a ideia era
comemorar em grande estilo. Ainda na semana anterior, as meninas
começaram a pensar em tudo o que fariam, e Palhoça teve a ideia de criar
um grupo no whatsapp para que tudo pudesse ser combinado sem que
Florianópolis desconfiasse. Os integrantes do grupo, que recebeu o nome
de Operação dia das mães, eram as quatro irmãs, o pai e Chapecó, que
também ajudaria.
    - Mana, coloca a Márcia no grupo! - sugeriu Jaraguá, sentada em sua
cama com a irmã, Palhoça, que com o celular na mão, havia acabado de
criar o grupo:
— Boa, mana; a Márcia!
— Claro; a gente pode precisar da ajuda dela!
— Vou adicionar ela aqui; aqui a gente pode combinar tudo sem a mami
poderosa desconfiar!
— Agora é só torcer pra ela não resolver mexer no celular do papai, se não dá tudo
errado!
— O celular dele é super seguro, mana; com aquele sistema de impressão
digital, só desbloqueia com o dedo dele!
— É mesmo, tinha me esquecido! E falando em mãe, pai, eu estou com um
problema, mana; não sei se é bem um problema, mas...
— Maninha, o que é que foi? Você sabe que você pode contar comigo, não
sabe? Eu sei que eu sou destrambelhada, atrapalhada, mas eu te amo e
faço qualquer coisa pra te ajudar!
— Acontece, mana... bem, é que São Miguel me convidou pra ir na casa
dele no sábado a noite; a mãe dele quer me conhecer!
— Essa não! - Palhoça deu um grito:
— Por que não, mana?
— Porque a mãe dele é simplesmente insuportável; ela é minha
professora! Pode ser que você já tenha visto ela lá pela escola, é minha
professora de matemática!
— É, se ela é sua professora pode ser que eu já tenha visto sim! Mas eu
estou nervosa com isso, Palhoça!
— Maninha, calma, relax, tá! A gente já sabia que isso ia acontecer, a
gente já sabia que uma hora ele ia querer que você fosse conhecer a mãe
dele! Eu e Joinville vamos te ajudar, você vai subir no salto, vai ficar
linda e maravilhosa e vai conhecer a sua sogra no sábado a noite; sem
medo de ser feliz!
    - Oi, meus amores! - Joinville entrava no quarto da irmã mais nova;
usava um vestido longo azul, os cabelos presos em um coque, pouca
maquiagem e trazia um sorriso lindo:
— Joinville - alegrou-se Palhoça ao colocar os olhos na linda moça que
era sua irmã -, você não podia ter chegado em hora melhor! Senta aqui
com a gente, temos um probleminha pra resolver aqui!
Joinville deixou a bolsa que ainda carregava sobre a mesa do quarto da
irmã e foi sentar-se com elas; Jaraguá parecia meio confusa, enquanto
Palhoça se divertia com a situação.


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