Estado de amor e de sonhos escrita por Camila Maciel


Capítulo 19
CAPÍTULO19




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    - Eu vou ter que chamar um chaveiro, Cami; ela entrou aqui no meu
apartamento com a cópia da chave que ela ainda tem!
Sentada com Chapecó junto à bancada do apartamento dela, Camila ouvia atentamente o que sua amiga tinha a
dizer:
— Eu imaginei que você não soubesse que ela estava vindo aqui, Chapecó,
caso contrário você estaria em casa esperando por ela! Eu desci pra
pegar a minha bolsa que eu deixei no carro, e quando subi ela estava
entrando por aquela porta ali! Me cumprimentou, eu disse que você não
estava em casa mas ela disse que você estava sabendo que ela vinha!
— Mentira, eu não sabia de nada!
— Por isso eu tentei te avisar; achei estranho, eu convivi muito pouco
com Itajaí quando vocês namoravam mas essas coisas a gente pega no ar!
— Eu esqueci o celular em casa; deixei no meu criado mudo e só lembrei
quando já estava lá! Cami, foi por muito pouco que Joinville não veio pra cá comigo hoje de
manhã; só não veio porque acabou tendo uma discussão lá, a mãe dela
ficou nervosa e ela preferiu fazer companhia pra mãe!
— Eu prefiro nem pensar nessa possibilidade, minha amiga; foi sorte sua
você estar sozinha nesse momento! Mas o melhor que você tem a fazer
agora é trocar o segredo dessa fechadura o quanto antes, e principalmente, não esconder
nada de Joinville!
— Claro que não, Cami! Eu ainda não pude conversar com ela depois de
tudo isso mas eu quero falar tudo pra ela; eu vou me sentir uma mal
caráter da pior espécie se esconder isso dela! Ela precisa saber com
quem a gente está lidando!
— Está certo; converse com ela, fale tudo, e se precisar de mim eu estou
sempre aqui! Eu vou pro hospital agora a tarde mas no fim do dia estou
em casa!
— Obrigada, amiga! Eu vou dar uma organizada aqui, vou ver se deito um
pouco, em fim, tentar relaxar com essa história toda!
    Era fim de tarde; Blumenau entrou no quarto dos pais e ouviu o
barulho do chuveiro, sua mãe estava no banho. Estava ali para procurar
um livro que ela havia lido a alguns meses atrás e a moça queria ler
também; não sabia se ele estava ali ou no escritório, mas foi direto
para o criado mudo de sua mãe e abriu a última gaveta.
Encontrou o livro logo de cara e colocou-o na cama, mas viu um envelope
que parecia ser de laboratório. Não poderia ser o exame que confirmou a
gravidez de sua mãe, aquele envelope parecia estar guardado ali a muito
tempo. Blumenau se sentou no chão e pegou o papel que estava dentro do
tal envelope; era sim o resultado de um exame, mas um exame que mudaria
sua vida para sempre, que mudaria seu modo de ver as coisas.
    A medida que a futura advogada lia aquele papel, suas mãos começavam
a soar frias, seu coração começava a pular no peito como se quisesse
sair de dentro de seu corpo, uma sensação de medo e desespero tomava
conta dela. Boa parte do que Blumenau sempre acreditou se tornou fumaça.
    Durante alguns minutos, a jovem permaneceu ali, sentada no chão, em
estado de choque; aquele papel em suas mãos representava uma mudança
significativa em tudo aquilo que ela sempre acreditou. Não soube ao
certo quanto tempo ficou ali; Florianópolis voltou a o quarto e viu sua
filha mais velha sentada no tapete ao lado da cama, imóvel, segurando
aquele papel:
— Blumenau - a mãe de família agora estava nervosa -, Blumenal, minha
filha, o que foi que aconteceu...
Ela viu a folha de papel na mão direita da filha e o envelope no criado
mudo; deduziu imediatamente que não teria mais como esconder de Blumenau
a verdade que envolvia ela e seu pai:
— Filha, filha, fica calma; eu vou te explicar...
— Mãe - a pergunta da jovem seria decisiva -, mãe, o meu pai não é meu
pai de verdade? Me diz, mãe, eu não sou filha dele?
Florianópolis se sentou no chão ao lado de sua menina; sentiu rolar uma
lágrima de seus olhos ao mesmo tempo em que sussurrou três palavras:
— Não, meu amor!
    O que Blumenau mais queria era que tudo aquilo fosse um pesadelo;
São José era seu pai, ele tinha que ser seu pai:
— Como, mãe? - ela perguntou em meio a um choro de dor e sofrimento -,
mãe, me explica isso!
— Eu vou te explicar, meu amor, eu vou te explicar tudo; e você vai ver
que a gente nunca mentiu pra você! Vem, filha, levanta do chão, vem pra
cama com a mãe!
As duas levantaram do chão e sentaram-se na cama; Blumenau pegou uma das
almofadas, colocou-a sobre a perna de sua mãe e se deitou ali:
— Meu amor - começou Florianópolis; estava chorando, mas tentava manter
a voz firme -, quando eu tinha a sua idade, eu era uma moça faceira,
saía muito, namorava bastante! Seu pai... quer dizer, o pai que te
criou era meu amigo de infância, e quando eu tinha a sua idade a gente
começou a namorar! Só que ao mesmo tempo eu estava saindo com um outro
rapaz, e depois de um tempo eu descobri que estava grávida de você! Eu
não tinha certeza se você era filha de São José ou do outro rapaz com
quem eu estava me relacionando, e esse rapaz foi embora assim que soube
que meu bebê podia ser dele! são José então me pediu em casamento, quando você nasceu, nós fizemos um exame de
DNA, esse exame que você viu hoje; São José queria muito esse exame, e
foi comprovado que você não era filha biológica dele! Daí ele disse que
amava você como se fosse filha de sangue dele, que queria te assumir, te
dar o nome dele; ele te registrou como filha! Depois vieram mais três,
tem mais um aqui a caminho, em fim, aqui estamos nós!
    Enquanto ouvia o relato de sua mãe, ainda deitada no colo dela,
Blumenau não fez outra coisa a não ser chorar; mas ainda teve forças
para fazer uma pergunta:
— Porque é que vocês nunca me disseram, mãe?
— Porque isso não significa nada pra gente, meu amor; seu pai sempre
disse que o fato de você não ser filha biológica dele não valia nada
diante do quanto ele te amava e te ama!
    Naquela tarde, Blumenau viveu um dos piores momentos de sua vida;
descobrir que São José não era seu pai biológico foi um choque. A jovem
se trancou no quarto; sentia uma certa revolta e precisava entender como
iria administrar aquele turbilhão de informações que vieram sem aviso,
sem uma preparação.
    - Márcia - Florianópolis entrou pálida na cozinha, chamando pela
fiel escudeira de sua casa e de sua família -, Márcia, liga pra empresa,
pede pro meu marido vir pra casa!
— O que foi, patroa? - a voz de Márcia soou reconfortante, amiga;
Florianópolis olhou nos olhos dela e sentiu uma lágrima rolar dos seus:
— Eu estou com sangramento, Márcia!


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