Estado de amor e de sonhos escrita por Camila Maciel


Capítulo 10
CAPÍTULO10




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CAPÍTULO10

    Florianópolis e São José chegaram de viagem em uma tarde chuvosa de
domingo; passaram quinze dias fora, visitaram lugares exuberantes,
aproveitaram ao máximo aquele momento que era só deles. No dia em que
desembarcariam de volta, o avião teve problemas para pousar no aeroporto
por causa da chuva; mas no final, acabou dando tudo certo.
    - Espero que vocês não tenham deixado a pobre da Márcia de cabelo em
pé! - comentou Florianópolis, já em casa, sentada à mesa de jantar com as quatro
filhas e o marido:
— Pode crer, mãe - respondeu Palhoça -, a gente se comportou direitinho!
— É verdade, mãe - confirmou Jaraguá -, a gente não deu trabalho pra
Márcia! Pode perguntar pra ela!
Blumenau entrou na conversa:
— Bem, eu segui a mesma rotina de sempre; casa, universidade, uma
saidinha com o pessoal do curso de vez em quando, fiz o de sempre!
— Eu também - complementou Joinville -, segui a rotina de sempre!
— E Chapecó, filha? - perguntou São José:
— Está bem, pai; essa é a última semana de aula dela; vai ter a
formatura mas ela resolveu apenas pegar o diploma![
— Mas por que isso, filha?
— Ela disse que faria a festa de formatura, se tivesse a família dela
por perto! Mas como não é o caso ela prefere assim!
— Mas agora ela tem a gente! - lembrou Jaraguá enquanto seu rosto se
enfeitava com um belo sorriso:
— Tem, mana; ela agora tem a gente, claro que sim! Mas ela acha melhor
assim; e a gente vai ter muito o que comemorar ainda!
E o jantar prosseguiu; a família conversou sobre tudo, os pais contaram
sobre a viagem e tudo o que viram em Angra dos Reis, e a farra terminou
bem tarde.
    No dia seguinte, segunda, a rotina da família voltou a o normal; São
José saiu sedo para o trabalho, levou as duas filhas mais novas até a
escola, e Florianópolis ficou em casa com as duas filhas mais velhas:
— Correu tudo bem, Márcia? - perguntou a mãe de família, na sala com
sua fiel companheira, que tirava a mesa do café:
— Correu tudo ótimo - respondeu Márcia com um sorriso reconfortante -,
tudo bem com as meninas, com a casa, em fim, tudo normal como a senhora
queria!
— E alguma coisa que tenha chamado a sua atenção?
Imediatamente, Márcia lembrou-se da discussão entre Joinville e
Blumenau, na mesa da cozinha a alguns dias atrás; mas não sabia se
deveria falar, não sabia se agiria certo se fizesse isso. Florianópolis
percebeu que havia alguma coisa errada, conhecia aquela expressão de
Márcia:
— O que foi, Márcia?
— Eu não sei se eu devo falar!
— É claro que você deve, Márcia; eu preciso saber o que aconteceu!
— Bem... é que... é que Joinville e Blumenau acabaram tendo uma
discussão esses dias lá na cozinha!
— Discussão?
— Sim! Eu fiquei muito assustada, patroa, elas não sabem que eu ouvi;
Blumenau estava impaciente com as duas mais novas naquela manhã,
cuspindo fogo! Joinville interveio, pediu que ela se acalmasse mas de
nada adiantou; Blumenau jogou na cara da irmã o namoro dela, disse que
Chapecó nunca foi de uma mulher só e que ela ia acabar no fundo do poço
por causa disso!
— Eu não acredito, Márcia! - Florianópolis agora estava visivelmente
irritada:
— Eu fiquei muito assustada, patroa; eu nunca imaginei que Blumenau...
— Blumenau está é passando dos limites, Márcia, isso sim! Eu vou ter uma
conversa séria com ela, isso não pode mais continuar! Ela não pode
continuar tratando as irmãs mais novas da maneira ríspida como ela
trata, não pode continuar jogando na cara de Joinville o tempo todo a
escolha que ela fez!
— É melhor a senhora não falar nada com ela...
— Não se preocupe, Márcia; não vai acontecer nada com você, se ela te
culpar por qualquer coisa vai ser pior pra ela! Ela não pode nem pensar
em te prejudicar, fazem vinte e um anos que você está aqui em casa,
vinte e um anos de entrega total!
    Naquela segunda feira, Márcia só trabalharia na parte da manhã,
havia pedido folga para fazer exames de rotina. E logo depois do
almoço, quando as quatro filhas já haviam saído da mesa, Florianópolis
fitou seu marido, sentado à sua frente, segurando uma xícara de café:
— Eu esperei as meninas saírem da mesa, a Márcia me contou uma coisa,
que aconteceu durante nossa ausência e me deixou preocupada!
São José, soltou a xícara e apoiou o braço esquerdo na mesa; segurou a
mão de sua esposa sem perder o contato visual com ela:
— Eu percebi quando entrei ali por aquela porta e olhei pra você; o que
aconteceu, minha querida?
— Eu estou preocupada com Blumenau, meu marido! Eu estou preocupada com
a maneira ríspida como ela trata as irmãs, a forma como ela fala do
namoro de Joinville com Chapecó, o comportamento preconceituoso dela com
relação a isso! A Márcia me disse que ela tratou as irmãs com um descaso
absurdo; ficava o tempo todo soltando uma palavrinha aqui, outra acolá,
como se condenasse Joinville pelo fato dela não namorar um rapaz, e sim,
outra moça!
— A gente vai ter que ter uma conversa séria com ela, meu amor; ela não
pode continuar agindo desse jeito, ela já não é mais adolescente!
— Eu pensei em ter essa conversa com ela hoje de manhã; mas preferi
conversar com você primeiro porque a gente sempre procurou resolver as
coisas juntos aqui em casa!
— Eu vou ligar pra empresa, aviso que vou chegar um pouco mais tarde e a
gente fala com ela daqui a pouco!
Depois de dizer isso, ele levou a mão dela aos lábios e deu-lhe um leve
beijo; ela sorriu e balançou a cabeça, confirmando.
    - Mãe! - Palhoça interrompeu a troca de olhares dos pais:
— Oi, filha! - respondeu a mãe:
— Hoje eu combinei de ir no shopping com as meninas, tá!
— Que horas?
— Ah, pode ser umas três horas; a gente vai no shopping e depois vai na
casa de uma delas fazer um trabalho em grupo!
— Tudo bem, filha; eu te levo até o shopping as três horas!
A menina prestou atenção nos pais por um momento:
— Que caras são essas, gente?
— Não é nada, minha filha - respondeu São José -, a gente só estava
conversando aqui, eu e sua mãe!
A menina abraçou o pai por trãs e lhe deu um beijo no rosto:
— Paizinho, você não vai pra empresa?
— Vou, meu amor; mas vou mais tarde! Agora você faz um favor pra gente?
— Até dois, papi; pode pedir!
— Chama Blumenau, diz pra ela que a gente precisa conversar com ela!
— E pelas caras de vocês dois, vem bronca por aí! O que foi que a minha
irmãzinha aprontou agora?
— A gente não vai dar bronca nela, filha - explicou Florianópolis -, a
gente só precisa conversar com ela!
— Ela anda muito estressada; quando vocês não estavam em casa dava até
medo de olhar pra ela!
Palhoça era sempre assim, espontânea, dizia o que vinha à cabeça, doa a
quem doer:
— Vai, filha - ordenou São José -, chama sua irmã!
— Tá bom; fui!
E a menina saiu correndo da sala, e logo depois Blumenau apareceu; São
José observou sua filha por um instante, como ela era linda, era a que
mais se parecia com Florianópolis! Usava um vestidinho leve da cor azul,
os cabelos lisos e longos lhe caíam nos ombros, estava sem maquiagem:
— Senta aqui com a gente, filha! - ordenou o pai mansamente, apontando a
cadeira ao seu lado; a moça obedeceu, sentou-se e esperou que os pais
começassem a falar.


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