The girl next door - Interativa escrita por TheStarWarrior


Capítulo 7
O pintor italiano


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, volteiiiii! Demorei, mas eu tava precisando de umas férias... Esse capítulo não tem nada muito mágico ou extraordinário, mas conhecerá umas pessoas importantes.
OBS.: Essa história se passa em muitos países, então pensa que no lugar em que o capítulo se passa, tá todo mundo falando na língua nativa (menos se eu disser que estão falando em outra língua).



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PIETRO

 

O sol de Florença batia com força em minha cabeça, e minhas costas doíam de terem ficado agachadas por mais de cinco horas, mas tudo valia a pena. O chão em frente a igreja, antes escuro e sem graça, agora irradiava com a cor dos meus delicados gizes. O pequeno chapéu que havia deixado no chão continha duas pequenas moedas, mas para mim, eram como rios de dinheiro. Não havia deixado meu chapéu aí para coletar dinheiro, e sim, porque ele ficava caindo e me desconcentrando. Fiquei de pé e quase caí com a rapidez que o fiz. O grande círculo no meio da praça da igreja agora continha um mar e um céu, e no centro, um grande girassol.

— Pietro, viene e mangia ora. - eu guardei cuidadosamente meus gizes dentro de minha bolsa e sai correndo pelas pequenas vielas que me levavam a minha casa, seguindo meu pai. Nossa relação não era muito boa, porque minha mãe morreu no parto, e ele (embora não admitisse) me culpava por isso. Claro que ele não era violento, ou algo estranho assim, mas ele nunca gostava de nada que eu fazia, e nada era suficiente. Quando finalmente entrei pela porta dos fundos do pequeno apartamento, senti imediatamente o cheiro da polenta maravilhosa de minha avó.

— Vó! O que você está fazendo aqui? - se a minha relação com meu pai era ruim, a com os meus avós compensava tudo. Eu sempre ia na casa deles, e adorava ir vender diversos itens (inclusive meus desenhos, que esboçam o movimento no mercado e a Ponte Vecchio) em uma pequena barraca para turistas que eles tinham. Ela, diferente de meu pai, não me culpa pela morte de sua filha, e sempre cuidou tanto de mim quanto meu pai não cuidava. Eu a abracei e também meu vô, que estava sentado em uma poltrona lendo o jornal de domingo.

— E eu preciso de motivo para vim visitar meu neto? - ela sorriu – Seu pai vai ter que sair, por causa de alguma coisa que aconteceu no trabalho. Eu e seu avô viemos ficar com você.

— Sério? Eu tenho quase 18 anos, isso é totalmente desnecessário!

— Falou certo filho. Quase 18. Você ainda tem 17, ou seja, é menor, então vai ficar com os seus avós. E sem discussão. - o meu pai saiu rapidamente e bateu a porta. Senti que minha avó estava irritada, mas rapidamente ela escondeu sua raiva (tentou, pelo menos) e me serviu uma grande colherada de polenta. Depois do almoço, meus avós foram fazer a sesta. Eu saí do apartamento e subi até o último andar do prédio. Subi a escada que me levava ao telhado. O prédio não era muito alto, mas de lá se podiam ver os morros verdes e brilhantes, e o sol que e prostrava lindamente diante deles. Pequei minha aquarela e comecei a pintar, até que senti um cutucão nas costas.

— Ifigênia? Você não tinha ido para Nova York? - ela abriu e pequeno sorriso.

— Tinha, ué. - ela se sentou ao meu lado – Fui e voltei. Vou de novo depois.

Seus olhos cor de avelã me encaravam, mas sem realmente me ver. Era como se seu corpo estivesse ainda ali, em Florença, mas sua mente vagava por qualquer lugar menos ali. Voltei a olhar para o sol e para as colinas.

— Queria ter essa sorte que você tem. Vai e volta, para onde quiser, quando quiser. Seus pais não ligam que você não é maior de idade…

— Mas eu sou. - ela tirou suas sandálias e as colocou encostadas na parede. - Maior de idade.

— Claro que não é. Você deve ser um ou dois anos mais nova que eu.

— Acredite no que quiser. - ela voltou-se para mim e me olhou dessa vez me vendo, prestando atenção, como se absorvendo cada detalhe. - Se você quer tanto sair, por que não sai? Não que Florença não seja maravilhosa, mas se você não quer mais ficar aqui, o que fazer? É simples, vai e sai.

— Não é assim que as coisas funcionam, Ifigênia. Você não é daqui, é? Eu nunca perguntei.

— Não. Sou do Brasil.

— Ah. Mas se você é maior de idade, o que eu ainda duvido, deve ser muito mais fácil para você viajar e sair dos lugares onde você não aguenta mais…

—Nunca disse isso. Todos os lugares que eu fui são maravilhosos e eu voltaria, se não tivesse o que fazer em outros lugares. O que eu estou tentando te dizer, Pietro, é que se você precisa tanto sair, saia. E ponto final. Vou ter que voltar à Nova York hoje, então… Até. - Ela desceu a escada e desapareceu de minha vista. Eu conhecia Ifigênia a um pouco mais de 3 anos, e desde o primeiro dia ela me tinha intrigado. Ela, desde a primeira vez, não tinha mudado nada, seus cabelos castanhos curtos, seus olhos sempre pintados com lápis preto. Eu tinha demorado seis meses para descobrir se ela era um homem ou uma mulher, por causa de sua aparência andrógena. E mais um ano para descobrir seu nome. Ela sempre aparecia aleatoriamente, dizendo coisas muitas vezes sem muito sentido, mas sempre dando os melhores conselhos.

Eu voltei para o primeiro andar e fiz uma pequena mala com meus mais preciosos pertences (a maioria de meu material artístico e um medalhão com uma foto da minha mãe), e minhas roupas. Escrevi um bilhete para meus avós e outro para meu pai, e os coloquei na geladeira. Peguei todo o dinheiro dentro de minha carteira, juntado de minhas pinturas vendidas na feira e de meu trabalho na cafeteria do lado da Catedral e fui para o aeroporto. Sempre soube que eu seria parte de alguma coisa maior, mais importante. E eu sabia que pegar aquele voo para Nova York seria ou completa loucura, ou a porta de entrada para minha tão esperada aventura. Torci com todas as minhas forças para que fosse a segunda opção, então entrei no avião.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Não se esqueçam de comentar o que acharam!



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