Descendentes: Desenvolvendo Sentimentos escrita por Lanan Tannan


Capítulo 12
Capitulo 11 - B!tches Beware pt.1


Notas iniciais do capítulo

♥♥♥♥
Agradecimento aos meus anjinhos da felicidade:
KathSteeleGrey
Mariana de Oliveira
Paulie
Brigadeiro

Que comentarios foram aqueles que eu recebi?! Vocês me fizeram chorar de emoção ♥♥♥♥
Amei muito cada um deles!!
Sempre fico feliz quando leio o quanto vcs estão gostando da fic e me motiva muito para continuar

E que recomendação linda foi aquela que eu recebi?! ♥.♥
Sem palavras...


Agora sobre o capitulo:
Acabou ficando enorme - mais uma vez - e, como diz meu amigo, "bora dividir esse trem aí"
Então tá dividido
>.<

Boa leitura
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Sou tão fantástica

Eu sou incrível

Eu sou a garota que você vai

Sempre estar correndo atrás e perseguindo (o que é bom)

            I’m so fantastic

            I’m amazing

            I’m the girl that you will

            Forever be running and chasing (What’s good)

 

— B!tches Beware (Steven Cruz, “Better Beware”)

 

Local: Auradon Prep., sala de lazer

Hora: 07h14m, segunda-feira

Doug havia acordado cedo como de costume. Não era de seu feitio dormir até tarde da manhã. Esse hábito fora adquirido graças aos seus tios e também por seu pai, já que quase todos os dias – antes de vir estudar em Auradon Prep. – o garoto era levado na mina em que sua família estivesse trabalhando.

Mesmo com a idade já debilitando as atividades de mineradores, seus tios ainda gostavam – e muito – deste tipo trabalho. Diziam que fazia bem para a saúde o bom e velho trabalho braçal, além de que as recompensas eram verdadeiramente valiosas. Infelizmente, ainda faziam questão de levar seus filhos juntos, o que incluía, para total desprazer de Doug, seu primo Peter.

Era a única pessoa em toda face da Terra que Doug não conseguia suportar.

O toque melódico da música Hanging By a Moment ecoou de seu celular, interrompendo o silêncio que prevalecia naquela sala de lazer. Doug inclinou a cabeça, distraindo-se ao ouvir a letra da música.

“Estou me apaixonando cada vez mais por você”. Não lembrava de quando havia escolhido aquela música como toque de seu celular, mas se encaixava perfeitamente com seu eu de agora.

A música parou para logo depois recomeçar, despertando o garoto de seus pensamentos ao se dar conta do porquê de seu celular estar tocando.

Doug levantou-se do sofá, tateando os bolsos em busca do aparelho.

Era uma ligação de Kyle.

— E aí, como está a viagem? – Doug perguntou assim que atendeu a ligação, sentando de volta no sofá.

Incrível! — A voz do amigo soou excitada do outro lado da linha. – Eu estou em Cannes, tem noção disso? Cannes!

Doug sorriu, podia até imaginar o sorriso empolgado que estaria presente na face de Kyle. Desde criança, o moreno tinha o sonho de fazer uma viagem pela Europa, principalmente pelas cidades da França e Itália.

— Sortudo. – Doug comentou, sorrindo pelo amigo. – Já foi em Mônaco?

Não, nem sei se vamos passar lá. Mas vou tentar convencer meus pais a irem, já que vamos ficar uma semana por aqui. — A voz de Kyle soou baixa de início, desapontado por não poder conhecer a cidade onde se encontra o belíssimo Museu Oceanográfico de Mônaco, mas logo a euforia retornou ao prosseguir: – Ah, nós vamos para Nice, hoje à noite, acredita? Aquela cidade é linda!

— Mas seus pais estão a passeio também?

Não. Meu pai talvez. — Kyle riu. – Minha mãe está resolvendo alguns assuntos sobre o restaurante. Provavelmente será uma nova franquia aqui na França.

— Não sei como ela aguenta. – Doug comentou, impressionado. – Rainha e ainda dona de uma rede de restaurantes.

Mesmo após o casamento e de ter se tornado rainha ao lado de Naveen, Tiana não desistira de seu sonho. Abriu o primeiro restaurante e não demorou muito para que quase todos os reinos pertencentes aos Estados Unidos de Auradon conhecessem os maravilhosos pratos servidos no Palácio da Tiana.

E, pelo que parecia, iria conquistar a Europa agora.

Você acha que o Mino herdou aquela energia toda de quem? – Kyle perguntou, retórico e risonho.

— Não só ele. – Doug provocou, rindo ao se lembrar de como os dois irmãos eram parecidos no quesito energia. Não conseguiam ficar parados, apesar de que Kyle costuma ser menos elétrico por muito tempo. Diz ele que é por causa da natação, água o acalma.

Há-há. Se eu estivesse aí, você iria aprender a não provocar o príncipe da Maldonia.

— O que seria? – Doug perguntou sorrindo ao perceber que mais um desafio estava a caminho. – Maratona dos piores filmes, vídeo game, dardos ou guerra de travesseiros?

Dardos. – Doug fez uma careta, ele não era muito bom nisso. – E arco e flecha. — Agora o filho do Dunga sorriu, esse ele dominava. – Pode anotar, assim que eu chegar vou resolver esse insulto a mim proferido.

— Anotado. – Doug respondeu, rindo pela maneira como o amigo falara.

Agora estou ansioso para voltar, tenho que te derrotar e recuperar minha honra.

— E desde quando você tem? – Doug provocou novamente, empurrando os óculos que haviam escorregado de seu rosto quando riu.

Esquece, quero voltar mais não.

Doug riu ao ouvir o resmungo dramático do colega de quarto.

— O que houve?

Estava vendo umas fotos de Nice aqui no computador. – Kyle voltou a falar normalmente. – Ainda não acredito que estou mesmo fazendo essa viagem.

— Seu sonho se realizando.

Na próxima, nós vamos juntos. – Kyle prometeu.

— Itália! – Exclamaram em uníssono. Os dois vinham planejando uma viagem à Itália desde que descobriram que compartilhavam do mesmo desejo, há mais ou menos um ano e meio.

E como estão as coisas aí? Sentindo minha falta?

— Só percebi que viajou quando acordei hoje e não vi você se admirando no espelho. – Doug respondeu, dando de ombros mesmo o amigo não podendo ver seu gesto. A verdade era que o filho de Dunga havia esquecido mesmo que Kyle viajara. O dia anterior havia sido tão movimentado...

Eu nem faço isso! — Kyle exclamou, ultrajado. Porém não retrucou novamente, sabia que era verdade. – Deu tudo certo ontem?

— Foi tranquilo. Nenhum problema, pelo menos o Ben não me disse nada. – Doug respondeu de forma simples.

Pelo que o garoto sabia, tudo tinha corrido bem. Muito bem, Doug pensou ao lembrar do Príncipe com a garota de cabelos roxos da ilha sobre o palco. Durante toda a noite, Ben não parava de fitar a garota a cada minuto e Doug sabia que aquilo não aconteceu somente com o Príncipe. Ele próprio se lembrava de admirar a filha da Rainha Má enquanto ela ria com o amigo baixinho.

Doug levantou do sofá, não sabia se devia ou não contar sobre Evie ao amigo.

— Está tudo bem? – Kyle perguntou, estranhando o silêncio de Doug.

— Ah, eu conheci uma garota ontem. – Doug respondeu de forma rápida e sussurrada, torcendo para que Kyle não entendesse.

Hum. – Kyle murmurou, provocando o amigo. Ele havia entendido do mesmo jeito. – Eu conheço?

— Não, é aluna nova.

Desenvolve garoto. – Kyle exigiu, o riso presente em sua voz. – De onde ela é?

— Ela é.… de fora. – Doug respondeu, vagamente.

Me diz que não é da Ilha dos Perdidos, por- — Uma voz feminina ao fundo interrompeu o pedido do garoto e fez com que Doug suspirasse aliviado. O telefone ficou em silencio por alguns segundos e logo a voz de Kyle retornou: – Minha mãe está me chamando. Vamos tomar café com alguém que eu não entendi o nome.

— Tudo bem, depois nos falamos.

Isso. Ah, já ia me esquecendo. – A voz de Kyle soou séria. — Posso te pedir um favor?

— Claro. – Doug confirmou, temeroso pelo que viria a seguir.

Eu tenho um trabalho para entregar hoje na primeira aula. – Kyle riu consigo mesmo. — Tem como você entregar para a professora Wendy por mim?

— Sem problemas. Doug concordou, aliviado. Ele começou a seguir o caminho até os dormitórios. Onde está?

Primeira gaveta do criado-mudo. — Kyle informou, agradecido pela ajuda do amigo. – Valeu, cara. Te devo uma.

— Vou cobrar. – Doug avisou, virando no corredor dos dormitórios. – E caro, ouviu?

Aproveitador. — Kyle resmungou em resposta.

— Prático. – O filho de Dunga respondeu rindo, enquanto subia as escadas.

Vou trazer um perfume francês para você. – Kyle riu ao proferir a frase, prevendo a careta de desagrado do amigo.

— Dispenso. – Doug respondeu, acompanhando as risadas do amigo até quando se despediram e encerraram a chamada.

 

...

— M? – Evie chamou a amiga pela terceira vez naquela manhã. A filha da Rainha Má ocupava-se entre acordar a amiga e terminar de fechar sua jaqueta azul.

As aulas em Auradon Prep., começavam muito cedo em comparação a Dragon Hall. Por isso, eles tinham que acordar antes das oito da manhã, muito mais cedo do que eram acostumados a fazer na Ilha dos Perdidos e isso fora difícil, considerando a hora em que dormiram ontem depois do jantar.

Com esforço, Evie conseguira se arrumar a tempo. Ao contrário de Mal, que dormia profundamente, escondida no meio de um monte de cobertores e travesseiros.

— Mal! – Evie ergueu a voz. Ela desviou o olhar do espelho quando viu a mão da garota de cabelos roxos surgir debaixo do cobertor para pegar o celular sobre o criado-mudo ao lado de sua cama.

— Ainda é cedo. – Mal resmungou, a voz baixa e sonolenta. A garota largou o objeto, que caiu no chão com um barulho estilhaçado.

Ótimo, ela tinha acabado de quebrar o celular.

— Não sei se lembra, mas temos aula agora. – Evie avisou, arrumando a tiara dourada sobre seus cabelos azulados.

— Mamãe Gothel sempre chega atrasada. – Mal respondeu baixinho. A voz da garota desvanecia a cada palavra proferida.

— Mal, não estamos na Ilha dos Perdidos. – Evie cruzou os braços e encarou o amontoado de Mal e panos. Esperou alguns segundos por qualquer movimento da amiga, mas logo suspirou cansada ao perceber que Mal voltara a dormir. Evie aproximou-se da cama ocupada e puxou o pé da garota. – Mal!

— O que? – Mal perguntou sobressaltada. Ela encolheu seus pés e virou-se de barriga para cima, colocando ambas as mãos sobre o rosto. – Me deixa dormir.

Evie revirou os olhos pela teimosia da amiga em levantar. Acordar Mal era provavelmente a missão mais difícil em todo o mundo e, para sua infelicidade, ela teria que se encarregar disso a partir de agora.

— Auradon. Missão. Varinha. Fada Madrinha. Aula. Agora. – Evie pronunciou cada palavra de forma clara e objetiva para que a amiga sonolenta compreendesse. E funcionou, pois Mal tirou as mãos do rosto e abriu os olhos.

— Não foi um sonho? – A garota de cabelos roxos ergueu-se, sentando e observando cada canto do quarto. Aos poucos, sua visão ia se ajustando a luz natural do quarto e ela pode ver os estranhos e diferentes móveis daquele cômodo.

Aquele lugar, definitivamente, não era seu quarto.

— Não. – Evie negou, pegando sua bolsa sobre a mesa. Mal se jogou na cama, reclamando e puxou as cobertas sobre a cabeça. Evie riu e abriu a porta. – Agora termine de acordar que eu já estou indo. E não esqueça o protetor!

— Evie! – Mal gritou quando a garota de cabelos azuis jogou uma escova nela antes de sair, rindo porta a fora.

 

...

Doug andava de modo tranquilo pelos corredores da escola. Em sua mão esquerda levava o elaborado trabalho de Linguagem das Estrelas— disciplina ministrada pela professora Wendy – feito por Kyle enquanto a música Just a Feeling ecoava em seus ouvidos.

Assim que o refrão soou, o garoto fechou os olhos, cantarolando. Aquela música tinha um toque muito envolvente, apesar da letra ser meio deprimente. Infelizmente, seu momento de relaxamento foi interrompido abruptamente ao trombar com uma massa corpórea primeiramente desconhecida. Doug abriu os olhos e encarou o filho de Robin Hood o observando de volta, com um sorriso travesso presente em sua face.

O filho de Dunga tirou o fone de ouvido e encarou o colega de banda.

— Roland? – Doug perguntou, surpreso por vê-lo pelos corredores da escola ainda tão cedo. Ele percebeu quando Roland desviou o olhar, parecendo procurar por alguma coisa. – Aconteceu alguma coisa? Está nervoso.

— Ah, não. – Roland riu, voltando seus olhos para o amigo de óculos a sua frente. – Apenas Aziz me deixando louco com toda aquela conversa sobre a Lonnie.

— Quando ele vai perceber que ela não gosta dele? – Doug perguntou, exasperado por causa daquela cansável história de Aziz e suas tentativas de conquistar a filha de Mulan.

— No mesmo dia em que aparecer dragões em Auradon. – Roland respondeu, rindo e sendo acompanhado por Doug. Ambos sabiam que seria difícil Aziz admitir que Lonnie não estava interessada nele. – Está indo aonde?

— Tenho que entregar isso para a professora Wendy. – Doug respondeu e ergueu o trabalho encadernado. Perante o olhar confuso do garoto a sua frente, completo: – É do Kyle.

— Ah, por falar nisso, onde é que ele ? – Roland questionou, sua expressão curiosa. – Não o vi na festa ontem.

— Viajou para a França com os pais.

— Sortudo. Meus pais só me levam para a cabana em Sherwood. – Roland resmungou fazendo Doug rir de sua frustração. – Como se eu já não conhecesse aquele lugar.

Roland cruzou os braços contrariados e atraiu a atenção de Doug. Só agora percebera que o filho de Robin Hood segurava um saco preto em sua mão esquerda.

— E você estava fazendo o que? – Doug perguntou, apontando para o que quer que estivesse dentro daquele saco.

— Ajudando o Aziz. – Roland respondeu, erguendo a mão esquerda e para confirmar o que fora dito, acrescentou: – O treinador vai fazer uma nova seleção para o time. Aí eu fui ajudar.

Doug o olhou desconfiado, dificilmente acreditando nas palavras do garoto, principalmente pelo fato de ele aparentar certo nervosismo quando se trombaram alguns minutos antes.

— Vou acreditar nessa. – Doug estreitou os olhos, deixando de lado a desconfiança por aquela vez.

Roland riu e deu uma batidinha no ombro de Doug antes de ir embora, seguindo seu caminho. Doug fez o mesmo, virando no corredor a sua direita e encontrando a sala dos professores.

Ele bateu levemente na porta e, alguns segundos depois, o professor Deley apareceu.

— Precisa de ajuda, senhor Dwarfsen? – Perguntou o fitando.

Doug ergueu o trabalho de Kyle e estendeu para seu professor de química.

— Entregar para a professora Wendy. – Pediu. – É um trabalho que ela solicitou.

— Wendy não está aqui agora, mas assim que eu ver ela, entrego. – Senhor Deley respondeu, pegando o trabalho. – Não esqueça que temos aula hoje.

— Com certeza. – Doug sorriu e fez um aceno com a cabeça, virando-se para ir embora. Quando chegou no corredor que o levaria a saída, parou. Por que ele iria voltar para o castelo se dentro de poucos minutos ia ter que estar na escola novamente?

Com esse pensamento, colocou os fones, deu meia volta e decidiu ir ao laboratório de informática para passar o tempo. Após virar em três corredores diferentes – e cumprimentar alguns alunos – seus olhos se arregalaram, surpresos.

— Heig-ho! – A poucos metros mais à frente, a garota de cabelos azuis que chegara da ilha estava parada, olhando ao redor.

Doug respirou fundo e a fitou, notando sua expressão confusa ao olhar na direção de cada sala, provavelmente indecisa sobre qual entrar. O garoto puxou os fones e os enfiou em seu bolso, respirando fundo para se aproximar da garota quando a viu erguer um pequeno espelho em frente ao seu rosto.

 

...

Evie já havia perdido a paciência em tentar desvendar o misterioso labirinto de salas que era aquela escola. Devia ter bem perdido uns quinze minutos rodando por aqueles corredores.

Suspirando derrotada e torcendo para não tivesse ninguém observando, ela abriu sua bolsa e pegou seu mini Espelho Mágico. Poderia ter usado antes, mas sempre que apenas pensava em fazer, alguém passava ao seu lado. Pelo menos agora parecia estar deserto, já que pelo tempo que estivera ali, não havia visto ninguém.

— Acho que devíamos ter perguntado quais são as salas de aula. – Evie murmurou consigo mesma, mirando-se no espelho antes de realizar a pergunta que desejava fazer.

— Está perdida? – Uma voz masculina perguntou atrás da garota, fazendo com que ela desse um pulinho assustada.

— Ah! – Evie guardou o espelho rapidamente e virou-se para encarar o ser que tivera coragem de lhe assustar. O garoto de óculos, de novo. Assim como prometeu a Mal, ela assumiu uma postura mais ereta, intimidante como sua expressão. – Não faça isso!

— Me desculpe. – Doug pediu e a viu revirar os olhos, tediosa. Ela se afastou, mas não havia caminhado nem seis passos quando Doug se pronunciou, chamando sua atenção de volta. – Então...?

— O que? – Evie o olhou, sem saber sobre o que o garoto questionava.

— Está perdida? – O filho de Dunga repetiu a pergunta, sorrindo. Ele entendia como era estar perdido naquela escola.

— Essa escola é maior que o mal humor da Mal pela manhã. – Evie murmurou, desviando o olhar, mas não permitindo que sua expressão abrandasse.

— Não se preocupe, um dia você se acostuma. – Doug garantiu. Ergueu a mão direita com três dedos estendidos e o polegar sobre o mindinho, em um sinal de promessa. – Quando vim estudar aqui, me perdia no mínimo cinco vezes ao dia.

— E agora? – Evie perguntou, analisando sem compreender o gesto feito por Doug.

O garoto riu antes de responder.

— Podemos dizer que três por semana é um bom número. – Doug disse, balançando a cabeça risonho.

— O que... – Evie questionou, inclinando a cabeça ainda confusa pelo gesto que o garoto fizera antes. Ela ergueu a mão e repetiu o movimento de Doug. – O que significa esse gesto?

Doug abriu a boca levemente surpreso. Ele empurrou seus óculos de volta ao lugar, estupefato pelo fato dela não conhecer aquele gesto tão conhecido.

— Promessa de escoteiro. – Respondeu em tom de obviedade.

— Ah... – Evie murmurou em incompreensão. Ela baixou a mão, desviando o olhar sem saber o que em toda a face da Terra era um “escoteiro”.

— Não sabe o que é um escoteiro? – Doug perguntou, sem conseguir conter o tom surpreso em sua voz. Por essa ele não esperava, era uma coisa tão comum ali em Auradon. Até mesmo ele já fora um escoteiro mirim quando criança.

Evie cruzou os braços, irritando-se pela expressão atônita no rosto do garoto. Okay que ela não conhecia, mas precisava fazer essa cara de surpresa idiota?! Não era como se ela tivesse conhecimento de tudo o que acontecia fora daquela barreira.

Doug parou de sorrir de imediato assim que viu a expressão irritada da garota. Parabéns, Doug. Pensou, arrependendo-se de ter agido de modo tão surpreso.

— Desculpe, eu não queria parecer indelicado. – Doug sorriu sem graça e Evie estreitou seus olhos para ele.

— Você pede muitas desculpas.

— Depois eu te conto o que é um escoteiro. – Disse, evitando a afirmação feita pela garota. Ele não sabia o que responder quanto aquilo.

— Mal posso conter minha animação. – Evie murmurou irônica.

Doug inclinou a cabeça, estranhando a atitude da garota. Ela estava agindo de modo tão estranho, diferente de ontem. Na festa ela o provocava, sorria e agora... parecia querer desprezá-lo.

Ele havia feito algo de errado?

Ou ela apenas se cansou?

— Bom. – Doug começou voltando seu pensamento a ajudá-la com os labirintos daquela escola. – Você está com o seu celular?

— Estou. – Evie respondeu estranhando a pergunta. Ela abriu a bolsa e pegou o aparelho. – Por que?

— Tem um aplicativo que vai te ajudar a não se perder aqui em Auradon. – Doug informou, estendendo a mão para ela. – Posso?

Evie deu de ombros e entregou o celular para o garoto que logo começou a correr os dedos sobre a tela sensível. Doug estava tão concentrado que nem percebeu quando a garota de cabelos azuis se pôs ao seu lado, curiosa sobre o que ele fazia.

Novamente o aroma de rosas invadiu seus sentidos e ele deixou sua concentração desvanecer.

— Algum problema? – Evie questionou baixinho quando percebeu que o garoto estava parado feito uma estátua, a cabeça levemente inclinada em sua direção.

Doug limpou a garganta e balançou a cabeça, voltando a realidade.

— Sim, só estava... tentando me lembrar o número de configuração. – Ele deu um passo para o lado, se afastando. Ele buscou sua concentração novamente, tentando esquecer o fato de que havia “viajado” naquele perfume.

Evie o analisou atentamente, observando sua expressão nervosa, o modo como agora fixava os olhos no celular e, mesmo de cabeça baixa, ela pode notar o rosto corado.

Por que ele estava assim? Evie não havia feito nada para provocá-lo, ao contrário, ela estava tentando afastá-lo.

Mas ele ficava tão fofo.

— Conseguiu? – Perguntou, suavemente, relaxando sua postura de superioridade. Ela deu um sorriso mínimo e discreto quando o viu olhar de soslaio e dar outro passo para o lado, se afastando mais.

Não vai dar, Mal.

— Sim. – Doug respondeu, sorrindo por ter conseguido ajudá-la. – E, antes que pergunte, Ben me pediu ajuda na hora de comprar os celulares.

— Ah, okay. – Evie respondeu, pegando de volta o celular e vendo umas linhas e pontos marcados na tela, assim como um “X” vermelho. – Carlos me disse que é fácil, mas até agora eu só consegui abrir a câmera. – Ela ergueu os olhos do celular e piscou, sorridente. – Que eu amei, devo confessar.

Doug riu. Ali estava a garota que conversou com ele ontem. Ele só não conseguia entender o porquê da brusca mudança.

— Você aprende rápido. – Doug comentou, rindo. Ele apontou para o “X” vermelho na tela do celular da garota. –  Aqui fica a sala da Fada Madrinha. Sua primeira aula é com ela, se não me engano.

— E eu estou atrasada. – Evie confirmou, balançando a cabeça. – Você não tem aula agora?

— Não. – Doug respondeu, sorrindo. – Na verdade, as aulas começam as nove e meia, depois do café-da-manhã.

— Então devo supor que eu vou para uma aula especial.

Doug abriu a boca para discordar, mas não havia jeito. Realmente era uma aula especial, considerando que ninguém em Auradon estudava antes do café-da-manhã.

Exceto, talvez, a banda. Mas raramente acontecia.

— Podemos dizer isso.

— Certo. – Evie riu. Ela olhou para o celular brevemente e voltou-se para o garoto a sua frente. – Obrigada pela ajuda.

— Sempre que precisar, princesa. – Doug curvou-se levemente e sorriu.

— Posso te perguntar uma coisa? – Evie inclinou a cabeça, sua expressão infantilmente curiosa fez Doug rir.

— O que você desejar. – O filho de Dunga empurrou os óculos de volta no lugar e Evie sorriu minimamente, percebendo que aquele era um gesto automático do garoto.

— Por que você me chama de princesa, sendo que aqui não consideram o status real da minha mãe?

Doug sentiu suas bochechas esquentarem pela pergunta. Ele a chamava daquele modo porque para ele, Evie era a única verdadeira princesa naquela escola. Se vestia como uma, falava como uma e sorria como uma. Auradon poderia não considerar seu status real, mas Doug continuaria a vendo como a princesa que ela tanto merecia ser.

Claro que ele não teve coragem suficiente para dizer isso, porém conseguiu expor parte de seus sentimentos a ela.

— Não ligo para isso. – Doug começou. Evie sorriu ao perceber que o garoto se aproximava. – Para mim, você é a mais bela princesa que alguém poderia ter a honra de conhecer.

— Obrigada. – Evie sussurrou, deixando-o sem entender o porquê do agradecimento. Ela apoiou as mãos nos ombros de Doug e beijou suavemente a bochecha do garoto. – Até mais.

Doug ficou parado enquanto a filha da Rainha Má seguia a procura de sua sala. Ele sentiu seu coração acelerar freneticamente ao mesmo tempo em que um enorme sorriso extasiado surgia em sua face.

Ela havia lhe beijado!

Tudo bem que fora apenas um beijo na bochecha, mas mesmo assim foi o suficiente para alegrar toda a sua vida.

Um som de palmas o fez se virar, assustado, apenas para ver seu amigo Benjamin encostado em uma parede pouco distante de Doug. O filho de Dunga sorriu para o amigo e aproximou-se.

— Você viu? – Doug perguntou, parando ao lado do Príncipe.

— Apenas o final. – Ben respondeu, rindo pela expressão encantada do amigo. Ele desencostou da parede e começaram a andar, seguindo o corredor. – Você está caidinho por ela.

— Você acha? – Doug perguntou, sorrindo sonhador.

— Se eu acho? – Ben apertou o ombro direito de Doug, fazendo-o rir. – Meu amigo, eu tenho absoluta certeza.

O loiro riu, soltando o amigo e fazendo a curva para o próximo corredor. E foi quando seu corpo se chocou com o da garota de cabelos roxos.

— Wow! – Ben exclamou, segurando a garota para que ela não fosse lançada ao chão pelo impacto. Parou por alguns segundos esperando-a se acalmar pelo susto, para logo em seguida perguntar: – Você está bem?

Mal ofegou, tanto pela corrida que fez até ali, quanto o fato de ter trombado com o Príncipe. Ela soprou os fios roxos que lhe caia sobre a face e encarou o garoto, percebendo o quanto ele estava próximo.

— Ficaria bem melhor se você me soltasse. – Mal murmurou e o Príncipe percebeu que ainda a segurava, sua mão firme na cintura da garota.

Ele a soltou, levantando as mãos, constrangido.

— Por que estava correndo? – Ben questionou e a filha da Malévola o olhou, ponderando se respondia de forma simples ou mordaz.

— Estou atrasada. – Por fim,  Mal decidira adotar um meio termo no tom de voz.

— Está indo para a aula da Fada Madrinha? – Benjamin perguntou, sorrindo. Mal apenas acenou afirmando. – Evie acabou de passar por aqui.

— Pra onde fica? – A garota perguntou, querendo se afastar o mais rápido dali.

— Se eu contar, você nunca vai encontrar. – Mal ergueu uma sobrancelha pela rima do garoto e o fez rir. Era sempre divertido ver a primeira reação que as pessoas tinham quando ouviam aquela frase sobre a Auradon Prep. – Acredite, este lugar é um labirinto.

— Está com seu celular? – Doug perguntou, se fazendo notar aos olhos da garota de cabelos roxos. Assim que o garoto havia percebido com quem Bem esbarrara, decidiu ficar mais afastado e se distrair com seu celular, deixando-os livres para conversarem. Porém, no momento em que ouviu o nome de Evie surgir na conversa, ele começou a prestar atenção.

— Por que eu estaria? – Mal cruzou os braços, desviando o olhar. Ela havia quebrado a tela de seu celular quando o derrubou no chão ao acordar e resolveu deixá-lo no quarto.

Claro que a garota não iria comentar aquilo.

Ben riu, reparando quando Mal desviou o olhar.

— Não tem problemas. Eu empresto o meu. – Ele sorriu para ela e pegou seu celular no bolso, procurando o aplicativo especial que usava para se localizar. – Vai te ajudar a encontrar as salas. – Explicou para a garota. Ele estendeu o aparelho na direção dela, que, mesmo desconfiada de sua generosidade, aceitou. – Depois você me devolve.

— Já vou indo. – Mal apontou para o corredor e encarou o jovem Príncipe por alguns milésimos de segundo, para logo em seguida afastar-se.

Benjamin se virou e a observou seguir caminho pelo corredor, o seu celular em mãos.

O garoto suspirou. E Doug o encarou, boquiaberto e confuso pelo que acabara de acontecer.

— Você emprestou seu celular? – Perguntou de forma retorica, tentando compreender o porquê da ação do amigo.

— O que tem de mais nisso? – Ben colocou ambas as mãos no bolso, o sorriso teimando em não desaparecer de seu rosto.

— Tirando o fato de que você é o Príncipe de Auradon e aquele celular que você acabou de emprestar é seu... – Doug começou, seu tom de voz irônico. – Não tem nada demais.

— Não tem nenhum problema nisso. – Ben deu de ombros, sorrindo mais ainda. – Além do mais, é uma desculpa para falar com ela novamente.

Doug riu, finalmente entendendo. Como imaginara, ele não era o único se apaixonando.

— É, meu amigo. –  Doug devolveu o aperto no ombro que Ben havia feito antes de encontrar-se com Mal. –  Você vai ter que se resolver com a Audrey. – Aconselhou e recebeu uma careta do amigo em resposta. – O mais rápido possível.


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Notas finais do capítulo

Se a autora postar uma cena envolvendo Devie e sorvete, você:
a) Ignora o capítulo e vai ler outra coisa
b) Reclama da demora da autora por deixar todo mundo na ansiedade
c) Surta de felicidade junto com a autora
d) Fica com raiva e abandona a fic pq shippa Chevie (), Hevie, Bevie, Mevie ou outro shipp louco envolvendo a Evie
e) (insira sua resposta)



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