Brand New Start escrita por Ciel


Capítulo 9
Capítulo 9




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Ver aquela menina chorando fez eu me lembrar do dia que Castiel foi conversar comigo após Kentin despedir-se de mim. Não pude evitar e fui até lá para ver como ela estava.

Enquanto caminhava até o final do corredor, senti uma mão tocar meu ombro.

— Com licença, eu vim procurar a minha namorada, nós discutimos há pouco...

—Acho que sei de quem está falando. É uma garota de cabelos brancos... Rosalya?

—Isso mesmo. Poderia dizer que estou procurando por ela? Eu não posso ir além daqui já que não sou um aluno.

—Tudo bem, mas você não pode esperá-la de mãos abanando.

—Como?! –Ele me pareceu incomodado, acho que fui intrometida demais.

—Calma, vou explicar. –Encostei-me e em uma das paredes e cruzei os braços, tentado encontrar uma forma mais sutil de explicar as coisas. –Ela parecia bem chateada quando a vi, pelo jeito esta briga a magoou muito... –Ele abaixou a cabeça, com os olhos marejados. É eu definitivamente não consigo ser sutil. –Você poderia presenteá-la com algo especial, como por exemplo, um poema.

 -Entendo, mas não sou muito bom com essas coisas... Você poderia me ajudar?

—Também não sou muito boa com poemas, mas...

—Mas?

Parei por alguns minutos, procurando a chave de do armário que fica no interior da estufa.

—Flores! –Sorri animadamente. –Você pode montar um buquê no clube de jardinagem enquanto eu converso com ela. Eu e um amigo compramos alguns exemplares na floricultura e ganhamos uma fita, que está guardada no armário. –Entreguei a chave para ele. –Não tem erro, é a única fita lá dentro.

—Acho que consigo montar um bom arranjo, mas não posso ficar no jardim, muito menos na estufa.

—Fique tranquilo, aquele lugar vive vazio. –Parei por alguns segundos. –O Lysandre costuma ficar por lá, mas ele sabe ser discreto. Tenho certeza que se você...

—Tem razão, não teremos problemas. Duvido que meu irmão queira fazer algo para me prejudicar.

—Eu não sabia que vocês eram irmãos. Bom, isso deixa as coisas mais fáceis. Agora se apresse, pois só temos quinze minutos até o início das aulas.

Após nos despedirmos, corri até a escadaria e encontrei Rosalya. Ela estava sentada em um canto das escadas, abatida e com os olhos marejados. Tentei disfarçar por alguns minutos, olhando para o meu armário e, em seguida, sentei-me ao lado dela e coloquei a mão em seu ombro.

—Soube do que aconteceu, você quer conversar?

—Essa gente não perde a oportunidade de fazer uma fofoca... Você deve me achar ridícula por causa da situação.

—De forma alguma, eu mesma estava aos prantos lá no pátio há alguns dias. –Sorri e ela também.

—E qual foi o motivo das suas lágrimas?

—Um amigo foi para a escola militar. Nós já havíamos nos separado antes, então aquilo tudo me deixou sentimental.

—Rapazes... –Ela abre um leve sorriso e depois revira os olhos. –Eles sempre arrumam um jeito de nos arrancarem lágrimas. –Ambas acabamos rindo da situação.

—Convenhamos que nem sempre a gente facilita, não é mesmo?

—Talvez, mas ainda acho que estou certa.

—E o que aconteceu com você?

—Nós brigamos porquê ele é um pouco fechado, eu nunca sei o que ele pensa ou sente por mim. Enquanto eu me entrego totalmente a nossa relação, ele faz o oposto. Isso me deixa insegura, sabe? É como caminhar no escuro e com uma venda nos olhos...

Aquilo me paralisou por alguns momentos, sou exatamente assim com as outras pessoas. Mesmo sem saber, Rosa me deu uma enorme pancada com suas palavras.

—Você ainda está me ouvindo?

—S-Sim. –Acordei imediatamente de meus devaneios e comecei a escolher as palavras que diria a ela. –Bom, as pessoas são diferentes, inclusive na forma de demonstrar seus sentimentos. Ele pode não ser bom com palavras (ou poemas), mas aposto que deve ter outras formas demonstrar o quanto gosta de você.

—Ele... –Rosa sorriu timidamente e seu rosto corou. –Ele me deu este anel. –Ela esticou a mão, mostrando a joia. –Leigh também me apoia em todos os meus projetos e faz com que mesmo o meu sonho mais sem noção pareça algo próximo a mim. –Ela abaixou a cabeça, ainda mais corada. –Agora eu estou me sentindo uma boba...

—Todas somos, Rosa.

Neste momento, Lysandre se aproxima discretamente e sinaliza para mim, que entendi perfeitamente o recado.

—Então, o que acha de ir falar com ele?

—Eu ia dizer isso agora mesmo. –Ela abre um sorriso radiante.

Seguimos em direção ao pátio e Leigh a esperava com um belo buquê e um cartão. Rapidamente Rosa vai ao encontro dele e ambos se abraçam com determinação.

—Nós formamos uma bela dupla. Não acha, Lysandre?

—Estou começando a acreditar que sim.

Fomos interrompidos pelo barulho do sinal que anunciava o início das aulas.

—Eles estão saindo da escola, nós deveríamos chama-la para que ela não perca aula.

—Melhor não, eles irão nos ignorar completamente. Acredite, quando eles se juntam desta forma...

—É algo típico dos casais apaixonados. –Não pude segurar o riso e o vitoriano muito menos.

—Você é bem inusitada. –Ele me encarava sorridente.

—Por que diz isso?

—Não sei o que disse ao meu irmão, mas ele insistiu em escrever um poema para Rosa e digamos que isso algo é bem...atípico.

—Bom, se você tem seus segredos saiba que também posso ter os meus. Não irei entregar minhas técnicas de convencimento. –Lancei um olhar desafiador.

Seguimos tranquilamente até a sala de aula e nos sentamos nas últimas fileiras. Na medida em que a aula acontecia, percebi que o albino ficara cabisbaixo. Como sei que ele é do tipo que não gosta de falar sobre seus problemas, resolvi pensar em outra estratégia para melhorar seu humor.

—Ei, Lysandre. Toma, vamos sair desse tédio. –Sussurrei, enquanto colocava um dos lados do meu fone de ouvido e dava o outro para ele.

Ele me olhou por alguns segundos, sem entender muito bem.

—Fique tranquilo, eu sou limpinha. –Pisquei para ele puxando uma de minhas orelhas.

Rimos baixinho, evitando chamar muita atenção e ele colocou o fone em um dos ouvidos.

—Então, o que quer escutar? –Disse, enquanto mostrava a playlist de músicas do meu celular.

—Me surpreenda. –Ele me lançou um olhar desafiador.

—Pode deixar. –Retribuí com um sorriso malicioso.

Ouvimos várias músicas, ele não conhecia alguns artistas que apareceram na minha playlist, mas ouviu mesmo assim. Quando a bateria do meu celular chegou à metade, foi a vez dele me apresentar algumas músicas que estavam em seu telefone. No final Lys parecia bem mais alegre e eu conheci novos músicos que definitivamente irei acompanhar. No horário do almoço, reuni-me com Peggy e ela me deu mais uma tarefa. Desta vez um pedido da professora de literatura, para incentivar os alunos a irem à biblioteca. No final das aulas eu me dirigi ao espaço destinado ao jornal para começar a trabalhar, quando escuto alguém bater na porta.

—Eu soube que precisa fazer um artigo para a professora de literatura e como eu tenho um tempo sobrando até o início do ensaio com Castiel...

—Veio me ajudar?- Eu olhei para ele. –Você não precisava ter se incomodado, eu resolvo isso rapidamente.

—Eu ficaria sem fazer nada até a escola ficar vazia. Além disso, nós formamos uma boa dupla. –Ele sorriu gentilmente.

—Você venceu, pode sentar-se aqui. –Eu puxei uma cadeira para perto de mim.

Começamos a escrever, trabalhar com Lysandre tem seus altos e baixos. Ele é um rapaz calmo, gentil e tem um bom domínio do assunto. No entanto, às vezes ele ficava mudo, perdido em seus devaneios, em alguns momentos eu sentia que não estávamos na mesma sintonia. Contudo, ele rapidamente percebia e me tranquilizava, me deixando confortável novamente. Quando terminamos, olhei para nosso artigo com uma sensação de dever cumprido.

—Agora só falta eu colocar seu nome como coautor.

—Não é necessário, quero que o crédito fique com você.

—Mas eu insisto.

—Eu não estou disposto a ceder.

—Nem eu.

Ficamos nos encarando firmemente, até que Castiel apareceu.

—Não estou querendo quebrar a tensão sexual que está rolando aqui, mas o ensaio já deveria ter começado há quinze minutos.

 -E-Eu já vou. –Respondeu o vitoriano, vermelho feito um pimentão.

—Atrasos são algo que não tolero, vamos! –Ele puxou Lysandre pelo braço. –Até amanhã, Ariel.

 Despedi-me dos rapazes e finalizei o artigo, sem mencionar o nome de Lysandre. Isso fez com que eu me sentisse um pouco fraca, acho que estou amolecendo. No entanto, prefiro acreditar que hoje tem alguma magia no ar que esteja provocando uma mudança no comportamento das pessoas já que o irmão antirromântico do Lys virou poeta, a Rosalya teimosa cedeu e o albino misterioso e distante resolveu se aproximar de mim.

Chegando a casa, recebi uma mensagem de Kentin, dizendo que conseguiu arrumar um jeito de conversar comigo por chamada de vídeo. Por um momento pareceu que meu coração iria sair pela boca. Realizei todas as minhas tarefas, liguei o computador e esperei ansiosamente as horas passarem para finalmente poder matar a saudade de meu amigo. Estava assistindo alguns virais quando percebi a notificação, era ele.


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