Brand New Start escrita por Ciel


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo ficou um pouco mais "carregadinho" do do que eu esperava, mas foi necessário para explicar um pouco mais sobre a Ariel. O próximo será mais leve e eu lançarei em breve. Beijinhos ;)



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Eu entro lentamente na diretoria, analisando tudo ao meu redor. Principalmente o semblante do meu pai. Queria muito adivinhar o motivo da presença dele na escola, mas seu rosto não me dizia absolutamente nada. Ele não esboçava nenhuma expressão, parecia um jurado dessas competições culinárias que aparecem na TV.

—Filha, eu tentei ligar para você. Por que não atendeu? –Ele sussurrou, enquanto a diretora tomava seu lugar.

—O meu celular estava quase sem bateria, resolvi não trazê-lo para a escola. –Minha voz estava trêmula e eu de cabeça baixa, como se aguardasse uma condenação.

—Então, como eu estava dizendo ao seu pai. –Ela faz uma pausa e ajeita os óculos. –Mesmo com poucas semanas na escola, você já está recebendo muitos elogios.

Eu não sabia o que responder. De fato, eu estava me esforçando nos últimos dias, mas não esperava ser elogiada logo nas primeiras semanas.

—Porém...

Estava bom demais para ser verdade.

—... Os primeiros professores da manhã estão preocupados.

Não pude me conter e lancei um olhar triunfante na direção do meu pai. Eu disse que não estava bem.

—Eu já esperava por isto. Como expliquei anteriormente, a situação de minha filha é um pouco delicada.

—De fato, mas o senhor deveria ter conversado conosco durante o processo de transferência. Espero que entenda a gravidade da situação e seja mais cooperativo com a escola futuramente. –Ela aumentou o tom de voz.

—Eu já disse que sinto muito, não prolongue ainda mais este assunto. Não percebeu que este é um tema sensível e está deixando minha filha desconfortável? –Meu pai fez questão de mostrar que também sabia berrar tão alto quanto ela. –Eu já expliquei a situação, só assine o documento para liberá-la mais cedo. –Ele parou por um momento e percebeu que a diretora estava totalmente pasma. – Por favor. –Abaixou o tom.

—Aqui está. –Ela o entrega o papel.

—Sinto muito, não costumo ser assim. É que quando se trata da minha filha...

—É compreensível, eu fico exatamente assim quando algo afeta o meu Totó. –Ela sorriu gentilmente.

—Totó?

—Nós não devemos ir agora? –Intervi, antes que a diretora ouvisse mais alguns gritos.

Meu pai despediu-se educadamente da diretora e seguimos em direção à saída da escola. Já no carro, ele deu a partida e continuamos sem dizer uma palavra. Aquele silêncio era constrangedor, mas se tem uma coisa em que somos extremamente parecidos é que guardarmos tudo para nós. Minha mãe é bem diferente, muito mais comunicativa. Ela sempre serviu com uma ponte na minha comunicação com ele.

—Ariel.

—Você não precisa...

—Eu preciso sim. Sei que tenho responsabilidade no que aconteceu, sinto muito.

Ele parou por um momento, parecia estar fazendo um esforço gigantesco para pronunciar qualquer palavra. Nós dois não tivemos uma conversa de verdade desde que entrei para o ensino médio, aquilo me fazia muita falta. Eu nunca pensei que ouviria um pedido de desculpas diretamente da boca dele. Durante a minha estadia no hospital, minha mãe conversava comigo sobre como ele se sentia culpado por ter sido tão exigente comigo, mesmo assim ele mal se aproximava.

—No entanto, não é sobre mim que quero falar. Sua mãe... Você acha mesmo que ela merecia ser tratada daquela maneira?

—E-Eu...

—Não sei se você percebeu, mas ela se esforça muito para conciliar carreira e os cuidados com você. Deveria entender o quanto tudo isso é importante para ela, não a faça escolher entre um e outro, uma atitude como essas é extremamente imatura. Eu esperava mais de você.

Senti meu sangue ferver, não acredito que aquilo tudo era só para ele me criticar novamente. E eu achando que meu pai realmente queria se aproximar mais de mim...

—Não se preocupe, irei me desculpar assim que nos encontrarmos novamente. –Disse de forma mais fria possível.

—Perfeito.

O trajeto continuou com um silêncio perturbador. Antes de acabar enlouquecendo com toda aquela falta de barulho, decidi ligar o som do carro. Aquele estava longe de ser o cenário ideal, mas ao menos eu tinha música.

A tarde foi cheia de idas e vindas ao médico, mas eu finalmente consegui o que queria. Ao menos quase tudo, meu pai e eu mal conversamos e eu estava sem o meu celular. Com sorte, cheguei antes de enlouquecer com todo aquele silêncio. Meu pai foi para a cozinha e eu fiquei na sala, com meu telefone.

Ao chegar em casa, minha mãe estranhou o fato de eu estar lá. Eu expliquei rapidamente o motivo e ela foi conversar com o meu pai. Ouvi de longe um papo sobre ele ter passado pela autoridade dela e cedido aos meus caprichos, mas resolvi ignorar. Pelo jeito as coisas estavam voltando ao normal.

Eu dormi até ser chamada para jantar. As coisas continuaram silenciosas e no final meus pais foram dormir. Pelo menos foi isso que eu achei, até meu pai sair do quarto e sinalizar para que eu entrasse lá.  Obedeci e sentei-me na cama ao lado de minha mãe.

—Eu não deveria ter dito aquilo, sei que fui injusta com a senhora. Sinto muito.

—Você sabe realmente o motivo de estar aqui?

—Eu vim para me desculpar, não é obvio?

Ariel... –Ela me lançou um olhar de reprovação. –Se era para ser assim você nem precisava ter vindo se desculpar, chegar aqui só porque seu pai te mandou não adianta nada. Será que não percebe filha?

—Não é só por isso. –Eu cruzei os braços, evitando a olhar nos olhos. –Eu realmente me senti mal pelo que disse, o que o meu pai fez foi apenas um incentivo.

—Eu não duvido que tenha se sentido mal, mas eu volto a perguntar: Você sabe o motivo de estar aqui?

—Eu acabei de dizer, me senti mal pelo que disse.

Ela revirou os olhos, parecia desanimada.

—Tudo bem, eu aceito os seu pedido de desculpas. Pode ir agora.

—Não é o que parece...

—Exatamente, Ariel. É assim que me sinto ao ouvir você.

—Não foi a minha intenção.

—Você precisa me dizer o que realmente pensa, só assim eu poderei confiar em você. Enquanto você camuflar o que sente atrás de desculpas, nossa comunicação será péssima.

—Para você é fácil, já comigo...

—Eu quero que seja fácil para você também. Meu amor, eu me preocupo muito com o que acontece, mas não posso fazer nada se você não me diz o que está acontecendo. Eu não quero uma filha perfeita, só quero a minha garotinha comigo. –Ela me deu um abraço apertado.

Ficamos abraçadas por alguns minutos e enquanto estava perto dela, parece que finalmente eu conseguia sentir a confiança que precisava. Eu tinha tanta coisa para falar, mas fui impedida por um choro que veio sem avisar. Era como se aquilo estivesse guardado há muito tempo, eu chorava como um bebê. Após me acalmar, eu respirei fundo e comecei a dizer como me sentia de fato. Contudo, não consegui ir tão profundamente como imaginei que faria, era como se a mesma trava ainda estivesse lá, enfraquecida, mas ainda no mesmo lugar. Minha mãe percebeu a situação e decidiu me dar um tempo. Mesmo que nossa conversa não tenha sido o que eu esperava, aquilo serviu para nos reaproximar.

Saímos do quarto dos meus pais em direção ao meu e vimos meu pai com um sorriso triunfante. Embora fosse silencioso, ele se preocupava conosco e cuidava de nós duas do jeito dele. Sei que é pedir demais, mas gostaria de ser mais próxima dele também. Não sei como minha mãe não se cansa de ser nosso pombo correio.

Isso me lembrou do dia em que o Nathaniel me pediu para ajuda-lo, pobrezinho. Se soubesse que eu sou quem precisa de alguém para cuidar desse tipo de assunto, talvez não contasse comigo para ajuda-lo. Pergunto-me o que aconteceu entre ele e Castiel. Bom, acho que descobrirei um dia. Por enquanto é melhor que eu foque em meus próprios problemas.

Devido a todas as emoções eu tive um pouco de dificuldade para dormir, todavia logo fui vencida pelo sono. Na manhã seguinte me preparei para ir à escola e segui meu caminho. Chegando lá, fui procurar o Nathaniel para entregar a justificativa da minha ausência no dia anterior. Como ele estava ocupado com algumas coisas, me pediu para esperar um pouco e entregar depois das aulas. Eu obedeci, pois me sentia mal em negar qualquer coisa que fosse para ele.

Após algumas aulas e muito passeio pelos corredores, o horário de almoço chegou e eu decidi comer antes de encontra-lo. O refeitório estava lotado, então eu decidi comprar um sanduíche e comer no jardim. Enquanto me deliciava com aquela maravilha recheada com bacon, uma menina com os cabelos curtos se aproximou de mim.

—Credo Ariel, você não para nem por um segundo.

—Nos conhecemos?

—Ainda não. Eu me chamo Peggy, escrevo o jornal da escola.

—O Nathaniel me falou sobre você.

—Eu digo o mesmo, ele me mostrou seu blog também. Disse que você gostaria de fazer parte do jornal da escola.

—Ele disse isso?!

Não acredito, e eu pensando mal dele...

—O que houve? Desistiu?

—Não, eu quero ir sim.

—Perfeito, mas saiba que estou fazendo porque devo um favor a ele. Se fizer besteiras, está fora.

—T-Tudo bem.

Após dizer isso ela se despediu e foi conversar com alguns alunos. Estou ansiosa para essa nova fase, mesmo ela não me parecendo muito fácil.


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Notas finais do capítulo

Aguardo o feedback de vocês. :)



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