Brand New Start escrita por Ciel


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem. :)



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Não acredito que acabei entrando na história desses dois, espero que isso não me traga problemas. Respirei fundo e entrei na sala do grêmio. O representante me recebeu, com um sorriso no rosto.

—Então, como foi?

—Ele não quis assinar a folha. – Minha voz estava ainda mais baixa que o normal. – E eu não quis força-lo, sinto muito.

Eu coloquei o documento em cima da mesa e o encarei, esperando sua reação.

—Muito obrigado pela ajuda. – Ele respondeu, em um tom irônico. – Você pode ir, eu me viro com esses papéis.

Eu apenas assenti com a cabeça e saí da sala, não quis continuar aquela discussão.

Como essa gente é temperamental por aqui! Primeiro o Castiel, depois o trio de pestinhas e agora o representante também. Acho que ficar aqui não será tão tranquilo como pensei. Bom, ao menos tenho o...

—Ei, eu fui buscar algumas coisas no meu armário e encontrei esse pacote de biscoitos. Quer alguns?

—Kentin!- Eu corri em sua direção e o abracei, nunca pensei que seria tão bom encontrar um rosto familiar.

—E-Eu não sabia que você gostava tanto assim deste biscoito. Pode ficar com o pacote, se quiser. – Ele estava totalmente corado.

—Não é pelo biscoito. –Eu baguncei o cabelo dele. –É por você, bobo.

Eu corei por um momento, quando percebi o que tinha dito.

—E-Eu quero dizer, por ter alguém que conheço por perto.

Estávamos totalmente desconcertados com a cena. Após o ocorrido, saímos da escola sem trocar olhares. Às vezes eu gostaria de poder voltar no tempo, assim, sempre que desse as “respostas erradas”, poderia concertar tudo. Sem falhas, sem gafes, sem momentos tristes ou constrangedores... Seria tão bom se a vida fosse como um jogo.

—É o meu ônibus ali. –Kentin apontava para o veículo. -Até mais.

—Nos vemos amanhã. –Disse ainda um pouco desligada.

O meu ônibus não demorou muito e eu cheguei a casa. Os dias passaram tranquilos, muito tranquilos. Isso me perturbava, aquelas meninas devem estar tramando alguma coisa. Espero que elas não façam nada que me faça iniciar meu amado final de semana com o pé esquerdo. Eu subia as escadas para o segundo andar, minha primeira aula seria de ciências e o laboratório ficava lá. De repente começo a me sentir zonza e sou amparada por uma garota.

—Cuidado guria. – Ela disse, enquanto me segurava pelo braço. –Por pouco você não sai rolando pelas escadas.

—Obrigada por me ajudar. – Eu disse, enquanto tentava me recompor. –Eu acho que tive uma queda de pressão, não é nada demais.

—Mesmo?

—Eu estou bem. Só preciso comer alguma coisa. –Eu tiro um pacote de salgadinhos da bolsa e me sento no chão do corredor. –Só acho que vou perder a primeira aula.

—Você pode comer durante a aula da velha. –Ela começou a rir. –É bem capaz daquele dinossauro nem notar a sua presença, vamos.

Ela me puxou e eu não entendi muito bem, até entrar na sala. A professora parecia ser bem... Experiente. Eu olhei para a menina ao meu lado e disse:

—Você não exagerou.

—Eu nunca exagero, guria. –Ela sorriu e tirou seu material da mochila. –Me chamo Kim.

—Eu sou...

—Ariel, a novata.

—Isso mesmo! –Eu sorri.

—Esta é Violette. –Ela apontou para uma menina que nos olhava.

Eu cumprimentei a menina e conversamos um pouco. Prestar atenção nas aulas de ciências era um pouco complicado, já que eu tinha a impressão de que a professora teria um troço a qualquer momento . De longe, vi Íris ao lado de Kentin nas primeiras fileiras, eles pareciam pensar o mesmo sobre a professora. O resto da manhã foi agradável, nos reunimos e conversamos durante os intervalos entre as aulas e eu pude conhecer mais alguns detalhes sobre Sweet Amoris.

Estava tudo indo bem, até que me deparo com Kentin, aparentemente triste. Ele segurava seus óculos e encarava seu armário, perdido.

—O que aconteceu?  -Eu perguntei, enquanto colocava uma de minhas mãos em seu ombro.

—A Ambre. –Ele suspirou, limpando seu rosto. –Ela pegou o meu dinheiro.

—Aquela... –Eu olhei para o lado, furiosa. –Não se preocupe, eu pago o seu almoço.

—Esse não é o problema. –Ele virou-se para mim, me mostrando os óculos. –Enquanto ela e as amigas pegavam o meu dinheiro, eles caíram no chão, ela aproveitou para pisar neles e agora... –Ele parou de falar e deu um longo suspiro. –Estão quebrados.

—Isso não pode ficar assim! Ela vai ver só, eu vou falar com o... Merda.

Kentin me olhou confuso. Eu não poderia ir atrás do Nathaniel, pelo menos não depois de tê-lo deixado na mão.  Revirei os olhos, pensando em uma solução.

—Vamos falar com a diretora, acho que ela pode resolver isso.

—Deixa... Ela provavelmente chamaria os meus pais aqui. –Ele suspirou mais uma vez, contendo o choro. –Isso seria pior, o meu pai provavelmente iria...

Enquanto dizia isso, lágrimas começaram a percorrer seu rosto. Eu o abracei.

—Eu não quero me separar de você outra vez. –Ele retribuiu o abraço.

—Como assim? –Nos afastamos e eu o olhei atentamente.

—Já faz um tempo que o meu pai quer me mandar para a escola militar. Quando algo assim acontece comigo, toda a família se abala.

Não pude deixar de me sentir culpada, talvez se eu não estivesse me afastado dele...

—Não é sua culpa, por favor não pense isso.

—Sou tão previsível assim? –Sorri um pouco sem graça, na tentativa de amenizar o clima.

—N-Não foi o que eu quis dizer.

—Está tudo bem. –Eu olhei para ele. –Por que você estava encarando seu armário ?

—Minha mãe vive perdendo os óculos dela e tem medo que o mesmo aconteça comigo aqui na escola. –Ele parou, olhando pensativo para o armário.

—Continue, estou ouvindo.

—Então-Ele continuou, coçando o queixo. –Ela me faz carregar um par de lentes de contato, para o caso de uma emergência.

—E estamos em uma, pegue suas lentes.

—Eu acho que perdi. Não as vejo em lugar nenhum.

—Tem certeza que não está aí?- Eu disse, enquanto me aproximava e o ajudava a procurar.

—É um pouco difícil de ter certeza sem meus óculos, não vejo nada.

—Me deixa procurar isso. -Eu dei um longo suspiro, o empurrando. –Encontrei.

A caixa com as lentes estavam bem na frente dele. Eu cruzei os braços impaciente, enquanto ele as colocava.

—Não é a melhor sensação do mundo, mas ao menos é aprova de Ambres. –Ele sorriu, enquanto se adaptava as lentes.

Eu olhei para ele por alguns minutos, eu nunca havia reparado de fato na cor de seus olhos. Eles eram um verde tão profundo, pareciam duas esmeraldas. Eu percebi que o olhava demais quando vi que ele estava corado.

—Ei, vocês dois!

Íris se aproximou de nós, ofegante e com uma caixinha nas mãos.

—Que bom que encontrei vocês. Minha mãe separou algumas sementes para o clube de jardinagem.

—Você vai ficar conosco? –Disse Kentin, enquanto pegava a caixa e analisava o conteúdo dela.

—Não, preciso fazer algumas coisas no clube de música. –Ela parou e olhou fixamente para ele. –Onde estão seus óculos?

—E-Eu resolvi guarda-los, não quero que algum acidente aconteça enquanto estou no clube. –Ele respondeu, com uma naturalidade surpreendente.

—Você tem belos olhos, deveria usa-las mais vezes. –Ela sorriu simpática, o fazendo ruborizar.

—Eu estava pensando o mesmo. –Disse, com os braços cruzados.

—Está vendo? Ariel concorda comigo, talvez você devesse tentar. –Ela falou, enquanto olhava as horas em seu celular. –Preciso mesmo ir, até mais!

Ela foi correndo pelos corredores, até tomar uma bronca por fazer isso na frente de um professor que quase teve sua pasta derrubada por causa da velocidade dela. Ken e eu seguimos pelo pátio sem dizer uma palavra, até que ele revolveu quebrar o silêncio.

—Você acha mesmo?

—O que?

—Que eu fico bem assim?

Eu revirei os olhos, sabia sobre os sentimentos dele por mim. Isso era algo que, desde a nossa antiga escola, ele não fazia questão de esconder.

—Sim, você tem belos olhos. –Disse franca, enquanto entrava na estufa para pegar algumas ferramentas.

Ele sorriu, corado. Voltamos ao mesmo silêncio constrangedor. Aquilo me afligia, ele percebeu e resolveu mudar de assunto.

—Sobre hoje de manhã, soube que você estava mal. O que aconteceu?

Sério que ele queria falar sobre isso? Eu me sentei no chão, revirando os olhos e soltando um longo suspiro. Ele sentou-se ao meu lado.

—Eu acho que tive uma queda de pressão, ênfase no acho.

— Por que não tem certeza?

—Eu já estou assim desde que entrei na escola, ou melhor, quando comecei a acordar mais cedo. Acho que preciso ir ao médico revisar a dose de um dos meus remédios.

—Entendi. –Ele estava visivelmente constrangido, mas continuou. –O que aconteceu?

—Como assim?

—As pessoas comentavam quando você foi para o hospital, cada um uma coisa. O que aconteceu de verdade?

—Eu fiz besteira, muita besteira e parei no hospital por causa disso. O que exatamente falavam de mim?

—Muita coisa. E-Eu não...

—Imagino o que devem ter dito, não acho que conseguiria voltar para aquele lugar. –Eu olhei para cima e em seguida apoiei minha cabeça em seu ombro. –Falar sobre os seus olhos estava melhor...

Eu queria contar tudo para ele. Precisava desabafar e tirar tudo aquilo de dentro de mim, mas não me sentia a vontade. Nossa reaproximação era tão recente, tudo me parecia tão frágil...

—Não acho que meus olhos sejam assim tão interessantes. –Ele sorriu e virou-se para mim.

Por causa da nossa proximidade e da virada brusca dele, nossos rostos ficaram extremamente próximos e isso nos fez corar quase que instantaneamente.

—D-Desculpe. –Ele voltou a sua posição anterior.

—Olá, vocês são membros do clube?

Um rapaz com os cabelos verdes se aproximou de nós. Kentin e eu nos levantamos e fomos cumprimenta-lo.

—Somos sim, chegamos há alguns dias.

—O lugar está meio mal tratado. Sabem quem é o responsável por isso?

—Não é você?- Eu disse curiosa.

—Eu não estudo aqui, estou apenas cumprindo um estágio.

Conversamos um pouco com o rapaz, que se chamava Jade. Fiquei um pouco perdida com todo aquele papo sobre plantas, mas fiz o possível para aprender alguma coisa com ele. No fim do dia me despedi dos rapazes (que ficaram até depois do horário cuidando do jardim) e fui para casa.

Durante o final de semana , meus pais decidiram fazer um piquenique no parque e eu não tive escolha senão participar. No fim, foi bem melhor do que eu esperava. O domingo foi... Um domingo.  Um dia cinzento, sem muita emoção. Eu fiquei um pouco ansiosa para a primeira aula, pois conheceria um novo professor que substituiria o anterior de História, mas não tive problemas para dormir, graças aos remédios. Isso me lembra de que devo falar com os meus pais para marcarem uma nova consulta e revisar essa maldita dosagem.

A manhã foi calma, meus pais saíram mais cedo para o trabalho e eu fui andando para a escola. O parque ficava tranquilo pela manhã, algumas pessoas saíam para correr e outras passeavam com seus cães. Algumas vezes eu podia me aproximar dos cãezinhos e isso me deixava feliz.

Chegando à escola, senti um aperto no peito ao perceber que Kentin me esperava com lágrimas nos olhos.  


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Notas finais do capítulo

Agora começam as tretas. hehe



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