O Naufrágio - HIATO escrita por Juffss


Capítulo 8
Se você pular, eu pulo.




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http://www.youtube.com/watch?v=vbfRnE_Hgis Assistam *-*

POV Rose

Lembro-me de ter acordada daquela noite mal dormida, pensando naquele gigante de covinhas. Seu toque ainda estava na minha pele. Olhei para minha mão, mais uma vez coberta pela luva e fechei meus olhos pensando em seu rosto. Ele era lindo. Meu corpo reagia a ele como nunca reagiu a alguém. Sentia-me protegida e ao mesmo tempo vulnerável. Talvez protegida do mundo e vulnerável a ele. E isso me fazia sentir bem.

Royce estava sentado a minha frente e seu olhar estava fixo a mim. Senti-me engolida por aquele olhar. Não era calmo, muito menos doce. Era raivoso, e se transmitisse doenças, provavelmente teria me contagiado. Sorri ainda calada. Uma quarentena de todos esses insuportáveis seria excelente.

Levei a xicara de porcelana nova a boca e meus olhos vagaram pelos seus detalhes em dourados, fora pintada a mão. Das diversas pinturas a mão que Royce tanto odiara. Ainda estava amargo o gosto. Coloquei um cubo a mais de açúcar e mexi. Ele ainda não havia retirado o olhar de mim, e eu estava começando a ficar constrangida. Encostei-me ao encosto da cadeira e olhei para o outro lado enquanto bebia mais um gole do chá que agora estava no mínimo tomável.

- Esperei que viesse me ver ontem à noite – Ele soltou.

Voltei a xicara para o pires e o encarei. Era muita ousadia dele esperar-me durante a noite. Eu o evitava e ele sabia disso, mas continuava a insistir.

- Eu estava cansada. – falei impedindo minhas células rebeldes de gritar com todas as minhas forças que o odiava.

- Suas manifestações no convés inferior foram exaustivas?

Meu corpo gelou. Royce sabia onde estava durante a noite interior. Era inaceitável para mim isso. Como ele sabia? Fechei meus olhos um pouco nervosa, eu tentei me concentrar e arranjar alguma fala que me tirasse dali. Foi impossível. Meu corpo queria levantar e correr para longe. E então observei de longe que o braço direito de meu noivo nos observava.

- Vejo que mandou seu servo fúnebre me seguir, é bem típico de você! – falei normal, mas minha boca espumava veneno que queria soltar em cima dos dois o transformando em palavras nem um pouco graciosas.

- Nunca irá se comportar de novo assim Rosalie, entende isso? – ele ordenou. Royce tinha essa mania de querer mandar em mim, mas quando ele perceberia que não iria conseguir coisa nenhuma comigo assim?

Fechei meus olhos e tentei não fazer contato visual com ele. Porem ele continuava a me encarar. E meu orgulho teimava em falar dentro de mim.

- Eu não sou um operário de sua fabrica, o qual você pode comandar – soltei, até mesmo sem ver que estava falando. – Eu sou sua noiva – como aquelas palavras arderam. Ele me olhou com ironia nos olhos.

- Noiva, é? – ele se levantava exaltado – Você é minha noiva sim – ele gritou a mim.

Minha feição estremeceu e minha cara de paisagem se transformou em medo. Nunca havia visto Royce perder sua calma, mesmo sabendo que ele seria capaz.

A mão de Royce se fechou contra a beirada da mesa e eu a vi voar para longe de nós dois. Vi a porcelana quebrar e olhava incrédula. Ele se aproximou de mim com cara de poucos amigos e segurou os braços de minha cadeira. Seu hálito de álcool penetrou minhas narinas me fazendo olhar para ele.

- Você é minha esposa – ele grunhiu em minha direção – Já o é, na pratica, embora ainda não seja por lei então terá que me honrar! Terá que me honrar como uma esposa honra seu marido! – ele segurava a minha cadeira e a sacudia, seus gritos entravam no meu ouvido como um barulho insuportável, como se estivesse debaixo de uma orquestra inteira. – Eu não serei feito de bobo Rosalie! – Meus olhos se encheram de água pelo medo que estava me tomando. – Fui claro?

- Sim – respondi com a voz tremula, era a primeira vez que sentia medo dele, ele estava bêbado e não havia ninguém para me ajudar caso ele decidisse me matar.

POV Jasper

Ouvi batidas insistentes em minha porta e a abri encontrando Alice. Ela me pareceu ansiosa e com medo.

- O que aconteceu Alice? – me preocupei com ela. Ela mal conseguiu falar antes que eu escutasse os gritos que vinham do convés de Rose.

Soquei a porta da cabine de minha irmã, mas ninguém a ousou abrir. Naquele momento eu mal me importava de estar trajando pijamas no meio de um convés.  Eu só queria que aquela porta se abrisse. Forcei a maçaneta tentando abri-la diversas vezes, mas estava trancada por dentro. Vi uma camareira passando e a chamei, obriguei-a a abrir a porta e entrei como um furação procurando minha irmã. Senti Alice em meu enlace e vi Royce sacudindo a cadeira de minha irmã.

- Royce! – eu grunhi, e ele se virou para mim com aquele sorriso sarcástico em seu rosto. Minha irmã virou o rosto na direção oposta.

Royce caminhou até perto de mim e olhou Alice de cima a baixo. Estressei-me mais. Royce riu.

- Rosalie não quer ver pessoas de classes inferiores a ela aqui. – ele olhou em direção ao seu capataz que logo colocou a mão em volta ao braço de Alice. O fiz tirar.

- Ela está comigo e que se dane o que Rosalie, ou melhor, você quer! – o informei. Ele olhou com desdém para Alice mais uma vez.

- Com licença. – falou enquanto fazia gesto para seu acompanhante saísse. Os acompanhei com o olhar enquanto saiam.

Vi a camareira abaixando em frente a minha irmã para arrumar a bagunça que Royce havia feito. Rosalie arfou estática em sua cadeira. Ela estava chorando. Eu sabia.

- Olha eu… - Rosalie falou tentando se controlar e levantando. Alice se aproximou dela enquanto ela tentava ajudar a camareira.

- Está tudo bem senhorita – A camareira falava tentando a acalmar.

- Deixe-me ajudar – a voz chorosa de minha irmã pedia.

- Não tem problema senhora. – a moça voltava a tentar acalma-la. – Não precisa.

Rosalie se apoiou em seu ombro e vi seu corpo tremer. Alice se abaixou ao seu lado e a abraçou. Minha irmã caiu em seu colo chorando e eu me aproximei das duas. Segurei a mão de Rose e a beijei, ela apertou minha mão com força. E colocou a outra no peito. Ela aparentou estar sem ar e não pensei duas vezes antes de rasgar seu vestido e afrouxar o espartilho para que ela pudesse respirar. Rosalie agradeceu com o olhar molhado. Royce iria me pagar por isso.

Ameacei levantar e Rose me segurou.

- Não vá! – ele previu o que faria.

- Ok, mas ele vai me pagar! – avisei.

Alice consolou minha irmã até o momento que ela se sentiu mais calma. Senti-me bem em saber que ela estava ali e que minha irmã finalmente poderia contar com alguém. Senti uma vontade de abraçar Alice e a beija-la, não só pelo o motivo de que agora ela era amiga de minha irmã, mas também porque ela estava linda, parada ali tentando consolar Rose.

- Vem, vamos trocar de Roupa Rose... – Ela falou ajudando minha irmã levantar.

Rose segurou o vestido na frente o apertando contra o corpo para que não caísse.

- Estarei na porta de seu quarto – falei dando um beijo na testa da minha irmã – não deixarei que tal canalha entre em seu quarto novamente. – lhe garanti e Rose sorriu agradecida.

POV Alice

Apertei o Espatilho de Rose mais uma vez, sem muita força para deixa-la respirar enquanto a consolava. Rose segurava no mastro de sua cama arfando as minhas apertadas.

- Está incomodando? – perguntei.

- Não gosto disso – respondeu honesta.

- Não faz parte de você... Não precisa disso...

Senti a porta abrir e Jasper tentar impedir. Vi a senhora Hale entrar no quarto da filha e Jasper pediu desculpas com o olhar. Ela colocou as mãos sobre as minhas me empurrando para o lado assim que ele fechou a porta. Rose olhou em sua direção e sua mãe a virou para frente apertando seu espartilho até que as duas partes se encontrassem. Rose ficou sem ar e joguei um olhar de desculpa para ela. Ela negou com a cabeça e senti que ela havia dito que a culpa não era minha.

- Não quero que vá para aquela classe novamente, entendeu? – a mãe abriu a boca para falar. Eu senti um aperto no coração. Sua mãe olhou em minha direção, porém continuou como se não estivesse ali – Rose, entendeu?

- Ah pare mamãe, assim você estourará uma artéria. – Rose disse com a voz cordada. Sua mãe agarrou seu braço a virando para ela e a tacou contra o mastro que Rosalie estava escorada.

- Rosalie eu estou falando serio, se ficar sabendo que foi mais uma vez naquele cortiço... – ameaçou

- Vai fazer o que? – Rose desafiou.

- Isso não é um jogo – ela esbravejou.

- Você quer sujar nosso nome? Nosso maior trunfo? Eu não entendo você. Eu consegui um bom partido para seu marido. Royce é um bom homem, ele vai assegurar sua vida de luxo como está acostumada.

- Como pode jogar isso em cima de mim? – Rose perguntou magoada

- Por que está sendo egoísta? Royce não acabará com seu dinheiro, o aumentará!

- Eu estou sendo egoísta? – Perguntou incrédula. – É tão injusto...

- É claro que é injusto! Somos mulheres e nossa escolha nunca é fácil. Temos que abrir mão da justiça para conseguir o que queremos! – Rose se calou, discutir seria impossível.

Sua mãe a virou e continuou a apertar o espartilho. Pude ver um sorriso em seu rosto. Havia conseguido o que queria.

- Pegue o vestido vermelho. – ela olhou para mim – está quase na hora do chá.

Ela estava achando que era uma das camareiras de Rose. Sorri para ela fazendo o que uma camareira faria. Ela se virou e saiu e me deixou com sua filha. Assim que ela saiu abri espartilho de rose para folgá-lo. Rose me agradeceu com um sorriso e eu a ajudei a colocar o vestido. Ela se jogou na cama em seguida e eu chamei Jasper que até então já havia trocado de roupa. E ele parecia mais bonito a cada hora que o via. Jasper se deitou do lado oposto à irmã e deu um beijo em sua testa. Logo os dois estavam se levantando para passear pelo barco e eu me retirei dos aposentos de Rose e me despedi dos dois, inventei uma desculpa para não ir e fui para a minha cabine falar com meu irmão. Minha esperança havia se acabado uma vez que Rose não poderia mais conversar com a gente.

POV Emmett

Havia passado a tarde toda ali. Deitado naquele banco olhando as nuvens passarem e agora as estrelas que surgiam naquela noite. Era calmo e eu podia deixar minha cabeça longe... Deixar minha cabeça neles. Foi legal passar um dia com os dois Hale. Não era de todo o mal como pensei. Mas minha cabeça não conseguia deixar de pensar nela. Pude observa-la em minha cabeça, cada ato que ela tinha feito parecia tão vivido pra mim. Ouvi alguém passar por mim correndo e escutei um som de choro. Levantei minha cabeça para olhar quem era e a vi.

A vi correndo para o final do navio. Levantei-me e fui atrás dela. Observei-a olhando para o oceano um tempo. Seus ombros subiam e desciam ofegantes. Ela decidiu subir na grade e passou seu corpo para fora do navio. O que ela estava fazendo? Ela virou tremula para o lado de fora. Ela estava um pouco pálida a luz da lua. Aproximei-me sem que ela percebesse e se exaltasse caindo no oceano. Ela mantinha os braços esticados como se fosse se jogar ao mar.

- Senhorita Hale – chamei e tive certeza de suas intenções – Não faça isso.

- Se afaste! – Ela grunhiu – Não se aproxime de mim.

- Me de sua mão – lhe estiquei a minha – eu te puxo.

- Vou me soltar! – ela ameaçou

- Não, não vai – joguei.

- Como assim? Não diga o que vou fazer! – ela disse nervosa – Você não me conhece direito!

- Se fosse fazer, já teria feito. – avisei.

- Está me perturbando! Saia daqui! – Mandou. Aquela não era a Rose que conheci ontem.

- Não posso, já estou envolvido. – relutei contra meus instintos que mandavam a deixar lá. – Se se soltar, vou ter de pular na água.

- Não diga absurdos. Você morreria. – ela disse o obvio. Senti em sua voz um pouco de preocupação, não por ela, por mim.

- Sou bom nadador. – garanti.

- Morreria só com a queda. – aproximei mais um pouco ficando em seu lado.

- lria doer, não nego isso. – a olhei e ela retribuiu o olhar – Na verdade, me preocupa mais a temperatura da água.

- Está muito fria? – ela perguntou temerosa.

- Gelada. Uns dois graus, talvez. – deduzi – Já esteve em Wisconsin ?

- O quê? – ela perguntou como se não soubesse o porquê da pergunta. Realmente ela não sabia.

- O inverno lá é dos mais frios. Eu fui criado em Chippewa Falls. Quando eu era criança, ia com meu pai, pescar no gelo no Lago Wissota. – contei e ela continuava com a cara de duvida – Para pescar no gelo...

- Eu sei como é pescar no gelo! – esbravejou.

- Desculpe. É que você parece ser do tipo que só fica em casa. – soltei – Não que não seja inteligente – tentei consertar e ela me olhou nervosa – Bem, o fato é que eu caí num buraco no gelo, e, pode acreditar, uma água tão fria como essa, é como mil facas furando o seu corpo todo. Você não consegue respirar. Nem pensar em nada além da dor que sente. Por isso, não estou ansioso para pular. Mas, como falei, não tenho escolha. Espero que você volte para este lado e me tire do sufoco.

- Você é louco! – ela balançou a cabeça e juro ter visto um meio sorriso no canto de boca dela.

- É o que todos dizem, mas... Com todo o respeito, não sou eu quem está para pular do navio. Vamos, dê-me sua mão. Você não quer fazer isso. – Pra minha surpresa ela virou a mão com cuidado segurando-se na minha, um pouco nervosa – Estou segurando! Pode vir! – a tranquilizei. Ela começou a subir na grade para pular de volta para dentro do navio. Ela estava um pouco apressada e acabou pisando em seu vestido senti o seu corpo cair e puxar o meu corpo pra baixo. A segurei com força e ela gritou.

- Ajude-me, por favor! – ela implorou para mim. – Por favor, me ajude! – ela berrava.

- Escute! Estou segurando e não vou soltar você. – afirmei pra ela tentando a puxar pra cima – Agora suba, vamos!

A vi obedecendo e passei um dos meus braços contra sua cintura. Ela abraçou meu pescoço e eu pude puxa-la para cima. Senti meu corpo se desequilibrar e ir ao chão com ela. Afastei o meu corpo do dela e tirei o seu cabelo loiro do olho. Acariciei sua bochecha. Sua cara ainda era de uma Garota assustada.

- O que é isso? – Escutei uma voz atrás de mim e vi um oficial do navio.

N/A:

Nem sei como pedir desculpas pela demora, =(

Foi um ano e tanto esse!

Mil vezes desculpas, é a única coisa que posso falar. Não irei me justificar, apesar de ser um ano corrido, pois tive ferias. Ferias que só pensei em dormir.

Mas o importante está aqui e agora. Um cap. Novo! ALELUIA *-*

Espero que gostem, de verdade e que não tenham me abandonado.

Gostaria também de pedir para que vocês leiam minha One: Evil Angel. Obrigada (=

Não existem limites para nossos sonhos, basta acreditar. Um ótimo natal e um feliz ano novo para todos vocês! (E mil presentes também porque isso é bom até fora de época!)

HOHOHO

Beijos do polo norte,

Juuh.


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