O Naufrágio - HIATO escrita por Juffss


Capítulo 2
Southampton


Notas iniciais do capítulo

Gostaria de dedicar esse cap. a MaryAnn que está fazendo aniversário hoje...

Parabens...



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POV Rosalie

 

Eu estava ali, sentada de frente a um espelho, esperando as empregadas terminarem de prender o meu cabelo e colocarem o grandioso chapéu que carregaria em minha cabeça até o navio de papai. Eu era Rosalie Lillian Hale, tudo que uma garota queria ser, e tudo que eu não queria ser. Por fora era uma garota comportada e por dentro eu estava morrendo, aos poucos.

Olhei para minha mão coberta por luvas brancas e senti o espartilho cortar meu ar, devidamente na moda, devidamente coberta, devidamente apertada. O espartilho que apertava meu tronco para deliberar minha cintura não me deixava respirar e atrapalhava as formas do meu corpo, tudo ficava artificial. Fechei meus olhos pedindo a Deus, mais uma vez, paciência para aquentar o mundo fútil em que vivia. Levantei cuidadosamente para não estragar o tailleur branco com listras horizontais roxas, caminhei lentamente para o espelho que ficava do outro lado do quarto e me olhei.

O que vi na minha frente refletido podia ser tudo, menos Rose. O tailleur não se satisfazia a meu corpo, o espartilho desnaturou minha forma, o chapéu imenso cobria parte de meu rosto, tudo aquilo me transformava em outra pessoa. Virei-me e caminhei até a porta, eu estaria perfeita aos olhos dos outros, dos outros.

Era quarta-feira de manhã, dia 10 de abril de 1912, em Southampton, Inglaterra. A primeira pessoa que vi da minha família foi meu irmão gêmeo. Parei na porta de seu quarto e o observei a arrumar os últimos detalhes de seu terno especial. Iríamos embarcar no RMS Titanic, o navio do papai.

- Animada querida irmã?_ ele perguntou a me ver, no reflexo do espelho, parada na porta de seu quarto.

- Não imagina como_ falei tentando parecer animada.

Jasper era o único que me entendia por completo. Sempre viveu as mesmas coisas que vivi e essa viagem seria o fim oficial de nossas vidas. Titanic nos levaria como prisioneiros para a nova terra, iríamos nos casar, forçados, mas iríamos. Eu sabia tão bem quanto ele que nosso inferno particular chegaria ao momento em que pisássemos no altar para nos casar.

- Filhos_ papai disse animado enquanto caminhava de braço dado com a mamãe.

Papai era o típico homem da alta sociedade, era o mais rico de toda Europa. Vivia viajando por todos os lugares fazendo sua fama de bom homem, e mamãe ia atrás de seu exemplo: vivia enfiada em eventos beneficentes e festas da sociedade. Eles são o exemplo perfeito de pais ausentes, nunca passavam nosso aniversário em casa e sempre estavam ocupados em uma data especial. Raramente os via, e nessas raridades sempre acontecia algo ruim. Da última vez, nossos pais, nos apresentaram os King e os Denali, as duas outras famílias que completavam o triunvirato do poder na Europa. Apresentaram com a desculpa de nos casar mais tarde, e não podemos dizer não.

Papai disse que se nos apaixonassem definitivamente, mesmo que seja pelos mais pobres de todo o mundo, poderíamos nos casar, mas enquanto isso não acontecia estávamos noivos. Agora estávamos para nos casar e toda a ilusão de amor perfeito havia desaparecido.

- Estão prontos?_ mamãe perguntou animada.

- Sim_ Jasper tentava estar à altura, mas eu podia ver a tristeza em seus olhos a cada passo que ele dava para fora do quarto.

No próximo momento estávamos sendo seguidos por oito empregadas que iriam embarcar no Titanic e alguns motoristas para nos levar, como sempre, iríamos a carros separados. Jasper sentou do meu lado sem falar nada, e nem precisava. Sabia perfeitamente que nos dois estávamos acabados por nossos casamentos. Passamos o trajeto todo fitando lados opostos, não tínhamos coragem de olhar um para cara do outro.

 

POV Alice

 

Acordei cedo e fui caminhar com meu irmão mais velho pelo porto onde estava ancorado o navio mais luxuoso que existia no mundo todo, o Titanic. Na verdade havíamos ido até o porto apenas para vê-lo. Sabia que a família Hale estaria embarcando e não perderia a chance de ver a herdeira e minha maior inspiração passando. Rosalie Hale não era uma garota que desejaria ser, nunca, sempre escutei meninas comentando o quão bom deveria ser ela e tudo, mas ela era uma inspiração apenas, pra mim. Era nela que me inspirava para desenhar modelos de roupas, de chapéus e de sapatos.

Estava carregando minhas muitas roupas e minha pasta de desenhos. Havíamos sido despejados no dia anterior. Sempre fomos pobres, da terceira classe, se não quarta ou quinta. Mas eu sabia que tudo iria mudar, um dia conseguiria mostrar para Rosalie meus desenhos e ela iria amar e usá-los, e ter uma roupa sendo usada pela herdeira Hale significava status imediato, riqueza exagerada em menos de dois dias e muito mais.

O único problema naquele momento é que havia perdido o meu irmão no meio da multidão que estava presentes para embarcar, se despedir de pessoas que iriam embarcar, ou apenas para olhar o imenso Titanic que faria sua viagem de inauguração. Minha sorte era ter marcado um lugar para encontrar com meu irmão caso isso acontecesse. Enquanto caminhava admirada como Titanic senti mãos fortes me empurrando para abrir passagem para passageiros da primeira classe que haviam chegado. O alvoroço era imenso e mal percebi que eram tripulantes do navio esperando na verdade os donos e seus herdeiros. De braços dados um casal com mais idade desceu do primeiro carro e caminharam lentamente com os olhos brilhando até o navio. Hale’s, pensei comigo mesma. E então os gêmeos, que só havia visto em jornais jogados no chão, desceram do segundo carro. Senti meus olhos brilharem por prestigiar as duas pessoas mais lindas do mundo caminhando até o navio. Nunca imaginei Jasper Hale tão bonito e senti meu coração parar.

Ele era o cara perfeito. Seu terno estava perfeitamente organizado com abotoaduras de ouro. Minha boca secou e meu coração parou, ele era um príncipe de contos de fadas. Mas era um sonho distante e inalcançável, assim como uma estrela. E ele era isso: uma estrela, no meu céu escuro.

Ela caminhava de seu lado com um chapéu que cobria metade de seu rosto, a metade virada para mim. Para todos, ela, estaria perfeita, mas eu sabia que as suas formas naturais não eram assim e o espartilho a atrapalhava, eu via no seu modo de andar, invisível para todos os outros, mas visível para mim, e apenas para mim. Ela parou bruscamente e olhou para os lados, senti seus olhos pararem sobre mim e se fecharem, ela suspirou. Quando voltou a abrir os olhos encarou novamente o navio e continuou andando, com passos mais lentos, como se seguisse para o inferno. Vi em seus olhos tristeza, dor e desapontamento, talvez ela não quisesse isso. Oito empregadas os seguiram carregadas de malas e caixas.

Assim que o caminho voltou a se abrir continuei caminhando até o lugar onde encontraria meu irmão. Ele rodopiava e girava em um dos postes que tinha ali. Quem o visse falaria que ele é louco, normalmente não se vê um cara musculoso e forte como ele é e com uns 2,0 metros de altura rodopiando em um poste no meio da rua, e eu tinha certeza que ele era maluco. Mas eu o amava, mesmo ele sendo uma cabeça oca.

- Emmett_ gritei e ele correu para me abraçar.

- Vamos para o Titanic_ ele sugeriu_ tenho que te contar uma coisa.

- E por que tem que ser no Titanic?_ perguntei

- Porque vamos embarcar nele_ ele disse e quase pulei de felicidade.

 

POV Jasper

 

Pronto não temos mais Saída, embarcamos na nossa prisão. Agora era o fim de nossas vidas, o fim dos nossos dias. Papai havia começado a conversar com um cara que sei lá o que era.

-... Além disso, o Café Parisiense oferece cozinha de primeira classe para os passageiros, com uma varanda de pôr-do-sol equipada com decorações trellis._ ele disse tentando impressionar alguém.

- Ele oferece uma piscina a bordo, um ginásio, banho turco, bibliotecas, tanto em relação à primeira e a segunda classe, squash e um tribunal?_ perguntou a pessoa que estava a nossa frente.

- Sim, e as salas da Primeira classe são enfeitadas com detalhes em madeira, móveis e outras decorações caras._ mamãe disse se vangloriando.

- E vocês meninos Hale, o que acham desse navio?_ ele nos perguntou.

- Superou as expectativas_ Rose respondeu com seu olhar triste e imperceptível aos olhos de muitos.

- Mas seria diferente se seus principais interesses não fossem o luxo e a opulência_ completei o que provavelmente Rose pensou.

- Ótima visão sobre o “navio que não afunda” _ o senhor disse.

- Não falaria tão convicto que não afunda, pois nada é indestrutível_ falei o que realmente pensava.

- Não existem botes suficientes para todos os que embarcarem, não é?_ Rose perguntou como forma de concluir o que eu já havia pensado.

- Não, mas não será preciso, o navio não irá afundar._ papai respondeu._ e de qualquer modo os passageiros de primeira classe seriam colocados nos botes primeiro, então não há com que se preocupar princesa_ contou.

- Quantas pessoas seriam salvas?_ perguntei.

- Cada bote tem capacidade para mais ou menos 35 pessoas, como são 20 botes salva-vidas, aproximadamente 700._ papai me respondeu_ mas não há necessidades de falar sobre isso o navio não afundará_ ele voltou a falar.

- E quantas pessoas a bordo?_ mamãe perguntou.

- 2.223, querida_ papai respondeu.

- Então morreriam 1520 pessoas?_ Rose questionou.

- Aproximadamente_ papai falou.

- Mas isso não vem ao caso_ o senhor, que por pouco esqueci estar presente, parou a discussão.

- E como será a viagem papai?_ perguntei.

- Atravessaremos o Canal da Mancha para chegar a Cherbourg, França, e receber mais passageiros, e pararemos no dia seguinte em Queenstown, na Irlanda, antes de prosseguir para Nova Iorque._ papai disse a rota da viagem, mas não era isso que queria saber.

- Não papai, estava perguntando quanto tempo demorará_ falei rezando para que a viagem demorasse o tempo o suficiente para, em minha ultima esperança, poder acabar com o casamento.

- Não faça à mínima, isso quem responderia é o Comandante_ ele disse como se fosse obvio.

- Então vamos nos instalar que logo começara o embarque dos passageiros da segunda classe_ disse o senhor, convidando a nos retirar e seguirmos a nossas cabines.

- Sim._ mamãe respondeu.

Acompanhei minha irmã até sua cabine, onde ela e mais duas empregadas entraram e entrei na minha que era logo em frente.

 

POV Emmett

 

Seguimos lentamente até o navio, afinal a primeira classe havia acabado de embarcar e não havia nem aberto o período para embarcar a segunda, quanto mais os passageiros da terceira, como nós. Alice estava que nem uma pulga pulando atrás de mim desde que falei que iríamos embarcar no Titanic. Não que ela percebesse que pulava, mas sempre foi assim, ela faz coisas sem ver.

- E então?_ ela perguntou_ Como conseguiu as passagens?

- Uma aposta_ respondi.

- Com quem?_ perguntou.

- Newton_ falei.

- E qual foi a aposta?_ ela me perguntou novamente.

- Ele apostou as passagens comigo que eu não conseguiria pegar uma riquinha fútil e insuportável._ falei calmo

- E quem foi?_ ela perguntou, mas tinha certeza que depois da minha resposta ela ia vir com uma de que nem todos os ricos são fúteis e insuportáveis.

- Irene Harris, a atriz_ falei_ sabe como essas atrizes são, sempre ficam com os caras mesmo não os conhecendo_ comentei_ E sim todos os ricos são fúteis e insuportáveis, inclusive os gêmeos Hale_ falei vendo sua cara de que era a hora de me xingar_ inclusive eles_ repeti.

- Pode falar o que quiser dos Hale, eu sei que é mentira, eu vi nos olhos deles_ ela disse contente.

- Allie nós só os vimos por jornais, e não tenho a mínima vontade de conhecê-los, como pode falar que eles não são assim?_ perguntei.

- Eu os vi embarcando, e coitados, seus olhos eram de dor_ falou.

- Duvido que eles sofram Allie, sempre tiveram tudo_ falei arrogante.

- Rose me olhou_ ela disse feliz.

- Rose?_ falei assustado para o apelido que ela, agora, tratava a menina Hale.

- Emmett deixa de ser chato_ ela disse me repreendendo.

Minha irmã podia ser tudo, tudo mesmo, mas eu a amava. Amava o suficiente para bater em qualquer menino que ousasse encostar-se a ela. E amava o suficiente para escutá-la falar de suas baboseiras, e não discutir com ela. Mas amava o suficiente para aceitar que ela sempre vai defender os Hale. E não é como se eu não gostasse deles, mas são ricos, os mais ricos da Europa, e minha irmã se ilude com eles, e com todos os outros, e eu sei que isso vai a fazer sofrer futuramente. Eu sinto. Sempre achei os ricos idiotas o suficiente para não serem humanos, e como eles são milionários, provavelmente seriam milhões de vezes piores.

Mas era minha irmã e ela os defenderia. O que eu podia fazer quanto a isso? Nada.

Agora era esperar que pudéssemos embarcar enquanto Allie ficava tagarelando alguma coisa sem noção na minha cabeça.

-... Vai ser tão bom estar no mesmo lugar que os Hale..._ escutei ela falar.


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Notas finais do capítulo

Bom temos uma Rose revoltada... Uma Allie alegre... Um Jazz inteligente e triste... e um Emmett que nao suporta os ricos...

obs: nada contra as atrises... mas tinha que achar alguem para fazer "facil" e escolhi essa tripulante do verdadeiro titanic.

Beijooos e o que estao achando??

Juuh