Prólogo

— Alguém está me ouvindo?_ ouvi o grito de um dos tripulantes do navio dos sonhos._ Alguém está vivo ai?_ ele perguntou novamente.

Eu queria gritar, eu queria falar que eu estava ali, viva, mas minha voz não saia. Talvez aquele devesse ser meu fim, um fim trágico, mas de qualquer forma seria um fim.

Olhando para o céu estrelado naquela madrugada de 15 de abril de 1912, eu ainda tinha consciência de que havia três pessoas ao meu lado. As três pessoas mais importantes, a partir de hoje, na minha vida.

Antes que eles pudessem reagir pulei no mar frio e cortante e nadei até um dos cozinheiros morto de hipotermia, das águas frias do escuro e profundo oceano. Peguei seu apito de metal e assoprei. Os primeiros assopros foram tremidos e fracos pelo frio, mas consegui chamar a atenção do único bote que voltou para salvar os sobreviventes do naufrágio do navio que não afunda...

Ou não...