Teen Titans - Caminhos Traçados escrita por Donzela de Ferro


Capítulo 10
A Guerra Fria Titã




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Como eu já havia dito anteriormente, meus instintos de telepatia, principalmente ao sentimental estavam apitando de uma forma que eu não entendia. Fazia muito tempo que não sentia algo parecido dentro de um círculo de amizades, e isso estava me incomodando. Para falar bem a verdade, eu nunca fui uma pessoa de muitos amigos. Como passei a maior parte da minha infância dentro de um laboratório e a outra dentro dos muros da mansão Wayne, isso me privou um pouco de fazer amizades que não tivessem a ver com negócios ou com relações de boa convivência social, resumindo, status.

Só depois que passei a sair, quando já era adolescente, que comecei a estabelecer amizades, o que foi péssimo, porque muitas vezes eu não sabia como agir ou lidar com os sentimentos de outras pessoas, o que acabava por muitas vezes afastando-as de mim. Sobretudo, eu sempre chegava à mesma conclusão no final das experiências: meu melhor amigo é, sempre foi e sempre vai ser Alfred Pennyworth. No sentido mais literal possível. Ele sempre me aconselhou e ajudou quando eu precisava, me animou quando eu estava triste e garanto que isso não foi uma obrigação de mordomo dele, foi feito por amor mesmo.

Voltando à situação da torre, eu nunca havia pressentido algo assim, e eu ia descobrir o que era. Os dias após a internação de Dick foram pacíficos, isto é, não houve muita coisa, apenas alguns problemas com bandidos pequenos, que eram coisa de um só titã resolver. Mas uma coisa me chamou muito a atenção durante isso, que era o fato de que quando era a minha vez de ir resolver o "pepino" do dia, ao voltar eu sempre me deparava com a mesma cena: Kori e Dick, sentados um do lado do outro, rindo, da mesma forma que eu ria quando estava com ele. Quer dizer, Dick tinha uma forma única de rir quando estava comigo em comparação a quando estava com outras pessoas, e nessas vezes com Kori, ele estava da forma normal, mas ela não estava. Ela parecia muito mais interessada do que o normal, e isso me irritou um pouco. Já bastava as faltas de noção, o beijo que ela deu nele logo quando se conheceram e aquele episódio quando Dick estava doente, mas, mais isso agora??? E como se não bastassem as risadinhas e jogadas de cabelo, ainda tinha os toques que ela ficava dando, como se fosse se assanhar pra cima dele. Na primeira vez, achei que era coisa da minha cabeça, mas quando vi que isso se repetiu mais outras duas vezes, tentei controlar minhas emoções pra não explodir a cidade, mas não pude deixar de estar extremamente irritada com isso.

Além disso tudo, não pude deixar de notar que nenhum dos dois havia ido resolver as situações, mesmo que mínimas naquele mês atípico, com coisas quase insignificantes para nosso potencial. No terceiro dia em que isso se repetiu, eu fiquei observando da porta da sala, eis que junto a mim chega Garfield:

— Por que você está soltando faíscas ai, Vic? - perguntou ele.

— Basta olhar, Gar... - respondi.

A expressão facial dele mudou, e ele me disse:

— Já não é a primeira vez...

— Não mesmo, mas vai ser a última. -respondi.

Nesse instante, eu fui em direção a eles e acho que como um golpe de raiva, me atirei no colo de Dick e lhe lasquei um beijo.

—Tudo bem com você, meu amor? - perguntei.

— Ei! Como foi? Nada demais de novo? - disse ele, enquanto me dava um beijo na bochecha.

— O mesmo dos últimos dias. -respondi.

Nesse momento, eu olhei no fundo dos olhos de Kori. Eles eram verdes, como os de uma típica tamaraniana, mas estavam diferentes, em expressão de fúria. Foi somente aí, após algumas especulações da minha cabeça de que me dei conta que ela estava realmente interessada em Dick. Tentei não deixar transparecer o que percebi, mas por dentro, eu sentia que era quase uma guerra declarada. Tentei deixar isso pra lá e só tomar alguma atitude caso fosse necessário, eu realmente não queria brigar com alguém como ela, primeiro de tudo por ser minha companheira de equipe, mas também pelo fato de que ela era muito forte, ia me dar trabalho. Sem falar que eu e Robin estávamos indo super bem em nosso relacionamento e eu não podia admitir que alguém fosse tentar estragar isso.

Alguns dias depois, houve a quebra da harmonia de vilões pesados para os Titãs. O Irmão Sangue, depois de muito tempo sem aparecer, veio à tona cercado por seus fieis fanáticos, que, não vou mentir, deram bastante trabalho, até porque eu imagino que ele deve ter injetado alguma coisa nessas pessoas que fez com que elas ganhassem resistência, força e outros atributos de luta. O Sangue nunca foi um inimigo fácil de enfrentar, mas eu tinha a impressão de que ele queria mais do que converter pessoas para a seita maluca e fanática dele com o fim de dominar o mundo e essas coisas esquisitas. Ele queria poder, muito poder. Ele não tirou os olhos de alguns dos Titãs, como de Ravena, Cyborg (que sempre foi alvo dele) e de mim. Faria todo o sentido, já que Ravena possuía poderes sobrenaturais do submundo de Trigon e combinados com a força de Azarath, Cyborg era um gênio da tecnologia... mas, eu? A menos que ele soubesse como extrair meus poderes eu não seria útil para ele em nada. Eu me enchi de conexões: será que Slade tinha feito algum acordo com ele? Eu duvidava um pouco, até porque como já esclareci, a minha relação com Slade Wilson era muito peculiar, ele tinha sede de vingança própria e não iria buscar meios para executá-la através de outra pessoa. O que estava acontecendo?

Não sei como, mas ele nos cercou, a nós três. Pouco a pouco fomos ficando cansados, sem forças para lutar mais, estávamos há horas ali, sem sucesso algum contra aqueles seguidores fanáticos, eram centenas de milhares, que pareciam cada vez mais se multiplicar. Vi que não teria jeito, eu tinha que fazer alguma coisa.

—Cyborg, Ravena, eu preciso de vocês, tive uma ideia!!! -gritei.

Os dois esperaram  minha fala:

—Mantenham eles ocupados, não precisam derrotá-los, só... OS OCUPEM!!! Eu já volto!

Fui até Estelar, Robin e Mutano e falei:

—Preciso de ajuda! Robin, Mutano, preciso que vocês passem TODOS os cidadãos para o outro lado da cidade, não quero que sobre ninguém além de nós e massa de gente do Sangue!!!

—Estelar, você consegue fazer uma barreira de energia? -perguntei.

—Isso é coisa da Ravena fazer, não eu! Não sei como fazer! -respondeu ela, desesperada pelo meu pedido.

—Os poderes da Ravena não conseguem segurar os meus que não são da escuridão, Estelar, você é a única chance de bloquear meu ataque! -falei.

Ela semicerrou os olhos e fez um sinal de afirmativo com a cabeça, voando em direção ao local que dividia o conflito e onde estavam os cidadãos. Após um momento de concentração, ela soltou uma incrível rajada de energia verde, que formou uma barreira enorme, impedindo que qualquer ataque nosso dentro de batalha se espalhasse para o resto da cidade.

—Eu quero todos atrás da barreira!!! TODOS!!! -gritei.

— O que? E deixar você sozinha? Está ficando louca??? O que você pretende fazer??? -gritou Robin.

—Eu preciso que vocês confiem em mim, por favor!!! Eu só tenho uma chance para fazer funcionar, mas pra isso preciso de vocês a salvo! - expliquei.

Eles me olharam com cara de terem entendido o que eu dizia, confiaram, de fato em mim.

—Estelar, preciso que você segure a barra no seu máximo, está me entendendo??? -gritei.

Ela fez um sinal com a cabeça e abriu o campo para os outros titãs passarem.

Nesse momento, todos os titãs se reuniram atrás de mim, com Estelar pondo toda a sua força na barreira. Eu nunca tinha usado esse poder em tão larga escala, mas aquela era a hora que eu devia, nós estávamos quase nos perdendo para aquele "exército". Peguei minha concentração, me voltei para onde os fanáticos estavam e com todas as minhas energias, abri o maior grito sônico que já havia dado na minha vida. Foi amedrontador. Ele deve ter durado cerca de uns 30 segundos ou algo próximo, mas foi a um nível de destruição em massa, que pode facilmente ser comparado como superior às bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki. Num instante ensurdecedor até mesmo para mim, que emitia as vibrações vocais, tudo que estava depois da barreira se devastou. Eu não me senti nada bem, pois não sou alguém que mata, sou uma super-heroína, meu dever é ajudar, e não matar, mas aquilo era uma situação de vida ou morte, e eu não poderia arriscar perder mais vidas inocentes para o Irmão Sangue. Eu não me lembro muito bem o que aconteceu durante a devastação, só sei que acordei no meio de muita poeira. Devo ter apagado por uns 10 segundos devido ao tanto de energia e poder que usei naquele fatídico grito.

Quando me levantei, a única coisa que vi em minha frente eram alguns escombros. No meio deles, vi um movimento, mas não dei muita importância, pois meu objetivo era achar o Sangue no meio daquilo tudo e buscar saber o que ele queria conosco. No meio da minha busca, ouvi um barulho de corrida. Era ele, frente a frente comigo. Como um jato, voei até ele e começamos a lutar. Como eu já estava fraca, não aguentei lutar muito e em dado momento, ele escapou de minhas mãos. Foi quando os titãs chegaram, rapidamente.

—O Sangue está fugindo!!! -gritei.

Me levantei rapidamente e comecei a correr atrás dele. Aquilo havia se tornado pessoal. Eu realmente iria arrancar dele o porque daquela mira em mim, Cyborg e Ravena, por bem ou por mal. Eu estava muito perto de alcançá-lo, até que pelas minhas costas, senti um golpe, algo meio quente, como se alguém tivesse me atingido com um raio ou algo do tipo, e caí no chão, deixando o Sangue escapar. Quando olhei para trás, vi Estelar com a mão estendida em minha direção e todos os titãs pálidos, não entendendo o que estava acontecendo. Gritei:

—O QUE TEM DE ERRADO COM VOCÊ???? DEIXOU ELE ESCAPAR!!!!! 

—Eu queria acertar ele, não você!!! -respondeu ela.

—Aí você simplesmente atira comigo na sua mira? Por que não me falou para sair da frente?????? -respondi, super irritada.

—Calma, Vic, você sabe que não foi de propósito! -se intrometeu Robin -ele escapou agora, mas vamos pegar ele, eu sei que vamos!

Eu olhei direto em direção aos olhos dela e percebi que me olhavam de forma diferente, eram com amargor, algo que nunca havia visto em Kori antes, que eu pensava ser alguém tão doce e meiga. Aquilo era sério, e comecei mais uma vez a fazer minhas conexões: as faltas de noção, o beijo no dia que se conheceram, as vezes que não foi cuidar dos casos pequenos naquela semana, as risadinhas e jogadas de cabelo e agora, aquilo. Tudo se encaixava perfeitamente... a Kori tinha de fato uma queda ou algo do tipo pelo Dick e iria além para tentar nos separar, mesmo que isso significasse me prejudicar. Foi então que finalmente concluí o ar diferente que eu estava sentindo no meio dos Titãs. Era ela. A partir desse dia, ela declarou a mim uma espécie de guerra fria entre nós, onde não nos atacaríamos dentro da convivência social, mas dentro de outras circunstâncias, sendo elas de luta ou amorosas, eu tinha que estar preparada, agora, com mais uma preocupação além dos nossos inimigos.

Após o ocorrido, fomos para a torre. Enchi a minha banheira com água bem quente para relaxar a tensão muscular daquele dia e tinha planos de praticamente hibernar. Eu estava bem pensativa acerca de tudo aquilo, meu dia em si foi bem cansativo. Pensar no Sangue, em como ele escapou, no que a Kori tinha feito naquele dia, em como eu tinha medo de perder o Dick... minha cabeça estava explodindo, eu precisava de uma folga. Quando estava prestes a relaxar, ouvi um barulho no meu quarto. 

—Quem está aí?? -perguntei em alto e bom tom.

—Sou eu! Posso entrar aí com você? 

Era o Dick. Não tinha nada melhor para aquele momento do que passar um tempo com ele para descontrair. Ele abriu a porta do banheiro, e me viu lá deitada na banheira quente. Não disse mais nada, apenas tirou a roupa e entrou na banheira também. Me deu um beijo e sentou num canto, me puxando para sentar em seu colo.

—Que dia, hein?! -murmurou ele.

—Nem me fale... posso te fazer uma pergunta? - falei.

—Deve. 

—Você também tem notado alguma coisa diferente na Kori? Não sei, ela me parece diferente, a personalidade dela, não sei explicar. - falei.

—É, nós nos aproximamos muito, mas não sei te dizer. - disse ele.

—Eu percebi... vou ser bem sincera, eu estou achando que ela tá querendo alguma coisa com você. - disse a ele.

—Comigo? Victoria, não viaja. Eu e a Kori somos só amigos. Não me diz que você ta com ciúme... - falou.

—Não, Dick, não é ciúme, eu só acho isso tudo muito estranho, apenas. - falei.

—Bom... se for isso mesmo, você sabe que não tem com que se preocupar, né? - perguntou.

— Não é em relação a você que eu me preocupo... - falei.

—Por favor fique tranquila. Que tal deixarmos isso pra lá e relaxarmos um pouco? Nós merecemos, você mais do que eu ainda, depois daquela devastação. - falou e em seguida, me deu um beijo.

Nesse momento eu soltei um riso sincero do fundo da minha alma e nós dois começamos a nos beijar, o que fez com que o clima começasse a esquentar ali na banheira mesmo. Afinal, nus, comigo sentada no colo dele e pegação, o que mais além de amor e sexo poderia acontecer, não é mesmo? Ficamos um tempo lá nos apreciando e logo depois fomos para a cama, onde rolou, mais uma vez, uma noite sensacional de transa com ele. No final das contas, acabei deitada no peito dele, com ele fazendo carinho no meu cabelo, em silêncio mesmo, só curtindo a companhia um do outro. Mas no fundo mesmo, eu só conseguia pensar na mudança em minha vida em relação à Kori e que eu não ia deixar ela estragar momentos como o que eu estava tendo naquele instante. Por fim, pegamos no sono, daquele jeito mesmo e assim, aquele dia horrível terminou, da melhor forma que poderia terminar.


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