Teen Titans - Caminhos Traçados escrita por Donzela de Ferro


Capítulo 11
A Boa Filha a Casa Torna




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Eu acordei com uma dor de cabeça tremenda após a noite que se sucedeu com Dick. Permaneci acordada por alguns minutos, acho que mais ou menos por uma hora, para ser mais precisa, antes de acordá-lo. Nesse tempo, para variar um pouco, nada mais além das mesmas coisas conseguiam sair da minha cabeça: Irmão Sangue e Estelar. Isso realmente mexeu muito comigo, a um ponto que minha imunidade baixou. Esse fato somente deixava as coisas mais claras ainda para mim, ou seja, primeiro, que um motivo tão ridículo como a "disputa" pelo amor de uma pessoa me trazia consequências cada vez mais abrangentes, até mesmo psicológicas e, segundo, que eu precisava sair um pouco de Jump City. Mas como eu faria isso? A equipe dava conta do recado, mas ainda assim precisava de mim e, que desculpa eu daria para passar uns dias fora? Falaria que eu não estava mais aguentando olhar para a cara deles? Eu estava numa situação quase sem saída. 

Por alguma ironia do destino, depois que Dick acordou e que fomos para a sala central da torre tomar café com os demais, Cyborg se dirigiu a mim e me entregou uma carta, endereçada para mim, Victoria Wayne, em um envelope consideravelmente grande para ser uma correspondência qualquer. Quando olhei de perto o envelope, percebi que havia uma marca d'água, com um grande W. Era o brasão da família Wayne. No momento em que vi, vieram muitas coisas à minha cabeça, mas sem pensar muito, logo abri o envelope. Dentro dele havia um convite, lindo, todo talhado em dourado, com ramos enfeitando sua margem. Como eu poderia me esquecer?? Era a festa anual de caridade das Indústrias Wayne, e era do meu ramo. Eu possuía um ramo dentro da empresa para o desenvolvimento de tecnologias beneficentes, criadas e projetadas por mim, destinadas a populações carentes, que produzia, por exemplo, máquinas de purificação de água em regiões escassas de água potável na África e, também, promovia o auxílio a pessoas que estavam em vulnerabilidade social. O fato de ser do meu ramo tornava ainda pior o meu esquecimento da festa.

Dick, ao ver o convite na minha mão, logo se pronunciou:

—Festa beneficente? Quando?

—Nesse fim de semana. -respondi.

—Você quer dizer, amanhã? -retrucou ele.

—AI MEU DEUS, É AMANHÃ. TENHO QUE IR CORRENDO PARA GOTHAM! AGORA! -exclamei, desesperada por não notar nem a passagem de tempo, nem ter lembrado da minha maldita festa.

—Calma, Vic, é só ir voando. Você chega lá em segundos se quebrar a barreira do som! -insinuou Garfield.

—Gar, não dá para ir voando, seria muito óbvio a Donzela desaparecer de Jump City e a Victoria aparecer em Gotham do nada. Sem falar que mesmo quebrando a barreira do som eu ainda seria facilmente rastreável. -respondi, enquanto me levantava para ir arrumando minhas coisas.

—Aff... você é chata, o Kent faz isso o tempo todo! -retrucou ele.

—O Clark é jornalista, não tem uma reputação, eu tenho! Cyborg, depois que você terminar de devorar quase nosso café inteiro, poderia me fazer um favor? -disse eu, rapidamente.

—Diga! -respondeu ele, de boca cheia.

—Como estou com pressa e preciso resolver umas coisas, poderia fazer a verificação da minha moto? Por favorzinho! -insisti.

—Claro, é para já! -respondeu ele, com boa vontade.

—Obrigada Vic, você é o melhor! -agradeci rapidamente e saí correndo para meu quarto, para arrumar minhas coisas.

Naquela manhã eu havia lutado contra meus demônios porque precisava de um tempo e o destino acolheu minhas necessidades de forma surpreendente. Enquanto enfiava algumas coisas na bolsa, como roupas íntimas e artigos essenciais como minha katana rainbow dada de presente a mim pela Liga dos Assassinos, para lutar com o Bruce como sempre fazíamos para nos divertirmos, Dick entrou em meu quarto.

—Quer que eu vá com você? -perguntou ele, animado.

—Na verdade, Dick, eu acho... melhor não. -respondi, receosa.

—Por quê? Eu também tenho o direito de ir, esqueceu? O Bruce não iria se incomodar! -insistiu ele.

—Não é por isso, Dick, eu tenho certeza que ele iria adorar que você fosse, o Alfred também iria, mas eu não acho pertinente assumirmos publicamente algo nesse momento para a alta sociedade de Gotham. Você entende... certo? -respondi, com pesar enquanto colocava minha mão em seu rosto.

—Tudo bem... eu entendo. Assumir queimaria sua imagem de herdeira. Ainda mais com seu "irmão" adotivo. -respondeu ele, com raiva.

—Não tem nada a ver com isso! Você sabe muito bem! -falei, em tom alto.

— Então tem a ver com o que??? Me diga! -exigiu ele, falando alto enquanto apertava uma de minhas mãos.

—Eu não contei de nós para o Bruce ainda, Richard!!! Ok???!!! Era isso que você queria ouvir??? -gritei, com um pouco de raiva misturada com vergonha.

—Por que não me disse antes? Me... desculpe. -respondeu ele, meio sem graça.

Você deve estar se perguntando: por que diabos ele simplesmente aceitou essa resposta sobre o Bruce? E aí está a resposta: o Bruce era MUITO ciumento comigo. MUITO. Apesar das relações que ele provavelmente sabia que eu havia tido com algumas pessoas e saber como eu era, as vezes até mesmo inconsequente, enquanto não fosse algo sério, ele fingia não ver. Porém, eu e Dick estávamos há alguns meses juntos, ou seja, algo mais sério. Sem falar que ser o Dick naquele momento não ajudava muito, porque sendo filho adotivo dele, isso piorava a situação de desespero dele. Acho que mesmo eu e Dick não tendo convivido nada como "irmãos" e não compartilharmos o mesmo sangue, Bruce via isso praticamente como incesto. Ia ser dose para leão contar isso para ele, mas eu dava conta. O problema seria eu simplesmente aparecer em Gotham com Dick agindo normalmente como um casal. Isso mataria o Bruce do coração. Como pode-se perceber, até mesmo o Batman tem um ponto fraco, no caso, sua filhinha amada (ironia, porém, real).

Terminei de arrumar minhas coisas, pus minhas calças compridas, botas e jaqueta de couro e me dirigi diretamente para a garagem da torre. Já lá, estava me esperando Cyborg com minha Harley-Davidson nos trinques, pronta para pegar estrada. Me certifiquei que quem estava saindo da garagem era a Victoria em aparência física e peguei meu capacete espelhado que eu mesma desenvolvi contra impactos e outras adversidades. Antes de ir, Dick foi até mim:

—Boa viagem. Dê um show no baile, o centro das atenções é você e... mande o Bruce parar de ser cabeça dura e deixar de lado a rejeição a smartphones, que já está ficando chata a comunicação entre cartas. Eu amo você. 

—Hahaha, obrigada meu bem. Também amo você. Fiquem bem e se precisarem de mim, me liguem, venho voando, literalmente. -respondi.

Tirei a máscara de Dick e nos beijamos. Abaixei meu capacete e caí na estrada, entrando a mais de 100km/h. Como eu adorava aquilo. Fazia tanto tempo que não pegava estrada daquele jeito. Em algumas horas eu cheguei em Gotham, um pouco cansada para dizer a verdade. Chegando na mansão, toquei o interfone.

—Pois não? -era a voz do Alfred.

—Sou eu Alfred, abra a garagem para mim, por favor, estou de moto. -respondi.

—Senha secreta? -disse Alfred, relembrando nossa brincadeira de quando eu era criança.

—Não existe senha secreta, Pennyworth, eu apenas quero batata frita. -respondi, em tom de brincadeira.

Ele então abriu os portões e a garagem que lhe pedi. Alfred não era do tipo afetivo, mas comigo ele sempre foi. Saltei da moto e nos abraçamos.

—Que saudade! Como andam as coisas por aqui? -perguntei.

—Para ser sincero, na minha não tão humilde opinião, andam monótonas sem a senhorita aqui. -respondeu ele.

Eu dei um sorriso, e já perguntei:

—E o Bruce? Está aí?

—Já está chegando para recebê-la. Fique à vontade para ficar em seus aposentos, se desejar. Irei preparar aquele chá vermelho que a senhorita adora. -disse Alfred.

—Perfeito. Muito obrigada, você é 10! Seria muito abuso te pedir para assar aqueles biscoitinhos da sua receita de família? Estou morta de fome e com saudade deles. -falei.

—De forma alguma, em 30 minutos levarei para a senhorita. -respondeu ele e se retirou para cumprir suas tarefas.

Enquanto isso, me dirigi à sala central da mansão e fiquei olhando, recordando. Quando menos espero, sinto alguém me observando. Me virei. Era Bruce, que abriu um sorriso que provavelmente não dava há tempos. Foi rapidamente até mim e me deu um abraço apertado, saudosista, que durou bastante para dizer a verdade.

—Como vão as coisas com os titãs? -perguntou ele, imediatamente.

—Estão bem. Quero dizer, um pouco complexas, mas bem. Ando meio sobrecarregada, por isso, esse baile foi uma bênção para me tirar um pouco da rotina. -respondi.

—É ótimo te receber em casa novamente, minha filha. -disse o Bruce, emocionado de forma que eu nunca havia visto antes, ainda mais por sempre ser uma pessoa até um pouco mais fria do que deveria.

Alfred então trouxe o chá e os biscoitinhos, ainda quentes e deliciosos. Eu e Bruce ficamos lá conversando, jogando papo fora até anoitecer, até um pouco de madrugada, o que foi muito, já que começamos a conversar pouco antes do fim da tarde. Contei a ele sobre mim e o Dick. Ele ficou meio perplexo, passou por uns segundos de frustração, mas aceitou um pouco melhor do que eu imaginava. Continuamos a conversa comigo contando tudo o que aconteceu desde que mudei para Jump City e encontrei os titãs, incluindo a progressão da minha relação com Dick. Ele também me contava coisas, as dificuldades de livrar a empresa de tantos golpes e fraudes e as aventuras dele como Batman, incluindo algumas mulheres que eu não fazia ideia de quem eram (e nem queria saber, para dizer a verdade, eu tinha certeza de que todas ou a maioria tentavam se aproveitar do meu pai mesmo). Alongamos nosso papo e mais tarde fomos dormir, o dia seguinte seria bem cheio.

 


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