Capítulo 4 - Família

No horário combinado, se encontraram no aeroporto e seguiram viagem para a cidade natal da loira. Como era muito cedo, mal conversaram e ela já pegou no sono, utilizando o ombro dele como apoio.

Gaara sentiu o incomodo conhecido pelo peso extra, mas não se permitiu acorda-la, apenas quando a aeromoça indicou que já estavam prestes a pousarem.

— Oh! Sinto muito. Te usei de travesseiro. - brincou ela.

— Bem, não foi um problema. Hm, como iremos até a casa dos seus pais? Um taxi?

— Oh, não. - disse ela, parando no caminho.

— O que houve?

— Dois problemas. Um: meu pai está vindo aí. Dois: esquecemos as alianças.

— Respire, princesa. Você não pode por tudo a perder agora. Deixa que eu resolvo isso e entre na dança.

— Meu bebê! - disse um senhor alto e loiro, claramente pai de Ino, ao esmaga-la num abraço forte.

— Papai! Eu preciso respirar! - reclamou ela, rindo. - Pai, esse é o Gaara. Meu... - Ino estava titubeando ao mentir para o pai, então Gaara se viu necessário para ajudá-la.

— Senhor Yamanaka. É um prazer finalmente poder lhe conhecer. Sua filha é completamente apaixonada pelo senhor. - disse Gaara, estendendo a mão para o "sogro".

— Precisamos conversar, meu jovem. - disse o senhor, apertando a mão com força de Gaara. - Mas estou feliz demais de ver minha pequena alegre novamente. Por isso, não irei te por para correr. - passou o olho pela mão de Ino e completou - Ainda.

— Pai! - retrucou ela e Gaara apenas sorriu de leve, concordando.

— Se eu tivesse uma filha como o senhor tem, faria o mesmo.

Seguiram para o carro da família e, minutos depois, chegaram ao vinhedo, onde todos os aguardavam.

— Espero que estejam descansados. A família está com saudades de você, porquinha.

— Por favor, pai... Não me diga que mamãe organizou algo.

— Deixe ela, Ino. Ela está feliz por te ver. - disse Inochi. - Não faça desfeita a ela.

— Gaara não dormiu nada durante a viagem - tentou ela.

— Eu não estou cansado, princesa. - brincou ele, rindo da cara emburrada que ela fez.

— Ótimo então!

— Você vai se arrepender disso ainda - murmurou ela, baixinho, para ele.

E, de fato, quando ele viu a quantidade de gente, titubeou. Pensou por um momento que seriam apenas alguns parentes da loira, mas viu todos aqueles que ela havia lhe apresentado por meio de fotos e mais alguns que ela havia comentado.

Quando Harumi, mãe de Ino, chegou para abraçá-los, Gaara entendeu o porque dela não querer magoa-la. Era visível que a senhora estava passando por um tratamento quimioterapico. Mas, mesmo assim, a senhora tinha uma vivacidade e uma pose se sustentando.

— Vamos, minha querida! Nos mostre o anel! - perguntou ela depois das apresentações. Gaara tomou a palavra para ajudar a loira.

— Senhora, a culpa é totalmente minha. Eu sou primeiro tenente, médico da Aeronautica, e estava em missão quando a pedi em casamento. Voltei tem poucos dias e com a viagem para cá, não pude providenciar uma jóia a altura da minha princesa. - finalizou Gaara, sorrindo. Mas ele não compreendeu o silêncio devastador nem o brilho de tristeza nos olhos de Ino, muito menos o fato de Mikoto, mãe do noivo, sair de fininho da sala, amparada pelo marido.

Ino forçou um sorriso e deu um beijo no rosto de Gaara, como que para cortar o clima da situação.

— Mãe, você se importa de indicar quais são os nossos quartos? Preciso trocar de roupa. - justificou ela, fazendo a senhora acordar do transe e sorrir, indicando o andar superior.

— Oras, minha querida. Vocês dois podem ficar no seu quarto antigo mesmo. O almoço será servido daqui a pouco, não se atrasem namorando! - brincou ela, enrubescendo a filha.

Mal entraram no quarto e Ino desfez a cara leve e apontou para ele, com magoa nos olhos.

— Da onde você tirou essa história? Primeiro tenente da aeronáutica? Missão? Você tem noção que temos dois pilotos de caça aqui? Que eles podem entender que isso não passa de uma farsa assim, a piscar de olhos?

— Ino, o que você está me escondendo?

— Do que você está falando? - desconversou ela.

— Porque dona Mikoto saiu chorando e todos fizeram silêncio? Porque seu pai disse que era bom te ver feliz de novo?

— Isso não importa.

— Importa. Para uma missão dar certo é essencial você manter a farsa o mais próximo possível da realidade.

— Missão? Quem é você, afinal?

— Eu sou Sabaku no Gaara, Primeiro Tenente Médico da Aeronáutica. - repetiu ele e, sem entender nada, levou um tapa no rosto de uma Ino irritada e chorosa, que abandonou o quarto com rapidez.

— Mas será que alguém pode me explicar alguma coisa? - perguntou ele ao nada, buscando respostas.

Saiu do quarto e desceu as escadas, vendo que estava sendo observado. Será que tinham escutado algo?

— Acho que vocês deveriam conversar. - disse um outro loiro. - Prazer, ou melhor - fez uma continência - Senhor. Uzumaki Naruto, senhor. Engenheiro de vôo.

Gaara retribuiu o gesto e apertou a mão do loiro, se apresentando também.

— Fique tranquilo que não deu para escutar nada daqui de baixo. - disse ele. - Ino deve estar no estábulo. Acho que é bom vocês conversarem.

— Obrigado. - disse o ruivo, seguindo pela direção indicada pelo loiro.

Logo encontrou a loira sentada numa das cercas do estábulo, enxugando algumas lágrimas teimosas. Quando ela o viu, logo um sentimento de culpa passou pelos seus olhos

—Outch. Me desculpe.

— Te desculpo se você me explicar.