Capítulo 3 - Missão

— No cartão dizia "moreno". - disse a loira, assim que Gaara se apresentou como a pessoa para quem ela havia ligado dias atrás. - Isso é propaganda enganosa.

— Creio que você está em vantagem aqui, já que a população ruiva faz parte de uma minoria.

— Sim, estou brincando. Na verdade, estou bastante nervosa. - disse ela, torcendo as mãos por sobre o balcão de madeira do restaurante que haviam marcado. - Na verdade mesmo, você é minha ultima esperança e eu estou um pouco desesperada. Veja só, estou prestes a contatar um acompanhante para não parecer uma completa workaholic para minha família. É isso ou "assumir" um romance homossexual com minha amiga.

— E você é?

— O que? Workaholic? Um pouco. Só acho que minha carreira é a coisa mais importante no momento e arranjar um namoro, ainda mais um noivo, nesta altura do campeonato, é complicado.

— Não. Estou perguntando se você é lésbica. - Perguntou Gaara olhando para Ino e achando que seria um tanto triste para a população masculina se isso fosse verdade.

— Oh, não. Sou hétero mesmo. Estou falando demais, não estou?

— Acho que ambos precisamos de um pouco de álcool em nosso organismo - disse o ruivo - e um pouco de privacidade para conversarmos. Que tal? - perguntou ele, indicando uma mesa mais afastada no bar. Ino prontamente aceitou, o que fez o ruivo menear a cabeça para o bartender, chamando-o. - O que deseja beber?

— Gin com tônica, por favor. - respondeu ela, fazendo com que ele levantasse levemente uma das sobrancelhas.

Depois de realizar os pedidos, Gaara a conduziu para a mesa afastada. O plano era simplesmente marcar o encontro, informar que Kankuro estava fora de mercado por um tempo devido à saúde e remarcar para ele daqui a um mês. Mas assim que ele pousou os olhos na figura ansiosa da loira que mordia apreensiva o polegar quando ele chegou o fez ficar prontamente interessado em saber a história dela. Afinal, Ino tinha todos os olhares masculinos do recinto nela e para uma figura assim necessitar de ajuda profissional para comparecer a algum evento fazia com que sua curiosidade aguçasse.

Gaara esperou que ela desse um primeiro gole na bebida para lhe perguntar.

— Me diga, para que você precisa deste tipo de serviço?

— Oh. Casamento da minha melhor amiga de infância.

— deixe-me ver: o noivo é seu ex?

— Na verdade, não. - disse ela, colocando uma mexa da franja que insistia em sair do coque bem feito com o qual ela prendia os cabelos para trás da orelha. - eu e Sakura, a noiva em questão, somos amigas desde muito pequenas. Nossa amizade sempre foi cercada por pequenas competições. Na hora que ela me disse que iria casar com Sasuke e queria que eu fosse madrinha dela, disse que também estava noiva. Eu ainda estou tentando ver o porque de ter dito isso. Mas, enfim... Ela acabou dizendo para minha família e agora, o que seria uma pequena mentirinha que eu iria resolver dizendo a ela que eu e meu noivo terminamos, tomou proporções inimagináveis.

— Sua família não acreditaria que vocês teriam terminado?

A loira balançou a cabeça e bebeu mais um gole de sua bebida, fazendo com que Gaara percebesse que talvez tivesse algo a mais naquela situação.

— Eles estão felizes demais com essa notícia para que eu os destrua assim. - comentou ela, em tom fraco.

— Para quando você precisa dos meus serviços? - Gaara mal pensou antes de soltar tais palavras, mas havia ficado intrigado com a situação. Ino levantou o olhar e ele pode perceber um brilho diferente neles.

— Então... O casamento será no interior. Com isso, você já deve compreender que serão três dias de festa. Mas por eu ser a madrinha e, no caso, você o padrinho, teremos que chegar com antecedência. Logo, dez dias antes da cerimônia.

— Compreendo. E quando será?

— Daqui a uma semana. - respondeu ela, suspirando.

— Agora eu entendo o porque de ser sua ultima esperança. Estou me sentindo o Obi won Kenobi.

E com essa frase, o sorriso de Ino se alargou.

— Bem, precisamos trabalhar com valores. Como disse antes, não faço a mínima idéia de como isso funciona.

Depois de acordarem num preço fixo, decidiram jantar no dia seguinte para colocarem os detalhes da missão. Para Gaara, que já havia feito inúmeras missões graças sua patente de primeiro tentente, uma boa história era o suficiente para não ser descoberto pelo inimigo. Mas para Ino, era necessário que ele conhecesse, de alguma maneira, as figuras importantes que estariam entre os convidados do casamento.

No dia seguinte, na cantina italiana simples que ela havia marcado com ele, diferente daquele bar de hotel que haviam se encontrado anteriormente, Gaara percebeu que, por mais que fosse agradável vê-la numa saia justa de couro e blusa de seda, quando ela estava de jeans e camiseta com a estampa do "O Império Contra Ataca" era muito melhor.

— Então, princesa Leia - começou ele - Qual será nossa história?

A loira limpou a mão que antes segurava uma fatia de pizza de calabresa e sacou um iPad da mochila, abrindo o aplicativo de fotos.

— Antes de bolarmos uma história, acho melhor você conhecer algumas figuras importantes. Esta é a noiva - mostrou ela uma moça de cabelos rosas - Sakura é médica e chefe do departamento de traumatologia. Esse é Sasuke - mostrou um moreno - o noivo. Ele faz parte das forças armadas, assim como o Naruto - mostrou um loiro - São pilotos de caça.

Gaara conhecia levemente os dois e por um segundo achou que nada disso daria certo.

— Esses são meus pais - mostrou um casal loiro sorridente. - Eles são donos de vinhedos e será em um deles onde acontecerá o casamento. E esses - mostrou um casal moreno - são os pais do noivo. Está acompanhando?

— Sim. Mais alguma figura importante?

— Não. São esses que irão nos dar trabalho.

— E você, Ino? Preciso lhe conhecer para ser seu noivo.

— Não tem nada de especial em mim - disse ela, desconversando. E, nesse detalhe, Gaara teve certeza que tinha algo a mais em toda aquela situação. - Sou formada em direito, acabei de ser promovida a advogada sênior na empresa que trabalho e isso agora me permite ter um escravo, digo, estagiário.

E passaram o resto do jantar conversando amenidades. Quando Gaara voltou do "encontro" com a cliente de Kankuro, o encontrou rindo da cara dele.

— Só não se apaixone, prostituto. - ironizou o moreno.