Ao amanhecer, Sasuke tocou gentilmente o braço de Hinata que abriu os olhos alarmada.

— Não se preocupe, está tudo bem. Eles chegaram. - indicou com o queixo a entrada da caverna, por onde Sakura e Naruto haviam acabado de entrar.

— Sasuke! - gritou a rosada, atirando-se nos braços dele. - O que está fazendo de pé com esse ferimento na cabeça?

— Pelo visto não foi tão grave assim. Pela primeira vez agradeço por ele ser um cabeça dura. - sorriu Naruto, enquanto via Sasuke tentando se soltar da amiga.

— Estou bem, Sakura.

— Ora, sente-se aqui. Deixe-me ver sua cabeça, parece bem feio.

Ela concentrou chakra em suas mãos e depositou-as sobre o ferimento, demorando-se um pouco no local. Logo depois passou a repetir o procedimento nas lesões menores do corpo do garoto. Quando ficou satisfeita virou-se para Hinata, só agora analisando o estado dela.

— Nossa, você não parece ter se ferido gravemente, mas conseguiram fazer um belo estrago. O que aconteceu com seu pulso? - perguntou indicando a atadura.

— Não foi nada demais, acho que o torci.

Sakura apalpou o local tirando uma careta de dor da morena. Novamente concentrou o chakra nas mãos, começando pelo pulso para seguir até os demais ferimentos.

Quando Sakura terminou, sentaram-se para comer. Hinata e Sasuke relataram o confronto e discutiram a viabilidade de prosseguir com a missão, que consistia em recuperar um pergaminho roubado. Decidiram que, como Sasuke estava relativamente bem, manteriam o plano original: Hinata detectaria onde estava cada ninja inimigo com o Byakugan, Sasuke então iria pelo local onde a segurança fosse mais frágil, colocando os oponentes em um genjutsu para que Hinata seguisse em frente e recuperasse o pergaminho. Naruto e Sakura ficariam a postos para intervir apenas em caso de necessidade. Arrumaram as coisas e partiram imediatamente.

Foi fácil localizar o acampamento inimigo com o Byakugan. Vários ninjas faziam a segurança, dispersos em volta do local. Acharam o ponto em que havia menos oponentes, como foi planejado, pois a intenção era não chamar a atenção. Sasuke aproximou-se e os ninjas foram pegos imediatamente em seu genjutsu. Hinata então pôde recuperar o pergaminho e todos eles retiraram-se em silêncio, saindo o mais rápido possível dali.

Os quatro jovens só diminuíram o ritmo quando estavam fora do alcance dos inimigos e poucas horas depois montaram um acampamento para passar a noite. Sakura tentava iniciar uma conversa com Sasuke, que respondia de forma monossilábica. Naruto, por sua vez, encostou-se em uma árvore para dormir e Hinata se dirigiu para um lago próximo para tomar um banho.

Sasuke afastou-se de Sakura, alegando que faria o primeiro turno de vigília e poderia ter uma visão melhor no topo das árvores. Ela procurou um local confortável para dormir e automaticamente seus olhos vagaram para o loiro. Frustrada, caminhou na direção oposta a dele. Era só o que faltava ficar pensando nele sempre que fosse dormir.

Sasuke apreciava a visão da morena chegando do alto das árvores. Neste pouco tempo em que permaneceram juntos, percebeu que ela era tímida, doce e surpreendentemente forte. De uma forma estranha, gostava de ouvi-la falar, talvez por causa da voz suave que tinha. Ficou intrigado por ela conseguir despertar sensações diferentes nele e resolveu que descobriria mais sobre a garota.

Assim que chegaram à Vila, reportaram o sucesso da missão à Hokage, entregando o pergaminho, e foram liberados para descansar pelo resto do dia, assim como no próximo, antes de reassumirem seus papéis.

No dia seguinte, a Hokage convocou Sasuke novamente. Não era do seu feitio ficar curioso, mas tinha que admitir que dessa vez ele estava. Ainda permanecia de folga hoje pois haviam acabado de voltar de uma missão no dia anterior, então não poderia se tratar de outra tarefa. Sendo assim, o que mais Tsunade poderia querer com ele?

Entrou na sala após ser autorizado e a cumprimentou formalmente. Ela parecia um tanto apreensiva e isso não passou despercebido ao moreno.

— Sasuke, o conselho tem me pressionado bastante sobre você estar participando do esquadrão Anbu sem uma vigilância mais efetiva. E, considerando o sucesso da missão anterior, eles querem que você continue trabalhando em dupla. Fizeram uma escala para que, a cada dia, um Anbu possa te acompanhar. Eu tentei argumentar, mas você sabe que não é tão simples…

—Hinata. - Interrompeu o moreno.

—Quê?

—Eu disse “Hinata”. Eu aceito, mas em contrapartida quero que seja sempre Hinata quem fará esse papel.

A Hokage olhou pensativa. Esperava que o garoto contestasse ou demonstrasse irritação, que até desistisse de ser um Anbu, mas tudo que ele fez foi lhe dar um nome. Foi bem melhor do que esperava, poderia convencer os anciões sobre isso. Imaginou o que haveria acontecido na missão para que o jovem, tão avesso à companhia, pedisse especificamente pela Hyuuga.

—Tudo bem. Começarão amanhã.

Ele acenou e se retirou, deixando a Hokage intrigada para trás.