Reid continuava ao lado de Wendy aguardando socorro. Hotch, após efetuar a prisão de Freddie, correu para se juntar a ela.

— Vai ficar tudo bem, meu amor! – Hotch afirmou segurando a mão da filha.

Três paramédicos se aproximaram segurando uma maca e colocando-a do lado da garota.

— O que temos? — perguntou um dos paramédicos.

— Mulher, 22 anos — respondeu Reid nervoso afastando-se, dando espaço para o socorro.

Eles analisaram os sinais vitais da garota, prestando os primeiros socorros no local e em seguida, com cuidado, a colocaram na maca e dirigiram-se a ambulância. Reid e Hotch os acompanhou.

— Somente um acompanhante, por favor — falou um dos paramédicos.

Reid ficou imóvel, então Hotch o encarou esperando que ele descesse, mas o rapaz não se moveu.

— É minha filha!

Nesse instante, Reid, desceu da ambulância  e ficou observando ela afastar-se.

***

Dentro da ambulância, Hotch tentava manter a filha consciente.

— Quem fez isso com você? — ele perguntou apreensivo, segurando a mão da garota.

— Eu sou uma boa menina — ela respondeu com dificuldade.

— É, sim...

— O salário do pecado é a morte...

Hotch a encarou surpreso.  Ela repetiu a frase várias vezes, até um dos paramédicos colocar uma máscara de oxigênio sobre a sua boca.

***

Reid se juntou aos outros agentes e o grupo permaneceu para analizar  o local enquanto a perícia recolhia as provas. Assim que conseguiram apagar o fogo, retiraram o corpo totalmente irreconhecível do poste.

— Será Jéssica Crew? — indagou Elle.

— Ou qualquer um dos outros desaparecidos. Não tem como termos certeza agora — respondeu Morgan —, e pelo estado do corpo vai ser difícil encontrar DNA, vamos aguardar a análise da arcada dentária para ter certeza.

— Eu vou para a delegacia — disse Gideon —, vou falar com Freddie Forward. Tenho que falar com ele antes de qualquer um. E ainda temos a outra garota, Cassidy. JJ vem comigo, enquanto vocês analisam a cena do crime para traçamos o perfil do assassino.

— Okay — todos concordaram.

Logo que os dois se retiraram, uma perita chegou afoita.

— Vocês têm que ver isso.

Ela foi em direção a um poço acerca de cem metros do local onde eles estavam. A perita apontou para dentro do poço raso e os três se aproximaram para olhar: lá dentro havia três corpos totalmente irreconhecíveis, carbonizados.

— Parece que encontramos os outros desaparecidos — disse Elle perplexa.

***

Enquanto iam à delegacia de carro, Gideon e JJ conversavam.

— O que exatamente Cassidy disse para Morgan? — quis saber JJ.

— Foi bem confuso. Que teve uma visão da Megan com a garganta cortada num terreno baldio, que ela estava com um homem mais velho... que era o terreno onde as garotas da irmandade vinham para beber escondidas. Mas ela falou que nunca esteve aqui...

— Claro que ela mentiu.

— Sim, mas ela não sabe. Morgan disse que ela estava tão confusa, que não separava o que é real do que é imaginação. Vamos ter que esperar a filha do Hotch poder falar para termos alguma coisa palpável.

— Mas será que podemos  esperar?

— Não temos outra alternativa.

— Enquanto isso, vou analisar o histórico de ligações de todos os envolvidos — disse JJ. —, Garcia acabou de enviar o relatório.

***

Emily entrou no hospital caminhando rapidamente. Por mais que soubesse que a filha havia sido encontrada com vida, seu coração ainda estava apreensivo. Precisava vê-la e abraçá-la. Assim que chegou na sala de espera, ela encontrou o ex-marido, que caminhava de um lado para o outro.

— Hotch! — Ela correu e o abraçou. — Muito obrigada, eu sabia que você a traria minha filha de volta para mim.

— É a nossa filha, Emily... nossa filha.

— Sim, nossa filha. Desculpe-me, eu me acostumei a chamá-la só de minha.

Eles desfizeram o abraço e se encararam.

— Como ela está? Eu posso vê-la?

— Ela está sendo atendida, ainda não recebi notícias desde que cheguei.

— Tem alguma ideia do que pode ter acontecido com ela? — perguntou Emily.

Hotch ficou sério e não respondeu.

— Não esconda nada de mim — ela pediu. — Você sabe que eu posso ajudar.

— Não temos certeza de nada ainda...

— Por favor, me diga o que sabe.

Hotch respirou fundo e passou a mão no rosto.

— Quando encontramos Wendy, ela estava vestida com uma túnica franciscana, encharcada de gasolina. Havia outro corpo carbonizado amarrado em uma haste.

Emily o encarou, surpresa.

— Em que confusão Wendy se envolveu?

— Deve ter sido algo muito sério. Temos que descobrir antes que mais pessoas morram.

***

Reid ficou de longe observando, pensativo, enquanto os médicos legistas analisavam os corpos ainda no local onde tinham sido encontrados, em seguida levando-os ao necrotério ao necrotério. Morgan se aproximou do amigo.

— Por que não vai ao hospital para ver como ela está? — sugeriu Morgan.

— Por que eu deveria ir? — indagou Reid, ficando na defensiva.

— Vocês dois não são “amigos”? — respondeu Morgan, dando muita ênfase na palavra amigos. — Se eu tivesse hospitalizado, iria gostar que meus amigos me visitassem.

Reid resolveu mudar de assunto.

— Morgan, na análise preliminar do corpo mais recente, que acreditamos pertencer a Jéssica Crew, as narinas estavam queimadas de dentro para fora, o que indica que ela foi queimada viva — Reid fez uma pausa. — Eu vi que Wendy estava encharcada de gasolina, por que ele não colocou fogo nela?

— Nós chegamos antes que ele pudesse fazer isso.

— Acha mesmo que Freddie Foward é o desconhecido?

— Não sei, mas ele foi encontrado no local do crime perto de uma das vítimas. E tudo indica que ele também estava no local do sequestro, então ele está de alguma forma ligado a isso. E por enquanto é nosso principal suspeito.

Reid balançou a cabeça em concordância com o amigo.

***

Com sua postura de tirano arrogante, usando um terno Kiton K-5, o homem  saiu do seu carro acompanhado da esposa, Elizabeth Prentiss.

Entraram no hospital e logo viram Hotch e Emily conversando na sala de espera. Ela avistou  os pais e tentou disfarçar a situação constrangedora que em breve se instalaria.

Já Hotch ergueu a cabeça e encarou Marlon Prentiss. Uma mágoa antiga se manifestou no rosto do mais velho. Ele cerrou os punhos e respirou fundo.

— Como vai, agente Aaron Hotchner? — perguntou Marlon, calmo. — Podemos conversar por um minuto a sós?

Emily encarou o pai enfurecida.

— Calma, nós só vamos até o café para conversar como dois  adultos civilizados.

— Pai, o senhor me prometeu...

— Pode deixar, Emily — Hotch interrompeu a ex-esposa —, eu  vou falar com ele. Aliás, nós temos muito o que conversar.