Encontros, Acasos e Amores escrita por Bell Fraser, Sany, Gabriella Oliveira, Ester, Yasmin, Paty Everllark, IsabelaThorntonDarcyMellark, RêEvansDarcy, deboradb, Ellen Freitas, Cupcake de Brigadeiro, DiandrabyDi


Capítulo 23
Frozen: Um amor congelante


Notas iniciais do capítulo

Bom dia, meninas! Aqui é a Yasmin, estou bastante atrasada, mas enfim vou concluir com a postagem.
Sobre a one, adianto que dessa vez tentei escrever sobre o gênero: Fantasia. Estaca com essa ideia a muito tempo e não sabia quando usa-la.
A Sany, dessa vez fora minha desafiante, e ela sugeriu algumas inclusoes no enredo. Assim, espero que vocês gostem.
E como falta algumas horinhas para o Natal, ja aproveito para desejar o melhor dele a todos vocês.
Concluindo, espero que gostem.



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Frozen: Um amor congelante

Parte 1

Congelado

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Ele era apenas um ponto negro que se escorava naquela janela todas as noites. Peeta seguia sua rotina tempestivamente. Ele nunca cometia deslizes ou desviava de suas atividades. Acordava as 5:30hrs todos os dias, fazia sua corrida matinal, e antes mesmo de todos os funcionários bater o cartão de ponto dando indicio as atividades na Cia Mellark, Peeta já estava a todo vapor, concentrado em seus rabiscos que lhe garantiriam outro contrato milionário. Peeta deixou o lápis profissional em cima da mesa e caminhou até o parapeito da sacada, olhou para o céu, e viu uma meia lua amarela nascer no céu, aquilo já era motivo para sofrer uma leve alteração no humor. Logo, todos eles estariam em suas cabines, conversando sobre as festas de fim de ano que se aproximava.

Algo que ele jamais conseguiria saber, pois a dadiva de ter uma família, alguém que ele ame, ou possa ama-lo, fora lhe arrancado antes mesmo de nascer.

Peeta jamais seria como eles. Muitos até suplicavam em ter ao menos um quinhão de sua fortuna que ele conseguiu multiplicar desde que assumiu os negócios há dez anos.

O ponteiro do relógio marcou exatamente as oito horas, então ele sentou em sua cadeira e aguardou Greasy Sae, a quase centenária secretaria entrar, ela trabalhava para família desde quando o pai de Peeta deu início aos negócios.

O relógio continuou se movendo, alcançou 08H05 e Greasy Sae não entrava na sala exibindo o sorriso branco de sua prótese dentaria, Peeta odiava atrasos ou descompromisso, Greasy Sae sabia disso, no quanto ele ficava irritado quando ela se atrasava, então ele telefonou na sala da secretaria e se irritou mais ainda quando a ligação continuou até cair.

Irritadiço, ele abriu as belas portas que o trancavam em sua sala, estava pronto para passar-lhe um sermão e receber em troca alguma frase atravessada. Greasy Sae era a única mulher que ele podia ter na vida. Ela era imune a maldição.

No entanto, ao entrar na antessala, deparou-se com a mesa de Greasy Sae vazia. Algo havia acontecido, ele pensou. Durante todos os anos de subordinação, Greasy Sae nunca faltou ao trabalho, se aconteceu, ele não se lembrava. Intrigado, Peeta, abriu a gaveta e vasculhou os objetos de sua secretaria com intuito de localizar algum número que ele pudesse entrar em contato.

 Greasy Sae, não podia deixa-lo na mão. Não, naquele dia. O cumprimento da sua agenda era algo que ele seguia à risca, e Greasy Sae sempre levava o material consigo para casa, estava perdido, as únicas pessoas nas quais ele confiava, ele não poderia contar naquele dia tão importante.

Primeiro, fora Finnick que inventou de reafirmar os votos do casamento numa ilha paradisíaca e precisou se ausentar por longos quinze dias o obrigando a comparecer em todas as reuniões, encontros com novos clientes e principalmente, esbarrar-se com ela a todo momento no corredor. Agora, pelo visto, Greasy inventou de tirar um dia de folga.

 “O telefone funcional” ele se recordou de ter dado a ela há alguns meses antes. Ela nunca o atendeu. Na verdade, o fato dela lembrar de manter a bateria, já era algo a seu favor. Greasy Sae não era muito adepta a tecnologia, a secretaria executiva que aprendeu a datilografar em maquinas antigas e enferrujadas de escrever, aderiu recentemente o uso de eletrônicos, celular era um deles. Peeta discou o número rapidamente, e novamente Greasy Sae não o atendeu.

“Essa boçal” ele sussurrou, pensando em como seria o dia sem sua fiel secretaria.

E agora, o que ele faria? Voltou para sua estação de trabalho e decidiu se concentrar novamente nos rabiscos, nos seus gráficos, na única coisa que ele consegui demonstrar amor.

Ele não viu o tempo passar, assustou-se quando Cashmere interfonou em sua sala avisando que dentro de alguns minutos ele precisaria estar na reunião onde discutiria a respeito dos projetos que precisavam ser finalizados ainda naquele semestre, no entanto, temia que a entrega não aconteceria no prazo devido as festividades de fim de ano, por isso ele tinha um anuncio a se fazer.

Antes de sair de sua sala, Peeta foi até o lavabo e removeu as cinzas do grafite que por ali ficaram.  Sua sala situava-se no andar mais alto daquele prédio, o dividia com seu sócio e amigo.

O corredor estava deserto, vez ou outra tinha o desprazer de se encontrar com funcionários, comunicação social, essas tarefas eram responsabilidades de Finnick, porém, em virtude de sua ausência, Peeta mesmo teria de faze-la.

Com um ar mal-humorado Peeta entrou no elevador e esperou as portas de aço se fechassem para logo em seguida apertar o botão do respectivo andar de onde ficava sala de reunião, completamente alheio em seu telefone, ele não percebeu, ela, Katniss, se aproximar.

— Bom dia, Peeta! — Cumprimentou ela assim que se posicionou ao lado dele.

Mesmo ciente que ela não poderia vê-lo, não correspondeu com nenhuma fala.  Peeta deu um breve aceno com a cabeça.

Katniss não era cega, apenas segurava uma caixa enorme com dezenas de materiais gráficos que lhe cobriam todo o rosto.

 Katniss era a assistente de Finnick, trabalhava na empresa cerca de uns cinco anos, quando iniciou, era apenas uma estagiaria, estava no último ano do curso de arquitetura, ocupa agora um cargo mais importante, era uma das melhores da companhia, e a mais bela, Peeta não podia negar, e justamente por isso ele fazia todo esforço possível para não se sentir atraído pelos olhos tempestuosos e enigmáticos que Katniss obtinha.

Olhando entre as frestas do gráfico, Katniss permaneceu em silencio, não tinha o que dizer, e se pudesse, mandaria o senhor das trevas para o quinto dos infernos. Estava cansada de receber aquele tratamento. Custava ele responder apenas um “bom dia”. O jeito frio e impiedoso como o qual ele tratava todo mundo lhe deixava ora com raiva, no entanto não conseguia sentir raiva o tempo todo, não conseguiria odiá-lo como fazia suas amigas de trabalho.

Ela sabia que a frieza que ela sentia toda vez que Peeta se aproximava, era em virtude de algum trauma que teve na vida. E um dia, ela ainda ia descobrir e invadir o muro intransponível que cercava o coração de Peeta Mellark. Nem que isso fosse a última coisa que faria em sua vida.

O elevador chegou no andar desejado, emudecido Peeta saiu apressadamente, assim como alguém que foge da cruz.

Katniss relaxou os ombros, ficava nervosa sempre que ficava ao lado dele, não porque era ele que pagava o seu salário ou porque tinha medo de Peeta Mellark assim como todos os outros da firma. Katniss até tentava sentir por ele alguma espécie de repulsa, mas não conseguia nutrir esses sentimentos negativos pelo chefe. Não desde que colocou os olhos naquela imensidão azul que ele possui no rosto. Não, desde que o azul dos olhos de Peeta fazia a lembrar do azul que coloria o céu de sua casa.

Apressada, ela correu para sala de projetos, passou a noite as claras finalizando as plantas da certeira de cliente que eram de sua responsabilidade. Atribuição essa que adquiriu a pouco tempo, estava indo bem, mesmo como o prazo exíguo que possuía, no entanto, essa sorte mudou quando um dos clientes pediu alterações nada simbólicas no projeto. Na realidade, solicitou alterações impossíveis de serem inclusas quando o projeto já havia sido remetido para engenharia.

Já estava em fase de construção e não conseguiria fazer pilares em formato de sereias a àquela altura do campeonato. Ao menos se Finnick estivesse presente para lhe dar uma ideia, no entanto, ele havia antecipado as férias e fugido para algum canto do mundo bem longe da tecnologia.

            Quando ela chegou em sua estação de trabalho, pôde sentir o clima bem pesado, não estava assim quando chegou mais cedo, agora estava diferente, ninguém olhava para ela, mantinham-se concentrados na tela. Katniss possuía uma em sua em cima da mesa, assim sentou-se e moveu o mouse fazendo a tela que descansava ganhar vida novamente.

Primeiramente ela correu a setinha para o seu e-mail, e verificou se possuía algum remetente diferente, ou algum comunicado opressor da empresa. Lá estava, em negrito e caixa alta.

COMUNICADO: RECESSO COLETIVO CANCELADO

                        O e-mail havia sido encaminhado a cerca de dois minutos, e essa decisão com certeza havia sido tomada apenas por uma pessoa naquela empresa.  Suspirou decepcionada com Peeta Mellark.

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Frozen: Um amor congelante

Parte: 2

Derretendo

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— Como assim não vai conseguir chegar a tempo, querida? — Indagou a senhora Everdeen, katniss pôde sentir a tristeza ganhar espaço.

— Sabe que são dois dias, mamãe, São Petersburgo não fica do outro lado da rua, não vou conseguir chegar a tempo, mas estou enviando presentes, — ela tentou sorrir — Para todos, tenho certeza que ficarão contentes.

— Mas é natal, Katniss, como assim vai trabalhar no natal.  Que lugar desalmado é esse que você está trabalhando, pode sair dessa empresa, não quero você trabalhando com esse tipo de gente. Diga que virá e ponto final.  — A mulher mais velha esbravejou e Katniss queria dizer que era culpa do senhor das trevas, já que ele não era feliz, ninguém mais poderia ser, mas, usou outros argumentos para justificar porque ficaria sozinha naquela cidade grande e fria em pleno natal. Então, contou o que havia acontecido a Greasy Sae, em como foi horrível encontra-la inconsciente em sua casa, se Katniss tivesse demorado mais alguns minutos, Greasy Sae não havia sobrevivido a hipotermia.

Precisou de muito mais tempo para explicar a família o que havia acontecido com a sua vizinha. Que assim como ela, Greasy Sae era sozinha naquela enorme cidade, e por ser uma boa amiga, Katniss ficaria como ela durante todas as noites possíveis, e assim tem seguido sua rotina, quando tem disponibilidade para dormir no hospital, faz isso.

 Normalmente, ela ia direto do hospital, mas aquela noite ela havia passado em casa, precisava de uma blusa mais quente, um bom jantar, e uma taca de vinho quente, dormiria no hospital, tem feito isso alternadamente, em sua ausência, uma enfermeira simpática se ofereceu para ficar no lugar dela, mas aquele dia ela iria, não queria ficar sozinha, então, ela comeu algo rápido e seguiu para o hospital. Ao chegar lá encontrou o quarto aonde Greasy Sae ficava, vazio, desesperada, ela seguiu até o corredor e interceptou a primeira enfermeira que viu pela frente.

— Aonde está a senhora que ficava nesse quarto? — Ela chacoalhou o braço da primeira pessoa que viu pela frente. Suas mãos tremiam.

— Eu não sei.

— Não sabe? — Ela quase gritou. — Como não sabe? — O desespero ganhou sua voz.

— Srta. Everdeen. — Octavia, a enfermeira que ficava em seu lugar saiu do quarto ao lado.

— Aonde ela está?

— Calma, senhorita, a paciente precisou ser transferida para UTI, a pancada na cabeça havia ocasionado um coágulo no cérebro. Seu estado piorou, então tivemos que agir rápido.

 — UTI, meu Deus! — Levou a mão na boca como sinal de espanto.

— Ela está bem — Octavia, tratou de acalenta-la. — Quero dizer, agora, ela está bem.

— Por que não me comunicaram?

Octavia, não soube responder. Mas, fez algo antes de katniss surtar novamente.

— Venha, vou leva-la até ela. — A enfermeira sugeriu e caminhou até o elevador, subiram por mais nove andares até a porta abrir e mostrar que elas estavam na ala particular do hospital.

Katniss não compreendia. O plano de saúde de Greasy não cobria aquela regalia, abriu a boca para informar isso a Octavia, mas não concluiu, já que ao chegar na porta do quarto, soube logo quem estava custeado os gastos de novo quarto.

Peeta estava exausto, aquele havia sido um dia cansativo, não conseguia deixar de se preocupar com Greasy Sae, era ela mais uma das vítimas dele? Como? Ele se perguntava, havia tomado todos os cuidados para que ela não sucumbisse e mais uma vez ele falhou. Mas, como? Essa pergunta ainda lhe martelava a mente, o pouco de liberdade que lhe restava, estava próximo ao fim. Ele não a amou. Jamais sentiu por ela qualquer espécie de carinho maternal. Nunca quis se aproximar, corresponder ao carinho que ela dispensava a ele. Por que? Ele buscava saber.

O mesmo que acontecera com as outras estava se repetindo. Ele não suportaria mais esse fardo. Foi difícil para ele quando descobriu que seu sentimento era um veneno letal. Demorou anos para aceitar sua sina, aceitar que teria de viver como Haymitch, isolado do mundo. Como um homem das cavernas. Não era atoa que sua mansão ficava isolada, na parte mais alta da cidade. E mais congelada por sinal.

— Sr. Mellark? — Ao escuta-la, Peeta ergueu-se da poltrona abruptamente.

— Srta. Everdeen?

— O senhor aqui? — Indagou Katniss embasbacada, chocada, porque o senhor sem sentimentos estava ali? Ela deu um passo à frente, suas mãos já não tremiam de nervoso, caminhou até o leito que Greasy Sae dormia e tocou sua pele.  Aliviou-se quando sentiu o calor emanando do seu corpo.

Ela olhou para Peeta e lhe ofereceu um sorriso em forma de gratidão.  Mas, não era apenas por isso, ficou feliz em saber que não estava enganada, que por debaixo das camadas de gelo, habitava um generoso coração. Pois apenas um coração bondoso sairia de sua mansão luxuosa com intenção de passar à noite ao lado de uma simples empregada.

— Eles me ligaram — Peeta gaguejava, tentando explicar rapidamente o motivo de estar naquele lugar.

Katniss não guardou o sorriso.

— Tudo bem, seu segredo ficará guardado comigo — interrompeu sua explicação.

— Que segredo? — Peeta enrubesceu e engrossou a voz.

— Que você não é tão cretino como imaginamos. — Ela lhe encarou, a taça de vinho que tomou antes de se dirigir ali, ainda fazia efeito, e, ela não podia negar que proferir aquelas palavras a ele lhe causava um bom efeito, um efeito maravilhoso, sem explicação. Uma bela vingança visto que por culpa dele passaria o natal sozinha, longe dos pais, da Patinha que deve estar linda, empenhada bordando o suéter novo para as fotos da família.

— Cretino? — Por um momento ele esqueceu o tormento que seu coração passava. Katnnis Everdeen estava lhe chamando de cretino? Nunca ninguém havia lhe proferido algo assim, mais surpreendente ainda uma pessoa que trabalha para ele.

— Bem... — Ela enrubesceu.

Sentiu que o vinho não fazia mais efeito. Ela havia chamado o dono da companhia de cretino. Se ela desejava alguns dias de folga, os teria agora, e seriam folgas vitalícias. Ferrou! Desencorajada, Katniss não respondeu, cravou seus tempestuosos olhos cinzas no rosto da amiga e esperou que ele, Peeta, ali mesmo anunciasse sua demissão. Era bem capaz disso, ela não tinha dúvida.

Um sorriso diferente iluminou o rosto de Peeta. Ele conseguia ler os pensamentos de Katniss, era divertido ser detentor desse poder, embora, gostasse de sentir o medo que as pessoas tinham dele, ficou incomodado ao ver o medo se instalando no rosto da linda moça.  

— Vou fingir que não ouvi — Ficou mais próximo da cama e sussurrou no ouvido dela, não sabe por que fez isso.

Após deixar o hospital, Peeta foi direto para sua mansão, situada ao norte da cidade. A noite estava fria, era a semana mais fria do ano. Peeta deixou o casaco na entrada, correu os degraus da escada e chegou ofegante até a biblioteca arcaica da casa. Vasculhou dentre os livros antigos, um caderno de capa cinza que continha as antigas anotações de sua família.

Quando soube da existência dele, tinha apenas quinze anos. Ele custou acreditar na profecia, que assim como o pai, ele era um amaldiçoado, quando Robert revelou a ele, o motivo para aquilo tudo, pensou que o pai, havia ficado louco. Peeta precisou perder Delly, Madge e Clove para entender que a morte delas era em virtude da maldição. Do seu maldito amor.

— Como isso pode parar, pai?

O Robert estava em seu leito de morte, não queria ir, mas seu coração batia sem pressa, estava quase parando.

— Não tem como parar, filho! — Disse antes do seu último suspiro — Não ame.

Peeta era muito jovem, havia perdido as três mulheres que amou por um único motivo, seu amor!! Seus pensamentos perderam a cadencia por um longo tempo. Ele voltou em si apenas quando Haymitch Abernathy, seu parente mais próximo que vivia nas terras do Norte mudou-se para São Petersburgo a fim de instrui-lo como havia prometido que faria caso Robert partisse antes dele.

— Mais um amaldiçoado. — Debochou, Haymitch Abernathy assim que Peeta autorizou que ele passasse pelas portas da casa. Ele não havia trago muitas coisas, isso indicava que não ficaria por muito tempo, seria breve, ficaria tempo o suficiente,  

— Você também?

— Sou irmão de seu pai — Tragou um gole da bebida que ele carregava no cantil metálico guardado no bolso.

Um cheiro forte de bebida inundou as narinas de Peeta.

— Como isso aconteceu? — Ele seguiu Haymitch que subia as escadas.

— Pelo visto seu pai não lhe disse nada... — Pausou seu passo e entrou pelas portas de Mogno que conhecia muito bem.

Enquanto isso, Peeta contou-lhe dos anos que ficou no internato. De suas perdas, de como ele estava confuso. 

— O que está fazendo? — Perguntou o jovem sobrinho, vendo-o esforço que o tio fazia para arrastar uma das prateleiras.

— Isso.

A prateleira se moveram, anunciando uma passagem secreta, Haymitch, previamente passou por ela, e Peeta fez o mesmo logo em seguida. Ali estava o motivo de tudo. O motivo pelo qual os homens da família Mellark haviam recebido aquela maldição.

Novamente ele encarava aquele caderno de capa dura e folhas amarelas que estavam entrando em estado de decomposição. Se tratava de um diário de família, no qual ele deveria dar continuidade.

Dez anos se passaram, outra vez ele o segurava, seu corpo estava enrijecido. Sentia um pouco de combustão. Deixou o livro sobre a escrivaria e descansou o corpo no tapete felpudo que ele tinha em seu quarto.  As chamas da lareira foram a última visão que ele teve antes de se entregar a escuridão.

(...)

O fim do expediente estava próximo, haviam trabalhado como trens em movimento naquela semana.

— Então, o que vai fazer hoje? — Perguntou Joanna, pela segunda vez. A amiga olhava para o nada. — Katniss?!

 Ela piscou duas vezes.

— O que foi, o que você disse?

— Eu estava dizendo que é véspera de Natal e que você pode passar com minha família.

Katniss considerou o convite por um instante, mas pensou em Greasy Sae, sozinha....

— Obrigada, mas vou ficar com Greasy Sae.

— Não precisa passar todas as noites lá.

— Eu prefiro. — Ela disse depois de um tempo. — Se ela acordar, quero que veja um rosto conhecido.

— Está certo, caso mude de ideia, me ligue. — Joanna se levantou, colocou o casaco e passou a bolsa pelos ombros. — De qualquer forma, Feliz Natal. — Elas se abraçaram carinhosamente por um tempo.

Katniss confirmou. Ficou mais um tempo analisando os projetos. Não queria deixar nada pendente, e devido à ausência de Greasy, tem sido a auxiliar de Peeta, o que tem tomado bastante do seu tempo. Estava distraída em um dos memorandos quando escutou algo se quebrando. O barulho vinha da copa. Ela se levantou e seguiu naquela direção.

Peeta resmungou de dor ao sentir o vidro rasgando a pele.

— Precisa de ajuda?

— Estou bem — ele continuou estancando o sangue que escorria pelos dedos. — A minha máquina de café não está funcionando, por isso...

— Está tudo bem, essa máquina aqui também é sua, — Aliás, tudo é seu — olhou em volta, abriu uma gaveta e retirou uma toalha, tomou a mão dele na sua. O encarou.

— Por que ainda está aqui?

— Porque meu chefe revogou as minhas férias e eu não pude viajar.

Ele ficou em silêncio.

— Que cara babaca. — Lançou um sorriso. Ela sorriu também.

— Muito, você não faz ideia, é um carrancudo, mal educado, autoritário, o pior do mundo.

— Verdade?

— Sim — ela examinou o corte — E você, o que vai fazer? Passar com alguém especial? — Torcia para que a resposta fosse negativa, sabia que ele não tinha família, mas achava improvável um homem tão bonito como ele, não possuir uma namorada, alguém que esquente seus lençóis.

— Não, ninguém, eu vou...— Peeta pensou nos projetos inacabados. — Vou trabalhar.

— Ah, sim ...

— Senhor Mellark — Cashmere os interrompeu, começou a falar do trabalho, de uns relatórios finais. Com o peito em uma certa ardência, por que ela estava morrendo de ciúmes, Katniss retornou para sua mesa. Deixou os dois a sós. Pois lembrou-se de Cashmere saindo da sala dele tarde da noite, arrumando o vestido. É claro que eles tinham muito a discutir.

Enquanto Katniss caminhava até seu carro refletia sobre o que sentia elo seu chefe. À noite solitária e calma. Nunca passou a data longe da família. Quando chegou ao quarto de Greasy Sae, caminhou para perto da amiga e aferiu o seu estado hormonal.

No quarto havia uma poltrona, Katniss retirou as botas de cano longo pegou uma manta que guardou dentro da bolsa e ligou a TV.

 Peeta andava de um lado para o outro na enorme sala que ele possuía em sua casa. Não sabia se poderia levar aquilo em diante, era muito arriscado, quase perdeu Grasy, não podia, era impensável, não poderia perde-la também. Era isso que aconteceria. Seu peito estava em chamas, o sentimento estava ficando incontrolável. Desde aquele dia no hospital, não para de pensar na assistente de Finnick um só minuto.

Aquelas ideias repercutiam demais em sua mente, ele não tinha outra solução, precisava fugir por um tempo, ficar longe outra vez, ele iria esquece-la, em tempo, da maldição não se concretizar, assim fizera as malas, colocou algumas peças de roupas, abriu o cofre, pegou dinheiro o suficiente, recomeçaria outra vez.

Estava fechando a mala, quando a tela do celular ascendeu, o número estampado na tela era familiar. Do hospital. Atendeu.

— Ela acordou — ouviu a voz aveludade de Katniss!

             — Estou chegando — deixou a mala de lado.

Um sorriso instantâneo surgiu em seu rosto, Greasy estava viva, ficaria bem.  Passou na cozinha e reuniu em uma cesta um vinho caro, e comida suficiente para passar uma noite fora de casa.  

— Vá para casa, Darius, passe a noite com sua família.

Darius, seu motorista pensou que não estava ouvindo bem.  

— Como se chama sua esposa? — Peeta perguntou, sabia que ela tinha uma, mas nunca se preocupou em saber o nome.

— Maria, senhor — incrédulo, respondeu

— Diga a Maria ...  — Peeta retirou notas generosas de sua carteira — Que eu não tive tempo de ir às compras, mas espero que isso seja suficiente para comprar um belo vestido e brinquedos para...

— Rupert e Gael — Darius falou o nome dos filhos. Se foi.

Peeta foi em direção a garagem, fazia um bom tempo que ele não dirigia, dentre os carros de luxo que possuía na garagem, optou por um esportivo Preto. Um presente que ele ganhou do pai quando completou 18 anos.

Silencioso, ele dirigiu pelas ruas da cidade, durante o percurso ficou pensando que a ideia de partir ainda não fora descartada, mas passaria aquele último dia ao lado dela, e depois seguiria seu rumo.

 Angustiado ele entrou no quarto, ouviu um som parecido com choro, então abriu a porta silenciosamente e viu Katniss se debulhando em lágrimas, pensou que algo de ruim havia acontecido, mas olhou para a tela plana pendurada na parede e viu que ela e Greasy assistiam a uma animação natalina.

— Querem um lenço? — Chegou ele sorrateiramente no sorriso brincando e, seus lábios.

— Menino?! — Greasy, sussurrou, emocionada.

            Peeta correu para ela.

— Que susto me deu. — disse ele — A quanto tempo acordou? — Ele a abraçou sem cautela. Katniss observava os dois.  Admirada com a ligação que possuíam. Peeta demorou um tempo para solta-la, fizera isso apenas quando a enfermeira precisou leva-la para fazer mais exames. 

Peeta e Katniss esperavam no corredor extenso do hospital.

— Obrigado!  — Ele a agradeceu.

— Por que?

— Por tê-la encontrado.

Ela ficou em silencio.

— Que bom que está aqui — O coração de Peeta, tremeu, lá vinha ela de novo. Definitivamente, não conseguira mais resistir.

— Me senti culpado por vocês estarem sozinha na cidade, então vim lhe fazer companhia.

Katniss acompanhava atentamente seus movimentos. Peeta organizava em cima da mesa de centro um banquete que automaticamente fizera seu estomago roncar. Ele retirou serviu em dois pratos de porcelana pequenas porções. Um dos pratos, ele, entregou.

— Quem é você e o que fez com o senhor das trevas?

Ela queria saber.

Peeta sentiu uma necessidade sufocante de defender-se, embora essa houvesse uma verdade, não poderia contar tudo a ela. Queria falar que o modo como travava as pessoas era intencional, assim não se apegava, as amava, seria o motivo para a morte.

— Dizem que o espirito natalino transforma até o mais gelado dos corações! — Disse levando um pedaço do bacalhau na boca e depois levantou-se a procura do vinho. Serviu duas taças. Uma pare ele e outra para ela. Katniss agradeceu.

Katniss não conseguia esconder o desconforto que sentia por estar ao lado dele. Como ela dever-se-ia portar ao lado daquele homem que ela amou desde que o viu pela primeira vez.  Ele reluzia como um sol quente de verão. Na verdade, era isso que pensava dele, antes de conhecer o quão frio ele era com as pessoas. 

Nas noites que jantava com Greasy Sae, a senhora sempre trabalhou em sua defesa. Dizia que ele teve uma vida difícil, perdeu os pais muito cedo, e por isso era um homem fechado.

— Você me deixa confusa, sabia? — Falou deixando o pratinho descartável na mesinha, caminhou até a janela, olhou para Greasy que agora dormia e depois para Peeta outra vez.

Ele parecia angustiado. Ela também estava, pois, seu coração falhava a cada segundo que passava ao lado dele.

— Você não entendeu ainda, não é? — Peeta se levantou, chegou bem perto dela, segurando seu rosto. — Eu te quero tanto, Katniss, mas...

— Mas?

— Sou perigoso para você, para todos. — Ela não conseguia entender. O que ele queria dizer, outra vez, ela pensou que estava arrumando mais uma desculpa. — Tudo bem. — Desistiu, sentiu o peito estilhaçando.

— Katniss...

— Não... — ela parecia enraivecida, sentou na poltrona ao lado da cama de Greasy e torceu para que aquela noite acabasse.

O dia seguinte era manhã de Natal, Greasy, fora levada para uma bateria de exames, o médico concluiu que não corria mais riscos, autorizou que ela deixasse o hospital. Peeta antecipou-se, estacionando o carro na entrada do hospital, e fizera questão de que, sua recuperação acontecesse em sua casa, sob sua guarda, queria ter a certeza que partiria, deixando ela bem. Depois de colocar Greasy dentro do carro, virou se para katniss e fizera um convite:

— Você pode ficar conosco também, podemos cozinhar alguma coisa — sorriu verdadeiramente — O natal ainda não está perdido.

Katniss queria aceitar, mas estava com raiva, raiva por ele não se decidir, uma hora implora para que se afaste, agora pede para cozinhar juntos. Aquele homem era confuso, mais confuso que ela ao tentar se decidir qual dos livros favoritos, é o mais favorito.

— Vá à merda, senhor Mellark! — sua voz saiu grave de repente.

— Katniss...

— Katniss, uma pinoia, Peeta, o quer de mim? Me deixar maluca, cativa, me deixe em paz, desejo a você o pior natal de todos! — ela se afastou, naquele momento um taxi estacionava no meio fio, duas pessoas pularam dele, uma mulher gravida e um homem bastante nervoso, provavelmente o novo papai, esperou os ocupantes saíssem e rapidamente entrou. Falou seu endereço ao motorista. O motorista pisou no acelerador.

Peeta ficou parado, observando o taxi amarelo se misturar com muitos outros que por lá trafegavam.

Covarde!! Pensou isso de si mesmo.   

— Não sei que tipo de minhoca tem na cabeça, menino, mas se não vai fazer nada, ao menos me leve para casa, acebei de acordar de um coma, não quero morrer de novo — Com a voz rude, e parcialmente irônica, Greasy sae, rosnou.

Peeta deu a volta, sentou no banco do motorista, girou a chave na ignição e acelerou, pouco tempo depois, estava chegando em casa. Greasy falou bastante em todo percurso, disse que estava compensando os dias que ficou muda, desceu do carro, reclamando de tudo, principalmente da casa que Peeta morava.

— Falta um toque feminino nesta casa, alegria, cores, agora entendo, o motivo para usar roupas pretas o tempo todo. — observou os quadros antigos na parede — Que coisas velhas, menino, não tem medo de olhar para isso quando acorda no meio da noite com cede e precisa de um copo de agua? — Ela admirava a moldura, mas seu rosto contorcia em desagrado, odiou aquela imagem arcaica do homem naquela casa. — Um bando de velho — Greasy, retrucou — Não tinha mulheres em sua família? — Ela quis saber, não estava nem ai sobre o quanto invadindo sua privacidade, o jovem rapaz precisava de vida, ao menos um pouco ela proporcionaria a ele.

— Esses quadros antigos são de minha família — Peeta os defendeu. — Todos os meu antepassados...

— Isso eu sei, esqueceu que trabalho para o seu pai desde que era um toquinho, que se escondia debaixo das minhas saias toda as vezes que seu pai o levava para o trabalho?

A mente de Peeta foi até onde lembrava, era bem pequeno, apenas o pai cuidava dele, a mãe de Peeta já não estava entre eles, nunca a conheceu. Um parto difícil, fora aversão que o pai havia contado a ele, até o dia que ele se apaixonou pela primeira vez. Então a verdade veio à tona, o amor que ele sentiu, a matou. Por muito tempo ele odiou o amor. Mas, agora...

— Você se lembra dela? — Uma curiosidade que nunca o acometeu, agora o importunava. Katniss despertou nele a ânsia de viver, reviver.

— Um pouco — respondeu, olhando-o atentamente — Era uma linda mulher, e eu, a invejava. — um v de curiosidade se formou na sobrancelha de Peeta — Inveja pela forma que seu pai a amava, nunca vi um amor como aquele, Peeta, nem em filmes, nunca em minha vida! — Os olhos da arcaica senhora, brilhavam. — Sei que passaram pouco tempo juntos, mas garanto, que sua mãe foi a mulher mais feliz desse mundo.

— Mas, está morta — seu humor mudou de repente.

 — Todos nós vamos morrer, meu querido, todos nós. O que importa não é a quantidade de tempo que permanecemos vivos, isso sim, os momentos felizes de nossas vidas, apenas isso, não me vê, estou quase chegando no fim da vida e nunca, nunca conheci o amor de verdade, fiz as coisas que eu gostaria de ter feito, e isso porque fui uma covarde, tive medo, tive raiva, deixei me levar pela vaidade. — exasperou — Se eu tivesse uma chance, apenas um única chance, de rebobinar, e fazer diferente eu faria, sem me importar com as consequências — ela tomou folego — Então, seja o que for que te impede de ser feliz, ignore isso, não se sacrifique, não perca a chance de ser feliz, isso não tem volta, Peeta!

— Você não entende, Greasy! Você não entende.

Antes de Grasy argumentar, as portas se abriram, um vento gélido quase os congelou.

— Uma tempestade de neve está começando lá fora. — sem cerimônia Katniss entrou e retirou o casaco, entregou a Peeta — Vim ajuda-los a cozinhar, vem eu te levo para a cozinha.

A mesa estava farta, não decorada, nas dependências do chefe, não tinham arvore, enfeites de natal. Mas, Katniss e Greasy, bastavam, deram a ele, o mais caloroso natal que já teve em sua vida. Mais tarde, estavam cansados, Katniss e eles trocavam olhares. Íntimos. Aqueles que apenas duas pessoas que se amam podem transmitir.

— Aqui está muito frio. — ela tiritou de frio, buscou uma manta que estava em cima de uma das poltronas. Peeta recolou mais toras de madeiras, o fogo da lareira engrandeceu.

O filme que eles assistiam chegou ao fim, Katniss e Greasy, estavam quase adormecidas, Peeta cuidou da mais velha, nos braços a levou para o quarto. Depois de ajeitar tudo para que ela ficasse bem quentinha, retornou com a intenção de cuidar da jovem, seus cabelos caiam dependuravam-se para fora do encosto do sofá.

Ele parou, ficou observando. Abaixou, retirou alguns fios de cabelo que caíram em seu rosto. Seu peito arfou. Era tarde. Uma lagrima escorreu dos olhos do homem. Ele a amava.

Sentindo a presença dele, Katniss abriu os olhos. Viu que ele chorava, um ponto de interrogação fora escrito em seu rosto.

— O que foi? — com o polegar ela limpou as gotas salgadas. — O que foi, Peeta? Está me assustando. — constatou.

Peeta se afastou, caminhou para perto da lareira, ele não tinha saída, era evidente que a amava. Quanto tempo eles tinham? Quantos dias a mais ela ainda iria viver? Lembrou-se do relato de Greasy...Ele faria dos últimos dias dela os mais felizes. A partir daí, seu único desejo era dar a ela o que de melhor pudesse lhe oferecer. Toda semana gastava uma pequena fortuna comprando joias, levando a jantares e viagens. As noites de amor, ficavam mais intensas. Katniss se dizia a mulher mais feliz. E cada vez que ela se declarava, seu coração quase corria do peito. Passava as noites em claro, observando enquanto ela dormia, enquanto lia aquele maldito livro da sua família. Precisou abrir o jogo para ela.

— Você não tem medo? — perguntou enquanto ela dormia sobre seu peito.

Ela levantou levemente o rosto.

— Eu tinha medo quando pensava que você jamais iria me olhar, corresponder o meu amor, quando fez isso, me faz querer enfrentar tudo.

— Até a morte?

— Um conto de fadas sempre tem um final feliz. A sua tatatatatatataravó conseguiu reverter o feitiço, nós também vamos conseguir... — Ela sentou no quadril dele. — Enquanto isso não acontece por que não aproveitamos meus últimos dias de vida? — deixou beijos provocantes no seu peito musculoso e nu.

— Você não tem jeito — ele a reprovou. Esticou o braço, ligando o abajur. Ficava irritado quando ela não levava o assunto a sério, será que não entendia o quanto era devastador para ele saber que ela corria risco de vida, por ele ama-la.  Devia ter seguido seus planos, deixado a cidade enquanto era tempo. Tempo o suficiente para ele não se apaixonar.

(...)

  No trabalho chegavam e saiam juntos. Para todos eram um casal. Katniss ficou triunfante quando Cashmere soube que ele estavam juntos. E Greasy, nem se fala.

Mas, Peeta ficava alerta a todo minuto. Recapitulou em sua mente, como aconteceu com as outras três, foram todas congeladas, não, ninguém chegou com poderes mágicos, e as enfeitiçou. Todas foram de formas trágicas, com o mesmo sintomas: hipotermia. 

Dessa forma não permitia que Katniss saísse de perto dele.  Faria de tudo. A maldição não a encontraria. Mas, sua estratégia caiu por terra, quando, a garota saiu de carro sem avisa-lo. Estava no trabalho, quando seu telefone tocou, era um policial rodoviário, disse que o carro dela fora encontrado dentro de um lago congelado, mas por sorte, ela fora arremessada para fora, porém, a baixa temperatura, quase a congelou.

Pi pi pi

Ele não aguentava mais aquele barulho, o perpetuo silencio. Queria que ela abrisse os olhos, fala-se outra vez.  Se culpava, não deveria ter dado ouvidos a Greasy. Como aquele mundo seria sem ela?

Exaurido, Peeta deixou o quarto onde ela estava, a mãe de Katniss entrou em seu lugar. Ficou observando através do vidro. Havia de ter algo/alguém a recorrer.

Ele entrou em seu carro. Começou a chover. Dirigia além da km permitida, de repente sentiu um impacto, outro carro colidiu com o dele, o gelo deixava a estrada escorregadia. As rodas ziguezagueavam. Tentou controlar a direção, mas não conseguiu. O carro capotou três vezes, até seu corpo estar do lado de fora. No breu. No relento. Congelando com a neve. Em estado de inanição.

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Era uma vez, um mesmo mundo, mas diferentes e distantes. Num, o sol reinava nos céus, no outro, era todo branco por culpa da neve. Esses reinos, possuíam um rei e uma rainha que um belo dia se apaixonaram.

No entanto, a rainha do gelo, possuía poderes que ainda não obtinha o total controle. Então, sem saber, quando, os lábios da rainha e do rei se tocaram, ela o congelou. O congelou, por que seus sentimentos matavam. E para evitar que seu poder machucasse outras pessoas, ela fugiu para um lugar distante, até que descobriu estar gravida. Teve de parar em um povoado. Ficou lá até a criança nascer, quando fizera isso a abandonou na floresta, teve medo de ama-la e matá-la também. Porem se arrependeu, mas quando retornou para busca-la, já era tarde demais. Alguém já havia levado. Enfurecida, com o coração estilhaçado. Ela invadiu aquelas terras. Alegando que buscavam filha perdida. Com isso, ela queria levar todas as crianças para saber qual delas possuía o seu sangue.

E para impedir que isso acontecesse, o decimo segundo e decimo terceiro reino que faziam divisa com o singelo povoado, uniram-se contra as forças obscuras da rainha, lutaram destemidamente. Venceram, pois a rainha recuou, seus cavaleiros, deixaram os reinos, porém, a Rainha do Gelo, era imbatível, lançou um feitiço para encontrar a filha perdida, e o feitiço formou uma chuva de fragmentos que ficaram por muito tempo caindo sobre os reinos, atingindo adultos ou crianças, e esses fragmentos se alojavam em seus corações e os congelava, a única pessoa imune era sua herdeira.

Quando o casal que resgatou a criança na floresta soubera do feitiço, criou uma forma de protege-la, a criança nunca saia de casa, e quando fazia, era com roupas protetoras, assim ela continuou crescendo, virou adulta e apaixonou-se por botânico. Casou-se com ele, tiveram uma filha.

Como o tempo já havia se passado, esqueceram da maldição que os cercavam, deixando a filha correr livre entre as arvores, no entanto, um belo dia um estilhaço do espelho maldoso atingiu os olhos da menina e se fixou em seu coração, congelando-a. A mãe pensou que a filha era imune, já que era desentende da rainha do gelo, mas ela era meia humana, isso fazia dela uma mortal.

Desesperados, eles vasculharam em todos os reinos alguém que pudesse descongelar sua filha, a única que podia era a rainha, que àquela altura era a pessoa mais temida daqueles reinos.

A rainha aceitou salvar a menina, mas em troca disso, ela seria a herdeira, teria de levar a maldição para o mundo. Sem pensar duas vezes, os pais aceitaram, Kat acordou imediatamente, seus olhos estavam diferentes, eram nocivos e mais indelicados.

Deste momento em diante, Kat se tornou a criança mais horrível e odiável da aldeia onde morava, ele via ódio e rancor até mesmo nas flores que amava tanto cultivar. Kat, passou a visitar os reinos, seduzia os homens e quando eles a beijavam, ela os congelava.

Quando completou dezoito anos, a mãe de Katniss contraiu uma gripe que devastou o povoado. Elas não eram tão unidas, já que o coração de Kat duelava entre ódio e a bondade. Mas, antes da mãe partir, prometeu que buscaria o amor e isso aconteceu. Aconteceu quando o príncipe Mellark apareceu.

(...)

— Eres do castelo, alteza, não deveria andares sem guarda por estas bandas, não sabes o que podes encontrar, por aqui! — Alertou o cavaleiro protetor.

— Você é minha guarda, Finnick! – Respondeu-lhe o príncipe Mellark, sem tirar os olhos da aldeia dos botânicos. — E vai me levar até lá. — Apontou sorridente e com um olhar encorajador. Seu puro sangue relinchou.

— Qual o motivo para se arriscar dessa forma? Sabe do tratado, não sabe?

— Claro que sei desse acordo inútil, cavaleiro, mas isso não vai me impedir de vê-la, prometi que iria, honro o que digo.

— Sabe que uma delas é descendente da rainha do gelo. Não tens medo de congelar?

Peeta gargalhou.

— Sou o guerreiro, sucessor do trono, não tenho medo destas fabulas. Katniss não é uma bruxa!

O puro sangue trotou, foi em direção a aldeia. Aquele lado da floresta era conhecido e protegido pelo tratado dos dois reinos que lhe cercavam. Os botânicos, donos da mais rica floresta, serviam aos dois reinos em troca de proteção.

Proteção de suas terras, da floresta e de sua gente. Eles possuíam um modo de vida diferente. Suas crenças e tradições, eram regidas pela força da floresta e a sabedoria da natureza. E talvez seja esse o motivo para possuírem as mais belas mulheres.

Peeta reconheceria aquele belo rosto. Ela era linda, magnifica.  A filha do botânico. Ela esteve no castelo no mês passado. Cuidou de Rayna, sua irmã mais nova que contraiu catapora. Ela retornou outras vezes. Mas, ele não pode se aproximar. Falar com elas em meio a tanta gente, causaria um reboliço entre as pretendes, levaria um sermão dos pais.

Peeta endireitou-se na cela e se concentrou no caminho à frente, qual desculpa ele usaria para poder entrar naquelas terras? Pensou nisso enquanto fazia a curva da colina. Estava disposto a qualquer preço. Ele não estava se dirigindo até ali para conhecer qualquer moça, apenas uma, uma que não saia dos seus pensamentos.

— O que vai fazer? – Perguntou Finnick quando o viu longe do seu cavalo.

— Vai, desça daí e me bata. — Ordenou o príncipe mostrando seu próprio rosto.

— Está maluco?

— Me bata, preciso de cuidados médicos, único motivo para conseguirmos entrar lá, então não enrole, me soque!

— Me desculpe, alteza, mas não vou fazer isso.

— Finnick!!

— Não!

Finnick e Peeta eram amigos desde que nasceram os dentes, quando mais velho, Finnick tornou-se um dos cavaleiros do castelo.  Então, Peeta o escolheu como seu escudeiro pessoal. Porém, agora, se arrependera do feito, Finnick era muito obediente a coroa, fazia de tudo para manter o inconsequente principe seguro. Mesmo que precisasse desobedecer suas ordens. Peeta era o homem difícil, deveria ter escolhido ficar a serviço do rei.

— Está bem! — Peeta trovejou — Então já sei qual das donzelas do castelo, convidarei para sair esta noite — agora ele cantarolou — A filha do peixeiro, ela deve saber cozinhar sardinhas apetitosas. Qual o nome dela mesmo?

Um v se formou entre as sobrancelhas do outro cavaleiro, Peeta continuou.

— Annie Cresta...

Ao ouvir o nome da donzela, Finnick descera do cavalo às pressas. Peeta sabia do amor que ele nutria pela ruivinha, a usaria para barganhar o que pretendia.

— É isso que quer? — De repente, Finnick pegou uma tala de madeira e acertou a testa do amigo. Sangue jorrou em sua camisa. — Nunca mais ouse falar o nome dela. — Alertou.

 Satisfeito, o príncipe se ajeitou. A pancada fora mais forte do que esperava, no entanto não reclamaria, naquele caso, o sacrifício valeria a pena.

— Fomos atacados, é tudo que eles precisam saber.

Um segundo depois o destemido príncipe segurava as rédeas do cavalo. E antes de entrar na vila, arrumou-se para dar continuidade ao teatro, assim ele desalinhou os cabelos. Sedosos cabelos loiros que se encaracolavam nas pontas. A vestimenta impecavelmente branca, ele sujou com um pouco do próprio sangue. E do amigo Finnick, recebera um belo banho de terra que se misturou com a neve. Definitivamente, possuíam aparência de cavaleiros que saiam de uma batalha.

Toda aquela preparação surtiu efeito, quando os moradores da vila notaram sua presença, formaram um círculo de curiosos. Era a primeira vez que andava livre pela aldeia botânica, aquele lugar era tão magnifico quanto o jardim do castelo no qual estava habituado a circular. Minutos depois ele estava sendo até o consultório do vilarejo.

— Então foram atacados, alteza? — Dr. Everdeen o recebera.

— Arruaceiros.

            Peeta era muito bom em mentir.

— O que eles queriam?

— Não sabemos, Finnnick e eu, estávamos fazendo rondas, então nos deparamos com arruaceiros descansando próximo as nossas macieiras, então começamos a segui-los, vimos que seguiam nesta direção, tentamos intervir.

            — Eram quantos?

            — Trinta e Oito — Finnick inventou de repente.

            — Trinta e Oito? — Assustou-se o curandeiro — Vocês deram cabo de 38 arruaceiros?

            Peeta tratou logo de intervir.

            — Não eram tantos, meu caro amigo, acho que a pancada que levou na cabeça está lhe causando um delírio, assim, acho melhor se preocupar com ele, doutor, o meu ferimento ficará tudo. — Pulou da bancada aonde havia se apoiado. — Pode abrir o cérebro dele para aferir se está tudo bem, tem o meu aval, enquanto isso vou saber como estão nossos cavalos. Afinal, necessito deles para retornar ao meu castelo.

Rapidamente o curandeiro virou-se para Finnick. Enquanto o amigo recebia o exagerado tratamento, o jovem príncipe deixou o lugar, caminhou livre pelas ruelas do vilarejo. Ele procurava alguém e sabia que iria encontrar.

Então alguns dos guardas do castelo que foram designados para proteger aquele povo, passou por ele fazendo a velha reverencia. Estava distraindo olhando um grupo de crianças atirar neve uma na outra, quando de repente uma bela jovem usando uma capa branca, longa, até os pés, rompeu em sua vista.

Ela removeu o capuz que protegia a cabeça dos flocos de neve que caiam ininterruptamente, olhou para ele, para as crianças novamente e começou a se afastar. Então uma comedida perseguição iniciou no pacato vilarejo que separava os dois reinos.

— Aonde pensa que vai? — Ele a segurou pela cintura. Ela podia sentir os batimentos cardíacos dele em suas costas. A brisa gelada bater na nunca. Deveria se afastar, porém, não queria, ele estava ali, fora atrás dela.   

Estavam isolados, ninguém ousaria sair de casa com aquela neve.  Por hora, ninguém os notariam ali.

— O que faz aqui?

— Eu disse que viria.

Com uma força brusca, ele a girou, agora estavam frente a frente. O cinza e o azul. Beijaram-se de forma avassaladora. Até que tinindo de um sino os interrompeu.

— O que foi?  — O príncipe perguntou.

— Eu precisos ir. — Adotando um semblante sério, a donzela se desvencilhou. Recolocou o capuz que antes lhe protegia do frio, seu olhar se transferiu de apaixonado para catatônico, era como se ele tivesse visto o demônio.  — Você precisa sair daqui. — Falou antes de sumir. No breu. Na escuridão.

Antes que o jovem príncipe dessa conta do que estava acontecendo. Uma luz forte surgiu do nada e quase o cegou. Cego pelo amor.

Ela conheceu um rapaz, lindo e adorável, a princípio derreteu os icebergs do seu coração. No entanto, um belo dia, um anuncio chegou ao reino aos três reinos, Príncipe Mellark, estava de casamento marcado. Com a jovem mais bela do reinos, Kat sentiu uma dor imensurável, seu peito rasgava de ódio. Prometeu encontrar a forma mais dolorosa de se vingar.

Então, ela deixou os três reinos, caminhou por milhares, enfrentou inúmeros predadores, até chegar na montanha mais alta aonde vivia a rainha. Chegando ela prometeu ser sua aliada caso a bruxa de gelo lhe ajudasse a encontrar o meio mais doloroso para vingar-se do seu amor.

Contente com a decisão da jovem, Coin, concordou em ajuda-la, passaram os dias e ambas ficavam cada vez mais próximas, porém Kat, ainda estava obstinada, seu coração ardia como se possuísse fogo.

 Ficar ao lado da avó, estava a deixando cada dia mais forte, estava gostando disso, de possuir tanto poder, quanto mais ódio ela sentia, mais habilidades adquiria, conseguia congelar um reino todo apenas com o poder do pensamento.

 Era isso que ela faria, então decidiu que partiria, voltaria para o vilarejo e congelaria a todos na frente do príncipe.

Ao retornar para o reino, as lembranças anuviaram a mente. Lembrou dos pais e da promessa que fizera para a mae. Parecia que aqueles humanos a e fraquejavam. Tentou apagar isso da mente.

Coincidentemente, chegou ao vilarejo no dia do grande casamento. Seus sentimentos estavam a flor da pele, não conseguia controla-los, congelou todo vilarejo, inclusive o seu pai. Imediatamente foi ao seu encontro e o abraçou e chorou muito sobre ele, mas era tarde demais.

            Solitária, ela caminhou na direção do castelo e cada palmo de terra por onde pisava, virava gelo. No castelo, com as ruas vazias, controlou os seus poderes, esperou estar no palácio onde ocorria a cerimonia para cumprir o que pretendia e congelar todos eles na frente do príncipe.      

            Os cavaleiros do reino tentaram impedir que entrasse, mas agiu rapidamente, os congelou instantaneamente, posicionou a mão e abriu as gigantescas portas cromadas de ouro apenas com a geada do vento.

Kat fizera uma majestosa entrada no tapete vermelho, seu vestido possuía caldas compridas, branco como a neve, e o cabelo, escorria pelos ombros.

O sacerdote que celebrava o casamento, fechou o livro sagrado, então o príncipe virou o rosto para trás, a viu depois de tanto tempo. Paralisou. Um brilho anguloso tomou conta de seu olhar. Era como se ela não acredita-se no que estava vendo.

Inesperadamente, ele desceu do altar, Kat imaginou que ele a atacaria, assim, usou o poder para detê-lo. O congelou. Petrificou. De baixo para cima. Todos na igreja ficaram em silencio, imóveis. Exceto uma pessoa, a noiva que ainda ela não viu o rosto. Então a noiva se virou.

Os braços de Katniss despencaram-se do corpo. O que estava acontecendo? Aquela... Aquela ...

Era ela? Uma gargalhada diabólica ecoou no ambiente e a noiva derreteu como se fosse neve. Ela correu até Peeta e tentou descongela-lo com fazia com os outros, mas qualquer esforço era inútil. Ela sabia que ele não duraria muito tempo, precisava agir rapidamente, assim correu para além do castelo, e, roubou uma carruagem, transformando-a em um trenó sem renas, conduzida apenas pelo gelo, assim chegou mais rápido no castelo de Gelo. Ajoelhou-se e ofereceu sua vida em troca da vida dele. Para ele viver,  ela teria de morrer!

 

 


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