Autumn Leaves In a Snowstorm escrita por Miss Moonlight


Capítulo 4
Pull back the curtain and let the show begin!


Notas iniciais do capítulo

E aí, como vocês estão?

Demorei, mas voltei. Afinal, como não voltar depois de receber comentários tão lindos? Sério, eu sei que já agradeci, mas eu tenho que agradecer de novo, porque vocês realmente fizeram o meu dia.

Aliás, um muito obrigada totalmente especial à Srta. Fox que além de me proporcionar maravilhosas reviews, RECOMENDOU MINHA FUCKING FANFIC! Minini, você não tem noção do quanto isso me deixou em prantos, mas de um jeito bom, claro. Eu acabei de ler sua recomendação e agora tô aqui, quase não me contendo de tanta felicidade. Sem contar que agora eu me sinto totalmente na obrigação de te proporcionar uma leitura maravilhosa até o fim, o que não é uma tarefa fácil, mas eu prometo dar o meu máximo.

Mas enfim, acho que já enrolei o bastante.

Boa leitura!



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O resto do café da manhã não poderia ter passado de um jeito menos desconfortável e tenso.

Mesmo com muito esforço, devido as nossas opiniões e ideias divergentes, criamos uma estória coerente com os fatos e que fizesse sentido. Depois repassamos a nossa pequena farsa diversas vezes até que a estória estivesse perfeitamente gravada em nossas mentes. Enquanto fazíamos tudo isso, eu tentava o tempo todo repetir para mim mesma que aquela era a opção mais viável, mesmo que não fosse a mais correta. Denunciar Charles seria um sonho, mas um sonho que não poderia ser concretizado ainda e teria que esperar ou, diante do meu mais novo pavor adquirido pelo rapaz, era capaz de até ser esquecido com o tempo.

— Vê se não estraga tudo, Pierce – ele comentou em um tom baixo para mim, enquanto caminhávamos até o escritório da Sra. Stevens.

Apenas revirei os olhos para ele, não vendo a hora de livrar-me de sua presença. Definitivamente eu não sabia o que estava fazendo quando quis ser amiga dele anos atrás. Alguns minutos na sua presença já foram o suficiente para eu não querer olhar para cara dele por um bom tempo.

Quando chegamos à porta de madeira escura que guardava o escritório da dona do orfanato, White bateu levemente em sua superfície e aguardou, tratando de livrar sua face de qualquer emoção que pudesse nos denunciar. Após ouvirmos um “entre”, ele virou a maçaneta e abriu uma fresta da porta, o suficiente para passar sua cabeça e uma parte do ombro.

— Queria nos ver, Sra. Stevens? – Perguntou ele em uma voz suave, beirando a inocência, que me fez ficar enjoada e quase vomitar diante de tanta falsidade.

— Oh, sim, Charles. A Autumn está com você? – Ouvi sua voz dizer.

— Está sim. Trouxe-a como foi pedido – o jovem rapaz, então, abriu a porta em sua totalidade e tive que fazer um esforço para disfarçar minha descrença, quando ele deu espaço para eu passar primeiro, como se realmente fosse um costume cavalheiresco dele.

— Bom dia, querida. Como está? – Disse ela com o seu costumeiro tom doce e maternal que me deixava desnorteada, sem saber o que fazer.

— Bem – respondi rapidamente, encarando alguns pontos do ambiente, numa tentativa de evitar olha-la.

— Isso é ótimo. Por que não se sentam? Tenho algumas perguntas para fazer a vocês – apontou para as suas cadeiras estofadas do outro lado de sua mesa. White e eu trocamos um olhar e nos sentamos nos objetos assim como foi pedido. – Bom, como eu já expliquei ao Charles hoje mais cedo, eu chamei vocês aqui hoje porque recebi uma denúncia de um dos órfãos dizendo que você, Autumn, estava ferida e que Charles era o responsável – ela disse, olhando exatamente para mim e com os dedos entrelaçados sobre a mesa. – Isso é verdade, Autumn? Pode confirmar isso?

Olhei para o rapaz ao meu lado, não conseguindo evitar ponderar outra vez se devia contar a verdade ou não. Charles olhou-me de volta com uma expressão de coitado, mas com os olhos transmitindo uma ameaça silenciosa para que eu não me atravesse a não seguir com o plano. Desviei meus olhos para a senhora a minha frente e respirei fundo, respondendo em seguida:

— Não, Sra. Stevens, não é verdade – quase pude ouvir um suspiro de alívio vindo do rapaz ao meu lado. – Charles não tem nada a ver com isso.

Falar seu primeiro nome era tão estranho que eu tive que segurar-me para não franzir o cenho ao pronunciá-lo.

— Mostre a ela os hematomas, Autumn – disse ele, ainda com a mesma máscara inocente. Não pude deixar de arregalar levemente os olhos ao ouvir pela primeira vez o meu nome saindo de sua boca. Definitivamente ouvir o meu vindo dele era tão estranho quanto dizer o seu.

Tirei o fino casaco e levantei um pouco a manga da minha blusa para mostrar as marcas roxas para a Sra. Stevens, que arregalou os olhos e colocou as mãos sobre a boca.

— Mas o que aconteceu, querida? Por que não disse nada?

— Aconteceu ontem à noite, quando voltávamos do trabalho – disse White, respondendo por mim, o que eu aceitei de bom grato. – Estava na rua do orfanato, quando avistei mais a frente a Autumn ser atacada por um homem. Ele a segurava pelos braços e tentava a arrastar para o beco ali perto – ele olhou para mim e eu quase acreditei na mistura de tristeza e raiva que ele conseguiu emitir em sua expressão.

Foi só quando notei suas sobrancelhas levantarem levemente, que percebi que era a minha vez de continuar com a mentira.

— Eu fiz de tudo para me soltar, mas ele era muito forte. Foi muita sorte que o Charles estava lá na hora. Ele bateu no homem e, assim o sujeito foi embora correndo, me trouxe para o orfanato – o olhei outra vez e lancei-lhe um meio sorriso amarelo. – Se não fosse por ele, eu nem sei se estaria viva agora.

Charles retribuiu com um sorriso ainda mais falso e levou sua mão até a minha, fazendo um rápido "carinho", que me fez estremecer por conta do choque do seu ato repentino e pelo contato da sua pele fria contra a minha. Olhamos para a Sra. Stevens e ela estava quase tão surpresa quanto eu com tudo aquilo. Demorou um tempo para ela pronunciar-se outra vez:

— Eu não sabia que vocês eram tão próximos assim. Pelo que eu pude notar todos esse anos, vocês são tão quietos, sossegados e na de vocês, que eu realmente não tinha ideia dessa… proximidade toda.

— Você tem razão, senhora. Nós éramos bem reservados e não trocávamos muitas palavras um com o outro, porém, depois do que aconteceu ontem, nós passamos a conversar e notamos que temos muito em comum na verdade – ele sorriu para mim de novo, mas a cada sorriso que ele lançava-me, tudo parecia ficar ainda mais bizarro. Charles White sorrindo sem um pingo de sarcasmo não parecia certo.

Sra. Stevens balançou a cabeça em concordância, embora sua confusão e desconfiança fossem nítidas em sua expressão.

— Bom, alguma ideia do motivo pelo qual Edward Bennett inventou tudo isso então?

Olhamos um para o outro rapidamente, em um breve momento de pânico, pois não havíamos pensado na hipótese dela perguntar aquilo. Como se lêssemos a mente um do outro, balançamos a cabeça para o lado e para o outro quase em sincronia.

— Na verdade, eu estivesse pensando nisso durante o café e suspeito que tenha sido por ciúme – White disse depois de alguns segundos em silêncio, fazendo-me olhá-lo de súbito com uma interrogação na testa.

Que porcaria era aquela?

— Ciúme? Da aproximação de vocês dois? – Perguntou ela, tão confusa quanto eu.

— Sim. É mais do que óbvio para todos aqui do orfanato, que Bennett sempre quis a amizade da Autumn ou até algo mais, apesar dela demonstrar claramente de que não está interessada – ele argumentou com tanta certeza em sua fala, que se eu mesma não soubesse que era verdade, teria acreditado de qualquer forma. – Acho que seria natural ele sentir ciúme e até inveja de mim por eu ter conquistado o que ele tenta há anos. Nada mais conveniente, então, do que se vingar tentando me culpar por algo que eu obviamente não fiz.

Sra. Stevens ponderou por alguns segundos e depois balançou a cabeça, concordando com a hipótese de White. Naquele estágio, eu estava fazendo uma tremenda força para não esquecer quem era o verdadeiro culpado naquela história, já que o jovem ao meu lado tinha tanta habilidade na manipulação de palavras, que quase me fez acreditar na nossa própria mentira.

— Certo, acho que faz sentido. Bom, obrigada por esclarecerem tudo então.

Afirmamos com a cabeça e nos levantamos prontos para sair daquele lugar e parar com as mentiras. White abriu a porta, deu espaço para eu sair primeiro e, como estava de costas para a Sra. Stevens, não precisei segurar um revirar de olhos. Quando estava prestes a passar por aquela porta, ela chamou-me:

— Só um instante, será que posso conversar com você a sós, Autumn?

White e eu trocamos um olhar, querendo ou não, cúmplice, antes de eu virar-me e murmurar um “claro” para a senhora do outro lado da mesa.

— Nos encontramos no jardim mais tarde então, Autumn? – Perguntou ele, logo recebendo minha confirmação, apesar de todo o meu receio em ficar sozinha com White outra vez.

Ele então saiu da sala, fechando a porta atrás de si e deixando-me finalmente sozinha com a Sra. Stevens, que não fez cerimônias e começou logo a dizer:

— Olha, Autumn, vou ser bem sincera com você: eu não confio naquele garoto. Não sei o que tem nele, mas algo não me deixa acreditar cem por cento em tudo o que ele diz. Então eu preciso da sua palavra, que confirme que o que Edward disse não passou mesmo de uma crise de ciúme boba.

Engoli em seco com a sinceridade da mulher a minha frente. Querendo ou não, ela “criou-me” desde que nasci praticamente. Talvez fosse o mais próximo de uma “mãe” que eu tinha e estava mentindo na maior cara de pau para ela, por medo do que Charles White poderia causar-me. Ponderei pela milésima vez naquele dia se deveria contar-lhe a verdade. Mas que bem isso traria? Ninguém poderia fazer nada em relação a Charles, já que ele era menor de idade e ele não tinha de fato me batido de fato, “apenas” marcado meu braço e me ameaçado. Eu não tinha provas o suficiente caso fosse mesmo denunciá-lo e sabe-se lá o que ele faria comigo depois de saber o que eu havia feito.

Por fim, apenas suspirei sem esperanças antes de responder:

— Nós dissemos a verdade, Sra. Stevens. Charles realmente me salvou daquele homem ontem à noite. Eu sei que ele pode não parecer confiável para muitas pessoas daqui, mas ele realmente não fez nada para merecer isso, fez? – Ninguém havia desconfiado sobre o episódio do Ethan, então eu estava livre para dizer aquilo. – Vocês não o conhecem, portanto não têm o direito de dizer isso sobre sua conduta.

— Me desculpe, Autumn, não quis ofendê-lo. É que eu me preocupo com você e quero que saiba que pode contar comigo caso precise de qualquer coisa – disse ela, sentindo-se culpada e fazendo com que eu me sentisse mais culpada ainda.

— Eu sei disso, Sra. Stevens, mas não se preocupe. Você sabe que eu sei me cuidar sozinha.

— Sei que sabe, porém podem acontecer casos como o de ontem, por exemplo, que só você não será o suficiente para resolver. Não pode afastar todo mundo da sua vida, Autumn – suspirou, olhando nos meus olhos com aquele ar materno outra vez e fazendo com que eu rapidamente desviasse meu olhar para o carpete encardido daquela sala, querendo correr dali. – Mas fico feliz que esteja deixando alguém se aproximar de você, mesmo que esse alguém seja Charles White. Talvez vocês tenham mesmo algo em comum.

— É, talvez. Posso ir agora? – Perguntei sem conseguir disfarçar meu desespero para sair daquele lugar o mais rápido possível.

Ela sorriu levemente com um ar de tristeza e disse:

— Sim, pode.

—––

— O que a velha queria? – Perguntou White, quando o encontrei mais tarde sentado debaixo de uma das árvores do jardim, lendo um livro.

— Ela quis minha confirmação sobre os nossos relatos – respondi simplesmente, encostando-me no tronco da mesma árvore.

Ele riu sem humor, voltando sua atenção para o livro que, pelo que pude notar, tinha uma bela quantidade de páginas. White estava mais que na metade do livro e, por mais que eu tivesse me esforçado para ler a capa, não foi possível descobrir seu nome devido ao ângulo.

— Claro que queria, eu sabia que não acreditaria tão fácil assim em mim, mas na órfãzinha favorita dela é óbvio que ela acreditaria – disse em um tom zombador e eu apenas revirei os olhos, mudando o peso do meu corpo para a outra perna, já querendo ir embora dali mesmo tendo acabado de chegar. – E o que você disse?

Apesar de sua pergunta, ele parecia despreocupado, como se já soubesse que eu havia continuado com a nossa mentira.

— Eu contei a verdade, disse que você me fez inventar toda aquela história, que foi o responsável pelos hematomas e que me ameaçou se eu não seguisse com o seu plano – menti só pelo entretenimento de ver sua reação.

White apenas riu sarcasticamente como sabia fazer como ninguém.

— ‘Tá e quando você vai me contar o que realmente disse? – Perguntou, desviando seus olhos azuis acinzentados das páginas amareladas até minha direção com uma das sobrancelhas arqueadas.

— Acabei de fazer isso – respondi, direcionando minha atenção para o livro que eu também segurava, fingindo analisar sua capa.

— Pierce, se você tivesse mesmo feito isso, você nem estaria aqui em primeiro lugar. Estaria trancada no seu quarto ou arrumando sua mala para fugir daqui, porque seria certamente o que eu faria se estivesse no seu lugar. Sem contar que a Sra. Stevens já teria vindo me procurar. Então, vamos apenas parar com essa palhaçada e pode começar a contar tudo o que disse.

Depois de contar uma versão mais resumida do que aconteceu no escritório da Sra. Stevens enquanto White não estava lá, ele riu sem humor algum, aparentemente indignado com algo que eu havia dito.

— Você e eu? Algo em comum? Só se for o ódio que sentimos um pelo outro.

Suspirei e concordei com a cabeça, enquanto desencostava-me da árvore, pronta para finalmente sair dali.

— Bom, era isso. Satisfeito? Agora, se não se importa, eu vou indo, porque sinceramente não aguento mais olhar para essa sua cara hoje.

Antes mesmo que eu pudesse dar o primeiro passo para longe dele, White disse:

— Onde pensa que vai? Esqueceu que temos um teatrinho acontecendo? Não vou deixar você estragar tudo agora, Pierce. Só senta logo debaixo dessa árvore, cala a boca e lê esse seu romance ruim que você aparentemente adora por alguma razão desconhecida.

E foi assim que passamos o resto do dia, fazendo uma pausa apenas para almoçar e jantar. Ficamos praticamente em silêncio, um do lado do outro, lendo nossos respectivos livros e fingindo sermos amigos, quando, na verdade, eu tentava imaginar quantas vezes eu teria que bater com aquele livro na sua cara até conseguir arrancar aquele sorriso irritante que ele insistia em carregar a todo custo.


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Notas finais do capítulo

Bom, é isso. Não teve nada demais nesse capítulo, ele serve mais para ilustrar esse novo acordo entre o Charles e a Autumn e todo o bafafá envolvido, mas espero que tenham gostado de qualquer forma.

Como de praxe, sintam-se livres para deixar suas críticas, sugestões, para dizer o que estão achando da fanfic e me informar se acharem algum erro.

Enfim, muito obrigada por lerem e nos vemos no próximo!


~Tati



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