Autumn Leaves In a Snowstorm escrita por Miss Moonlight


Capítulo 3
"Friends"


Notas iniciais do capítulo

Sim, eu voltei, mesmo sabendo que minha fanfic é flop. Fazer o quê se eu gosto dela e minha migs da faculdade também? Né non, Milens? ♥

Ou pelo menos ela finge bem que gosta.

Enfim, à você, jovem guerreiro que chegou até aqui, meus sinceros agradecimentos e uma boa leitura!



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Não foi uma boa noite definitivamente.

Depois de passar um bom tempo procurando a maldita chave naquela imensa escuridão – que, querendo ou não, causava-me um tremendo desconforto – e conseguir finalmente sair daquele lugar, corri pra longe dali o mais rápido que pude, sabendo que não colocaria meus pés ali por um tempo.

Subi as escadas correndo e com ódio nos olhos. Só queria chegar no quarto de White logo e fazê-lo pagar pelo que tinha feito. Não via nada pela minha frente, tanto que não vi quando Edward Bennett cruzou meu caminho.

— Ei! Calma aí, Autumn! – Exclamou ele em um tom brincalhão, quando dei de encontro com seu tórax. – Está acontecendo algum apocalipse zumbi e eu não estou sabendo?

 Não consegui impedir que meus olhos se revirassem, enquanto contornava sua figura para subir o último lance de escadas onde se encontrava o corredor que me levaria até o quarto de White.

— Agora não, Bennett. Não tenho tempo e nem interesse para as suas brincadeirinhas– disse de costas para ele, começando a subir os degraus.

— Uau, você realmente não está de bom humor hoje – ouvi sua voz murmurar ao longe.

Chegando finalmente ao corredor em questão, corri até sua porta e não fiz cerimônia para agarrar e girar a maçaneta envelhecida. Quando aquele pedaço de madeira não mexeu um mísero centímetro, grunhi frustrada e comecei a esmurrar a porta, sem pensar em mais nada a não ser a minha raiva por aquele ser pálido e orgulhoso.

— Abre essa porta, Charles White! – Gritei, enquanto me punha a esmurrar aquele pedaço de madeira entre nós.

Não sei quanto tempo se passou, mas a minha mão já estava dolorida e cansada, quando a voz de Bennett se fez presente.

— Autumn? Por que está batendo desse jeito na porta do White? – Perguntou em um tom pateticamente preocupado, se aproximando de onde eu estava. – E o que houve com o seu braço? Isso não tem a ver com ele, né? Ou tem? – Agora com uma mistura de preocupação e raiva em seus olhos claros, ele segurou meu braço, quando uma marca ali ainda levemente roxa, chamou sua atenção.

Rapidamente soltei-me de seu aperto e rumei para o meu quarto logo a frente, dizendo, antes de fechar a porta na sua cara:

— Isso não é da sua conta. Por favor, aprenda a cuidar apenas da sua própria vida e não se meta na dos outros.

———

Na manhã seguinte, ao levantar-me, não pude deixar de notar – levemente assustada e raivosa – a mancha roxeada em meu braço. Não era uma novidade, porém eu havia meio que esquecido dela durante a noite e vê-la através do espelho naquela manhã, trouxe toda a frustração e raiva do dia anterior de volta. Eu quis andar até a porta de White outra vez, arrombá-la e quebrar a cara dele. Entretanto, foi só eu ter um vislumbre do meu braço outra vez, que a razão tomou conta de mim pela primeira vez durante todos aqueles dias. Arrumar outra briga e continuar alimentando o ódio de Charles White talvez não fosse a opção mais sábia, talvez apenas deixar todo aquele assunto morrer e desaparecer da memória dos dois fosse.

Ao descer para o café da manhã, vestida com um casaco de manga longa para cobrir as manchas e evitar mais problema, caminhei até a fila para pegar comida. Durante o caminho olhei apenas para o piso sob os meus pés, não querendo ter que cruzar com o White nunca mais se fosse possível. Finalmente estava claro para mim que se meter com ele era problema, um tremendo problema, mesmo sabendo que meu medo não ofuscaria minha curiosidade por muito tempo, mas isso era algo que eu deixaria para cuidar no futuro.

Já com minha bandeja abastecida com café da manhã em mãos, fui até o meu lugar de sempre, ainda evitando desviar meu olhar pelo ambiente e encontrar certas pessoas que eu realmente não estava afim de lidar. Porém todos os meus esforços foram desperdiçados, quando, ao chegar ao local em que eu costumava ficar todos os dias, uma figura alva de cabelos escuros encontrava-se sentada ali, logo no outro lado da mesa.

Meu coração parou por um instante quando reconheci o sujeito, o que não demorou muito. Apertando os lados da bandeja de plástico em minhas mãos e com a respiração acelerada, perguntei, ainda em pé:

— O que está fazendo aqui?

Amaldiçoei-me assim que a frase saiu de meus lábios. Minha voz estava ridiculamente falha e saiu mais baixa do que eu pretendia. Rapidamente limpei minha garganta, enquanto ele levantava seus olhos claros até os meus com um meio sorriso sarcástico nos lábios.

— Por quê? Não posso fazer companhia à minha mais nova amiga? – Disse a última palavra com um visível esforço, como se fosse o causasse algum tipo de nojo ter que proferi-la e era muito provável que proferi-la a mim deixava a experiência ainda pior para ele.

Não pude evitar que um pequeno riso também sarcástico saísse de meus lábios, apesar do ódio e pavor que eu sentia no momento. Causar qualquer tipo de desconforto em White causava-me uma estranha sensação prazerosa.

— E desde quando somos amigos? – Perguntei, ainda de pé, com nenhum pingo de vontade se quer de continuar ali, principalmente de sentar a sua frente e tomar café da manhã com ele.

Depois da minha pergunta, era visível o brilho de ódio que surgiu em seus olhos e ele os desviou para o lado, mais precisamente até Edward Bennett, que se localizava não muito longe na mesma mesa em que estávamos e nem disfarçava o seu olhar atento sobre mim e White.

— Desde que seu fiel cachorrinho, ali, disse a Sra. Stevens que eu a machuquei ontem à noite e era o responsável pelos hematomas em seu braço. – Voltou sua atenção até mim outra vez e bebericou seu café, sem desviar os olhos dos meus.

— Ele fez o quê?! – Perguntei surpresa e um tanto irritada por Bennett ter negligenciado meu pedido na noite anterior, como, pensando bem, sempre fazia. – Droga! Eu o mandei parar de cuidar da vida dos outros ontem, mas aparentemente que ele não é capaz de entender nem a sua própria língua nativa.

White levantou suas sobrancelhas levemente para mim e soltou um riso nasalado, que eu quase mal pude ouvir.

— Eu não me surpreendo. De qualquer forma, Pierce, por que você não se senta logo e come seu café em vez de ficar aí, em pé, chamando atenção atoa? – Perguntou ele, começando a comer sua torrada.

Depois de sua sentença, olhei ao redor pela primeira vez e, de fato, muitos dos órfãos olhavam em minha direção e na de White. Alguns confusos com nossa visível interação, já outros me olhavam apreensivos, como se o jovem a minha frente fosse tirar uma faca de suas vestes a qualquer momento e enfiá-la na minha garganta, mas eu não poderia culpa-los, já que, querendo ou não, eu tinha a mesma impressão que a eles. Olhando mais uma vez para a figura comendo tranquilamente a minha frente, respirei fundo e sentei no banco, posicionando minha bandeja na mesa.

— Então, – comecei ainda insegura com toda aquela loucura – vai me explicar qual é a do “amiga”?

Ele levantou seus olhos agora cinzas azulados até os meus novamente e largou sua torrada, batendo suas mãos, uma na outra, livrando-se dos farelos.

— Achei que nunca perguntaria. A Sra. Stevens pediu essa manhã para que eu e você fossemos até sua sala depois do café da manhã para esclarecer essa história. Meu plano é o seguinte: para evitar todo esse problema desnecessário com a velha, fingiremos ser amigos e inventaremos alguma desculpa para as marcas roxas no seu braço, caso ela realmente queira ver. Depois de uns dias de farsa, para não deixar tão óbvio a nossa mentira, esqueceremos essa história de uma vez por todas e nunca mais precisaremos olhar na cara um do outro de novo. – Ele disse sem gaguejar ou parar para pensar, como se tivesse tudo isso planejado há muito tempo.

Eu tentava assimilar tudo, lidando com o fato de que o sono e toda essa súbita loucura dificultavam um pouco o processo.

— Entendeu ou vou ter que repetir tudo para você com auxílio de um desenho?

— Não, White. Apesar de toda essa loucura acontecendo de repente, acho que consegui entender. A única coisa que não entendo é o motivo de eu ter que mentir, sendo que você seria o único prejudicado nisso tudo. Afinal, você é verdadeiro culpado da história e eu a pobre vítima. E pensando bem, você bem que merece uma punição pela sua atitude estúpida de ontem, aliás, pela atitude estúpida que você vem tendo desde que nasceu provavelmente – disse, cruzando os braços.

Ao notar seu olhar surpreso, mesmo que ele tentasse visivelmente disfarçar, não pude deixar que um sorriso vitorioso se formasse em meus lábios. Após um tempo desfrutando de sua reação, seus olhos estreitaram-se e o ar de surpresa foi substituído por um de pura frieza e eu só pude respirar fundo e preparar-me para o que viria em seguida.

— Sabe, Pierce, conselho de “amigo”: tome mais cuidado com o que fala. Você sabe que eu não sou de aceitar desaforos e muito menos de deixar alguém me prejudicar, principalmente alguém como você. Não tenho medo de nada, mas se eu estivesse em seu lugar, com certeza teria – ele aproximou seu rosto do meu, tomando cuidado com o tom de sua voz e sua expressão enquanto praticamente cuspia as palavras para mim, muito provável que era para não deixar com que os outros órfãos, um tanto curiosos, percebessem as palavras nada amigáveis que estávamos trocando. – Não vai querer ir contra mim, pode apostar nisso, ou então essas marcas roxas no seu braço ou aquela bela surpresa que eu lhe proporcionei ontem na biblioteca, não serão nada comparadas com o que eu posso fazer com você, caso você não queira participar do nosso lindo teatrinho.

Engoli em seco ao final da sua sentença. Seu tom de voz baixo e perigoso provocava arrepios sobre minha pele, junto à cor dos seus olhos, cujo azul havia desaparecido completamente deles. Ele parecia nem piscar, enquanto ainda encarava-me intensamente. Todo o sentimento triunfante que eu tinha sentido antes, havia esvaído pelo ar e agora eu só sentia medo e raiva de mim mesma por sentir-me assim.

— E então? Estamos finalmente de acordo? – Perguntou ele, depois de alguns instantes em silêncio apenas encarando-me, exibindo agora um sorriso amigável mais falso que o colar de Emmeline Bones, qual ela jurava pelos seus pais mortos ser feito com pérolas verdadeiras.

Revestida de puro medo, só pude concordar, balançando minha cabeça para cima e para baixo em um movimento rápido.

— Ótima escolha – ele respondeu satisfeito, voltando a comer suas torradas.

Sentia-me sem saída diante daquela situação e mais uma vez amaldiçoei-me por me meter no caminho de Charles White. Eu sabia que tudo o que ele havia dito era a mais pura verdade e, por mais que eu quisesse muito ferrar com ele, não estava nada afim de ser a próxima “Ethan Smith” do orfanato.

Quando mais novo, White não tinha tanta moral e controle sobre os órfãos quanto tinha naquela época através do medo que provoca em todo mundo. Ele era alvo de piadas e provocações dos órfãos mais velhos antigamente, pois sempre estava sozinho e com um livro na mão, ao invés de estar brincando com os outros garotos e socializar, sem contar que sua aura estranha sempre esteve o acompanhando. Além disso tudo, se já não fosse motivo o suficiente para que o provocassem, ele era pequeno e magro, ou seja, um alvo fácil.

Não era raro vê-lo cercado pelo grupo dos garotos mais velhos do orfanato, conhecidos por serem um dos motivos da grande quantidade de fios brancos no cabelo da Sra. Stevens. Eles bagunçavam os cabelos do garoto, o derrubavam no chão, o humilhavam de várias formas possíveis, rasgavam seus livros e às vezes até o batiam. E o pior era que ninguém fazia nada. Afinal, quem teria coragem de enfrentar aquele grupo? Ainda mais fazer isso por um garoto que era um tanto insignificante para todos no orfanato? Exato, ninguém.

Por mais que meu senso de justiça falasse mais alto algumas vezes, obrigando-me a denunciá-los a Sra. Stevens, nada disso adiantava muito. Eles sempre conseguiam livrar-se de alguma forma e – por um motivo que naquela época eu não entendia, mas que agora eu tenho uma ideia – White nunca os denunciou para ninguém.

E isso tudo continuou até o dia em que um grito estridente, vindo do jardim, chamou a atenção de todos os órfãos e funcionários que estavam no refeitório no horário do almoço. A reação de todo mundo foi a mesma: todos largaram suas bandejas e correram até o jardim para ver o que tinha acontecido. Ali, deitado no meio do gramado, encontrava-se Ethan Smith, uma espécie de líder do grupo que costumava incomodar Charles White. Ele chorava e gritava em pleno desespero por ajuda com os braços estirados no chão em posições nada convencionais. Não demorou muito para mim, para a Sra. Stevens ou para os outros órfãos notarem que ele havia quebrado os dois braços de um jeito visivelmente doloroso.

Diferente dos outros órfãos, eu não quis ficar para ver mais daquilo ou para saber o que tinha acontecido. De qualquer forma, quando eu voltei sozinha para o refeitório e avistei a figura de White, que não estava ali antes, comendo seu almoço de modo calmo e com um estranho sorriso satisfeito no rosto, eu soube exatamente o que tinha acontecido com Ethan. Mesmo que mais tarde, já devidamente engessado, ele alegasse que apenas tinha caído de mau jeito no chão. Eu não acreditei nem um pouco naquilo, ao contrário de todo mundo, e quando de repente todos os ataques do grupo ao White pararam, eu não podia ter mais certeza ou sentir mais medo em relação ao garoto de cabelos pretos e do que ele tinha feito com Ethan Smith.


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Notas finais do capítulo

Bom, é isso, galero.

Espero que tenham gostado e aquela coisa de sempre, sintam-se livres para deixar suas críticas e sugestões e me avisar se algo estiver errado.

Muito obrigada por lerem essa humilde estória e nos vemos no próximo!

~Tati



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