Eyes Green escrita por Creeper, Lya


Capítulo 7
Medo


Notas iniciais do capítulo

Oiiiiie! Voltei das trevas, amores e amoras!
Estava de castigo -.-, acostumem-se, isso é normal para mim.
Beeeeem, como estão? Já estão de férias?
Boa leitura ♡♡♡!



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Eu e Dressa "namoramos" (acho que o certo é "ficamos". Não tínhamos algo realmente concreto) aos 14 anos.
Dressa era louquinha, divertida e carismática. Além de linda, claro.
E um detalhe característico dela...
Todo dia ela usava uma cor diferente! Caso sua roupa fosse azul, obrigatoriamente seu cabelo, maquiagem e acessórios deveriam ser da mesma cor.
Ou seja, ela chamava atenção por onde passasse! Bem, nunca gostei de pessoas muito discretas mesmo.
Hoje ela estava toda "I Love My Darkness", talvez fosse a semana da bad.
Nós nos conhecemos quando minha mãe me levou com ela em uma viagem ao Japão a trabalho. Dressa estava lá passando as férias de Janeiro com uma tia e sua madrinha, mas, ela morava no Brasil originalmente, igual a mim.
Nos trombamos em uma exposição por lá, afinal, era impossível não olhar para ela.
Nós dois estávamos sozinhos já que nossas responsáveis estavam ocupadas demais tratando de assuntos de trabalho e nos largaram em qualquer lugar com um dicionário japonês (apesar de nos virarmos com o inglês) e dinheiro. Como todo jovem, precisávamos de diversão e compainha...Então, servimos um para o outro.
Tivemos uma amizade colorida, por assim dizer.
Foi um mês divertido, acho que o Japão nunca mais vai querer saber da incrível dupla "Nath e Dressa".
Dressa teve que voltar para o Brasil já que suas aulas estavam prestes a voltar e eu por minha vez tinha que voltar para o Canadá com mamãe.
Decidimos manter contato, entretanto nada de namoro virtual, sabíamos que não ia rolar e preferimos nem tentar. Confesso que talvez eu esperasse que fôssemos mais que amigos ou algo assim, mas fico até aliviado de não ter passado disso.
Dressa não se encaixava na categoria "namorada", mas sim na de "melhor amiga". Algo que eu precisava no momento, já que passava 24 horas enfurnado dentro de casa, sem ter permissão para ir ao colégio ou sair para algum lugar.
Quando voltei para cá aos 16 anos, ainda mantinhamos contato fielmente. Pudemos finalmente nos encontrar, saíamos inúmeras vezes para curtir.
Esse ano as coisas ficaram mais complicadas, Dressa se mudou para um condomínio do outro lado da cidade aonde mora com sua madrinha, então é difícil marcar de sair com ela, além dela nunca ficar online ou antender o telefone já que fica horas se dedicando aos estudos. Uma surpresa vê-la no shopping, pensava que ela nem se dava o luxo de dormir.
Dressa quer cursar a faculdade de direito e ainda por cima sua madrinha a colocou em aulas de ginástica artística para que ela possa ter uma segunda opção de carreira.
É realmente uma pena Dressa não estudar no mesmo colégio que eu, sinto falta das nossas conversas.
—Bom te ver...-dei um sorriso torto.
—Já arranjou outro namorado?-Dressa me interrompeu e me encarou seriamente. Ela deu uma boa ênfase na palavra "outro". Estreitei os olhos.
—Não somos namorados!-Arthur respondeu rapidamente.
—Não? Então por que o Nath está com essa aliança prata de compromisso pendurada no pescoço?-Dressa disse empolgada e de maneira rápida, imediatamente ela puxou um cordão que eu fazia de tudo para manter escondido dentro da camiseta para evitar esse tipo de pergunta, porém, ao trocar de roupa, eu o deixei para fora sem querer.
—Aliança de compromisso?!-eu disse nervoso arregalando os olhos.-Pfff! É só um amuleto!-apertei o colar firmemente, o escondendo, por um momento eu pude sentir meu coração falhar uma batida e meu estômago embrulhar.-Encherida!-cerrei os dentes e encarei Dressa mortalmente. A intromissão dela realmente fez meu sangue ferver.
Por um instante, eu tentei me restabelecer, mas meu coração batia descompassado e minha expressão demonstrava culpa.
Abaixei a cabeça, mas logo a levantei já que Arthur e Dressa não estavam convencidos e continuavam a disparar comentários.
—Tem certeza que é só um amuleto?-Arthur franziu a testa.-Você parece meio sentido...-estreitou os olhos.
Me esconder do passado era o melhor que eu podia fazer, mas quando eu era obrigado a enfrenta-lo era como ser engolido por uma onda de culpa. Era difícil evitar esse tipo de situação, afinal...Eu estava acorrentado e o tal amuleto era a corrente que me ligava a eventos passados.
—Tá na cara que é um amuleto, né...-desviei o olhar e disfarçadamente engoli em seco.
—A única coisa que tá na cara aqui é que o Nath quer te pegar...-Dressa sorriu maliciosa para Arthur, mudando totalmente seu foco, coisa que me aliviou.-Eu o conheço.-sentou-se entre mim e ele. Ela pegou o copo de minha mão sem cerimônias e bebeu despreocupadamente.
—Folgada.-murmurei.
—Qual seu nome, fofo?-Dressa encarou Arthur.
—Arthur.-ele disse acanhado.-Arthur Marques.
—Não bastava dizer "Arthur", tinha que dizer o sobrenome!-Dressa riu.-Gosto assim, você tem "personalidade"!
Essa garota tinha a mania de dizer que as coisas e pessoas tinham "personalidade", não sei o que ela queria dizer com isso, mas me parecia correto.
—Você e Nath não combinam.-ela acrescentou dando de ombros.
Não sei se mato ou se beijo essa menina.
—E ele combina com alguém como você?-Arthur a encarou com uma sobrancelha arqueada. O tom de voz usado foi bem irônico ou foi impressão minha?
—Ele gosta daqueles que o testam.-Dressa lhe mandou uma piscadela.
—Você tá me testando...-franzi a testa.-E eu não to gostando.
—Porque estou atrapalhando seu encontrinho!-Dressa riu malvada.
—Não é um encontro.-Arthur disse friamente.
—Não? Posso pegar ele rapidinho então?-Dressa sorriu.
—Pegar de que jeito?-sorri malicioso. Não pude deixar de pensar outras coisas.
—Pegar emprestado.-Dressa me devolveu o copo com uma careta. Bebi o que restou.
—A vontade.-Arthur virou o rosto como se não se importasse.
—Não posso deixar ele sozinho!-choraminguei.
—É só um minutinho!-Dressa se levantou.
Bufei impaciente. Olhei para o Arthur, ele havia pegado seu celular para se distrair.
Dressa me puxou e me levou até um canto mais afastado.
—Preciso de ajuda, gatinho.-fez biquinho.
—O que cê quer?-arqueei uma sobrancelha.
—Conquistar um garoto.-Dressa sorriu apaixonada.
—Ah, tchau.-falei irônico já me dirigindo até o banco que Arthur estava sentado.
—Ele é bem cobiçado, sabe...Mas ele me deu bola!-Dressa disse empolgada me puxando de volta e se agarrando no meu braço.
—Deve ser um babaca. To sentindo, minha intuição não falha. Quero foto, nome, endereço e CPF.-cruzei os braços e fiz uma cara de poucos amigos.
Ela pegou seu mega celular (a capinha também era da cor que ela se vestia. A garota era rica, fazer o que!) e me mostrou uma foto. E para a minha surpresa era o Diego, o mesmo que me ameaçou.
Fiquei moendo a informação uns segundos.
—Pelo amor...Eu disse que era babaca!-bufei e balancei a cabeça.
—O que? O conhece?!-Dressa guardou o aparelho.
—Seu cunhado está ali.-apontei pro Arthur fazendo pouco caso.
—Não! Não pode ser!-ela fez questão de olhar a foto novamente.-Eles não se parecem nem um pouco! Arthur é um nerd fofo e Diego é um playboy delícia!-Dressa surtou.
—Também tive essa reação...-dei de ombros e sorri de canto.-Só te digo uma coisa...Ele não presta. Sério.-falei mal de alguém que nem conhecia. Mas eu confio no que Gray disse.
—Como sabe?-Dressa colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha.
—Sabe o Gray?-perguntei, ela assentiu.-A irmã mais velha dele namorou com o Diego.-fofoquei.-E ele foi babaca com ela. Não quero que o mesmo aconteça contigo.
—Ele foi babaca com ela...Seria comigo também?-Dressa desconfiou.
—Lógico. Ele é um galinha.-cruzei os braços.-Esse tipo de cara faz a mesma coisa com todas que fica.
—Se eu investir nele...-Dressa começou.
—Você é trouxa.-a olhei com tédio.
—Nathaniel!-alguém me puxou pelo braço com força. Era o Gray.-Te deixamos a sós com seu boy pra você trocar ele por uma mina? Pelo amor, assuma seu lado homo da sua bissexualidade!-Gray bufou indignado, coisa que me fez rir.
Dressa também riu. Ela o conhecia, havia falado sobre ele várias vezes, afinal, ele é meu best. Ele não a conhecia, nunca comentei sobre ela, nem sei o por quê.
—Nath, você não colabora...-Leo se apoiou em mim.
—Tá bom, então!-bufei.-Vamos voltar pra lá!
—Já está anoitecendo, temos outro compromisso!-Gray enlaçou seu braço no meu.
—Parece legal! Posso ir?-Dressa fez cara fofa.
—Quem é ela?-Leo sorriu.
—Minha ex.-revirei os olhos.
Leo e Gray calaram a boca perplexos.
—Eu tenho péssimas lembranças dos e das minhas e meus ex...-Leo balançou a cabeça negativamente.-Exceto da Yuki-Chan!-seus olhos brilharam.
Gray parecia que ia matar Leo. Ri, achei aquilo uma graça.
Yuki era tipo a inimiga mortal de Gray. Ela era uma japinha fofinha, inocente e inofensiva! Mas ele a via como uma ameaça.
—A Dressa é gente boa!-revirei os olhos.-Só é meio retardada...-brinquei.
—Sou mesmo!-Dressa sorriu convencida.
—Tá bem! Ela tá dentro!-Gray deu de ombros.-Quanto mais, melhor!
—Uhuuu!-Dressa enlaçou seu braço no meu que estava livre.
Leo segurou no braço de Gray e fomos até Arthur, o obrigando a se segurar no braço de Leo.
E assim saímos do shopping, grudadinhos!
Durante o trajeto, ficamos jogando conversa fora, o suficiente para Gray e Leo simpatizarem com Dressa. Ufa!
Arthur se mantinha fechado e limitava-se a conversar somente com Leo.
Bom, ver meu best friend forever e meu melhor amigo se dando bem com a minha best já estava de bom tamanho!
☆☆☆
Chegamos a um lugar que parecia ser um terreno baldio, tinha um muro super alto e não havia iluminação nenhuma. Nem sinal de vida.
Okay...Gray e Leo pretendiam nos matar, só pode!
Bem...O que eu esperava? Um hotel com suíte? Vindo dos dois só podia ser tolice!
—Muito bem, vamos ter que passar por aqui atrás, venham!-Leo foi nos guiando, a luz da lua iluminava nosso caminho.
Para entrarmos, tivemos que dar a volta e passar por debaixo do alambrado, o qual tinha um buraco como passagem. Tinha bastante mato crescendo por onde passamos, coisa que indicava que ninguém entrava ali fazia um bom tempo.
O lugar era todo escuro e estava fazendo um frio absurdo.
—O que viemos fazer?-Arthur perguntou chutando uma pedra no chão.
—Curtir! É um parque de diversões abandonado!-Gray gritou e acendeu a lanterna de seu celular.
—Assustador.-Dressa acendeu a lanterna do seu e se apoiou em mim.
—Será que tem espíritos aqui?-Leo riu debochado.
—Seria incrível.-falei sarcástico.
—Vira essa boca pra lá, Nathan e Nathaniel!-Gray disse.
—Só estou brincando, amorzinho...-Leo segurou a risada.
—Olha! Eu lembro que o túnel do amor fica pra lá!-Gray apontou pra um lugar e saiu correndo em disparada como se fosse uma criança.
—Volta aqui, Gray!-Leo correu atrás dele preocupado.
—Como eles descobriram esse lugar?-murmurei para mim mesmo.
—Por que os dois não vão também?-Dressa olhou de mim para Arthur.-É romântico!
—Prefiro algo mais emocionante.-Arthur disse.-Além de que não iria com esse cara.-murmurou.
—Ui, que coice.-Dressa riu.
Fiquei um tanto ofendido.
—Olha! Acerte a boca do palhaço!-apontei para um palhaço que parecia um João Bobo e que tinha uma boca enorme, havia perdido boa parte de sua tinta e estava todo riscado.-Bora, gente!-peguei uma pedra para usar de bola.
—E-Espera...É melhor ficarmos aqui e esperar os garotos.-Arthur arregalou os olhos.
—Não é justo eles se divertirem e nós não!-Dressa fez bico.
—Então vamos procurar outra coisa!-Arthur disse impaciente.-Ali, carrinhos bate-bate!-apontou com seu celular.
—Okay, né...-dei de ombros largando a pedra.
Ficamos sentados nos carrinhos parados, em silêncio.
Aquele lugar estava um completo breu e um frio extremo. Estava começando a ficar incomodado.
—Pensei que íamos curtir...Mas os dois nos deixaram pra irem se pegar!-bufei.
—Por que não fazemos o mesmo? Eu topo a três!-Dressa disse maliciosa.
—Eu recuso.-Arthur disse.
—Nath...-Dressa cantarolou.
—Adoraria.-sorri sarcástico.-...Só que não.-revirei os olhos.
—Aff!-Dressa inflou as bochechas.
—Naaaath! Arthuuuuur! Dressaaaaa!-ouvi a voz de Leo e Gray.
—Venham rápido!-Gray se apoiou na cerca de proteção.
—Vem, gente!-Leo balançou a cerca todo animado.
Ai, meu Deus...Boa coisa não era! Mas, bora agitar, né!
Fomos sem protestos, sendo guiados pelos dois malucos empolgados.
—Tcharam!-Leo apontou para uma montanha-russa ENORME mil vezes ENORME. ALTA bilhão vezes ALTA.
Todos ficaram surpresos e admirados. Engoli em seco, nada contente.
—Legal, né?-Gray riu.-E aí, Nath, duvido tu subir!-apontou lá pro alto.
Gelei.
—É, Nath! Você queria curtir, não?-Dressa deu um tapa em minha costa.-Sobe lá!
—Ah, gente...-ri nervosamente.
—Tá com medinho?-Leo provocou.
—Não. Eu não to com medo.-respirei fundo, começando a tremer.
—Então sobe lá! Te dou o que quiser caso suba!-Gray falou.
—Sobe! Sobe! Sobe!-Leo, Dressa e Gray começaram a gritar ao mesmo tempo, agitados.
Filhos da mãe...
—Gente, eu acho que é perigoso ele subir ali.-Arthur disse sério.-Ele pode se machucar e ninguém vai saber como ajudar.
—Obrigado.-suspirei.
—Que nada, Arthur! Nath adora um desafio! Vaso ruim não quebra fácil!-Leo passou o braço pelos ombros de Arthur.-Sério!
—Nath é o Nath!-Dressa sorriu.
—Você não conhece o Nathaniel, Arthur!-Gray disse empolgado.
Fiquei nervoso e apreensivo.
Arthur sorriu para Leo.
—Okay!-Arthur deu de ombros.-Então, vai lá, Nathaniel! Mostre do que é capaz!
—Não vai amarelar na frente do boy, né?-Dressa sussurrou pra mim.
Respirei fundo. Eu estava suando frio.
—E-Eu...-sussurrei.
—É sua chance de se mostrar pro Arthur!-Gray sussurrou.-Demonstrar o quanto é corajoso e bate de frente com o perigo!
—Certo.-franzi a testa e assenti determinado.
Deus...O que eu estou fazendo? Eu vou cair e morrer!
Comecei a subir, escalando aqueles ferros que podiam muito bem estarem enferrujados pelo barulho que produziam, eu me agarrava as barras com toda minha força.
—Não olhe para baixo...Não o-olhe...-engoli em seco, sentindo o vento bater forte, balançando meus cabelos.
Continuei a subir, ouvindo a galera gritar meu nome lá embaixo.
Senti meu estômago embrulhar, eu estava morrendo de medo.
Parei por um instante de subir, fechei os olhos e abaixei a cabeça, eu não estava bem. Estava com tontura e sentia como se fosse vomitar.
Abri os olhos, lá no alto era escuro, coisa que me deixava apenas mais nervoso. Não conseguia ver aonde estava me agarrando.
Continuei a subir, quanto mais perto do topo eu chegava, mais inseguro eu ficava. Eu parecia um robô sem graxa de tão endurecido que estava.
—Eu vou morrer...-senti minhas mãos doerem.
Caralho...
Eu não posso simplesmente descer?
—AQUI JÁ ESTÁ BOM?-olhei para baixo por cima do ombro.
—NÃO! É ATÉ O TOPO!-Dressa gritou balançando seu celular aceso.
Minha visão estava começando a ficar turva. Meu coração batia intensamente. Eu estava gelado.
Subi mais um pouco, com dificuldade, os dentes cerrados, a cabeça doendo, as mãos ardendo...
Então...Eu finalmente cheguei ao topo, sentia uma péssima sensação. Me sentei lá nos trilhos com as mãos agarradas nas barras firmemente, eu tremia feito vara verde. Cara...Onde eu estava era muito alto. Eu não conseguia enxergar o pessoal lá embaixo direito.
Senti meus olhos arderem por um segundo.
—Eu quero sair daqui.-falei desesperado com um nó na garganta.
—AGORA PODE DESCER, NATH!-Gray e Leo gritaram.
Olhei para baixo, novamente tendo tontura. Senti um frio na barriga.
—NÃO VAI DESCER?-Dressa gritou.
—E-Eu...-sussurrei.-Eu...-cerrei os dentes.-EU NÃO CONSIGO!-gritei.
—COMO ASSIM NÃO CONSEGUE?-Gray gritou.
—NÃO DÁ!-gritei apavorado.-NÃO SOU CAPAZ!
—VOCÊ SUBIU, AGORA DESCE!-Leo gritou.
—VEM AQUI ME BUSCAR! EU NÃO VOU DESCER!-fechei os olhos com força e mordi a gola de minha camiseta descontando a tensão.
Isso tem que ser um pesadelo...Só pode ser um pesadelo...
Eu arrisquei minha vida só pra impressionar meu grupo? Que tipo de idiota eu sou?
—LEONARDO, VEM LOGO ME BUSCAR, DESGRAÇADO!-gritei bem alto.
Minha respiração começou a ficar irregular e pesada, minha garganta secou e eu só queria chorar para me sentir aliviado.
—CALMA, NATHANIEL!-Dressa gritou preocupada.
—O LEO JÁ TÁ INDO!-Gray gritou.
Meus lábios tremeram. As lágrimas escorriam descontroladas por meu rosto.
—Eu quero sair daqui. Eu quero sair daqui. Eu quero sair daqui.-sussurrei.
Não demorou muito, Leo com seu jeito atlético já estava lá no topo.
—Nath...Se acalma...-ele sussurrou sentando-se ao meu lado.
Não falei nada.
—Vem.-me estendeu a mão.
Não reagi.
—Tudo bem?-Leo se aproximou.
—É claro que não e-está b-bem...-respondi com a voz embargada.
—Vem. Vamos descer.-Leo voltou a me estender a mão com cautela.-O pessoal tá preocupado com o gatinho em apuros.-riu.
Funguei e soltei um riso abafado. Um riso de nervoso. De medo.
—N-Não vai me deixar cair, v-vai?-gaguejei.
—Não. Te juro.-Leo disse com otimismo.
Subi em suas costas com um tanto de hesitação.
—Segura firme...-Leo falou começando a descer.
—Vá devagar.-alertei. Fechei os olhos e me agarrei a Leo com força.
O meu coração estava batendo intensamente por causa do desespero que passei lá em cima.
Eu ainda tremia e suava frio.
—Está com os olhos abertos?-Leo perguntou calmamente.
—Não.-respondi sério.
—Estamos quase chegando!-Leo disse.-Aguente firme...
—Ok.-engoli em seco.
Ouvia as barras de ferro rangendo. Isso me apavorava.
Eu não me sentia seguro ali. Nem mesmo com Leo. Eu só queria estar em casa, nos braços quentinhos e acolhedores de Kenzie.
O susto maior estava por vir...
Ouvi um barulho de ferro rangendo e logo em seguida senti o corpo de Leo se inclinar para trás. Abri os olhos imediatamente.
—LEO!-o grupo gritou lá de baixo.
—C-Calma, gente!-Leo gritou, havia grudado em uma barra como se aquilo dependesse de sua vida...Mas dependia mesmo. Ele riu nervosamente, estava travado.
—O que aconteceu?!-perguntei apavorado.
—Melhor você não saber até descermos.-Leo disse sério.
—O QUE ACONTECEU?!-exigi histérico.
—Argh...As barras estão saindo do lugar! A montanha-russa está desmontando! Tudo isso vai cair se não tivermos cautela!-Leo disse apreensivo.
Arregalei os olhos.
—Irmão...D-Desce! Desce o mais rápido que puder!-falei começando a morder a gola de minha camiseta.
—É meio difícil contigo nas minhas costas...-Leo disse irônico.
E...Novamente, aquele barulho. Leo havia dado um passo em falso, fazendo uma barra podre cair. Isso fez seu corpo quase desequilibrar, porém ele se manteve firme.
Leo suspirou aliviado. Senti meu estômago embrulhar.
—Vamos lá.-ele sussurrou determinado. Estávamos na metade do caminho.
Leo continuou a descer, tentando ser cuidadoso, mantive meus olhos fechados, pensando em coisas positivas, tentando esquecer aquele terror.
E então, finalmente ouvi a frase mais acolhedora daquele momento:
—Pode abrir os olhos.
Leo me colocou no bom e firme chão. Pude abrir meus olhos e encarar o pessoal todo preocupado.
Olhei lá para o alto aonde eu estive. Eu sou doido ou o que?! Quase me matei! Sou um idiota de marca maior!
—Nath, você está bem?!-Gray arregalou os olhos.-Você está pálido!
—Nath, o que aconteceu?!-Dressa se desesperou apontando o celular na minha cara.
—Quer que alguém ligue pra sua mãe?-Arthur perguntou um tanto preocupado.
Não saía uma palavra de minha boca, mesmo que eu quisesse. Senti uma forte dor de cabeça e uma repentina falta de ar, coisa que deixou minha visão turva, tudo a minha volta começou a girar. O som começou a ficar abafado. Eu já não tinha meus sentidos. Havia perdido o controle sobre meu corpo.
☆☆☆
Abri os olhos com certa dificuldade, minha cabeça latejava de dor. Eu estava deitado...No colo de alguém. Parece que havia esfriado mais e escurecido também.
—Ele acordou!-ouvi a voz de Dressa. Ela era a dona do colo que minha cabeça estava deitada.
—O que...-murmurei lesado.
—Nathaniel! Quer me matar de preocupação, moleque?!-Gray gritou se ajoelhando rapidamente ao lado de Dressa.
—Hã...?-me sentei massageando minha nuca, todo confuso.
—Você desmaiou.-Arthur disse sério.-Sua pressão deve ter caído.-lentamente ele sentou-se no chão com as pernas cruzadas e ficou me encarando.
—Por que não nos contou que tinha medo de altura?-Leo franziu a testa, somente ele permaneceu de pé e de braços cruzados.
Daí me lembrei do que havia acontecido...
Eu queria ser um avestruz pra esconder minha cara na terra.
Abaixei a cabeça e cerrei os dentes, envergonhado.
—Porque vocês iam tirar uma com a minha cara! Vocês iam rir de mim! Iam me zoar igual o pessoal da aula de espanhol!-falei.-Eu tenho 16 anos e tenho medo de altura, isso é vergonhoso! Me sinto menos descolado que vocês!
—E daí? Tenho quase 18 e tenho medo de aranha!-Leo disse como se aquilo fosse comum.-Quando eu era pequeno, acordei e tinha uma na minha cara! Daquelas venenosas! Peguei trauma! Credo!
Pisquei os olhos várias vezes, surpreso.
Leo, o popular...Com medo de aranha?
—E eu tenho medo de lugares fechados! Tipo, tenho claustrofobia!-Dressa disse arrepiada.-Eu não me dou bem com lugares pequenos! Me sinto presa! Afinal, o mundo é tão grande! Pra que construir lugares apertadinhos?!-cerrou os dentes.
Fiquei boquiaberto.
Dressa, aquela garota corajosa que batia de frente com tudo...Tinha medo de lugares apertados?
—Eu tenho medo de filme de terror e de espíritos!-Gray confessou.-Deus que me livre e guarde! É trauma de infância!-ele se arrepiou todinho.
Fiquei de olhos arregalados.
Gray, o convencido e cheio de si...Tinha medo de filmes de terror?
Ficamos quietos durante um longo tempo.
—E e-eu...-Arthur tomou a palavra.-Se é pra falar dos medos...Eu tenho medo de p-palhaço.-falou envergonhado, desviando o olhar e encolhendo os ombros.-Quando pequeno, estava tomando banho sozinho e meu irmão entrou no banheiro com uma máscara de palhaço macabro pra me assustar!Palhaços são malignos...
Fiquei pasmo. Gente, me amassa que eu to passado!
Arthur, o nerd fofo indiferente...Tinha medo de palhaço?
—S-Sério?-perguntei.
Todos assentiram.
Me senti bem melhor!
—Nath, todos têm medo de algo! É comum e natural! Ninguém é tão corajoso! Não fique envergonhado ou constrangido.-Dressa sorriu sincera.-Você não tem que querer ser descolado para nós, seus amigos!
—Você já é demais sem fazer lances perigosos!-Gray me deu um soquinho amigável no ombro.
—É, e se você tinha medo, não precisava ter subido!-Leo disse compreensivo.
—Foi mal se te forçamos.-Gray falou envergonhado.
—É...Eu errei.-falei arrependido.
Errei feio. Errei rude.
—Você está bem?-Arthur perguntou.
—Estou.-sorri.-O sufoco já passou...Foi mal se preocupei vocês.-suspirei aliviado.-Valeu por me salvar, Leo!-o encarei.
—Ah, de nada, gatinho em apuros!-Leo riu se gabando.
Revirei os olhos e ri também.
Eu estava em paz.
Quer dizer que...Eu não tinha que me exibir para impressionar a turma ou me sentir reprimido por ter medo de altura.
Todos iriam me aceitar do jeito que eu era, pois todos tinham seus medos também. Ninguém era melhor que ninguém naquele grupo.
Isso era tão legal...Ninguém me julgaria.
E...Todos se preocuparam comigo e ninguém zombou de mim! Quer dizer que, de alguma forma, eles se importam comigo.
Isso me deixou tão bem! Eles eram meus amigos...Verdadeiros amigos...
—Agora...Vamos embora? Estou morrendo de frio!-reclamei.
—Ah...Ele já está melhor!-Gray revirou os olhos rindo, fazendo todo o grupo rir também.

 


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Notas finais do capítulo

Pessoal, tá difícil pra colocar imagem, sério, testei uns 5 sites, mas nenhum colabora! Ainda arranjarei uma solução, não se preocupem.
A ♡Lya já está de volta, o período de provas passou!
Espero atualizar bastante a fic durante essas férias!
Espero que tenham gostado, comentem o que acharam, sentimos falta de interagir com vocês ;-;! E, vou fazer um agradinho pra vocês! A primeira pessoa a comentar, terá o cap seguinte dedicado a si. É, vai estar nas notas iniciais pra todo mundo ver: "Cap especialmente dedicado a fulano/a!" Afinal, vocês são especiais ^-^ ♡
Bem, até semana que vem (isso espero) com o próximo cap!
Bjs ♥.
—☆Creeper.



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