Eyes Green escrita por Creeper, Lya


Capítulo 4
Contato


Notas iniciais do capítulo

Oie ♡! Boa leitura, esperamos que gostem!

PS.: Hoje é meu aniversário ^-^ ;u; !!!!!!! (23/04)
—☆Creeper.



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—Enfim, eu gostaria de ser notada pelos garotos assim como minha irmã é! Eu sou a mais velha e não consigo ser tão chamativa quanto ela!-Jane fazia bico.-O que ela tem que eu não tenho?
—Corpo.-respondi com tédio.-Você é uma tábua em comparação a ela.-sorri de canto com um pouco de maldade.
—Sei disso...-Jane falou baixinho, um pouco incomodada enquanto se encolhia em seu assento.-O que eu faço? Será que eu boto enchimento no sutiã?-me mandou um olhar de cachorrinho que caiu da mudança.
—Jane, entenda...-falei cruzando os braços e pernas.-Quem nasceu Nesfit, nunca será Trakinas.
—Hã?-ela me olhou confusa.
—Traduzindo, quem nasceu sem graça, nunca será gostosa.-sorri cínico.
Isso fez Jane desabar, ela cobriu os olhos e abaixou a cabeça como se estivesse prestes a chorar.
—Por que quer tanto chamar a atenção dos garotos?-revirei os olhos.-Fala sério, não acha infantil botar enchimento no sutiã?
—Eu quero ter um namorado! Todas as minhas amigas tem!-Jane disse com voz chorosa.-Todo mundo tem!
—Você não é todo mundo...-falei malvado. Eu sou maravilhoso dando conselhos.
—Me ensine! Como você consegue pegar homens e mulheres?!-Jane me olhou como se eu fosse a chave para a resposta de todas as perguntas do mundo.
—Sendo eu.-dei de ombros.
—Ah...-Jane sorriu sincera.-Então eu tenho que ser eu mesma!-se encheu de esperança.
—Não, não, não, não!-a cortei.-Você tem que ser eu! Nathaniel, o perfeito!
Sim, eu sou mau.
Jane fechou a cara e estava prestes a me dar um tapa, porém porta foi aberta de repente, chamando nossa atenção para Renata que entrou mexendo em seu tablet, concentrada.
—Ué!-Jane ficou confusa.-Nathaniel me disse que você estava de folga e que ele estava te substituindo!-olhou dela para mim.
Hora de dar no pé!
—Nathaniel!-Renata me olhou incrédula.-Andou invadindo minha sala novamente e atendendo os alunos no meu lugar?!-colocou o tablet sobre sua mesa e me encarou autoritária.
—Renata...Eu estava apenas fazendo seu trabalho por você, sua ingrata!-fechei a cara.-Renata, ingrata, trocou o meu favor por uma repreensão!-cantarolei enquanto Jane saia dali resmungando.-Apenas digo as verdades que as pessoas merecem ouvir.-cruzei os braços e arqueei uma sobrancelha.
Renata era a conselheira/psicóloga do colégio, ajudava os alunos com seus problemas escolares ou pessoais. Eu tinha as chaves da sala dela (De todas as turmas, eu era o melhor representante, por isso permitiam que eu ficasse com as chaves pois confiavam em mim), então de vez em quando ia lá para dormir no sofá confortável que os alunos ficavam sentados para desabafar. Mas, como hoje, uma aluna foi procura-lá e eu para não ser pego vagabundiando, disse que estava lá substituindo Renata que estava de folga. Aí eu aproveitava e ficava sabendo das fofocas de todos os alunos, é cada podre que pelo amor...As vezes eu até leio as fichas dos alunos que a Renata guarda na gaveta secreta do lado esquerdo da mesa dela. Ops, não é mais secreta!
Olha, eu comecei a fazer isso assim que entrei no colégio, então eu saía fofocando de todo mundo pra todo mundo e é por isso que me odeiam.
—Você devia estar na aula de línguas!-Renata bufou.
—Devia...-falei dando uma risada abafada.-Mas, matei.-dei de ombros (Sim, eu ainda sou o melhor representante. Imagina o pior!).-Odeio aula de latim...-fiz uma careta azeda.
—Pois você vai ir pra aula agora!-Renata me puxou pelo braço para fora de sua sala.
—Ei, me solta, sua maluca!-gritei incrédulo.
Ela me deixou em frente a porta da sala e bateu educadamente. Quem abriu foi a professora que me odeia, ela me olhou de baixo a cima e sem dar tempo da Renata explicar, disse assim:
—Aqui você não entra.
E bateu a porta na nossa cara de modo grosseiro. Senti o ventinho balançar nossos cabelos.
—É...Tentamos.-ri debochado.-Leri gou! Leri gou!-cantarolei pulando pelos corredores como uma bailarina.
Eu simplesmente odeio aula de latim! Porém, quando meu avô fez minha matrícula aqui, ele quem escolheu que eu fizesse essa aula.
—Nada disso! Você vai pra aula de...Inglês!-Renata disse sem saída.
—Kiridinha...Esqueceu que eu passei os últimos dois anos no Canadá? Sou fluente!-sorri convencido.
—Não tem como esquecer...Você se gaba disso para todo mundo o tempo todo.-Renata bufou revirando os olhos.-Então...Você irá para...A aula de espanhol!-ela me puxou pelo pulso.
—QUE?!-arregalei os olhos sentindo meu coração falhar uma batida.-AHHH! ME LARGA! ME SOLTA! VOU TE PROCESSAR, SUA MALUCA!-comecei a me debater.
Renata bateu com força na porta da sala de espanhol.
Fechei a cara e cruzei os braços como uma criança emburrada. Quem abriu a porta foi Rose, a antiga secretária do colégio que Gray estudava quando estava no oitavo ano. Estranhei. Até lembrar que as vezes ela era substituta, quando não estava demasiada ocupada cuidando de seu bar.
Ela sorriu debochada ao me ver, colocando as mãos na cintura.
Nunca gostei dela, essa é a verdade. Ela vivia se metendo na minha vida e na do Gray. Vivia dizendo que eu, ele e Leonardo vivíamos um triângulo amoroso. Eu gostava do Gray, mas o Gray gostava do Leo...E o Leo gostava de uma japinha chamada Yuki. E eu ficava deslocado!
Ainda bem que quando eu estava sozinho na diretoria, fuçando, encontrei um relatório dizendo que Rose havia conversado sobre a possibilidade de parar de substituir a professora titular e focar-se somente em seu trabalho principal no bar do centro da cidade. Ótimo. Já vai tarde.
—Rose, por favor, pode deixa-lo entrar na sua aula só por hoje? É que ele não foi aceito na de latim e não posso deixa-lo solto por aí!-Renata implorou.
—Claro...Puede entrar.-Rose arqueou uma sobrancelha e me puxou para dentro.-Vou cuidar muito bem dele, Renata, fique tranquila.-fechou a porta.-Turma, cumprimentem o Nathaniel!-me deixou de pé na frente da sala e se sentou em cima da mesa.
Todos fizeram pouco caso da minha presença, como se eu nem estivesse ali.
Olhei ao redor para ver aonde me sentaria, arregalei os olhos ao ver Arthur na fileira da janela, na primeira carteira, com uma lapiseira batucando no caderno enquanto lia um dicionário.
Olha...As coisas acabaram de ficar mais interessantes.
—Então, você fala espanhol?-Rose me encarou.
—Não.-dei de ombros.
—Mas você não é o incrível que sabe tudo?-Rose se fez de inocente.
Cerrei os punhos. Os alunos começaram a tumultuar.
—Sei tudo...Sei até mesmo que você não tem que estar se metendo na minha vida.-a encarei mortalmente.
—Mas você pode se meter na de todo colégio?-Rose cruzou os braços e arqueou a sobrancelha.
A sala gritou, loucos pra ver o circo pegar fogo. Essa mulher estava me dando nos nervos!
—Se quer cuidar de mais vidas que a sua, adota um gato! Ele tem 7!-uma garota gritou.
Cerrei os dentes e meu sangue ferveu. Isso estava sendo humilhante, todos me rebaixando, todos falando mal de mim pelas costas...
Arthur me olhava de soslaio, quieto, apático, ainda a bater a lapiseira no caderno.
Respirei fundo e levantei a cabeça.
Acham mesmo que vou aceitar calado?
—Você não é paga pra rebaixar os alunos e sim para dar aula, mas será que nem pra isso presta? Talvez seja por isso que queira se demitir! Porque não sabe fazer nada direito! Que tal ir para seu bar e se embriagar? Assim você é mais útil!-falei sorrindo de modo cínico.
Olha, se ela me mandar para a diretoria agora, eu pego uma bela de uma suspensão!
A sala ficou em silêncio, todos encaravam a mim e a Rose incrédulos.
Rose me olhou séria. Porém, ela cobriu a boca com a mão e riu discretamente.
—Criança, acha mesmo que me afeta?-Rose pousou a mão livre sobre meu ombro.-Apareça lá no bar...Quando tiver idade.-me mandou uma piscadela.-Já que lá não é creche para aceitar bebês como você.-completou.
Pronto. A turma gritou coisas como "UOOOOOU", "Turn Down For What" e etc.
Argh...
—Melhor sair daqui porque eu não me misturo com esse nível!-bufei.
—Pra sua infelicidade, somente esse nível tem a piedade de te aceitar...-um garoto sentado na carteira da frente disse com desprezo.
Bati com a mão em sua carteira e o encarei de maneira irônica, pronto para dizer algo, porém Rose me interrompeu.
—Renata mandou que eu cuidasse de você, você não pode sair.-Rose cruzou os braços.
—Meressu...-sussurrei revirando os olhos.-Já aviso, se eu não saio civilizadamente, farei você me expulsar! Vou tacar o terror!-ameacei.
—Ah, claro, Nathaniel...-Rose revirou os olhos, falando com desdém.-Ali, sente atrás do Arthur.-apontou pro ruivinho.-Foi mal, Arth, é a única carteira livre!-riu ao ver a expressão de Arthur mudar de apática para assustada.
Clichê previsível! Mas, vamos aproveitar!
Sentei-me na carteira atrás de Arthur, ele continuava a batucar a lapiseira, agora em um ritmo mais frenético. Bem...A aula de espanhol não parecia ser de todo ruim (Tirando o fato de ter sido humilhado na frente de todos).
A aula estava um tédio, eu sequer tinha caderno (já que deixei no meu armário), estava inquieto em minha carteira.
Será que eu devia falar com Arthur? Sei lá...Puxar um papo...
Pedir desculpas pelo fato de ter jogado um celular nele? Nah...Ele já deve ter esquecido!
Fiquei fitando aqueles cabelos ruivos, me deu uma vontade de mexer neles...Pareciam tão sedosos, tão brilhantes, tão lisos...
—O que v-você está f-fazendo?!-Arthur sussurrou virando-se para mim, estava apavorado. Nem me dei conta que eu estava com a mão na cabeça do moleque. Foi um impulso!
—Ah...-ri nervosamente.-É que seu cabelo é lindo e...-me embaracei para explicar.
Arthur arregalou os olhos, virou a cabeça pra frente e meteu a cara em um livro, encolhendo-se.
Afundei o rosto nas mãos, frustrado comigo mesmo.
Senhor...O que eu fiz era assédio?
Conseguia sentir o cheiro de seu condicionador em minha mão. Era um cheiro adocicado de fruta, tão bom de sentir...
Pense em um retardado que ficou cheirando a mão durante a aula de espanhol inteira.
☆☆☆
—Fiquei sabendo que você bateu boca com a Rose!-Gray riu fechando seu armário. Eu estava entediado, esperando ele guardar suas coisas para irmos embora.-Ei, Nath, tá me ouvindo, idiota?!-aumentou o tom de voz.
—Que foi?-perguntei de mau gosto.
—Parece que levou fora do crush por essa cara de defunto!-Gray me olhou com tédio.
—Ele não é meu crush...-desviei o olhar, os ombros caídos.
—Ah, então é ele! Ele quem, Nathzinho?-Gray arqueou uma sobrancelha e sorriu malicioso.
—O nerd da nossa sala!-revirei os olhos.
—Arthur? O que ele fez? Ou melhor...O que você fez?!-Gray me encarou.
—Ah...Eu mexi no cabelo dele, daí ele ficou assustado!-dei de ombros como se eu fosse inocente.
—É a mesma coisa de um lobo fazer carinho em uma ovelha!-Gray franziu a testa.-Sabemos muito bem que ele só tá afim de comê-la!-mudou sua expressão de séria para maliciosa.
—Eu não sei o que deu em mim, tá?!-bufei.-E eu não quero comê-lo, tá louco?! Da onde você tira essas coisas?-revirei os olhos batendo as costas no armário de modo desleixado.
—É o amoooor...-Gray cantarolou.-Que mexe com a minha cabeça e me deixa assim...
—Caramba, fui saber da existência dessa criatura ontem! Não estou apaixonado, credo!-cruzei os braços e comecei a andar.
—Ahã...Sei...-Gray revirou os olhos me seguindo.-Vai dizer que não foi amor a primeira vista?
—Ele não faz meu tipo, tsc...-desviei o olhar, pensativo.
—Está chovendo...-Gray comentou quando chegamos ao pátio externo.
O céu estava cinza, as gotas de chuva eram pesadas e geladas, o vento razoável, era um clima bem depressivo. Os alunos saíam correndo, carregando seus livros ou mochilas em cima de suas cabeças, alguns com guarda-chuva, outros esperando seus responsáveis impacientemente, as garotas surtando por causa da chapinha que seria destruída. Eu hein, gente, é só água.
Um fato sobre mim é...Eu adoro chuva.
Gray vestiu sua jaqueta igual a do Yuri Plisetsky do anime Yuri On Ice e colocou o capuz. Ele adorava aquele anime, Senhor.
Passei a mão por minha cintura, checando se minha blusa estava amarrada ali.
—Ah, droga...-murmurei.-Vou voltar pra sala pra pegar minha blusa, me espera!-falei, Gray assentiu.
—Vou ficar aqui.-ele disse colocando as mãos no bolso.
Corri para a nossa sala fixa, peguei minha blusa debaixo da carteira e a vesti.
Depois corri até a saída, avistei Gray de costas, restavam poucas pessoas agora do lado de fora. Com um sorriso malicioso e um ato de brincadeira, cheguei por trás dele, gritando:
—SARREI!
O moleque deu um pulo de susto e quase caiu por causa do impacto...Okay, talvez eu tenha exagerado na distância para tomar impulso...
Ri, esperando que ele me matasse.
Ele virou-se endurecido e para minha surpresa...Não era o Gray e sim o...Arthur! Meu Deus, eles estavam com a mesma jaqueta! (Espera aí...Arthur curte animes?)
Ele estava assustado. Eu estava assustado.
Ficamos em silêncio por um longo tempo, como se estivéssemos em choque.
—FOI UM ENGANO!-entrei em desespero.
—Você é louco!-Arthur se afastou de mim bruscamente.
—Te juro que te confundi!-falei arregalando os olhos. Como se alguém acreditasse em mim, né!
—Arthur, ele te fez alguma coisa?-um cara chegou, me olhando mortalmente. Ele tinha os cabelos vermelhos e olhos verdes como Arthur (Porém, não tão chamativos), segurava um capacete de moto, era alto e forte. QUE HOMÃO DA PORRA!
—Nada.-Arthur murmurou, não me encarando.
—Eu vi os dois brigando.-ele me encarou como se soubesse de todos os meus pecados. Ele era um pecado.
—Como ele disse! Nada!-falei de boas, rindo nervosamente.
—É bom você não tocar um dedo no meu irmão, seu pervertido!-ele se aproximou de mim, intimidador. Caramba, que calor!-Ou você vai conhecer o inferno...
Se for com você, vou adorar!
Engoli em seco.
—Vamos, Arthur.-ele entregou o capacete pro irmão.
Arthur me olhou de soslaio antes de colocar o capacete e subir na moto junto daquele cara.
—Aí está você!-Gray gritou em meu ouvido, me assustando.
—Oi, Gray!-o irmão de Arthur disse de maneira cafajeste.
—Oi, Diego.-Gray revirou os olhos e cruzou os braços.
—Como a Grace está?-perguntou.
—Muito bem! Melhor sem você! Sabe por que? Porque agora ela tem um namorado fiel e legal! Um muito bom! Agora vaza antes que eu te arrebente, seu babaca!-Gray cerrou os dentes.
—Você é igualzinho a ela, tsc...-Diego riu.
—Ela não te deu uma surra, eu vou dar!-Gray cerrou os punhos.
—Crianças...-Diego revirou os olhos e foi embora.
—Grace me disse pra ficar longe dele, mas toda vez que o vejo, tenho vontade de bater nesse desgraçado!-Gray bufou, começando a andar rapidamente, fui atrás dele.
—Conhece?-arqueei uma sobrancelha, confuso.
—Ele é o ex da Grace!-Gray cruzou os braços insatisfeito.
Grace era a irmã mais velha do Gray, e também namorada do irmão mais velho do Leo, o Luciano Natanael.
Mas, o que vocês não sabem é que a mãe do Gray (A tia Jéssica) parece uma coelha de tanta cria que tem! Gray é o único filho homem (eu acho, né...), ele tem uma irmã gêmea, a Grazi; a irmã mais velha, Grace; as duas irmãs gêmeas mais novas, Giullia e Giovanna (Sim, é tudo com "G") e por fim sua irmãzinha Penélope.
—É irmão do Arthur?-perguntei.
—Sim...-Gray deu de ombros.
—Admita que ele é gostoso.-sorri malicioso.
—Era...Perdeu o sabor depois que deixou minha maninha cozinhando! O babaca pediu um tempo e nunca mais deu as caras, tava saindo com outra!-Gray estava muito irritado.-Não tenho medo dele! To nem aí se ele é mais velho ou mais forte! Ninguém me segura quando to com raiva!-cerrou os dentes e socou um poste no meio do caminho.
Dei um pulinho para trás.
—Uii!-provoquei rindo.-Ele me ameaçou...-lembrei, me arrepiando.-Porque...Hum...Meio que sarrei o Arthur.-desviei o olhar.
—JÁ?! Olha, Nath, você é bem apressado!-Gray arregalou os olhos.-Que fogo! Nem essa chuva apaga!-sorriu malicioso.
—Foi sem querer, tá? Eu queria sarrar você! Confundi as blusas!-falei sinceramente.
Gray socou meu ombro. Doeu! Ainda mais porque ele tava com raiva do irmão do Arthur e descontou em mim.
—Ei!-reclamei.
—Você queria me sarrar!-Gray disse com a testa franzida.
—Pensando bem...Não sei como confundi...Ele é menor que você...Tão mais fraco...Tão mais delicado...Quase deu de cara no chão...-comentei bobo.
—Ui, anda reparando muito!-Gray disse com malícia.-Imagina você falando pra ele: "Prometo ser gentil...", na hora H!-gargalhou.-E as lágrimas escorrendo pelo rosto dele e...
Senti um leve calor em minhas bochechas (apesar do meu rosto estar gelado pela chuva) imaginando a cena. Engoli em seco e fechei os olhos com força, me odiando por pensar naquilo.
Eu sou um depravado! Eu sou um pervertido!
—Ah, Gray, vai te catar!-franzi a testa, bravo.
—Ficou bravinho?-Gray riu.-Não foi você quem disse que precisa de muito mais para se interessar?-falou com desdém.
—Eu já disse...Foi um engano, argh!-afundei o rosto nas mãos.
—Foi um engano as garotas da A.U.F. terem trancado eu e Leo no armário durante uma festa do pijama na minha casa quando tínhamos 15 anos e veja só!-Gray colocou as mãos na cintura e sorriu orgulhoso.
—Está sendo irônico?-o encarei com a testa franzida.
—Surpreendentemente não!-Gray ficou incrédulo.-Elas queriam trancar o Drew e o Brady...-olhou para cima, pensativo.
Minha cabeça deu um estalo, lembrei daqueles dois.
Brady era um jogador de basquete que Gray só faltava arrancar um pedaço de tanto que o secava quando tínhamos 13 anos. (Confesso que eu tinha ciúmes, porém tentava não demonstrar ou ficaríamos em uma saia justa).
Drew era um gótico, amigo de Gray, o conheci quando eu tinha 15 anos, na noite de Natal.
E os dois namoram. São completamente diferentes...Mas são namorados. O amor é lindo, não?
Essa é uma longa história...Irei contar mais para frente.
—Que sorte a sua...Que essa graça caía sobre mim, porque a desgraça despencou.-suspirei.
—Dramático...-Gray revirou os olhos.
—Fui ameaçado pelo meu futuro cunhado, isso não é drama!-eu estava indignado.
—Futuro cunhado?!-Gray gargalhou.-Desculpa, mas deixa de ser iludido, Nathzinho!-ele deu tapinhas amigáveis em minhas costas.
Que amigo, hein!
Dei um empurrão em Gray, fechando a cara.
Ele me empurrou de volta. O empurrei mais forte ainda.
Começamos a nos bater como duas garotas debaixo daquela chuva que não cessava. Gargalhamos de nossa idiotice, éramos dois marmanjos agindo como crianças.
Gray disse que ia para a casa de Leo, ao que parece ele ficou doente e não foi para o colégio hoje.
Nos despedimos e seguimos caminhos diferentes.
Puxei meu capuz cobrindo minha cabeça e andei reto. Coloquei meus fones de ouvido e dei play em "reproduzir aleatoriamente".
Eu gosto desse clima, é tão melancólico, parece até uma cena Tumblr.
Coloquei minhas mãos em meus bolsos. Será que eu ficaria resfriado?
Caminhei até uma cafeteria, não estava afim de voltar de imediato para casa. Assim que entrei, um sininho no topo da porta tilintou, avisando minha chegada.
Era um lugar quente e aconchegante, não era uma grande cafeteria, até porque esse tipo de negócio não rende muito aqui nessa cidade.
As cores eram em tons de marrom, creme e salmão. As mesas eram redondas e as cadeiras eram estofadas. Era um lugar bonito, bem decorado e o cheiro do café era delicioso.
Havia uma garota em uma mesa no fundo, ela estava a ler um livro e tinha uma caneca com chocolate quente ao seu lado. Em sua frente, tinha um homem de meia idade usando óculos, com uma mão ele mexia no celular e com a outra segurava uma xícara de café.
Não era um lugar muito frequentado.
Andei até as mesas mais fundas e me sentei em uma ao lado da enorme janela/vitrine para que pudesse observar a chuva. As pessoas lá fora corriam para se proteger do temporal que havia se formado.
A janela estava embaçada, algumas gotículas de água deslizam pelo vidro, comecei a desenhar coisas aleatórias.
Eu sempre gostei de desenhar, desde que me entendo por gente. E, sendo melhor amigo de Gray, é claro que ele me ensinou tudo o que sabia sobre desenhos.
No meu tempo no Canadá, minha mãe pagava um professor particular para me ensinar pintura em tela. Só que era chato...
Ele só me ensinava a pintar paisagens, flores e frutas. Eu queria ser livre, pintar o que quisesse, até mesmo algo abstrato. Queria colocar meus pensamentos mais profundos na tela.
—O que deseja, querido?-uma mulher loira de cabelos enrolados meio gordinha, perguntou-me com um bloquinho de notas.
—Um cappuccino, por favor.-respondi forçando um sorriso. Ela disse já traria. Suspirei pesadamente voltando a olhar para a janela.
Eu gosto desses cafés, eu posso ficar aqui o dia todo, só preciso pagar um café ou outro. Tirei alguns livros da minha mochila que estava encharcada, comecei a ler um livro de biologia, amanhã teria uma prova.
A moça deixou meu cappuccino em cima da mesa, dei um gole e fiz uma careta. Não sei se é porque estava quente demais ou...Acho que é só o cheiro que é bom mesmo.
Comecei a ler a teoria de um dos cientistas que no meu ponto de vista, é o mais louco de todos! Sério! Parece que esses caras tomam coca-cola com com café pra terem essas teorias loucas.
Fiquei tão entretido no assunto que me assustei de leve ao ouvir o sininho da porta me tirando do meu mundo. Sem interesse, olhei para a porta.
Pisquei os olhos várias vezes, surpreso ao ver Arthur entrar.
Ele estava vestido de uma forma diferente da que se vestia para ir ao colégio: calças jeans, moletom cinza, tênis de cano alto azuis, headphones verdes e uma mochila preta com frases escritas com errorex.
Ele caminhou até o balcão e se sentou, a moça loira foi anotar seu pedido. Arthur tirou um caderno de sua mochila e começou a escrever, obviamente ele não me viu porque sequer olhou para o fundo.
Parece que tivemos a mesma idéia. Olhei para a porta novamente, checando se Diego não estava junto.
Observei Arthur, ele era um garoto interessante, mas ao mesmo tempo sem graça. Dei de ombros.
Nem sei o por quê de estar dando tanta atenção assim a esse garoto. Talvez seja pela cor incrivelmente bonita e natural de seu cabelo.
Talvez seja pelas leves sardas em seu nariz que o deixa fofo.
Não...Não é isso.
O que me intriga, são seus olhos, seus olhos verdes que são como paredes que impedem de ver o que tem por trás, simplesmente, cheios de indiferença. E confesso que isso me atraí.
Eu vou acabar ficando maluco.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Comentem o que acharam, isso é muito importante para nós :3 !
Novamente estamos passando por aquele probleminha técnico chato!
Mas, para quem quiser ver a imagem do capítulo (Diego Marques), aqui segue o link:

http://s1248.photobucket.com/user/LyaNatasha218/media/Diego_zpsllsw5sxh.jpg.html?sort=3&o=1

Até semana que vem ♥!
Bjs.
—☆Creeper.



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